Sim, o Lounge continua vivo.
Foram cerca de 170 dias desde o último post aqui no Lounge. Nunca na pequena história deste blogue houve uma paragem assim tão longa. Foram muitas as pessoas que perguntaram se o Lounge morreu.
"E então, o que se passa com o Lounge?! Nunca mais postaste nada meu!"
Desde o último post, houveram mudanças profundas na vida conjunta do autor e do blogue, que afinal são a mesma coisa, inseparáveis um do outro. O Yahoo Media Player parou de funcionar - foi extinto pelos donos. Alguns links foram se desactualizando. Nunca mais houve Editor's Picks e listas dos melhores álbuns do ano. O meu consumo de música lusófona diminuiu drasticamente.
A paragem foi motivado pelos mais variados motivos, entre eles pessoais e profissionais. Envolvi-me full-time em outros projectos. Sou mau em gestão de tempo e parei de ter tempo para tudo.
Mas talvez a maior mudança de lá pra cá é que o último post foi escrito em Brooklyn, enquanto que este é escrito à partir de Luanda, de onde o Lounge passará emitir de agora em diante.
É verdade: Luanda agora será a minha casa "permanente".
Os últimos meses foram também marcados pelo passamento físico de dois familiares, um depois do outro. Em momentos destes avaliámos por completo as nossas vidas, as nossas relações, as nossas escolhas.
Invariavelmente, acabamos sempre por voltar às coisas que mais gostávamos, que mais nos davam (dão) alegria. E por isso o regresso ao Lounge foi inevitável: estava na hora de voltar a escrever aqui.
O regresso ao Lounge foi motivado pelo aumento recente do meu consumo de música, próprio da vivência cá em Luanda e pela passagem recente por Lisboa, cidade que me apaixona cada vez mais. Foi lá onde vi vários concertos e onde finalmente readquiri aquele 'bichinho' da música, aquela sede de ouvir mais, muito mais. A sede de consumo e partilha que originou o Lounge.
Foi lá onde tive a oportunidade de ver os Batida e o Seu Jorge a actuarem ao vivo pela primeira vez. De ver jam sessions a nascer de madrugada em Alfama.
Em Luanda, o meu consumo musical também cresceu - são constantes as noites com música ao vivo. O Espaço Bahia, especialmente, continua a ser palco de artistas fora do comum. Descobri o King's Club, o Bakama, as noites de jazz no Doo.Bahr. Mas mais importante ainda, descobri as actividades da malta que respira música e que procura, nos lugares mais variados da cidade, um pouco de ar para 'respirar'. Fiz novos amigos.
Esta nova incarnação do Lounge será menos regrada que a anterior. Alguns posts, como este, serão só em português, outros serão em inglês. Dependendo da minha pancada naquele determinado momento. Às vezes o trabalho constante da tradução de textos contribuía para a falta de vontade de escrever.
Em forma de homenagem para a cidade que agora me acolhe, partilho aqui dois vídeos que retratam um pouco da vivência singular desta cidade de amor e ódio. O primeiro tema chama-se É Luanda e é uma homenagem do cantor Diclas One ao falecido André Mingas. Não conhecia o Diclas One antes de ver este vídeo e desconheço os seus outros trabalhos mas gostei muito do conceito do vídeo e da forma como ele interpreta o trabalho de um dos melhores músicas angolanos.
O segundo tema, da Sandra Cordeiro, também está muito bem conseguido. Os leitores perceberão que os vídeos são parecidos e retratam a vida da cidade. Há bastante tempo que oiço a Sandra é fico feliz por ver o seu amadurecimento. Está fantástica nesta música.
Foram estas duas músicas que me acolheram quando cá cheguei e que ajudam a explicar um pouco o porquê do regresso...
Porque sim, o Lounge continua vivo.