Sunday, February 27, 2011

Caipirinha Lounge Jazz Sessions: El Último Trago, by Concha Buika

Concha Buika, by sally-rose
Late at night, when I'm in the mood for something slow and jazzy, something mesmerizing and sophisticated, I put on a Concha Buika record. Aside from the fact that I'm infatuated by her raw sensuality and fervor, I do think she's an immensely talented artist and a phenomenal musician. Everytime I hear her voice it's like hearing it again for the first time...you never get fully used to its distinctive sultry aroma, its depth, or its range. Buika has been featured on the Lounge before, but it's her latest album, El Último Trago, that's been haunting me as of late. It's a tribute to the famous Mexican ranchera singer Chavela Vargas, and contains numerous hits of hers. The renditions are done in an intriguing mix of Buika's favorite genres, including flamenco, soul, and of course, jazz.

Buika recorded this album in Cuba, and its influence is notable, especially because of Chucho Valdés presence. The afro-cuban jazz maestro accompanied Buika on the album, and his are the hands creating the exquisite piano melodies heard on El Último Trago. Included in this post are three beautiful songs by Chavela Vargas as sung by Concha Buika. The first, Cruz de Olvido, is a testament to Vargas' poetry, Valdés' piano skills and Buika's voice; Se me Hizo Facil is a similar track but with a slower tempo. Lastly there is Luz de Luna, a much jazzier track complete with a backing horn section.

Cruz de Olvido
Se me Hizo Facil
Luz de Luna

De madrugada, quando quero ouvir algo lento e agradável, jazzy, sofisticado e incomum de preferência, ponho na aparelhagem um álbum da Concha Buika. Continuo enfeitiçado pela sua sensualidade intensa e o seu fervor artístico, e a considero uma artista verdadeiramente talentosa. Criadora de melodias apaixonantes. Sempre que oiço a sua voz, é como se fosse a primeira vez...nunca me habituei ao seu aroma distinto, á sua subtileza, ao seu alcance. A Buika já foi perfilada aqui no Lounge várias vezes, mas é do seu último álbum, El Último Trago, sobre o qual quero falar hoje. É uma homenagem à cantora mexicana Chavela Vargas, e contém diversos éxitos da mesma, feitos a la Concha Buika, ou seja, numa mistura de flamenco, soul, e, claro, jazz.

A Buika gravou este álbum em Cuba, o que ofereceu ao disco uma influência notável do maestro afro-cubano de jazz, o Chucho Valdés. Ao dançarem por cima das teclas do piano, os seus dedos acompanharam lindamente a voz da Buika no El Último Trago. Incluídas neste post estão três canções da Chavela Vargas reinterpretadas pela Buika. A primeira, Cruz de Olvido, é um testamento à poesía da Vargas, as habilidades "pianísticas" do Chucho Valdés, e a voz da Buika; Se Me Hizo Facil é uma faixa parecida mas um pouco mais lenta. Por último temos Luz de Lunda, uma faixa muito mais jazzy e viva. 


El Último Trago on Amazon

Thursday, February 24, 2011

World Massala, by Terrakota

This album is an authentic party, I've no other way to describe it. It's a celebration of world music, of the melting pot of different and disparate rhythms and sounds into a coherent whole. I only knew of Terrakota's new album by way of Ikonoklasta's blog, a place I go to find quality music and thus thoroughly recommend. I only started listening to Terrakota due to Ikono and Conductor's participation in their Oba Train album (2007), and since then I've clamored to get my hands on whatever else they put out. World Massala is their fourth and latest studio album and perhaps the most surprising aspect about it is the introduction of a distinct Indian sound element to it. That sound is courtesy of the band's newest addition, Marc, himself a Catalan sitar, oud, shekele, and keyboards player who learned to play the sitar in India. It was to the subcontinent that Terrakota traveled to prior to recording this album, and that influence clearly shows.

The first single, titled after the album, is exactly the type of sound that I'm talking about. What do you even call such a genre? Terrakota calls it 'Punjabi afro-reggae', and to my knowledge they invented that sound. The lyrics are in Portuguese, but the vibe is at home in India, Jamaica, Angola, Argentina, Portugal, Colombia, and elsewhere...it's one of the most unique jams in the album. The second song featured here is my favorite one on the album, but these things tend to change over time. It's called Pé na Tchon and is a mixture of an infectious afrobeat with a powerful funaná, and Terrakota's Angolan singer Romi Anauel really gives us a dose of what she's about on this one. It's rhythm is absolutely infectious. Lastly there is the much, much calmer Raíz, featuring Paulo Flores, which I'm including here as a testament to the musical diversity on this album and to show that Terrakota does have its calmer moments.

This is by no means an extensive list of the best songs on the album, as all of them, without exception, would be at home here. When April 12 comes along, do yourself a favor and get a hold of this art piece. 

