Friday, April 27, 2012

Caipirinha Lounge Cinema: Bebi Beberei Bebendo, by Nástio Mosquito


Nada. Isto é muita letra. Definitivamente sou fã deste indivíduo. Vejamos:



Meu pai é o próprio Mosquito
Minha mãe é aquela que só de olhar
Te põe
Aflito...

No meu kubico não tem

galo nem negro
vermelho
Em pretos de amarelos

Não estou ao serviço de Angola
estou 

ao serviço do angolano...

Isto tudo só na entrada!

Muitos me confundem então
que não dão a mão
se convencem pensando porque lhes peço licença
quero autorização!


Tauás!

Mais adiante...

Sou artista assumido
com a pouco a perder, temido.
Abres a boca comigo
é melhor fazer sentido


Uns me chamam de fraude
desconhecem a minha verdade.
Uns dizem compreender
tentando invadir minha serenidade.


Nos dão oportunidades a conta-gotas...
ainda querem controlar minha vaidade...
figuras de piedade...
Radialistas de salário extra...
Xe! Xe! Xe! Xe!
Jornalista de reputação
monetária...
Xe! Xe! Xe! Xe


Falou e disse!

A nossa música, a nossa arte é mais rica por ter personagens como o Nástio. Personagens que me fazem parar o que estou a fazer, repetir a música, e transcrever parte da letra para estas 'páginas'. O download é obrigatório, a reflexão necessária, e a apreciação do seu trabalho recomenda-se. Fiquem atentos para o lançamento do seu EP, Deixa-me Entrar. Usando este som como ponto de partida, posso dizer que promete. "O mambo é sério."

Aline Frazão featured in Fader.com

Fellow Angolan music aficionado Benjami Lebrave, our brother from Akwaaba Music who always has his ear on the latest African sound, recently featured Aline Frazão on his Lungu Lungo column at Fader, an expertly curated US-based magazine about fashion, culture, and of course, music. It's always a pleasure to see quality Angolan music featured in these types of websites, and to see the discourse on Angolan music expand beyond the ubiquitous kuduro. There is so much more to listen to...

Lungu Lungu: Lusophone Grace
Story by Benjamin Lebrave


Most people don’t know a whole lot about Lusophone music, meaning music from Portuguese-speaking countries. If anything, Brazil usually comes to mind first—in my experience, whenever I play music from places like Angola, the response is usually something like, “Oh, this sounds Brazilian.” It doesn’t, really, but there are definitely musical elements common to many genres coming from Lusophone countries. I assume it’s because the Portuguese colonized early, and were not afraid to mix with local populations. The Portuguese and their cultural influence have been around longer, and have penetrated deeper, than other colonizing powers. 
Now fast forward to post-colonial times, and imagine a musician with Angolan, Cape Verdian and Portuguese roots. Raised in Angola, with family in Brazil. I would dare any Lusophone specialist to pinpoint where such music comes from. I like the idea that a specialist or layman might both be puzzled by Aline Frazão‘s music. A real mishmash of influences—and not all of them stemming from Lusophone genres. 
“I cannot remember not being in touch with music” says Aline, who grew up in Luanda. She attended a Portuguese school, where she sang fado, and started performing in public from the age of 9. When she was 15, she heard an Ella Fitzgerald collection, and with it, discovered vocal jazz: “I felt like I was discovering a new dimension, the voice as an instrument… Jazz opened up doors in my mind.” 
After she completed high school, she moved to Europe to go to university. Lisbon first, then Barcelona, then Madrid. As Aline puts it, her experience in Europe is itself a kind of musical education: she is exposed to other genres, has the opportunity to meet other musicians with different backgrounds, different focuses, and, just as importantly, she can perform for a wide range of publics. She now lives in Santiago de Compostela, a more quiet place where she can enjoy a slower pace and truly focus on her music. Santiago also happens to be at the heart of Galícia, which linguistically and culturally straddles in between Castilian Spanish and Portuguese. 
Click here to continue reading at TheFader

Wednesday, April 25, 2012

Mônica da Silva

I think certain songs were made for certain seasons. Aí Então is one of those songs – it was tailor-made for spring. It’s light, airy, bright, and expectant; it’s easily memorable and even a bit addictive. I first heard Mônica da Silva’s single on Putumayo’s Brazilian Beat, when their promoters first made the album available for streaming. Putumayo, one of my main inspirations for this site, is renowned for their stellar compilations; Aí Então was a standout in an expertly curated album. The song is part of Mônica da Silva’s debut CD, Brasilissima, an album whose songs are a mellow, optimistic blend of bossa nova and indie pop that is at both modern and true to its roots. While the other songs don’t capture the exuberance of the standout track, I for one think that Mônica da Silva is one to keep an eye on. If you live in southern Florida, that’s easily done – the singer frequently performs there.

