Thursday, September 30, 2010
The Grasspoppers Presents: Dub Inna Week
Dub Inna Week was an audacious project to record a dub and reggae album in a week. A bit like the 1-Uik Project. It features performances by a collective of Portuguese, Mozambican, and Angolan artists, including the aforementioned Helder Faradai from Angola, his comrades Prince Wadada and Renato Almeida, Marisa Gulli, Zé Lencastre, and several others. They describe the process of recording the album as a sublime experience: a lot of musicians coming and going, a lot of smoke and some wine and beer, dub constantly on everyone’s mind, some people playing instruments while others wrote lyrics, lots of echoes, reverbs and ‘skankings’…
My favorite tunes on this album, which is available for download in its entirety straight from the Grasspopper’s blog, are available below for your aural pleasure. Among them are Tunda Já, featuring both Faradai and Prince Wadada, the spoken word Folha de Feijão Makonde, in my view the album’s breakout track, and lastly Complicação Dub, whose chorus states "my complication is that I don't have any money." I'm sure we all can relate. Press play and feel the Lusophone dub.
Tunda Já
Folha de Feijão Makonde
Complicação Dub
Foi durante uma das minhas conversas com o Helder Faradai dos Jazzmática que ele me falou dos The Grasspoppers e dos Cacique ’97, um grupo de músicos portugueses e luso-africanos que são apaixonados pela músca afro, principalmente o afro-beat. O Milton Gulli, homem forte dos Grasspoppers e dos Cacique '97 (em breve no Lounge!) foi quem teve a ideia do projecto Dub Inna Week. E há muito tempo que não se ouve dub de qualidade aqui no Lounge.
Dub Inna Week foi um projecto ambicioso: os integrantes do mesmo tentaram, e conseguiram, gravar um album de dub e reggae em uma semana. Um pouco como o 1-Uik-Project. Eis as palavras (inspiradoras) dos Grasspoppers acerca do projecto:
"Na televisão disputava-se a final do campeonato do mundo na África do Sul, mas o som estava desligado. Nesse dia começaram as gravações do Dub Inna Week: numa semana seria composto e gravado um disco de dub. Muito fumo, algumas cervejas, ocasionais copos de vinho e de whisky. Algumas pessoas entravam, outras saíam. As ideias surgiam naturalmente e sem esforço. Parava-se para jantar e depois de saciada a fome já haviam novas ideias. Mais pessoas apareciam, traziam uma garrafa de vinho, outras vinham carregadas com o seu veneno dub (efeitos, delays e instrumentos que tinham em casa), outras vinham com inspiração. Letras escreviam-se em cima do joelho enquanto se montavam os instrumentais. De uma simples linha de baixo surgiam mil ideias quase imediatamente. Ambiente relaxado.
Tudo isto aconteceu no Abyssinia Studios 03, o estúdio caseiro dos The Grasspoppers: um computador portátil, guitarras, baixos, percussões, um microfone de condensador e 2 controladores Midi. Acordava-se a pensar em dub e adormecia-se a pensar em dub. As cabeças estavam cheias de eco, reverb, skankings, riddims e basslines. Sorria-se e dançava-se quando de um esboço começava a surgir um tema. Dub era a palavra de ordem. No último dia dessa semana festejou-se. 9 temas novos tinham sido compostos e gravados na sua totalidade. Os dubmasters : Milton Gulli (Cacique´97, Cool Hipnoise, Philharmonic Weed), Marisa Gulli (Cacique´97, Philharmonic Weed, Faith Gospel Choir), Renato Almeida (Kussondulola, Jammin, Mercado Negro), Natty Fred (Dread Natta, Riddim Culture), Prince Wadada, Zé Lencastre (Cacique´97, The Most Wanted), Vinicius Magalhães (Cacique´97, Farra Fanfarra) e directamente de Luanda, o MC Faradai que, graças às tecnologias da internet, gravou uma rima no seu estúdio caseiro em Angola. No pressure, no music biz bullshit, just the pleasure of making music! Lets make some holy ghost crazy noize!!!!!!!!! Dubwise!!!"
Os meus dubs preferidos deste album, todo ele disponível para download no blog dos Grasspoppers, foram difíceis de escolher. Todo album é recheado de roots reggae, puro luso roots reggae. Mas entre os que se sobressaem ao resto está o Tunda Já, com a participação do mano Faradai, a Folha de Feijão Makonde com o spoken word da Marisa Gulli, que para mim é a melhor música do album, e por último o Compliação Dub, onde o refrão é "minha complicação é não ter dinheiro." Como dizem em Angola, ai nanas. Podemos todos concordar. Carrega no play e sente o dub lusófono.
Wednesday, September 29, 2010
Jazzmática
Apenas Sei
O nome da banda já nos dá uma ideia do tipo de música que ela toca. Jazzmática é uma banda experimental que funde elementos de jazz e hip-hop, mas que também adiciona outros ritmos e estilos ao seu cocktail sonoro, tais como neo-soul, nu-jazz, funk, bossa nova, reggae, afro-jazz, enfim, misturar a música é uma coisa bela. São mais um exemplo da música 'alternativa' que se faz em Angola, a música que vale alguma coisa, aquele tipo de música que é feito com dedicação, suor, e amor. Talvez até te façam lembrar dos Afrologia. Diz-nos um dos membros da banda, o Helder Faradai, que o seu som é uma fusão de "jazz e matemática", daí o nome. Diz-me também o Helder que já existem desde 1999 mas que por vários motivos alheios ao seu control ainda não puderam lançar o tão esperado album; o mesmo deve saír ainda antes do fim do ano. Mas pelo menos conseguiram espalhar a sua música, a sua arte, por aqui e acolá, fazendo parte de mixtapes, cantando com outros músicos, dando concertos no Espaço Bahia. Recomendo vivamente uma visita ao seu Myspace e Soundcloud para se ouvir mais sonoridades jazzmáticas, e aqui no Lounge deixo-vos com Apenas Sei com a participação da Rossana Rapozo, a minha música preferida deles. É tipo A Tribe Called Quest, versão angolana.
