Saturday, April 13, 2013

A Safra, by Café Negro

Rock in Angola is in the ascendancy.

Although the genre has been around in Angola since the country's first years, and has been featured in a radio program called Volume 10 on Rádio FM/Rádio Escola for the past 17 years,  it's not until now that it is truly gaining a foothold. The first proper Angolan rock album wasn't released until 2006 - Neblina's Innocence Falls in Decay -  and to this day the genre continues to attract controversy and stigma.

Of all the genres Angola has imported from beyond its borders, rock is the one that gets the most grief. Or at least is used to. Because as of late rock has been gaining ground. You can see it in Luanda: more establishments are playing rock concerts, and more and more people are going to them. Elinga, perhaps Luanda's most unique cultural venue, now hosts regular rock nights (Elinga Rock Sessions), while King's Club, the Vila Alice staple that has always been popular with the rock crowd, not only continues to host frequent rock concerts but has a growing audience and popularity as well. The blog RockLuanda keeps you up to date with all things rock in the city but also in Benguela and Huambo, the two other places where Angolan rock is gaining popularity. There is even a documentary  - Death Metal Angola - about the people behind the first ever national rock concert in Angola with the legacy of war as a background.

It is precisely in this favorable environment that a new Angolan rock band, Café Negro, emerged. Composed of Ary, Eddy British, Jô Batera, Maiô Bass and the distinctive Irina Vasconcelos on vocals, the band released their first album, A Safra, in April of last year. But even before that, they had been getting their music online; Marissa Moorman at Africa is a Country wrote a brief post about them January of last year.

Café Negro defines their sound as "alternative pop rock", and A Safra is precisely that. The album seems to have been conceived for the general Angolan public - an audience that has a very limited exposure to the genre. As such, rock aficionados might find the tracks to be a bit formulaic. Most tracks seem to follow a familiar pattern of crescendos, climaxes and guitar solos. Another issue I have with the album is that a lot of it is English; Café Negro is at their best when they sing in Portuguese. With this in mind, the standout track on this album is definitely Kilapanga do Órfão. It has exactly what Café Negro does very well: a very unique fusion of traditional Angolan rhythms - in this case kilapanga, from northern Angolan - with elements of hard rock and Portuguese lyrics. It's a winner. Another personal favorite of mine is Incerto - I appreciate the lyrics but mostly I just appreciate the lyrics as sung by Irina Vasconcelos. What a voice.

The band has received widespread acclaim in Angola and now make frequent appearances in festivals and concerts, whether they are rock-themed or not; they are now working on their second album. Café Negro are at their best when they do tracks like Kilapanga do Orfão and create new sonic landscapes, fusing genres and creating music that have never been heard before; such an approach is ultimately more satisfying and worthwhile than the English-language pop rock of some of these tracks. Hopefully their upcoming album will have more of the former.

Kilapanga do Órfão
Incerto

Em Angola, rock está em ascensão.

Apesar deste estilo de música estar presente em Angola desde os primeiros dias da sua existência como país, e apesar do rock ser o foco principal do programa Volume 10, que passa na Rádio FM/Rádio Escola há 17 anos, talvez só agora é que podemos dizer que o rock está realmente a ganhar espaço e popularidade. O primiero álbum de rock angolano só foi lançado em 2006 - o Innocence Fall in Decay da banda Neblina – e até hoje continua o stigma e a controvérsia acerca deste género musical. Porém, começa-se a notar algumas mudanças nos níveis de aceitação do rock.

De todos os estilos musicais que foram chegando ao país, o rock é o que mais sobrancelhas tem levantado. Ou melhor, levantava. Porque agora, vê-se que o rock está a ganhar o seu espaço. Observa-se isso em Luanda: cada vez mais lugares albergam concertos de rock e cada vez mais gente aparece neles. O Elinga, um espaço cultural único em Luanda, alberga concertos e eventos de rock regularmente (os famosos Elinga Rock Sessions) enquanto que o King’s Club na Vila Alice, que sempre foi o ponto de encontro para os amantes de rock, continua fiel a si mesmo. O blog RockLuanda é paragem obrigatória para todos que queiram saber mais sobre o rock em Angola bem como participar em eventos do género não só em Luanda mas também em Benguela e no Huambo, duas cidades onde o rock angolano respira saúde. Até existe um documentário – Death Metal Angola – sobre os corajosos manos por trás do primeiro festival nacional de rock em Angola (são eles também que gerem o orfanato Okutiuka), com os efeitos da guerra como pano de fundo.

É precisamente neste clima que surge uma nova banda de rock angolano, de nome Café Negro. Composto pelos membros Ary, Eddy British, Jô Batera, Maiô Bass e a surpreendente Irina Vasconcelos nos vocais, a banda lançou o seu primeiro álbum, A Safra, em Abril de 2012. Mas mesmo antes disto, já andavam na boca do público e a partilhar vídeos online; foi sobre eles que a Marissa Moorman do blog Africa is a Country escreveu um pequeno post em Janeiro do ano passado.

A banda define o seu estilo do música como “pop rock alternativo” e A Safra é exactamente isso. O álbum parece ter sido concebido para o público em geral – um público que tem pouca exposição ao rock. Dito isto, os amantes do rock propriamente dito podem achar os ritmos e melodias deste álbum um tanto quanto previsíveis. A maioria das músicas parecem seguir o mesmo padrão sonoro, tornando a sua estrutura um tanto quanto repetitiva. Outro pequeno capricho que tenho com o álbum é facto de várias músicas serem em inglês. Creio que estão no seu melhor quando cantam mesmo em português. Com isto em mente, a melhor faixa do disco é de longe Kilapanga do Órfão. É precisamente nesta música que se vê o grande valor desta banda: nunca antes tinha ouvido, nem sei se alguma vez antes existiu uma mistura de kilapanga (ritmo tradicional do norte de Angola) com elementos de hard rock e letra em português. O resultado é excelente. Outra faixa que bastante aprecio é Incerto - aprecio a letra mas aprecio mesmo a voz da Irina Vasconcelos. Que voz.

Desde mesmo antes do lançamento do seu disco, a banda Café Negro tem sido muito bem recebida em Angola e é presença cada vez mais frequente em concertos de rock mas também de música em geral. Neste momento trabalham no seu segundo álbum. A meu ver, a banda está no seu melhor quando faz música como Kilapanga do Órgão...é algo novo, único...é algo só deles, que só o seu grupo criou - um novo panorama sonoro usando géneros e sons que nunca antes foram misturados. Creio que se continuarem neste espírito e apostarem no novo em vez de repetitivos arranjos sonoros com letras em inglês, deixarão um maior e mais nutritivo legado. 
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