Aí Então

Creio que certas músicas foram feitas para certas estações do ano. Aí Então é uma destas músicas – não consigo ouvi-la sem pensar na primavera. Tem muitas das suas qualidades: é leve, brilhante, linda e alegre; a sua letra fica na ponta da língua e esquece-se com dificuldade. É um pouco viciante, até. Ouvi este single da Mônica da Silva ao mesmo tempo que ouvi pela primeira vez o novo CD do Putumayo, Brazilian Beat, CD que me foi dado para ‘stream’ pelos promotores da editora. A Putumayo, uma das grandes inspirações deste site, é conhecida pelas excelentes compilações que faz; Aí Então era um destaque numa compilação recheada de boa música. Aí Então faz parte do CD de estreia da Mônica, intitulado Brasillisima; é uma feliz mistura de bossa nova e indie pop, que mesmo moderno mantém-se fiel as raízes brasileiras da sua autora. É verdade que nenhum outro som no álbum consegue capturar a alegria e o a perfeição simples do single, mas acredito que estamos diante de um talento nato, para se ir acompanhando. Para os que vivem no sul de Florida, esta é uma tarefa fácil – a Mônica não só mora lá como aparece frequentemete em palco.

Saiba mais//Find out more: monicadasilva.com

Tuesday, April 24, 2012

Flashback 2010: O grito político do hip-hop lusófono

Em Janeiro de 2010 escrevi as seguintes linhas:

Sou angolano, meus pais são angolanos, nasci em Angola, tenho passaporte angolano, sou portador de um BI angolano, visito o meu país pelo menos uma vez por ano, mas vivo na diáspora e por isso foi me retirado o direito de votar em eleições angolanas. Portanto, só me resta falar à toa aqui neste blog; a minha forma de luta, protesto e revolta é a música, como nos tempos prévios a independência angolana (em que nem sequer estava vivo). Naqueles tempos, eram as músicas de Teta Lando, Ngola Ritmos, e outros que exaltavam o povo para a independência. Hoje em dia temos as líricas do MCK, Azagaia, Ikonoklasta, Phay Grande (o poeta) e muitos outros que fazem do rap e hip-hop o seu grito de revolta. Como disse outrora, a música lusofona sempre foi bastante política, o Bonga que o diga. Aqui vão alguns sons que nesta semana são mais relevantes que nunca.

Intro pertinente para o artigo que se segue, artigo este que saiu na Lusa há mais de duas semanas atrás. O hip-hop angolano de qualidade sempre foi uma forma de intervenção social; acho a coisa mais natural que agora é a ‘banda sonora das manifestações contra o regime’, e que muitas das mais mediáticas personangens relacionadas com as manifestações em Luanda são eles próprios músicos. É impossível não ver os paralelos com os músicos que impulsionaram a luta da independência nos anos antecedentes ao 1975. Hoje, as entidades diplomáticas que visitam Angola já fazem questão de procurar o MCK  - que o diga a Angela Merkel e Durão Barroso. Quem já vibrou aos sons do Katro, do Ikono, do Azagaia, percebe perfeitamente esta ‘banda sonora’...e mais do que isso, dança ao som dela.