Tuesday, September 28, 2010
Sônia Rosa
Apparently Ms. Rosa started singing at quite a young age and was in high demand by the time she was 18, at which point she released the now rare EP A Bossa Rosa de Sônia (1968), featuring Chiquinho Moraes on guitar. It's there that you can find such beauties as the two tracks featured below, Mas Não Dá and Quem te Viu, Quem te Vê. Sônia emigrated to Japan when she was 20, and according to Loronix, never returned to Brazil. In Japan she continued to make music and release albums that were greatly admired there, according to the commenter Rafael on the Um Que Tenha blog. Ah, the internet. If you don't know something, someone ivariably will. Enjoy the sweet bossa ballads of the mysterious Sônia Rosa.
Quem te Viu, Quem te Vê
Mas Não Dá
Talvez a primeira coisa que chama logo a atenção quando ouvimos as duas músicas deste post é a voz angélica, quase que de criança, desta cantora brasileira quase que desconhecida. Chama-se Sônia Rosa a dona desta voz, e digo que é quase que desconhecida porque são poucos os resultados quando pesquiso o nome dela no Google (uma voz assim mereceria mais do que as pouquíssimas referências na internet) e são poucos os que já ouviram falar dela não só no Brasil mas também pelo resto do mundo lusófono. A primeira vez que ouvi a música da Sônia foi enquanto escutava uma dessas compilações do Chill Brazil. Fascinou-me, e quis logo saber mais sobre ela. Entre os poucos blogs e sites com informação acerca desta cantora (informação em português ou inglês, porque em japonês há bastante informação) destacam-se o Loronix, Dusty Groove, e Third Island.
Pelos vistos, a dona Rosa iniciou a sua vida de cantora muito cedo e aos 18 anos lançou o seu primeiro EP, A Bossa Rosa de Sônia (1968), um CD com participação de Chiquinho Moraes na guitarra acústica e que hoje em dia é difícil encontrar, já virou relíquia. É lá onde pode encontrar tais belas músicas como Mas Não Dá e Quem te Viu, Quem te Vê, disponíveis acima. A Sônia emigrou para o Japão nos seus 20 anos, e diz-se que não mais voltou para o Brasil. No Japão continuou a fazer música, tornando-se uma grande referência no seu país adotado, segundo o comentário de um tal de Rafael no blogue Um Que Tenha. Ai, a internet. Quando não tenhamos ideia sobre alguma coisa, alguem com certeza tem. Disfruta das doces sonoridades da misteriosas Sônia Rosa.
Monday, September 27, 2010
Late Nite Lounge Vol. 30 - Forma, by Bajofondo
*If you ever get the chance, go to a Bajofondo concert. They are a phenomenal band to see perform live.
Forma
Esta banda, formada por oito elementos argentinos e uruguaios e liderada pelo famoso músico e compositor argentino Gustavo Santaolalla, cria talvez as melhores músicas contemporânesa da região do Rio de La Plata. Tive a oportunidade de os ver ao vivo em duas ocasiões, sendo a primeira no feriado argentino "25 de Mayo" em plena Avenida 9 de Julio de frente ao Obelisco em Buenos Aires, num concerto de massas, e a segunda em Boston no muito mais íntimo Paradise Rock Club. O electrotango deles vai-te fazer lembrar dos Gotan Project, mas este som em particular, Forma, é um pouco diferente do normal dos Bajofondo. É uma música que, mesmo sendo instrumental e não contendo uma única palavra, consegue ter bastante caráter. Consegue exprimir emoção. O piano está em constante diálogo com o lamento do violino, a desenhar a melodia por cima dum canvas electrônico e rítmico. O beat tem atitude e o som é um bom exemplo de música electrónica como deve ser: instrumentos reais misturados com uma produção de nível. É uma música que consegue ser emotiva sem usar uma única palavra, e é perfeita para aquelas noites calmas de domingo.
*Se alguma vez tiverem a oportunidade, aconselho vivamente a assisterem um concerto dos Bajofono. É um grupo fenómenal.
-Photo: Bajofondo instrumentalist, by daMusic.be
Saturday, September 25, 2010
Funk Before War: Angolan Popular Music Featured on NPR / Música Popular Angolana em Destaque na rádio americana NPR
Urban Angolan music from the 1970s was made for a populace in revolt. It is a heady, rhythmic sound that swings with the recognizable semba (which, as you might guess, draws from the same rhythms as the Brazilian samba) as often as it does with the Angolan merengue. It can jump into uncharted frenetic realms that are a unique mixture of local rhythms like rebita and semba, imported rhythms like samba and merengue, and rumba from neighboring Congolese tribes."
Egon goes on to profile several vintage Angolan songs, included below and available for download for your cultural enjoyment. Chosen artists include such luminaries as Artur Nunes and David Zé. The song descriptions are by EGON.
Ki Sua Ngui Fuá
"A pre-revolution lamento that was released on the stalwart Rebita label, Nunes’ “Kisua Ki Ngui Fua” is a haunting dirge, where Nunes speaks to his mother about his death."
Inimigo
"Zé espouses the MPLA’s philosophies in liner notes and sembas of the record. The description of 'Nguma/Inimgo (Enemy)' reads: 'Those who mistreat and kill us are the enemy, and only organized will we be victorious.'
Kolonial
"This historical narrative owes as much to the voice of living Angolan treasure Rui Alberto Vieira Dias Mingas as it does to bassist and songwriter Carlitos Vieira Dias. It purports to be about the letters and correspondence ferried by boats traveling between Luanda and Lisbon, but could also be about human cargo."