World Massala
Pé na Tchon
Raíz

Este album é uma autêntica festa, não há outra maneira de o descrever. É uma celebração da verdadeira world music, uma mistura dos mais diferentes e desiguais ritmos mundiais fundidos num só todo, um todo coerente, diga-se de passagem. Soube deste álbum através do blog do Ikonoklasta, lugar one eu vou buscar música de qualidade (recomendo vivamente). Só comecei a ouvir os Terrakota por causa da participação do Conductor e do Ikono no album Oba Train (2007) e nunca me arrependi. Desde então, tenho procurado os trabalhos desta banda em tudo que é canto. World Massala é o seu quarto e mais recente album de estúdio, e talvez o aspecto mais surpreendente deste disco é a mais nova adição à banda, o Marc, que trouxe consigo uma nova sonoridade à banda, uma sonoridade decidademente índia. É que o Marc, catalão de nascença, toca sitar, oud, shekele, e teclados, e foi mesmo na Índia que ele aprendeu a tocar sitar. E foi também à Índia onde este grupo foi antes de gravar este album, e a influência do subcontinente é patente na sua sonoridade.

O primeiro single do album também chama-se World Massala, e é exactamente esta a nova sonoridade que me refiro no parágrafo antecedente. Nem sei o que chamar a tal gênero...afortunadamente a banda sabe, e chama-o 'Punjabi afro-reggae.' Pudera! Acho mesmo que foram eles que o inventaram. A letra é portuguesa, mas a vibe seria bem vinda na Índia, na Jamaica, em Angola, em Argentina, na Colombia, e por aí em diante - a vibe é global e esta é uma das músicas mais marcantes do disco. A segunda música destacada acima é, neste momento, a minha preferida. Se bem que estes gostos tendem a mudar com o passar do tempo, mas neste caso dúvido mesmo. Chama-se Pé na Tchon e é uma mistura contagiante de afrobeat com funaná, e a voz da angolana Romi Anauel está em grande plano. Acho a voz dela a marca da banda. Por fim temos a muito mais calma Raíz, com a participação do Paulo Flores, que incluo aqui para mostrar a diversidade sonora desta obra de arte e também mostrar que os Terrakota têm uma vertente um pouco mais calma.

Esta não é de longe uma amostra de todos os grandes brindes do album, porque por mais incrível que pareça, gostei mesmo de todos. Se vives na Europa, o album já está disponível nas lojas...mereces uma prenda, vá-la a fnac e compra a cena.

Terrakota on Facebook
Pre-order World Massala on Amazon

Ayo and Sara Tavares, Remixed

Sara Tavares, by Meet the World Fest
Whenever I need a dash of deep soul afro-house to add some rhythm and vitality to my day, I head to Djeff Afrozila's SoundCloud page, itself a reservoir of some of his finest works. You'll find Sara Tavares remixes, Boddhi Satva jams sprinkled about, and of course some AM Roots to round things out. But among my favorite remixes on his page are those of Ayo and Sara Tavares. I think it's because I love the raw, emotional sound of these two singers a great deal and cannot imagine such a sound being tampered with in any way. So I was pleasantly surprised to hear my favorite Ayo song remixed in such a fashion back when I was in Luanda, not knowing that it was Djeff's work; and today, when I returned to the site once more, I found myself jamming to a Sara Tavares favorite of mine, One Love, which I now realize was just begging to be remixed. Both are included here for your enjoyment.

Life is Real (Djeff Afrozila Remix)
One Love (Djeff Afrozila Remix 2011)

Durante o decorrer da semana, sempre que preciso de uma dose de soulful afro-house para revitalizar o meu dia e lhe impor um certo ritmo, rumo á pagina SoundCloud do Djeff Afrozila. É uma fonte das suas melhores batidas, e encontram-se remixes da Sara Tavares, umas do Boddhi Satva e claro, não podia faltar umas pitadas de AM Roots. Entre as minhas remixes preferidas no SoundCloud estão a da Ayo e uma da Sara Tavares, talvez porque amo o som cru e emocional destas duas cantoras e não consigo as imaginar com uma batida house como acompanhante. Mas qual foi o meu espanto em ouvir, durante a minha última estadia em Luanda, uma das minhas músicas preferidas da Ayo, Life is Real, remixada daquele jeito. Na altura não sabia quem era o 'custureiro' desta nova roupagem. E hoje, quando volto à página do Djeff, deparo-me com a remix de One Love, que só agora reparo que parece que foi mesmo feita para isso. As duas músicas estão incluídas aqui para o vosso deleite. 

Djeff on Myspace
Djeff on Soulgasmmusic

Bob da Rage Sense finalmente em Luanda

Para os que estão em Luanda, só tenho uma coisa para vos dizer: Sortudos! O cartaz abaixo não deixa um rasto de dúvida: será mesmo um grande concerto. MCK, Ikonoklasta, Pahy Grande, DJ Bomberjack...e claro, a personagem principal, Bob da Rage Sense, finalmente a cantar do bom rap na terra que o viu nascer. Dia 27 de Fevereiro, 19h00, Cine Atlântico, 2500kwz. A não perder...

Wednesday, February 23, 2011

Retrospectiva 2010 / Best of 2010: Música Gálega no Lounge

Narf e Manecas Costa, by Itaú Cultural
2010 marked the first time that Galician music graced the Lounge. Prior to last year, I didn't even know that Portuguese and Galician were descendants of the same mother tongue, Galician-Portuguese, nor had I heard the beautiful music coming from that region of Spain. Marvelous musicians such as Uxía and Narf were featured here, as were their groundbreaking collaborations with other Lusophone artists such as Manecas Costa. 2010 marked the year that the Lounge became truly, completely, Lusophone.

