Friday, October 30, 2009

Comfusões 1 - Teta Lando Ainda Vive!

Comfusoes1Life is full of these funny little incidents. If I hadn’t been pretty bored a couple of days ago, I would of never logged on to Facebook at that particular time. If I hadn’t logged into Facebook at that particular time I probably would never have noticed a particular link posted by fellow blogger Bruno with that strange little CD cover of the screaming woman and the words “Comfusões1”. If I had never clicked on that link I would of never stumbled upon the most exciting Angolan/Brazilian musical collaboration project I have seen.

One of the reasons I really like bossa nova and contemporary Brazilian lounge & electronic music is its ability to constantly reinvent itself. Bebel Gilberto is still successful today reinterpreting the classics of her father and giving it a modern twist. Which leads me to a second point: I sincerely believe that some of the best music people have made comes from the 60s and 70s. To this day we listen to the Beatles, Bob Marley, The Clash, Nina Simone, Jimi Hendrix, Vinicus, Tom Jobim, the list is endless. Something about those times…I don’t know if it’s the profound socio-political changes taking place, the greater integration of cultures, recreational use of drugs…but the music from that time lives on today as if it was recorded last week. The music of Angola is no exception.

Angolan music of the late 60s and 70s was revolutionary. It was a beautiful, eclectic mix of soulful lyrics and melodies inspired from Portuguese Fado and infused with traditional African rhythms passed down from angolano to angolano over centuries. It had a healthy dose of Latin flavor and spawned other genres such as Brazilian samba. The artists of those days – Teta Lando, who has since passed away, Elias dia Kimuezo, who even after completing his 80th birthday is still making music, Carlos Lamartine, Artur Nunes, Luís Visconde, and others – actively called for independence from Portugal, sang about the fight for freedom in their music, and genuinely loved making music for music’s sake. Due to the civil war that soon engulfed the country and the notorious inaccessibility of Angolan music, their sound was never heard outside of Angola, except for a few lucky ones. Until now.

An intense lover of Angolan music, particularly the forgotten classics of the 60s and 70s, Mauricio Pacheco is a popular Brazilian music producer (produced for singers like Jussara Oliveira, front-man of capoeira/hip-hop band Stereo Maracana) who decided to unearth these records and remix them with his team of talented Brazilian DJs and producers. Pacheco literally went to Luanda, scoured the annals of RNA, the national radio station of Angola, and found the gems he was looking for. With participation of artists, producers, and DJs, among them Brazil’s Moreno Veloso, DJ Dolores, Berna Ceppas and DJ Chris, and Angola’s Paulo Flores and Dog Murras, Mauricio created a transatlantic masterpiece between two Lusophone nations that was a contemporary, electronica, modernistic take on classical Angolan music. What happened to bossa nova with the advent of the electronica-influenced version of that genre is now happening to the earliest sembas and rebitas of Angola.

The CD starts off with Teta Lando’s epic song Angolé which might as well be Angola’s national anthem. Its strong political lyrics are universal, telling Angolans to unite and make something of their country, doesn’t matter if they’re white or black or mulato. “An Angola that is truly free, an Angola that is truly independent,” he sings. It’s remixed by Mauricio Pacheco and set to a hip-hop beat complete with scratches and all, but manages to maintain its identity, as do all the songs remixed on this album. The second song featured here is Chofer de Praça by Luís Visconde and also remixed by Mauricio Pacheco. It's a favorite of mine and one of my father’s most beloved songs of all time. This 21st century version of it features popular Angolan kuduro artist Dog Murras. Lastly there is Zom Zom by the gentleman in the video in the preceding post, sampled and remixed by Mauricio Pacheco and DJ Chris. For me, it is the highlight of the album. Dia Kimuezo is such a great blues singer and the fact that he still sings at an age most people can barely talk just makes him cool as hell. The laid back house beat of this track, the way it kind of builds on you, and Kimuezo’s Kimbundo lyrics make this an unforgettable track.

Literally every single song in this album is good, including songs like Merengue Rebita and Bonga's Kapakiao.If there is ever an album you should buy on this site, this would be it. Available on iTunes, Amazon, Mondomix, wherever.

Angolé
Chofer de Praça
Zom Zom

A vida esta cheia deste tipo de incidentes. Se não estivesse sem nada pra fazer a uns dias atrás, nunca iria ter ido ao Facebook naquele momento. Se não tivesse ido ao Facebook naquele momento em particular, nunca iria ter visto o link do meu companheiro de ‘blogagens’, o Bruno, sobre aquele CD estranho com a foto de uma mulher a gritar e as palavras “Comfusões1”. Se nunca tivesse cargado no link nunca iria ter encontrado a colaboração entre Angola e Brazil e o projecto musical mais inovador que tenho visto desde que comecei este site.