Música Popular Angolana em Destaque na rádio americana
NPR
Leitora do Lounge há longa data, foi a Becca Mateus que me deu a alerta sobre este artigo da NPR (National Public Radio), a melhor e mais culta estação de rádio americana e uma das únicas que ainda toca música de qualidade. Quase todas as outras já estão vendidas ao ClearChannel, empresa de média que controla grande parte da cultura radiofónica americana e que toca sempre o mesmo lixo. O título da peça é Funk Before War in Angola (O Funk Antes da Guerra em Angola), e foi escrita por EGON, cuja esposa é luso-angolana. É mais uma publicação/emissora internacional a sentir a poesia e a força cultural da música popular angola, e é com um enorma satisfação que vejo que a nossa música finalmente está sendo ouvida á volta do mundo e que as notícias acerca de Angola não têm só que ver com guerras, corrupção e outras atrocidades mas sim com o nosso legado cultural e artístico e a nossa identidade como angolanos. Algumas das músicas destacadas no artigo, entre elas canções de 'pais grandes' como o Artur Nunes e o David Zé, estão disponíveis acima para download. Bom proveito.
O poder da música / The power of music : Sintam-se, by Leonardo Wawuti ft. Alton Ventura
Still in the frame of mind that originated the previous post on the power of music, here is yet another sublime track from what can be considered one of the most underrated albums in Angolan hip-hop or music in general, for that matter. I couldn't find Ltrospectivo in shops anywhere in Luanda and had to get my copy from Grande L himself, as Wawuti is also known...It's like every time you hear this album again, a new song jumps out at you. You start paying attention to the lyrics a bit more. Like a good wine, this album ages well. Sintam-se, featuring Alton Ventura, is Leonardo's ode to the power of music and how it makes him feel when he's creating some. Deep lyrics, relaxed vibe, Angolan-made.
Sintam-se
Ainda sentindo os efeitos colaterais do post anterior a este, aonde o tema era o poder da música, trago-vos outro (mais outro?!) grande som do album do Leo Wawuti, um album que considero um dos mais subestimados do hip-hop angolano e da música angolana em geral. Nunca ouves nada disso na rádio, nem encontras o album nas lojas. Foi o próprio Grande L que me entregou o album via net. Sempre que oiço esta obra, encontro uma canção que solta-se das restantes, sei la porque motivo. A letra faz mas sentido, é mais cativante. Como um bom vinho, amadurece com a idade. 'Sintam-se' tem a participação do Alton Ventura e é uma homenagem do Leo ao poder da música e o efeito dela sobre ele. Põe os headphones e concentra na letra. Hip-hop de qualidade, vibe relaxada, angolanidade.
'Se achares o brinde curto sempre podes pôr no princípio.'
Friday, September 24, 2010
The Power of Music / O Poder da Música
Há uns dias atrás deparei-me com o vídeo acima. Para os que percebem inglês, o vídeo fala por si. Para os que não, o mesmo retrata a experiência de um soldado americano em plena guerra mundial que, numa noite fria e chuvosa, com um único atirador alemão algures na penumbra, decide pegar na sua trompeta e tocar uma canção. Na manhã seguinte, após ser capturado pelas forças americanas, o atirador alemão só conseguia perguntar "quem foi a personagem que tocou a trompeta ontém à noite?" Quando encontrou o Coronel Jack, o homem no vídeo acima, começou a chorar. Disse-lhe, "Quando ouvi a música que tocaste, pensei na minha noiva...na minha mãe, no meu pai, nos meus irmãos...e não consegui atirar." Diz o Jack, "E depois ele estendeu a sua mão, e eu estendi a minha e apertei a mão do inimigo. Mas ele não era nenhum inimigo...era só outro homem assustado e sozinho, como eu. O poder da música..."
Lançamento do livro do Massalo é já amanhã, no Elinga Teatro.
Dia 25 de Setembro no Elinga Teatro – 19h:00 – 21h:30
Lançamento da obra com a presença do Autor e Produtor. Apresentação, venda e sessão de autógrafos. Projecções de fotos do livro e algumas inéditas serão apresentadas. O autor dará ainda a conhecer o Universo musical que inspirou e o alimentou durante a construção deste trabalho.
Livro: MASSALO
Livro de nu artístico a preto & branco. Livro totalmente produzido em Angola e por angolanos, é o primeiro livro integral de nu artístico. As modelos são angolanas, assim como, naturalmente, todas as paisagens.
Autor: Massalo
Produzido: Nástio Mosquito para DZzzz Enterprises
Dia 27 de Setembro no Cine Nacional (Chá de Caxinde) – 11 Horas
Conferência: “MASSALO”
Aqui debater-se-á a nossa angolana e africana, relação com o corpo e com a roupa; do ponto de vista histórico, artístico, social e moral. Farão parte desta palestra a Historiadora e Professora Isilda Hurt e o Artista Plástico e Curador Fernando Alvim, para além do próprio autor e um representante da moral tradicional angolana.
Dia 29 de Setembro no Cine Nacional (Chá de Caxinde) – 21 Horas
Performance: “MASSALO”
3 Performers (músicos) reagiram ao universo criativo de Massalo. Fotos exclusivas, que não fazem parte do livro serão projectadas em dimensão gigantesca. Textos do autor serão também interpretados. Será uma combinação de elementos singulares que resultará numa experiência única. No palco estarão Gobliss, Guias, e Nástio Mosquito.
Websites:
www.massalo.net
www.dzzzz.info/
Thursday, September 23, 2010
Editor's Pick: The Top 11 Songs of the Last Six Months (Vol. 3)
Among the highlights of this list are the inclusion of two 'old' kizombas that I only listened to now, in the form of Amor Melaço by Irmãos Almeida (a tip from my cousin Victor) and Isabella by Irmãos Verdade, two kizombas that I'm absolutely in love with; the inclusion of not one but two songs by the stunning Maria Gadú (a tip from my friend Renzo, and, as later noticed, mentioned by Keita in his interview); a thumping kuduro in the form of Alegria, and the hardest decision for number 1 song of any of the lists I've made. Feel free to voice your disagreements with this list, comment, discuss, lament, interact...I look forward to the next 6 months of music and I hope you do too!