Explore Galician music featured in the Lounge, and stay with Emigrante, by Narf and Manecas Costa.

Emigrante

2010 foi o primeiro ano em que a música galega fez parte do Lounge. Antes do ano passado, nem sequer sabia que o galego e o português são descendentes da mesma língua mãe, o galego-português, e de tão parecidas que são, ás vezes parecem ser a mesma coisa. Nem nunca tinha ouvido a música cantada nesta língua, a poesia auricular que vem daquela parte de Espanha. Cantores como a Uxía e o Narf ajudaram-me a saír da minha ignorância e passaram a ser destacados neste espaço, assim como as suas constantes colaborações com outros artistas lusófonos, tais como o Manecas Costa. 2010 foi o ano em que o Lounge se tornou verdadeiramente, e completamente, lusófono.

Explorem a música galega aqui no Lounge, e fiquem com Emigrante, da dupla Narf e Manecas Costa.

O Talento da Utopia

Infelizmente ainda não tive a oportunidade de ler este livro, mas o quero muito. Trata-se de uma obra literária que desde já parece muito interessante, devido ao seu protagonista: um dos meus cantores preferidos, um cantor que consegue, com um só verso, um só coro, mudar-me a disposição. O grande e inegulável Paulo Flores, lenda viva para quem cresceu a ouvir-lo. O livro foi escrito pelo jornalista angolano Gabriel Baguet Jr. e este mês foi lançado tanto em Portugal como Angola. Segue-se o retrato do crítico angolano Jerônimo Belo acerca desta obra. Mas antes, e porque gosto de ler ao som de música, fiquem com Thunda Mu N'jila, um dos grandes clássicos deste nome incontornável da música angolana. E, claro, Cabelos da Moda, música que nunca, mais nunca mesmo, me canso de ouvir.

Thunda Mu N'Jila
Cabelos da Moda

Jerônimo Belo:

"Um livro de rara alegria para Angola 20 de Fevereiro, 2011 Foi com os versos de Mário António “ Noites de Luar no Morro da Maianga” que comecei a imaginar o livro “Paulo Flores: o talento da utopia” de Gabriel Baguet Jr. O magnífico exemplar, que o seu autor teve a gentileza de me oferecer, ultrapassou fronteiras, alfândegas, sem carimbos, nem passaporte para vir morar comigo na Maianga, chegou bem protegido, sedutor, quase escondido, através de uma vasta teia de cumplicidades afectivas, passando das mãos do autor para as do Paulo que o transportou desde Lisboa, de onde o seu pai “Cabé” o levou carinhosamente até à Maianga, com açúcar e afecto.


Gabriel Baguet Jr. tem dedicado exaustivamente nos últimos anos todo o seu esforço, toda a sua brilhante inteligência, sensibilidade e vitalidade ao estudo de personalidades e figuras da Nossa Terra – da nossa querida Angola. A sua volumosa e prestável Fotobiografia de Óscar Ribas, onde com a paciência e enorme criatividade disseca, escalpeliza, os múltiplos aspectos da atraente personalidade do autor de “Uanga” (feitiço) constitui um testemunho inequívoco e privilegiado de um trabalho paciente, sério, isolado, sobre um tema crucial acerca do nosso futuro comum e, ao mesmo tempo, uma homenagem justíssima a um autor verdadeiramente grande – “um cego que nos ensinou a ver”.


Desta vez, sempre atento ao que de melhor acontece no mundo e ao que se passa na Nossa Terra, decidiu homenagear um dos mais criativos artistas angolanos: Paulo Flores. “Paulo Flores: o talento da utopia” é um raro exemplar que arquiva numerosa documentação, com destaque para saborosos textos e depoimentos de diversos autores sintonizados com a urgência da verdadeira arte (Carlos Ferreira, Luísa Rogério, entre outros), uma exaustiva discografia, entrevistas com o cantor e compositor e também largas dezenas, algumas muito interessantes, fotografias de Paulo Flores, sua família e amigos, que dão uma imagem, a esse nível, do seu percurso existencial e musical, dos seus lugares de predilecção e afectos, do ambiente dos concertos aqui e lá longe, dos seus amigos e ainda dos seus companheiros e cúmplices de luxo – os músicos notáveis de quem se tem rodeado, comportando ainda vários recortes de artigos de jornais e algumas gravuras. Um livro de rara alegria para os olhos de Angola que não pode deixar escapar uma lágrima de emoção pela classe e talento de um filho distinto.


A “minha” estória com o cantor Paulo Flores é parecida com as estórias das flores silvestres. Crescem, aparecem, voltam a crescer, escondem-se, surgem teimosamente, mesmo nos carris dos comboios. Por outras palavras: estórias que têm, como na Matemática, “números irracionais” e “tabelas de acaso”. Acontecem. É assim. Coisas insondáveis da vida, “Coisas da terra” – como diz uma canção do Paulo.