Lusa: Manifestações Contra Regime Têm Banda Sonora*

Os “rappers” MCK, Ikonoklasta e Carbono vivem em Luanda e têm feito a crítica musical ao regime de José Eduardo dos Santos As manifestações que se têm realizado em Angola no último ano têm como banda sonora as músicas de uma nova geração de “rappers”, que, apesar de mais limitados na liberdade de criação, prometem não baixar a voz.
MCK, Ikonoklasta e Carbono vivem em Luanda e têm feito a crítica musical ao regime de José Eduardo dos Santos. Pedro Coquenão é luso-angolano, mora em Lisboa e é o autor do projecto Batida, que reúne trabalhos de alguns destes músicos num disco com o mesmo nome, recentemente lançado.
Em comum, os quatro artistas têm a juventude, o gosto pela música, o protesto, a urgência da democracia e o amor que dizem ter por Angola. Muitos dos protestos que aconteceram no país no último ano foram influenciados por estes “rappers”, que também os têm apoiado publicamente e até participado neles. “Corremos todos o risco, se pensarmos de forma diferente, a sermos mortos como galinhas de rua”, alerta o “rapper” MCK, em declarações à Lusa.
Regime aperta o cerco aos artistas
O regime angolano foi perdendo a tolerância e, no último ano, as coisas tornaram-se mais difíceis para os artistas angolanos. O decreto presidencial 111/11, de 31 de Maio de 2011, que regula espectáculos públicos, passou a impor um sistema de “registos”, “vistos” e “licenças” para atividades artísticas. “A repressão, agora, é mais actuante. O ano passado já foi um ano muito pesado, porque foi um ano pré-eleitoral. Este ano, como é eleitoral, a repressão aumentou”, compara MCK.
Os concertos deixaram de ser autorizados. No final do ano passado, o “rapper” Carbono tentou organizar espectáculos no Teatro Elinga, sala “histórica” para a música de intervenção, mas não conseguiu. “Querem controlar a cultura, principalmente os artistas independentes”, denuncia. Isso não tem impedido que estes “rappers” vendam milhares de discos, mais ou menos à socapa, nas ruas angolanas.
O país vive entre duas realidades distintas, destaca Pedro Coquenão, autor do projecto Batida e criador da Rádio Fazuma. Por um lado, há a realidade política, financeira e mediática, que “é um sítio onde parece que está tudo bem”, com uma “conversa cheia de advérbios de modo”, e, por outro, há o dia-a-dia, onde as pessoas “têm uma esperança média de vida que é uma pouca-vergonha”.
Não é por acaso que a música de intervenção nasce nos bairros mais pobres de Angola. É nos musseques onde “não há sequer a hipótese de decidir o que se quer fazer da vida”, lembra Coquenão. “Sempre foi assim. Só que hoje tens uma grande maioria de pessoas muito pobres e uma minoria cada vez mais reduzida de pessoas muito ricas”, realça MCK.
Depois da guerra e da morte, “Angola tem tudo para dar certo”, acredita MCK. Mas “o país está completamente anestesiado”, descreve o “rapper” Ikonoklasta.
É disso que fala a música “Cuka”, incluída no disco “Batida”. “A cerveja [Cuca é a marca nacional] aqui custa menos 70 cêntimos do que a água. É mais fácil as pessoas matarem a sede com cerveja. O país está completamente anestesiado e o álcool é uma das maneiras de o manter assim. Quando o MPLA faz manifestações, comícios, o que for, um dos chamarizes é a distribuição, quando não gratuita, a preços mais reduzidos de cerveja”, descreve à Lusa.
A maioria dos manifestantes anti-governo é composta por estudantes e artistas, mas também há “mães e senhoras do bairro”. A burguesia é que “ainda não se envolveu”, porque “está muito bem habituada à vida que tem”, lamenta Pedro Coquenão. Estes artistas não têm uma causa nova. “Estamos a cobrar o que essas pessoas fundaram, mas não está a acontecer na vida real”, resume Pedro Coquenão.
“As coisas vão demorar muito tempo”, mas, se ninguém fizer “asneiras”, a democracia estará lá, no fim do caminho, acredita.
“Olho Angola como a nossa parceira. Devemos ser os primeiros a elogiar a nossa parceira e também os primeiros a criticá-la. Com justiça e verdade. Não porque a odiamos, mas porque a amamos muito”, salienta MCK.

*Texto original saiu na Lusa no dia 8 de Abril de 2012
Este texto foi recuperado do site Maka Angola
Os links são do Caipirinha Lounge

Angola: In the eye of the beholder

Tanta Asneira pra Dizer Luanda É Bonita
Foto por Edson Chagas
I like it when Louise finds herself in Luanda – besides humorous and ironic tweets I can always expect good quality journalism, in English, about the city where I was born. The piece below is one of her most recent articles on my city’s burgeoning arts scene.

Gosto quando o destino força a Louise a regressar a Luanda – para além de tweets engraçados e irônicos posso sempre esperar por jornalismo bem feito, em inglês, sobre a cidade que me viu nascer. O artigo abaixo é um dos seus mais recentes e fala sobre a excelente cultura artística de Luanda.