Editor's Pick: The Top 11 Songs of the Last Six Months (Vol. 3)
11. Isabella, by Irmãos Verdade
10. Hang on to Yourself (Rachel), by 340ml
9. Só Quero, by Soulwatt (Coca o FSM/Tuka)
8. O Xi Não, by Simentera
7. Lero-Lero, by Luísa Maita
6. Amor Melaço, by Irmãos Almeida
5. Alegria, by Batida
4. Lounge, by Maria Gadú
3. Shimbalaiê, by Maria Gadú
2. Mama Divua Diame,by Avozinho ft. Maurício Pacheco
And at number 1:
1. Em Nagoya Eu Vi Eriko, by Seu Jorge
As 11 Melhores Músicas dos Últimos Seis Meses
Por mais incrível que pareça, já passaram mais seis meses. E com este passar de tempo vem mais uma lista, a Editor's Pick, destacando as melhores músicas que foram postadas neste espaço durante os últimos seis meses. Como sempre, só músicas realmente lusófonas podem fazer parte desta lista, e por isso não posso incluir tesouros aurais como Entre dos Aguas de Paco de Lucía, Even After All do Finley Quaye, In the Waiting Line dos Zero 7 e nem mesmo o dueto do Q-Tip com a Norah Jones, Life is Better. Esta lista serve, em contrapartida, para destacar o melhor que a música lusófona nos ofereceu nos últimos seis meses por intermédio do Caipirinha Lounge. Claro, não significa que as músicas aqui foram lançadas nos últimos seis meses, mas sim que foram aqui destacadas durante este mesmo período. Tem sido uma autêntica aventura para mim a escrita deste blogue, e são muitas das vezes que descubrimos músicas juntos, um com outro, autor e leitor. As músicas aqui referenciadas têm servido de pano de fundo para muitos momentos doces da minha vida...o poder da música é outra coisa.
Entre os destaques desta lista estão as inclusões de duas kizombas do 'tempo uauê' (antigas) mas que só 'descobri' agora e por quais me apaixonei à primeira vista: Amor Melaço dos Irmãos Almeida (obrigado primo Victor) e Isabella dos Irmãos Verdade; a inclusão de duas músicas da mesma artista, a formidável Maria Gadú (uma dica do meu amigo Renzo, mas que depois vi já ter sido também mencionada pelo Keita na entrevista que o mesmo deu ao blogue); o kuduro contente da Alegria, e a decisão difícilima que foi escolher a música número um. Sintam-se à vontade para exprimir o vosso desacordo com esta lista, comentem, discutam, lamentem, enfim...estou ansioso para os próximos seis meses de música e espero que vocês também.
--Photo by Bogus Brazilian
Caipirinha Lounge Cinema: Memories from the 2010 Luanda International Jazz Festival
Este website está repleta de fotos do evento, mas faltava um vídeo, para pelo menos se ter uma ideia das sonoridades e da energia deste evento. Hoje por intermédio da minha prima encontrei este vídeo, do programa Revista África da TV Globo, onde a linda Lesliana Pereira (Miss Angola 2008) é a apresentadora.
Wednesday, September 22, 2010
Zuco 103: After the Carnaval, the Remixes
My favorite tracks on this remix album are best enjoyed when the lights are dim and those wine glasses are close to empty. It's when the conversation is engrossing but your mind is yearning for music that complements the mood. Zuco 103 is that music: Volta, remixed by Bossacucanova, Pica Pau, a Zuco 103 original, and the aptly named Madrugrada, remixed by Primal View. Excellent reworks that respect the originals. Time for that refill...
Volta (Bossacucanova Remix)
Pica Pau
Madrugada (Primal View Remix)
O que mais me atrai, o que mais me chama a atenção na música dos Zuco 103, mais do que os seus arranjos d'outro mundo e as suas lindas instrumentais electronicas, é o timbre da voz da Lilian Vieira. Ás vezes, a voz faz a banda. Jussara sempre será uma das minhas músicas preferidas pela forma como a voz da Lilian Vieira derrete-se por cima dos tons leves e íntimos daquela bossa. Por isso não é de estranhar que mesmo quando os arranjos e os ritmos das músicas não estão ao cargo dos Zuco 103, mas sim remisturados e 'remixados' por terceiros como aconteceu no seu recente album, After the Carnaval Retouched, mesmo assim a voz da Lilian sobresai e dá uma outra sensualidade ao som. A versão 'remixada' do último album de Zuco 103, After the Carnaval, tem misturas do DJ Patife, Primal View, Waft Corp, Bossacucanova, entre outros. A banda, radicada na Holanda e composta por uma brasileira (a Lilian) e dois europeus, continua a fazer música ecléctica da boa.
Os meus temas preferidos neste album são para ser ouvidos com as luzes 'baixas' e o copo de vinho quase no fim. É para aqueles momentos em que a conversa está doce mas a tua alma pede alimentação, pede música, música que vá com o ambiente. Os Zuco 103 criam esta música: Volta, misturada pelos Bossacucanova, Pica Pau, uma original do grupo, e a Madrugada, que pelo nome já diz tudo (remixada por Primal View). Excelentes remixes que respeitam os orginais.
-Photo 1: Lilian Vieira, by Alter-Nativa
-Photo 2: Zuco 103, by joeless1
After the Carnaval Retouched on Amazon
Zuco online
Tuesday, September 21, 2010
Lançamento do Livro de Massalo, dia 25 de Setembro no Elinga Teatro
"Lançamento do livro dia 25 de Setembro as 19h no Elinga Teatro!!
É com enorme alegria que a Dzzzz e eu vos apresentamos o novo livro de fotografias, depois de cerca de um ano de trabalho! :) Hei de postar previews do livro durante os dias que seguem, entretanto visitem o projecto que inspirou o livro: Projecto Kianda. Passem a palavra, ajudem-me a divulgar e apareçam todos :)
Abraço!!!"
Parabens Massalo!
Sunday, September 19, 2010
Caipirinha Lounge Cinema: Windeck, o kuduro que mais 'bate' em Angola / Angola's Freshest Kuduro
A primeira vez que ouvi o Windeck do Cabo Snoop foi quando regressei a Luanda depois da minha estadia em Cape Town. Foi uma noite memorável na casa da minha mana, com 'tapas angolanas' e muito vinho a mistura (a minha mana faz umas tapas intensas). Começou como uma simples visita, inocente, mas duas horas depois estavamos a tomar shots. Quando o meu cunhado meteu o vídeo desta música a tocar, fartamo-nos de rir. Na altura, a minha mana e as minhas primas gozaram comigo, a dizer que estavam a espera do dia em que pusesse Windeck no Caipirinha Lounge.