Não sei já, com rigor, onde é que foi que nos cruzámos pela primeira vez, que esquina ou avenida, beco ou boteco, terá condicionado as nossas vidas. E o nosso encontro. Havia (e há) a música entre nós. E do resto, sinceramente, não me recordo com rigor. São já tantos anos… Lembro – isso sim – de um jantareco improvisado lá em casa, na Maianga, em que se mistura o que vai havendo e se fala das nossas coisas, das nossas esperanças. Ele acabara de chegar de Lisboa onde já trabalhava como cantor e músico. Achei oportuno alargar – nessa noite – o ciclo de amigos e prolongar a fogueira. Convidei o José Manuel Nunes – provavelmente o ser humano que conheço com a maior paixão pela música e por Tom Jobim – sempre ligado a essas coisas bonitas como são a música, o cinema, o teatro, a poesia. Convidei igualmente o Manuel Gomes dos Santos – tremendo ouvido, grande violão, homem que me habituei a estimar desde aquele salto único que se dá entre os calções e as blue jeans. Nessa noite de uma enorme felicidade, mais do que o panké carinhosamente preparado pela Magui, a música é que era, de facto, o pretexto. E tal como o violão foi passando de mão em mão, a conversa foi fluindo, correndo fácil. A empatia foi-se instalando. E já muito depois do sono dos outros e da tranquilidade da cidade, desembarcámos num simpático clube na baixa luandense onde o Paulo Flores – depois de alguma insistência – varreu, varreu mesmo, dois sembas amparado pela segura Banda Maravilha. Olhe que coisa mais linda, mais cheia de graça… Dessa noite prodigiosa guardarei ternamente – e com carinho – várias recordações, algumas estórias. E uma constatação: a curiosidade pelo passado e História da música angolana e a humildade que o nosso “convidado” foi revelando à medida que o tempo foi cumprindo o seu inexorável trabalho…., impressionaram-me francamente. Ainda me lembro – se me lembro – de ter comentado com o Zé Nunes e o Mané Gomes “ se este miúdo continua assim, vai ter futuro, vai longe”.


Anos depois constato que não houve engano. Acertei. Tenho-lhe seguido o rasto e ouvido a música. O percurso recente de Paulo Flores não deixa dúvidas. A sua música convive comigo mais e melhor desde esse encontro e tem sido uma bela amizade. Paulo Flores ganhou individualidade, aproximou-se mais de uma voz singular – à custa de muito trabalho e de investigação junto dos “mais-velhos”, plenamente consciente de que existem muitos detalhes, muitas estórias, que não estão nos livros e o semba não se aprende na Faculdade, mantendo sempre uma forte ligação à tradição, olhando para o que se vai fazendo noutras paragens, mas interrogando sempre, cada vez mais, o que há-de vir (oiça-se por exemplo “Manico” de Kituxi e Makalakatu, que se mantém actualíssimo). 

Não se trata apenas ter de fazer a estrada que não se conhece, mas que se sabe estar ali, mas de fazer-se à estrada, fazendo-a. Como sempre o fizeram os nomes grandes da música angolana: Luís Gomes Sambo, Liceu Vieira Dias e o Ngola Ritmos (o sol da nossa música popular das cidades), José Oliveira Fontes Pereira e o seu irmão Euclides Fontes Pereira (Fontinhas), Catarino Barber, elemento preponderante dos Kimbandas do Ritmo (na época do Botafogo), Rui Mingas, António Pascoal Fortunato (Tonito) – um dos mais inspirados compositores angolanos de sempre -, Eduardo Garcia (Duia) – autor do belíssimo “ Lamento”- referência incontornável e modelo para muitos instrumentistas angolanos, José Cordeiro, inspirado compositor do Lobito, Tchikuto, louvável autor, Moisés Mulambo, exímio criador, irmão do Pincha, um dos maiores cómicos dos anos 1950 e 1960, o guitarrista autodidacta José Viola, Raul Aires Peres (Raul Ouro Negro) que levou – com Milo Vitória Pereira – a música de Angola para o Olympia e para os grandes palcos do mundo e para um estatuto da maior dignidade, as manas Belita e Rosita Palma e Ana Maria Mascarenhas (AMM), brilhantes compositoras. 

Oiça-se a musicalidade imensa da poética de Adelino Tavares da Silva musicado por AMM. E estudiosos, críticos e divulgadores com profundo conhecimento, tais como Jomo Fortunato, Dionísio Rocha, Amadeu Amorim e Mário Rui Silva. Entre essa noite prodigiosa e Xê Povo (um dos meus discos de cabeceira), a grande diferença do canto/ música de Paulo Flores foi a sua maior confiança.


O cantor que sempre deu a entender ter ideias claras sobre a música, decidiu-se agora desarrumá-las para as tornar mais claras e transparentes. E, especialmente, para tornar-se a si próprio mais claro. Devo confessar baixinho que sempre desconfiei dos músicos sem memória. Estou convencido que se enganam os músicos que não se interessam nem estudam a sua própria história. As raízes não bloqueiam o crescimento, ajudam a crescer mais forte. Também considero que as influências enriquecem em vez de empobrecer. Tem sido esta a praxis de Paulo Flores. Uma coisa é ficar prisioneiro, amarrado ao passado, por incapacidade de usá-lo para o futuro. Outra é desprezá-lo, julgá-lo inútil, tornando-o por travão em vez de catalisador; desprezo infelizmente que se vai constatando com alguma frequência entre os músicos angolanos mais jovens, na procura febril do sucesso fácil. “Nguxi” de Rosita Palma é um excelente exemplo que Paulo Flores nos dá acerca da tarefa fundamental na luta pela memória contra o esquecimento. 

