O segundo post que escrevi neste blog, há mais de 4 anos atrás, foi um som do Ikonoklasta/Brigadeiro Matrafrakuxz/Luaty, chamado 2000 Dikas. É um dos meus sons preferidos do mano. Ainda me lembro da primeira vez que ouvi o Ikonoklasta. Foi no disco do Katro que também ouvia pela primeira vez. Trincheira de Ideias. Nunca me esqueço nem do disco nem de onde estava quando o ouvi - na sala da casa da minha tia na Vila Alice, já de noite, e graças ao meu mano Paulo. Foi numa altura em que simplesmente não estava exposto ao rap de qualidade, muito menos rap lusófono de qualidade. O álbum certamente teve um grande impacto na forma como passei a encarar o rap como estilo musical de intervenção social, e ajudou a formular as minhas ideias sobre as assimetrias sociais e políticas em Angola. Despertou também em mim uma sede para consumir tudo que fosse do Brigadeiro (e do Katro), e esta sede levou-me a conhecer outros grandes do hip-hop angolano cujas obras de arte até hoje oiço com frequência: o Keita e o Wawuti.
O mano Ikono tem estado afastado dos palcos e dos estúdios por razões que são mais que conhecidas por qualquer pessoa que tenha seguido mínimamente as notícias provenientes de Luanda durante o último ano.
Mas felizmente, o mano prepara o seu regresso. Deixo-o explicar-se nas suas próprias palavras:
Desde 2008 que não tenho feito música com regularidade. A minha vida tornou-se uma montanha russa de peripécias e emoções que continuam por ser digeridas e interpretadas para que me possam tornar mais maduro, mais perspicaz e mais preparado para o que me resta de vida. É assim com toda a gente e esse pretexto por si só não deveria ser (nem é) suficiente para justificar a minha falta de vontade de criar, de compor, de cantar, de partilhar com esse mundo de desconhecidos os meus desvarios, momentos de loucura, as minhas angústias, basicamente, fazer o que adoro e que me faz sentir mais livre nesta vida: música!
Também não é verdade que tenha estado completamente inerte, mas estou longe do prolífico. Deixei-me envolver num projeto novo, original e, para mim, vanguardista, desafiado pelo meu mano e cúmplice na arte: Pedro Coquenão, aliás, DJ Mpula. Batida é o nome do conceito musical que o Pedro concebeu e é completo em tantas maneiras, tem me levado a tantos sítios fantásticos, que tenho concentrado os poucos momentos de inspiração a criar novos temas para e com o projeto. Alguns desses temas estão inéditos para já, mas há uma intenção em incluí-los em futuros lançamentos de Batida, por essa razão não os incluo nesta série de mp3chos que pretendo agora divulgar.Podem ler o resto no blog do Brigadeiro aqui.
A única coisa que está a fazer-me atrasar a saída dos ditos cujos é mais o facto de ainda não ter alguém que me desenhe as capas, por isso quero lançar o repto para os amigos, fãs, fiéis, ou simplesmente gente que goste de desenhar/criar e ande a procura de desafios, que façam propostas de capas para qualquer um dos mp3chos que abaixo proponho e mas enviem para o meu email pessoal: ikonoklasta@musician.org.
Vou começar por lançar um mp3chos com versões inéditas Ngonguenha, algumas do “Nós os do Conjunto” com versos meus que foram excluídos da versão final que chegou às lojas, outras do “Ngonguenhação”, remisturas feitas por malta por quem tenho uma grande admiração.