Este post é para elas!
Windeck
The first time I heard Windeck by Cabo Snoop was when I arrived in Luanda after my stay in Cape Town. It was a memorable night in my sisters house, which started as a simple visit but ended up as a mini-party with lots of 'Angolan tapas' and wine to boot (my sister makes the most ridiculously amazing small plates). When her husband put on Windeck we all laughed profusely. Her and my cousins joked around with me saying that they were waiting for the day that Windeck was profiled on Caipirinha Lounge.
This post is for them!
Watch the video and download Angola's newest, freshest, funniest kuduro.
Saturday, September 18, 2010
Kizomba Saturdays Vol. 14 - Johnny Ramos
In many ways, kizomba in the Portuguese-speaking countries on Africa is like "pop music" in the west. Songs go in and out of style, many of them with short lives and liked only during a particular three-month stretch. People complain of a song being old after it's been on the radio for 'too long'. However this man Johnny Ramos, hailing from Cape Verde but living in the Netherlands, has been able to consistently create kizombas and tarrachinhas that withstand the test of time, which is no small feat for a kizomba/zouk artist. While it is true that tracks like Fidju di Deus and So Nos Dos certainly have their golden days behind them, the success they have garnered is more than just a passing fad. Fidju di Deus will always be one of my favorite tarrachinhas...I still get "emotionated" when it plays in clubs and parties. And So Nos Dos isn't far behind, still regularly played in gatherings and still sensually, and effusively, danced to.
Fidju di Deus
So Nos Dos
Sobre o Kizomba Saturdays: Para mim, sábado sempre foi um dia de kizomba. Na banda (Angola), sábado à noite há sempre uma festa de quintal para se ir dançar kizomba ao nosso bel prazer, dançar até as pernas começarem a estremecer de cansaço, dançar até vir aquela tarraxinha que estavamos à espera, e aí sim, podemos parar de dançar e em vez tarraxar com aquela mboa que nos estava a olhar a festa toda. Coisas da banda. Mesmo durante o dia, as tias e as primas botam um CD na aparelhagem com aquelas kizombas que param multidões, e enquanto o feijão ferve e o cacusso grelha, são várias as danças espontâneas no quintal entre primo e tia, sobrinho e irmã, convidado e pato. Porque patos há sempre, até para o almoço de sábado. Aqui nos States, tento, teimosamente, manter a tradição. Acordo aos sábados e boto kizomba na aparalhegam. Meus roommates só me olham. Ja estão habituados. Danço com a vassoura, afinal elas existem para quê? Decidi então trazer este hábito para o Lounge: Kizomba Saturdays. Para atenuar a saudade da banda.
A kizomba que ouvimos nos páises africanos de língua oficial portuguesa tem a mesma 'vida útil' que a chamada pop music no ocidente. Ora a música 'está na moda', ora não está. Todas 'batem bué' por um período de tempo, mas depois já ninguem quer as ouvir. Umas duram três meses na ribalta, esticando os seus '15 minutes of fame', outras nem tanto. Mas atrevo-me a dizer que as tarrachinhas de um tal caboverdeano chamado Johnny Ramos ainda não saíram da moda. É verdade que já não devem tocar tanto como em tempos outrora, nem se tornaram ainda tarrachinas clássicas, mas dúvido que exista um casal que fique sentado quando So Nos Dos começa a tocar. E quando toca Fidju di Deus, é olhar a volta e ver os corpos colados, ondulando, como se a música nunca tivesse saído da moda. Nem importa o título da música, porque entre aqueles corpos não há mesmo espaço para Deus, nem o filho dele...
Trienal Opening Party
Friday, September 17, 2010
II Trienal de Luanda, para os que estão fora da banda
Luanda Geografias Emocionais - Teaser from tasaver on Vimeo.
II Trienal de Luanda
II TRIENAL DE LUANDA 2010
GEORGAFIAS EMOCIONAIS | ARTE E AFECTOS
FOTOGRAFIA | ÁFRICA 12 SETEMBRO – 25 SETEMBRO DAS 14 AS 22 HORAS | TODOS OS DIAS
INAUGURAÇÃO DOMINGO 12 SETEMBRO 18H30 MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL-SIEXPO
19H30 ESPAÇO PLATINIUM
O PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO SINDIKA DOKOLO E A SONHORA GOVERNADORA DA PROVíNCIA DE LUANDA, FRANCISCADO ESPÍRITO SANTO TÊM A HONRA DE O/A CONVIDAR PARA A INAUGURAÇÃO DA II TRIENAL DE LUANDA 2010.
MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL-SIEXPO | 18H30 RUA NOSSA SENHORA DA MUXIMA 47
ESPAÇO PLATINIUM | 19H30 RUA REVERENDO AGOSTINHO NETO 42
ESPAÇO GLOBO | 20H00 RUA RAINHA GINGA 100 - 1º
ESPAÇO UNAP | 20H00 RUA DA ALFÂNDEGA 42 | 48
OS ESPAÇOS QUE ACOLHEM A II TRIENAL DE LUANDA ESTĀO LOCALIZADOS NO MUNICÍPIO DAS INGOMBOTAS.
ETRADA LIVRE | INFOLINE 923 555 050 | INFOPRESS 935 133 462
OS EVENTOS DA II TRIENAL DE LUANDA 2010 SĀO ALUSIVOS AO 35º ANIVERSÁRIO DE INDEPENDÉNCIA DA REPÚBLICA DE ANGOLA.
II TRIENAL DE LUANDA 2010 | FUNDAÇÃO SIDINKA DOKOLO | GOVERNO DA PROVíNCIA DE LUANDA
BANCO PRIVADO ATLÂNTICO | MASTER PATROCINADOR DO NÚCLEO DE ARTES VISUAIS E DA EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA | ÁFRICA.