Não é necessário conhecer a infância musical de Paulo Flores, saber-lhe o currículo académico e existencial para sentir que a sua voz e a sua música têm memória. O que em termos artísticos em geral – e na música particularmente – é tão importante como saber ouvir os outros. Só assim – nesta envolvente procura no que de melhor se faz “fora-de-portas” e na leitura atenta e crítica do passado-terá sido possível chegar, por exemplo, a Xê Povo- uma obra ímpar, fundamental. Xê Povo é uma bela crónica em que se misturam palavras, sentimentos, percursos, sons e tantas outras coisas sobre um país onde a pobreza e a riqueza estão cada vez mais ostensivas; crónica musical que necessariamente anda à volta de uma cidade: Luanda – uma beleza à beira do abismo. Xê Povo é um Blues. Um CD que arrebata, sem arrebatamento, que se reforça e renova a cada audição. É uma longa estória saturada de makas, tristeza e de esperança. É Belina, de Artur Nunes. Também é Nguxi, de Rosita Palma.


Mas sobretudo é Xê Povo, a mensagem de vida de Paulo Flores:


…Olha só tanta poeira nas calinas do muangolê


Olha só tanta poeira nas kinamas do muangolê


Olha os buracos da estrada nos caminhos do muangolê


Olha a força da chegada no destino do muangolê…


Xê Povo é, enfim, a esperança que cresce do desassossego.


Xi da Muxima, Saravá Paulo Flores. Daí a urgência deste “Talento da Utopia”.


Paralelamente à sua trajectória académica, de jornalista e de intelectual empenhado, Gabriel Baguet Jr. conjuga de forma ímpar na sua obra –infelizmente pouco reconhecida- a defesa da memória cultural angolana com a aceitação dos temas e desafios urgentes que a mundialização das nossas vidas comporta.“Paulo Flores: o talento da utopia” é também um testamento da vida e dos nossos percursos e uma prova indesmentível que Gabriel Baguet Jr. – autor e coordenador deste belíssimo exemplar – continua a defender esta necessidade imperiosa para a nossa sobrevivência enquanto cidadãos deste mundo e desta Terra: “Vamos descobrir Angola”."

-Jerônimo Belo ao Jornal de Angola, 20 de Fevereiro 2011 (obrigado Silêncio da Kianda)

Caipirinha Lounge Apoia: Álbum de Estreia do Kanda / Kanda's Debut Album

Palavras pra quê? No words are necessary. 
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Tuesday, February 22, 2011

Sandra Cordeiro convidada para participar no Cape Town International Jazz Festival

Foto por Hindhyra Mateta/Alexandre de Walale Photo
Uma das mais talentosas cantoras angolanas da nova geração, a Sandra Cordeiro, foi este ano convidada para participar no Cape Town International Festival, um dos melhores do mundo e certamente o melhor do continente berço. Ela segue assim as pisadas do Paulo Flores, que foi o primeiro angolano a tocar neste festival. A Sandra tocará no palco Moses Molelekwa; para mais informação acerca da sua performance e o evento em si, sugiro que visitem o website do Festival. Parabéns Sandra!

One of Angola's talented new artisits, Sandra Cordeiro, has been selected to play in this year's edition of the Cape Town International Jazz Festival, one of the world's top jazz festivals and certainly Africa's grandest. She follows in the footsteps of Paulo Flores, the first Angolan to play in the event. Sandra will be playing at the Moses Molelekwa stage; for more information on both Sandra's performance and the event in general, you should visit the Festival's website. Congratulations Sandra

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Friday, February 18, 2011

Retrospectiva 2010 / Best of 2010: Yola Semedo

Look at your Yola Semedo. Now look at your girlfriend. Now look back at Yola Semedo...

Just kidding.

No but seriously.

It's the second time I post this video in the Lounge, but it's for a good reason (and not to be a 'homewrecker'). Yola Semedo is the first installment in the new series 'Retrospectiva 2010 / Best of 2010', a type of 'year in review' highlighting the best moments of the past year in Lusophone music. Yola Semedo came out with her new album Minha Alma and took Angola by storm, winning several awards and cementing her place as the best female voice in the country. A big 'parabéns' for her. Enjoy 'Injusta':



Olha para a Yola Semedo. Agora olha para a tua dama. Agora volta a olhar para a Yola Semedo.

Estou só a brincar.

Não mas a sério.