Uma das razões que adoro bossa nova e música brasileira contemporânea de vertente electro e lounge é a sua habilidade de reinventar-se constantemente. A Bebel Gilberto tem o sucesso que tem porque reinterpreta as músicas lindas do seu pai, mas adapta-as para o século 21. O que me leva ao meu segundo ponto: a melhor música do mundo foi feita nos anos 60 e 70. Ate hoje continuamos a ouvir músicas dos Beatles, de Bob Marley, The Clash, Nina Simone, Jimi Hendrix, Vinicius, Tom Jobim, a lista continua. Algo estava no ar naqueles tempos...não sei se eram as profundas mudanças sociais e políticas, ou o maior contacto com culturas diferentes, ou a disponibilidade das drogas de recreação, sei la...mas a musica daqueles tempos era d’outro mundo. E a música angolana daqueles tempos não foge a esta regra.

A música angolana dos anos 60 e 70 era revolucionária. Era uma linda mistura de ritmos inspirados pelo fado português e pelos ritmos angolanos passados de kota para candengue durante gerações. A nossa música tinha uma dose de exoticismo tropical e ajudou a criar generos de música diversos, tal como o samba brasileiro. Os músicos daqueles dias, nomes como Teta Lando, Elias dia Kimuezo, que continua a fazer música mesmo depois de completar 80 anos, Carlos Lamartine, Artur Nunes, Luís Visconde, e outros, chamavam publicamente pela independência de Angola, cantavam sobre a luta para sermos livres, e via-se o amor deles pela música. Por causa da guerra maldita que atrasou o país, a sus música foi pouco ouvida fora de Angola. Ate hoje.

O homem detrás deste projecto, o productor brasileiro Maurício Pacheco (que produz talentos como Jussara Silveira e tambem tem banda própria, os Stereo Maracanã), é um grande amante e admirador de música angolana. Deliciou-se principalmente pelas músicas dos anos 60 e 70, que foi uma das alturas mais turbulentas da história angolana, devido a aproximação da independência. A convite do dono da Maianga Produções, Maurício foi para Luanda e, enamorado pela qualidade musical do país, passava várias horas nas instalações da Rádio Nacional ouvindo os éxitos de Carlos Lamartine, Artur Nunes, o Elias dia Kimuezo, e outros. Quando regressa ao Brasil, decide remixar as suas músicas preferidas com a colaborção de vários DJs brasileiros de renome, includindo o Moreno Veloso, o DJ Dolores, Berna Ceppas, o DJ Chris, e conta também com a participação do kudurista Dog Murras e do pai grande, o Paulo Flores. O resultado foi uma discográfica de alta qualidade que transforma os éxitos daqueles anos glorioso de musica angolana em algo moderno e contemporâneo.

O CD começa com a música imortal de Teta Lando, Angolé. Música esta que não me importava se fosse hino nacional.

“Angolano segue em frente, teu caminho é so um.
Se você é branco isso não interessa a ninguém.
Se você é mulato isso não interessa a ninguém.
Se você é negro isso não interessa a ninguém.
Mas o que interessa é a tua vontade de fazer Angola melhor.
Uma Angola verdadeiramente livre,
uma Angola independente.”


Palavras intensas que seguramente muita gente ja esqueceu, ou finge que esqueceu. Imagino o orgulho de quem ouviu estas palavras cantadas pela primeira vez, naquele tempo. A remix é feita pelo Maurício e o beat é de hip hop progressivo, algo que não fere a integridade da música original (o respeito pelas músicas originais esta presente em todo album). A seguir temos Chofer de Praça de Luís Visconde, som que ouvi pela primeira vez no carro do meu kota quando ainda não fazia ideia da qualidade das musicas antigas da terra. Mesmo naquela altura em que ouvia muito mais rádio e as musicas dos top 40, gostei imenso daquela canção e escutando-lhe agora remixada por Dog Murras e Mauricio Pacheco é bastante interessante. Pra terminar vem Zom Zom do kota Elias dia Kimuezo, artista pelo qual o Mauricio Pacheco nutre uma admiração particular. Penso ser esta a melhor canção do album. Dia Kimuezo tem uma voz sábia e cativante que mesmo não percebendo o seu teor, é hipnotizante. O beat escolhido por Mauricio e o DJ Chris ara remixar esta música é um house leve que cresce subtilmente.

Aconselho-vos a todos a comprarem este album, principalmente se são amantes de musica boa. Conta com um remix duma velha música de Bonga, conta ainda com a participação de Paulo Flores, musicas de Wyza e Kissanguela, enfim,varias delícias aurais. O album esta a venda no Mondomix, no iTunes, no Amazon.com, portanto não há desculpa! E a melhor parte é que vem aí o Comfusões 2...


Comfusões on Myspace
Comfusões on Mondomix

Album released by Maianga Producoes

No comments:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...