Os Espaços que acolhem a II Trienal de Luanda estão localizados no Município das Ingombotas.
De realçar que a entrada é livre, todos os dias.
Links obrigatórios:
Blog da Fundação Sindika Dokolo
Sindika Dokolo Foundation online
Fernando Ribeiro on "Uma tarde ao som de Ruy Mingas"
"Prezado Cláudio,
O monangambé, como é que ele vivia e como é que ele era tratado foram assunto de um artigo que escrevi para o blogue "Mukandas do Monte Estoril", a convite do proprietário deste. Não fiquei satisfeito com o texto, que ficou muito palavroso, mas procurei retratar a realidade, tal como ela era no tempo do colono.
Um dia destes, talvez eu reescreva completamente o texto e o publique no meu próprio blogue, devidamente acompanhado pela canção de Rui Mingas (que agora assina Ruy com Y, vá-se lá saber porquê...).
Se tiver curiosidade em saber o que escrevi, aponte o seu rato para o seguinte link:
http://huambino.blogs.sapo.pt/84610.html"
Sandra Cordeiro
Foto por Hindhyra Mateta/Alexandre |
Vou Fazer
Tempo
Há um ano atrás eram poucos os que conheciam a Sandra Cordeiro. Hoje é uma das 10 finalistas do prémio da Rádio France International, Prix Découverts 2010 (Prémio Descobertas 2010), em que a conceituada emissora francesa nomeia a melhor promessa da cena musical africana. O primeiro grande contacto entre a Sandra e o público angolano foi no palco da primeira edição do Luanda International Jazz Festival, mas hoje é vê-la como uma das 10 finalistas do referido prémio. Pode-se dizer que teve um ano em grande. A música da Sandra é o afro-jazz, uma fusão entre o estilo norte-americano e ritmos nacionais. Se calhar o faça lembrar da caboverdeana Carmen Souza ou de outros caboverdeanos e não só, mas em Angola ainda são poucos os que fazem o afro-jazz de qualidade. As minhas músicas preferidas da Sandra são Vou Fazer e Tempo, duas beldades do seu album de estreia, Tata N'Zambi.
Sandra on Myspace
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É já hoje! Afrologia ao vivo no Espaço Bahia, ft. Keita Mayanda e Leonardo Wawuti
Late Nite Lounge Vol. 29 - Ye Yo, by Erykah Badu
But my most recent infatuation with her started in Luanda, and this post is dedicated to the man who reignited my passion for Erykah Badu, a certain Mr. Leo. Leo (Emerson) is a cousin of mine who calls himself a sound engineer, and his taste in music is truly eclectic. During my time in Luanda, and especially during drives through the Ilha late at night, he would play Erykah Badu's Ye Yo (Live) and demand that no one speak while the song was on. The volume dial was usually set close to max at this point, and as the force of Badu's voice inundated your eardrums, you couldn't blame Leo for not wanting our voices to interfere. Here is to an amazing live version of one of Badu's greatest musical expressions, her rendition of Ye Yo, inspired by her song Sometimes off her album Baduism.
Ye Yo (Live)
A Late Nite Lounge Series, desculpa que eu inventei para poder partilhar convosco as músicas 'não-lusófonas' que eu oiço, as músicas que têm me tocado. Já passou um bom tempo desde que o Robin Thicke nos brindou com Teach U a Lesson, talvez a sua música mais sugestiva. Mas nos últimos dias tenho estado a alimentar a minha alma com algo um pouco mais soulful, mais cru. E tem sido a senhora Erykah Badu a fonte da minha alimentação, tem sido ela que tem cantado pra mim naquelas altas horas da madrugada em que o sono teima em vir. Vídeo controverso ou não, gostei muito, mas muito mesmo, da música Window Seat, do seu novo album "New Amerykah Part Two (Return Of The Ankh)". Ainda o tenho em rotação constante.
Mas a minha paixão por ela começou mesmo em Luanda, por causa do muadié (rapaz) a quem dedico este post. Foi por culpa dele que recomecei a ouvir a voz orgânica da Erykah Badu. Chama-se Leo (Emerson), é meu primo e arma-se em enginheiro de som (por acaso ele é mesmo engenheiro de som, fez mesmo o curso). Durante a minha estadia em Luanda, mais concretamente durante os nossos regulares passeios nocturnos pela Ilha quando Luanda estivesse a dormir e a estrada era practicamente só nossa, ele punha o Ye Yo (Live) da Erykah Badu e mandava todo mundo calar enquanto tocava a música. Com o volume já perto do seu máximo, era apreciar a maneira como a voz da Erykah nos segurava o pensamento e tomava conta de todo espaço a nossa volta...não era de estranhar que o Leo não quisesse estragar aquele momento com o barulho das nossas vozes. Carrega no play e aprecia a voz desta mulher, aprecia a força da música Ye Yo, inspirada pelo som Sometimes do seu album Baduism.
-Gorgeous photo by Jazmin$Million
Tuesday, September 14, 2010
'Brazilian' Sounds From The Verve Hi-Fi
Included below for your aural enjoyment are two fairly rare jazz beauties. The first is an Astrud Gilberto cover of The Doors classic, Light My Fire. Hearing it sung evocatively by Miss Gilberto's beautifully smoky voice is as stunningly sexy as music gets. Menina Flor by Stan Getz and Luiz Bonfa is another amazing track, and its saxophone lazily caressing the soft bossa nova beat gets me every single time. Press play and enjoy the beauty of when jazz first met samba and created bossa nova.