É a segunda vez que ponho este vídeo no Lounge, mas é por um bom motivo (e não para estragar casamentos). A Yola Semedo é a primeira 'vítima' desta nova série 'Retrospectiva 2010 / Best of 2010', uma espécie de 'ano em revista' destacando os melhores momentos da música lusófona em 2010. Este ano marcante testemenhou o lançamento do mais novo álbum da Yola, Minha Alma, que é também o seu melhor e o que lhe trouxe mais sucesso, confirmando também o seu lugar como a melhor voz feminina em Angola. Um grande parabéns a ela. Fiquem com 'Injusta':

Uma tarde ao som do Elias diá Kimuezo

 
Right before I left Angola last month I stumbled upon yet another compilation of popular Angolan music just sitting there on my cousin Songay's bookshelf: Angola Saudade 60 e 70. This one was a beautiful sight: a collection of four CD's with some of the rarest musical gems of that period, with an accompanying booklet detailing the sounds and sights of that time, just waiting to be devoured. I devoured them. Released in 2009, it is yet another popular angolan compilation done by people that aren't Angolan, part of a growing trend that has seen such stellar compilations as Comfusões 1 and the very popular Angola Soundtrack: The Unique Sound of Luanda, or even broadcasts on NPR highlighting the funky sound of Artur Nunes' best work. The first disc in the series Angola Saudade 60 e 70 is a homage to the best musicians of those days, which of course include the legendary Elias Diá Kimuezo, the granddaddy of popular Angolan music. Featured in this post are two hauntingly soulful songs of his, Mamã Kudilé N'Go and Ingulum Climbaia.

Mamã Kudilé N'Go
Ingulum Climbaia

Pouco antes de deixar Luanda no mês passado, deparei-me com mais uma compilação de música popular angolana, atirada na estante do meu primo Songay: Angola Saudade 60 e 70. Era uma vista linda: uma coleção de quatro CDs e um livro que relatava o período em que se ouviam estas músicas e as memórias das gentes daqueles tempo. Era giro, o livro, mas a música pedia para ser devorada. Portanto devorei-lhe. Esta compilação foi lançada em 2009 e é mais uma compilação de música popular angolana que é feita por gente que não é angolana, tal como o disco Comfusões 1 e o ainda mais popular Angola Soundtrack: The Unique Sound of Luanda, ou mesmo os programas de rádio da NPR que destacaram as melodias sublimes de cantores como o Artur Nunes. O primeiro dos discos da discografia Angola Saudade 60 e 70 é uma homenagem aos melhores cantores daquela época, que óbviamente tem que incluir um dos pai grandes da música popular angolana, o Elias Diá Kimuezo. Postados aqui para o seu bel prazer estão duas melodias do kota Kimuezo, Mamã Kudilé N'Go e Ingulum Climbaia.

Sunday, February 13, 2011

Lucas Santtana

Lucas Santtana, por Revistanoize
I really like this Brazilian. I like the intricate simplicity of his music, the texture and sound of the combination of his voice and guitar. I started listening to Lucas Santtana after a tip from Paula Carvalho at Oi Música, and was struck by his originality and the way he deconstructs the use of the ubiquitous guitar in Brazilian music. My introduction to Lucas Santtana's interpretation of Brazilian music was Sem Nostalgia, already his fourth studio album. Sem Nostalgia is a luscious collection of intriguing music and a healthy dose of experimentation and a genre that is difficult to characterize. Sampling reigns supreme on this piece of work, and you hear a multitude of sounds, from rain to bells to insects, English and Portuguese, and sometimes instrumental. It makes for very interesting listening. The two songs I chose to share with you on this post highlight the album's diversity, namely Super Violão Mashup and Amor em Jacumão. You not only get to marvel at Lucas' production skills, but also hear him sing as he reinvents the sound of Brazilian music as he sees fit.

Super Violão Mashup
Amor em Jacumão

Gosto muito das músicas deste homem, gosto da sua simplicidade complexa, gosto da textura e do som da combinação entre a voz e a guitarra, ou, como chamam os brasileiros, o violão. Comecei a ouvir o Lucas Santtana graças a uma sugestão da Paula Carvalho da Oi Música, e o que mais me impressionou nas suas músicas foi a maneira como ela se foca no papel da guitarra nas suas composições. Poucas vezes a guitarra, tão importante na música brasileira, se mostrou tão versátil como neste álbum. A minha introdução a música do Lucas Santtana foi o álbum Sem Nostalgia, que já é o seu quarto álbum de estúdio. Sem Nostalgia é uma colecção suculenta de música intrigante e experimental, um género de díficil caracterização. É constante o uso de samples e ouves de tudo um pouco, incluindo chuva e insectos, inglês e português, e até instrumentais. É uma viagem auricular bastante interessante. As duas músicas que escolhi partilhar com vocês, Super Violão Mashup e Amor em Jacumão, espelham a diversidade sonora do disco. Não só escutas o poder de produção do Lucas, como também o ouves cantar e reinventar a música brasileira como ele bem entender.