Angola: in the eye of the beholder
A successful play and a downtown arts festival both tap into Luandans' fascination for their own city and its urban life.
Angola's capital, Luanda, boasts a rich cultural calendar for 2012, dominated by works that have the city itself at their heart. One of the highlights is Nuno Milagre's new play [I]Tanta Asneira Para Dizer Luanda é Bonita[/I] (Utter Nonsense to Say Luanda is Beautiful), which was on in January at the Teatro Nacional Chá de Caxinde.
Portuguese director Milagre, who first worked in Angola in 2002 on the critically acclaimed film [I]O Herói[/I], shows a comedic but probing appreciation of Luanda's idiosyncrasies, the good and the bad, the amusing and the tragic.

click here to read the rest of the article (from The Africa Report)

Conexão Lusófona: O Festival

Finalmente chegou! O Festival inaugural da Conexão Lusófona! Estou intensamente orgulhoso dos meus kambas, em especial a Laura Vidal, por tornar este sonho em realidade. Os mais atentos sabem que a Conexão Lusófona é uma associação cultural sem fins lucrativos, totalmente dedicada ao intercâmbio artístico lusófono; talvez já tenha reparado no seu logo onde diz “Parcerias”. Colaboro com eles e é um prazer fazer parte da equipa. Isto tudo sem falar ainda do mais importante – o festival em si. Elenco de luxo: Sara Tavares, Tito Paris, Manecas Costa, Aline Frazão...dia 12 de Maio, Mercado da Ribeira, Lisboa, às 21h00. Se estiver naquelas bandas, simplesmente não há razão para não ir.

It’s finally here. Conexão Lusófona’s comin out party. I’m extremely proud of my friends, and especially Laura Vidal, for turning that particular dream into a reality. Conexão Lusófona is a cultural, non-profit organization that spans the width of the Lusophone world; you’ll notice their logo where it says “Partnerships” further down the page; I collaborate with them and it’s a pleasure to be part of the project. And what a lineup for their inaugural festival - Sara Tavares, Tito Paris, Manecas Costa Aline Frazão and more will all take part in the celebration. May 12th, Mercado da Ribeira, Lisbon, at 21h00 – if you’re in the area there is simply no reason to miss it. 

Monday, April 23, 2012

Sonhando Devagar com Kassin

Photo by Live PA Festival
Kassin is a stalwart in Brazil’s MPB music scene. One of the country’s best modern producers, his work can be heard in the music of such familiar faces as Vanessa da Mata, Bebel Gilberto, Marisa Monte, and others. He’s like an audiophile King Midas – everything he produces turns to aural gold. Thus, it’d be a bit unfair to try to squeeze Kassin’s career, which spans over two decades, into a few blog post lines. I’d have to delve, in detail, into his work with Moreno Veloso and Domenico Lancelotti for their band +2; it’d mean talking about his considerable influence in the current sound of MPB; it’d would involve going on about his other, larger band, Orquestra Imperial.

But what I can do on this post is give you a little taste of his musicality, by utilizing his debut solo album, Sonhando Devagar. I've always found it interesting to hear a producer in his own words, if you will. In his own beat, in his element, doing whatever he sees fit, this time without the input of the musicians he usually works with. It's like a peak into the world of someone who's always behind the scenes in another musician's work. Sonhando Devagar is a fun album, easy on the ear, psychedelic, peculiar, and eccentric in (many) parts, but ever more complete because of it. Among my favorite tracks are O que você quiser, Mundo Natural, and of course, Calça de ginástica, mine and many other's favorite one. Look up the lyrics when you get a chance. Preferably not in a work environment.

O Que Você Quiser
Mundo Natural
Calça de Ginástica

O Kassin é uma força incontornável na MPB. Fez parte de alguns dos meus álbuns preferidos brasileiros dos últimos tempos, incluindo o mais recente da Vanessa da Mata, Bebel Gilberto, Marisa Monte, Lenine...enfim...uma espécie de Midas sonoro, tudo que ele produz vira ouro. Seria, portanto um pouco injusto tentar encapsular a carreira toda do Alexandre Kassin, que já tem mais de duas décadas, neste simples post. Seria necessáro falar do seu projecto com o Moreno Veloso e o Domenico Lancelotti, chamado os +2; seria necessário conversarmos sobre as ínumeras influências na MPB; seria falarmos um pouco sobre a outra banda que lidera, a Orquestra Imperial.

Mas o que posso sim fazer neste post é dar-vos a provar a sua musicalidade, utilizando o seu primeiro disco a solo, Sonhando Devagar, para o efeito. É um disco divertido e de fácil audição, psicodélico, peculiar e excêntrico em algumas (muitas) partes, mas mais completo por isso. É uma oportunidade para olharmos ao som do productor, personagem que fica sempre 'behind the scenes' nos trabalhos dos artistas. Entre as músicas que mais gostei de ouvir no Sonhando Devagar ao longo das últimas semanas estão O que você quiser, Mundo Natural, e claro, Calça de ginástica, a minha preferida (e não sou o único)  - a letra fala por si.

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