Light My Fire
Menina Flor
Sounds From The Verve Hi-Fi é uma compilação feita pelo duo Eric Hilton e Rob Garza, os DJs que constituem a dupla dos Thievery Corporation. Como sempre, tudo que os Thievery fazem vira ouro, e esta compilação não é excepção. A compilação destaca as melhores músicas brasileiras da já lendária label de jazz americano, a mítica Verve Records. Foi a Verve Records que trouxe a bossa nova para os Estados Unidos, por intermédio de dois albuns importantíssimos na divulgação da bossa nova pelo mundo: Getz/Gilberto e Jazz Samba, os dois lançados no ínicio dos anos 60. É a verve a responsável pela forma como a bossa nova foi aceite pelo público americano, que naquela época não queria outra coisa e que até hoje conhece profundamente a clássica canção The Girl From Ipanema. E foi assim que os americanos primeiro ficaram a saber e depois se apaixonaram por uma tal de Astrud Gilbero.
Para fazer os seus tímpanos chorar de emoção, basta clicar nas duas músicas destacadas acima. A primeira é um cover da famosa canção dos The Doors, Light My Fire, cantado pela Astrud Gilberto de uma forma sensual e ofegante. Ás vezes penso que música mais sensual que esta, voz mais ofegante que a dela, não existe. Menina Flor é a segunda, composta por Stan Getz e Luiz Bonfa. A maneira que o saxophone acaricia esta bossa é difícil de digerir. Carregue no play e aprecie a beleza do momento em que o jazz seduziu a samba e criou a bossa nova.
Sounds From The Verve Hi-Hi on Amazon
Saturday, September 11, 2010
Uma tarde ao som de Ngola Ritmos
Houve um tempo em que encontrar músicas dos Ngola Ritmos era mesmo difícil. Mas agora graças a internet pelo menos já se pode recuperar algumas sonoridades a muito tempo perdidas. É que em Angola ainda não há um real interesse em salvaguardar e proteger o nosso património musical, as nossas raízes. Ainda não somos um Cabo Verde ou um Mali no que toca a este aspecto. E muitas das vezes são os estrangeiros a fazer isto por nós, a ir vasculhar nas caves da RNA para minar tesouros da musica angolana para depois lançar as mesmas no mercado internacional. Falta-nos visão, talvez. Respeito pela história nacional.
O pouco que sei dos Ngola Ritmos, fui buscar de alguém que sabe muito mais que eu. É no blog do Ikono onde é possível descarregar discos inteiros dos Ngola Ritmos, e é lá também onde encontrei este link a uma interessante entrevista ao Senhor Amadeu Amorim, integrante dos Ngola Ritmos. Aconselho vivamente a sua leitura.
Deixo-vos com clássicos dos Ngola Ritmos que escuto nesta tarde ensolarada. Sons de uma Angola antiga, uma Angola que ainda não era ‘livre e independente’. Sons doutros tempos, mas que até hoje ainda são cantados por uma grande quantidade de músicos nacionais. Fiquem com Xikela, Dya Ngo We, por sinal uma das minhas preferidas, e a sempre clássica Muxima.
Xikela
Dya Ngo We
Muxima
An afternoon listening to Ngola Ritmos
I’m too young to fully understand, to truly feel, the impact that Ngola Ritmos had in Angolan music, identity, and popular culture. All I have are stories from the elders and an article or two, an old interview perhaps, that allows me to begin to grasp the cultural force that was Ngola Ritmos. The grownups and grandparents say that when Ngola Ritmos first appeared, in the late 1940s/early 1950s, they were shunned by many because of their insistence in singing in the national dialect Kimbundu in detriment of Portuguese. They were among the first to feel proud of their Angolan identity, the first to assume that such an identity even exists, in the face of constant and oppressive pressure to become part of the Portuguese national fabric. Amadeu Amorim, member of the band, says that they played an integral part in the first stirrings of independence in Angola, and most of its members were part of the militant nationalist movements.
One of the best accounts I’ve read about the Ngola Ritmos is on their Wikipedia page, and apparently a Miss Marissa J. Moorman wrote it. Take a look:
"Liceu Vieira Dias, Domingos Van-Dúnem, Mário da Silva Araújo, Manuel dos Passos and Nino Ndongo created around 1947 the Ngola Ritmos band, in order to assert their Angolan identity. They sung kimbundu music with guitar and small percussion. In the 1950s, the band comprised Liceu, Nino, Amadeu Amorim, José Maria, Euclides Fontes Pereira, José Cordeira, Lourdes Van-Dúnem and Belita Palma. Their lamentos were inspired by the daily chronicles or funeral laments sung by bessangana women and their sembas by popular dances. Carlitos Vieira Dias once said: "The semba is an adaptation of the kazukuta rhythm. My father transposed the kimbundu rhythms for the guitar. He knew European, Portuguese and Brazilian music. He composed in the minor mode, notably the lamentos". Zé Maria quote of Liceu: ”He was a master. He was the leader of Ngola Ritmos and gave us the matrix for musical conception. His mom and mine acted as our judges. When they told us it wasn’t good enough, we had to go back and rehearse some more“. Ngola Ritmos created a style that would inspire generations of musicians. The lead guitar introduced the theme and often intervened in counterpoint to the voice. The second guitar ensured the rhythmic frame, the bass guitar (six-stringed at the time) marked the beat, almost like a percussion, while the drum and dikanza (scraped instrument) backed up the ensemble. Singing was inspired by popular traditions, the chorus answering the lead voice. While such songs as Mbiri Mbiri, Kolonial, Palamé or Muxima have been covered by numerous singers, recordings by Ngola Ritmos are very rare. Muxima and Django Ué were recorded in Luanda. Most of the members of Ngola Ritmos were nationalist militants, Liceu, a founding member of the MPLA liberation movement and Amadeu were arrested in 1959 and deported to the Tarrafal prison in Cape Verde, to return only ten years later. Nevertheless, the band lasted until the late sixties, recording the song Nzage in Lisbon. The heritage of Ngola Ritmos is not only a music genre. It is also a state of mind, an attitude."
I’ll leave you with a couple of Ngola Ritmos songs that I’m listening to on this sunny afternoon. Stay with Xikela, Dya Ngo We, one of my favorite jams of theirs, and the always classical Muxima. Songs that have been covered by a multitude of Angolan singers of later generations. Ikonoklasta’s blog is another depository of Ngola Ritmos albums…give it a visit in case you want more.