Lucas Santtana online
Sem Nostalgia on Amazon

Saturday, February 12, 2011

Caipirinha Lounge Jazz Sessions: Sara Serpa

After such tumultuous day like today, spent glued in front of BBC and CNN where the only music on offer were the chants of the valiant Egyptian demonstrators in Tahrir Square, nothing like pure, late night jazz to help cap a historic day and take your mind off things for a bit. My aural elixir of choice tonight is Sara Serpa, a stunning Portuguese jazz musician introduced to me by Mr. Philip Graham. You would probably not even know she is Portuguese as her style of singing jazz is usually devoid of words; rather, she uses her voice as an instrument, improvising just like the bassist of a jazz ensemble or even the saxophonist. The song Praia, off her 2008 album of the same name, is an exceptional example of that. But she can also sing using actual words, and when she does, the effect is beautiful, as exemplified on her duet with Greg Osby's saxophone, Two of One. The great American saxophonist invited Sara to feature in his latest project, the 9 Levels album. What a lovely find and what a session to end the day with.

Praia
Two of One

Depois de um dia tão cheio de emoção como foi o dia de hoje, um dia em que fiquei colado á BBC e á CNN a querer saber tudo e mais um pouco sobre os acontecimentos do Cairo e onde a única música ao meu dispor eram os cânticos dos corajosos demonstradores na Praça de Tahrir, nada melhor que um bom jazz para me fazer esquecer um pouco o presente. O elixir auricular que escolhi esta noite foram as músicas da Sara Serpa, cantora sobre a qual só conheci a pouco tempo por intermédio do Sr. Philip Graham. Nem sequer saberia que ela é portuguesa porque o seu estilo de cantar o jazz não é com palavras, mas sim com a arte do improviso. Ela usa a sua voz como se fosse um instrumento, tal como o baixista ou o saxofonista faz da improvisação a sua letra num jazz bem feito. A música Praia, acima, é um bom exemplo disso. Mas quando lhe dá para usar palavras, também o faz, e com belo efeito. Basta ouvir o seu dueto com o saxofone do Greg Osby, Two of One. Este grande saxofonista americano convidou a Sara para participar no seu projecto '9 Levels'. Que cantora, que voz. E que sessão de jazz para terminar um dia como este.

Sara Serpa's Official Website
Praia on Amazon
Sara Serpa on Facebook

Wednesday, February 9, 2011

O Porquê da Investida, by Kid MC feat. MCK

This is, for me, the best track on the album. Kid MC's ascension in the Angolan hip-hop scene was, in a way, given its seal of approval with this track featuring one of the heavyweights of Angolan 'underground' hip-hop and one of the true pioneers of the genre in that country, MCK. Both of them are in stellar form on this track, taken off Kid MC's new album, O Incorrigível. Kid MC himself is going from strength to strength, and his latest albums is leagues away from his debut, being one of the best hip-hop albums I've heard all year. For non-Portuguese speakers, this track talks about some social issues facing the majority of Angola's poor, including poor housing conditions, forced relocation, demolitions, political issues, and the like. What an album, what a track, and what group of hip-hop artists we have in Angola.

O Porquê da Investida

Esta é, para mim, a melhor faixa no novo album do Kid MC. O que ele faz neste track com o MCK, não é de bem. Liricismo do mais puro, mensagem mais que relevante. A ascensão do Kid MC na esfera do hip-hop consciente nacional foi dada uma espécie de 'selo de aprovação' com esta participação de um dos 'pais grandes' do hip-hop underground angolano e um dos pioneiros desta vertente, o MCK. Os dois estão em grande forma nesta faixa, que consta no novo álbum do Kid MC, O Incorrigível. Mesmo o próprio Kid MC tem vindo a melhorar - achei o seu primeiro álbum de boa qualidade mas este ganhou. Foi um dos melhores álbuns de hip-hop que ouvi este ano. O conteúdo da letra desta música é intenso, e aconselho atenção quando a ouvierem. Que faixa, que album, e que grupo de artistas de hip-hop que temos em Angola.

Tuesday, February 8, 2011

RelachTOTAL 120 60, by Coca o FSM

Coca o FSM, by Xagas
It's called RelachTOTAL 120 60 and it's Coca o FSM's newest mixtape in several years. It also marks Caipirinha Lounge's first foray into Soundcloud, so you can expect to see future Lounge mixtapes, playlists, and podcasts streamed and distributed this way for instant download. Also available for instant download is the mixtape below, which has Vai e Vem as perhaps its best song, (it starts about 21 minutes into the mixtape) after Imagina Só of course. For those of you not familiar with the Coca's beautiful music, or with Afrologia, this site is full of it. Here's your introduction.

RelachTOTAL 120 60, by Coca o FSM by Caipirinha Lounge

Chama-se RelachTOTAL 120 60 e é a mais nova mixtape do Coca o FSM e a sua primeira em vários anos. Também marca a entrada do Caipirinha Lounge no Soundcloud, website que será usado pelo lounge para a distribuição de diversas mixtapes, playlists, e um podcast ou dois para descarga imediata. Também disponível para download imediato está a mixtape acima, que tem em Vai e Vem talvez a sua melhor música (começa a uns 21 minutos do início da mixtape), a seguir a já conhecida Imagina Só. Para quem não conhece o Coca, este é uma bela introdução ao seu trabalho, mas os mais curiosos podem pesquisar este site, que está cheia de trabalhos dele e dos Afrologia. Podem começar aqui.

Caipirinha Lounge no Soundcloud

Coca on Myspace

Little Dragon

Yukimi Nagano of Empire Ants, by Ryan Muir
A week or so ago, before I had even listened to Gorillaz' masterpiece of a new album (save for Stylo feat. Mos Def) I stumbled upon a recording of their live performance at the London Roundhouse. On the screen in front of me was Damon Albarn enveloped in his music, hunched over his keyboard and singing some sort of slow-moving ballad, an almost lullaby, which at the time I thought highly unusual for a Gorillaz song. But then a minute or so later, I see a stunning Japanese woman (who I later find out is half Swedish) slowly dance across the stage as the song exploded into an orchestral orgasm of rhythm, sound, and energy. And thus began my "obsession" with Empire Ants.

It prompted me to try to learn everything there was about the Swedish collective Little Dragon, a soulful electronica music band based in Gothenburg, Sweden. Because originally, this post was only going to be about Empire Ants. The Swedish-Japanese woman on the photo is none other than the band's frontwoman, Yukimi Nagano, whose vocals grace Gorillaz' Empire Ants. But Little Dragon's work stands on its own merit, and their eponymous debut album was hailed by fans and critics alike. Among my favorite tracks from it is the opening one, the haunting piano ballad Twice, which, when compared to Empire Ants, is a lot tamer but equally mesmerizing. Equally enthralling is the jam No Love, which might as well have been produced by some American R'n'b heartthrob or rendered by Erykah Badu, such is its soulful appeal. Little Dragon is your bit of non-Lusophone music to spice up your Tuesday.

Empire Ants
Twice
No Love

A cerca de uma semana atrás, antes mesmo de ter ouvido a obra de arte que é o novo album dos Gorillaz (sem contar com o single Stylo, que conta com a participação do Mos Def), estava a ver televisão e deparei-me com o seu concerto ao vivo no London Roundhouse. No ecrã a minha frente vi a figura do Damon Albarn completamente envolto na sua música, aconchegado à frente do seu keyboard, a cantar uma espécie de balada que para quem conhece os Gorillaz, parecia demasiado calma. Mais cerca de um minuto mais tarde vejo uma beldade com características japonesas (fico a saber depois que ela é metade sueca) a entrar em cena, microfone na mão, ao mesmo tempo que a música explode num orgasmo orquestral de ritmo, som, e energia. "No memories..." ela canta. E assim começa a minha "obsessão" com Empire Ants, nome desta música. 

A súbita aparição desta cantora desconhecida em tão hipnotizante canção fez com que eu pesquisasse tudo acerca deste grupo sueco de qual faz parte a tal beldade japonesa. Porque no princípio, o post seria apenas acerca da música Empire Ants. O grupo dela chama-se Little Dragon, está baseado em Gotemburgo, e faz música electronica com fortes influências no soul e r'n'b americano. A sueco-japonesa que cantou o Empire Ants com os Gorillaz chama-se Yukimi Nagano, na foto acima, e é a líder go grupo, que formou com os seus amigos da Secundária. Mas o trabalho dos Little Dragon não precisa de ser comparado ao do Gorillaz, porque tem mérito próprio. O seu album de estreia, também chamado Little Dragon, cativou críticos e fãs, catapultando-os para a fama para além da Suécia. Entre as minhas músicas preferidas no seu album está Twice, uma linda canção que usa do piano para criar um som com influências de melodias japonesas, e, quando comparado ao Empire Ants, parece muito mais calmo, mas não menos cativante. No Love mostra-nos outra faceta deste grupo, tal é a sua semelhança com sons de r'n'b americanos de gente como a Erykah Badu. Little Dragon é o seu bocado de música 'não-lusófona' para variar um pouco a sua terça-feira.

Little Dragon's Official Website

Friday, February 4, 2011

House Music Made in Angola, Vol. 3: Tambuleno, by Djeff & Silyvi feat. Mamukueno

Djeff and Silyvi, by Soulgasmmusic
The last two posts on this website have dealt with the freshest Afro-house songs that I heard in Luanda during my time there. But no mention of Luanda's nascent house scene could be complete without a few words on Djeff and Silyvi, two very talented DJs who have been terrorizing Elinga Teatro and Luanda in general with their sumptuous Afro-house beats. Tambuleno is their most widely known recording, another one of those jams that you were guaranteed to hear if you spent your nights in Luanda away from home and under the reveled gaze of that quintessentially African moonlight. The song features vocals from Angolan music legend Mamukueno, a sick rhythm and an infectious international appeal. It was released by Nulu Records late last year and is available on Amazon.

Tambuleno

Os últimos dois posts no Lounge lidam com músicas do estilo afro-house que ouvi enquanto em Luanda no fim do ano passado e no princípio do currente ano. Mas nenhuma menção de house music em Angola seria incompleta se não falassemos dos DJs Djeff e Silyvi, dois talentosos artistas que têm estado a aterrorizar as noites de quintas-feira no Elinga Teatro e não só com as suas composições deliciosas de afro-house. Tambuleno é um dos seus sons mais conhecidos, e é mais uma daquelas músicas que estás garantido a ouvir na noite luandense se não a passares em casa. O que torna este beat viciante ainda mais especial são os vocais do kota Mamukueno, lenda da música angolana. Tambuleno foi lançado pelo Nulu Records o ano passado e é possível comprá-lo pelo Amazon.
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