Friday, September 10, 2010
Caipirinha Lounge Cinema: Shimbalaiê, by Maria Gadú
Uma imagem vale mil palavras...vou deixar o vídeo e a música falarem por si.
Brazilian Girls
Lazy Lover
Sweatshop
A piada aqui é que nenhum dos membros da banda Brazilian Girls é brasileiro, e só um dos membros é do sexo feminino. E esse tal membro nem ‘girl’ é, mais sim uma mulher, uma woman, no verdadeiro sentido da palavra. Os Brazilian Girls, composto pela alemã Sabina Sciubba, o argentino Didi Gutman e o american Aaron Johnston, é uma banda ecléctica por natureza, nova-iorquina, que especializa em música electronica. Cantam em italiano, espanhol, francês, alemão, e por aí em diante, e inspiram-se em géneros diversos, incluindo o tango, o jazz, e a bossa nova. É a sua apreciação pela bossa nova que lhes traz a este site (o nome da banda também ajuda, se bem que ter uma pasta no teu computador com o título ‘Brazilian Girls’ com certeza irá provocar olhares estranhos). Falando em nomes, a faixa Lazy Lover soa mesmo como o seu título. Inspirada na bossa nova, é um som luxuosamente preguiçoso onde a senhora Sciubba delicia-nos os tímpanos. Também incluída neste post para o vosso prazer musical está Sweatshop, que mesmo não sendo inspirada na bossa nova é linda pra se ouvir.
Brazilian Girls on Myspace
Brazilian Girls Official Website
Interview with Sabina Sciubba
-Photo: Brazilian Girls, by Samir Ljuma
Monday, September 6, 2010
Maria Gadú
As you listen to Maria's album, the first thing that grasps you is the quality of her voice. Exquisite, soft and alluring, it's one of the most unique vocals to ever caress an MPB beat, although she's equally at home singing a bossa nova, or axé, or even some rock and blues. She even sounds enticing in French - give her cover of Ne Me Quitte Pas a listen. Maria has been a musician since she was but a child, and her innate musicality is apparent in the way she composes her beautifully acoustic songs. Her eponymous debut album was released in 2009 and by early 2010 she was certified Gold as she sold more than 50,000 copies. She's quickly becoming a household name in São Paulo, Rio, and beyond, especially now that her songs grace telenovelas on TV Globo. Maria Gadú...remember that name.
Shimbalaiê
Lounge
Ne Me Quitte Pas
Deve ser qualquer coisa na água. Porque se não, como é que se explica a abundância de artistas tão telentosos, todos eles filhos de São Paulo? A última paulista a me seduzir foi a Maria Gadú, e tenho que agradecer ao meu grande kamba Renzo por me dar a dica acerca desta cantora. A música que ele usou para me chamar a atenção foi Shimbalaiê, um dos primeiros singles do seu álgum de estreia e uma composição que, segundo o nem sempre confiável Wikipedia, ela fez quando só tinha uns 10 anitos. Bastou-me 30 segundos de Shimbalaiê, 30 segundos de sentir no fundo a voz da Miss Gadú, para me render por completo a esta jovem de 23 anos, agora residente no Rio de Janeiro. E isto foi antes de ouvir Lounge, uma canção sensual, atraente e relaxada que bem podia servir de trilha sonora deste website.
Enquanto escutas o álbum, a primeira coisa que te cativa é a qualidade da voz desta cantora. É suave mas fora do normal, sensual, bastante única e só dela. Soa lindamente com uma guitarra acústica em forma de bossa nova, se bem que ela também canta axé, MPB, blues e até um rock de vez em quando. Em Ne Me Quitte Pas, é engraçado ouvi-la a cantar num francês aportuguesado. A Maria faz música desde os seus sete anos e a sua musicalidade é aparente na maneira que ela encara as suas maravilhosas canções com sabor acústico. O seu álbum de estreia, lançado em 2009, já ganhou disco de ouro, e aos poucos o seu nome vai se tornando mais e mais conhecido fora do Brasil, ainda mais agora que alguma das suas músicas são destacadas em telenovelas brasileiras na TV Globo. Esta é seguramente uma cantora a ter em conta, que prazer é ouvir a sua música.
-Photos by Focka
Maria Gadú on Myspace
Maria Gadú Official Website
Maria on Youtube
Her music is also available on iTunes
O que significa a música lusófona para ti? Como a sentes? - Por Ariel de Bigault
Será a “lusofonia” acima de tudo musical?
"Para lá da língua, há um parentesco evidente que remonta ao tempo da colonização, com essas músicas “pré-urbanas” que se tocavam nas plantações. Os guitarristas nem sequer têm necessidade de se harmonizarem em conjunto, quer venham de Portugal, de Angola, do Brasil, de Cabo Verde ou de Moçambique. Está-se numa situação muito diferente da francofonia: quando um Higelin ou um Lavilliers fazem música com africanos, isso é sentido como um passo voluntarista, experimental, quase político, enquanto no mundo lusófono esta “mestiçagem musical” é absolutamente natural, é um assunto resolvido há pelo menos um século. E isto é tanto mais verdadeiro no que diz respeito aos angolanos, porque o seu património musical ligado a rituais de iniciação, foi apagado pela colonização e a evangelização, e ainda sofreu muito das devastações da guerra de independência e dos confrontos armados que duraram até 2002. Mesmo o lamelofone likembe e o xilofone marimba, que eram verdadeiramente instrumentos nacionais, estão em vias de desaparecimento. Actualmente, os xilofones são importados de Moçambique ou do Zimbabué harmonizados segundo escalas ocidentais, para poderem ser associados às guitarras. O MPLA foi fundado por poetas e intelectuais como Agostinho Neto, mas hoje não parece dar importância à cultura enquanto expressão autêntica e livre da identidade do povo."
-Photo by Pimpo79
Maria Silêncio, by A Minha Embala
"A minha embala dá um novo passo na galeguia.
Estamos muito contentes com o resultado e é um prazer participar nesse concurso e fazer mais uma vez a ponte com a Galiza.
Maria Silêncio
-Photo by A Minha Embala