Thursday, July 26, 2012

One Take Series, by Dino d'Santiago

Lounge favorite Dino is back, and what a return. I loved Eu e os Meus (remember Amanhã? How could one forget?), but I'll confess that I didn't give his next musical projects, including his award-winning stint with Nu Soul Family, the attention they deserved. Perhaps I'll revisit them in the near future...

What inspired me to write this post however was the Dino I see today; the Dino I see today is as versatile and as talented as ever, but also truer to his roots: for this particular reincarnation, he's known as Dino d'Santiago and will sing exclusively in creole and Portuguese.

And it's been a spectacular treat. The Dino I hear is pure and raw; it's that Dino that we heard in the song Mamã with Tito Paris. You can see the simple beauty of Cape Verdean music in the video he does below with my beloved Sara Tavares; you can marvel at the afro-portuguese fusion he executes to perfection with Pedro Mourato and Gileno Santana on the following video. The sound is so inviting and pristine that you could be forgiven for almost forgetting the cinematography and the beauty of these locations. What a breath of fresh air...



O nosso querido Dino está de volta, desta vez com "nova roupagem". Adorei Eu e os Meus (ainda lembram-se do Amanhã? Como esquecê-lo?), mas confesso que não prestei o mesmo grau de atenção aos seus próximos projectos e colaborações, incluindo a sua exitosa temporada com os Nu Soul Family. Talvez os poderei revisitar num futuro próximo...

O Dino que vejo hoje é o mesmo Dino, sempre versátil e majestosamente talentoso, mas é também um Dino que reencontrou a sua identidade: agora chama-se Dino d'Santiago e nesta sua nova empreitada, cantará somente em criolo e português.

E tem sido espectacular. Oiço um Dino puro, cru, roots, aquele Dino que ouvimos na música Mamã com o Tito Paris. É ver o vídeo abaixo com a minha amada Sara Tavares e admirar a simples beleza da música crioula; é ver o vídeo com o Pedro Mourato e Gileno Santana e ouvir a maravilha desta fusão afro-portuguesa. Isto para não falar na cinematografia de cada vídeo. Que lufada de ar fresco...


Sunday, July 22, 2012

Quinto, by António Zambujo

Among Portugal’s new generations of Fado singers is António Zambujo, one of my favorite contemporary Portuguese musicians and a figure with which readers of the Lounge are familiar with. Quinto is the name of his critically acclaimed fifth studio album, an album that’s a pleasure to listen to during quiet, introspective, solitary nights, or perhaps with intimate company. At least that’s the way I personally like to consume Zambujo’s albums; I’m sure everyone has their quirks.

The Zambujo we’re hearing on Quinto is an accomplished, poetic, inspired one, a Zambujo that has firmly cemented his place among Portugal’s no longer emerging but rather established artists, a singer who is sure of his craft and who delights himself in it. Standout tracks include Flagrante, especially if you understand it’s naughty lyrics; the jazzy, sparse, minimalist Não Vale Mais Um Dia, and the humorous Fortuna. One of Zambujo’s greatest strengths is his ability to combine beautiful melody with beautiful lyrics; this album is reason alone to learn Portuguese.

Press play and serve with wine.

Flagrante
Não Vale Mais Um Dia
Fortuna

Entre a nova geração de fadistas portugueses está o António Zambujo, um dos meus cantores portugueses preferidos da actualidade e um cantor cujos leitores habituais do Lounge já conhecem. O nome do álbum, Quinto, não deixa as mínimas dúvidas a brilhante trajectória discográfica deste cantor. É um disco que adoro ouvir em noites calmas, lentas, introspectivas e solitárias, ou com companhia íntima. Pelo menos é assim que gosto de saborear os álbuns do Zambujo; já outros leitores podem ter outros tiques.

O Zambujo que escutamos em Quinto é um Zambujo maduro, realizado, poético, inspirado, um Zambujo que merecidamente conquistou o seu espaço no panorama musical português. Um cantor que foi de talento emergente para talento consagrado e estabelecido. Um cantor que está ciente da beleza da sua arte e que adora o que faz. Músicas que oiço várias vezes seguidas incluem Flagrante, cuja letra tem o dom de fazer o leitor sorrir com um sorriso cúmplice; Não Vale Mais um Dia, uma composição linda, um poema com alma de jazz, leve e minimalista; e Fortuna: “não tenho nada em meu nome, só mesmo o fado que faço...” Um dos pontos fortes do Zambujo é a sua habilidade em compor poemas lindas e acompanhá-los com melodias ainda mais belas; este álbum é um poema sonoro.

Carrega no Play e serve um vinho tinto para acompanhar.

Ikono no Okayplayer, Nancy Vieira no Womex, Batida no Soundway!!

É o que digo, música lusófona está bateire. Recebi duas excelentes notícias do blog dos manos do Grasspoppers, Afro LX, um blog que muito aprecio, e a terceira notícia recebi do Okayplayer em formato de entrevista a um mano que muito admiro. Detalhes em baixo!

It's what I keep saying, music in Portuguese is going places. If it's not "there" already, wherever "there" is. I got two pieces of excellent news from one of my favorite blogs, Afro LX, run by my brethren from Grasspoppers, and the other from Okayplayer:


A cantora caboverdeana Nancy Vieira foi selecionada para fazer parte no WOMEX, prestigiando assim o evento com a sua linda voz e cimentando o seu lugar como uma das cantoras mais importantes daquele arquipélago;


Nancy Vieira of Cape Verde was invited to play in WOMEX, further establishing herself as one of the islands premiere voices;




A banda luso-angolana Batida assinou pela Soundway Records e tem agora a possibilidade de espalhar o seu "vintage kuduro" para uma audiência verdadeiramente mundial; estou muito feliz pelos gajos, que neste preciso momento se encontram na Europa a tocar mambos como Alegria a personagens que nunca antes tiveram contacto com este tipo de energia;

Batida has signed for international record label Soundway Records, which further allows them to disseminate their highly contagious, infections brand of kuduro which is unlike any other; at this precise moment they're doing a tour of Europe, playing stuff like Alegria, the likes of which their awe-struck audience has never even fathomed;




Por fim, o mano Ikonoklasta (Luaty Beirão) foi entrevistado por nada mais nada menos que os bradas do Okayplayer/Okayafrica, que tomaram interesse no facto que o mesmo sofreu uma tentativa de incriminação com o agora já famoso caso da cocaína na roda da bicicleta. A entrevista fala também sobre a repressão violenta e criminosa que estão sujeitos o Ikono e seus amigos, repressão esta que conta com o apoio estatal angolano.


And lastly but certainly not least, Ikonoklasta (Luaty Beirão) was interviewed by Okayplayer/Okayafrica regarding the brutal violent and criminal state-sponsored repression he and his friends have been subjected to since they decided to test their civil rights in Angola

Sunday, July 8, 2012

Late Nite Lounge Vol. 42: Seasons, by Plej

I've previously rambled about Plej on this site, writing about the exciting music they're making in Sweden right now; but time and time again, I find myself going back to their stellar debut album, Electronic Music from the Swedish Left Coast. Work has been brutal lately, and this is the perfect antidote. I play it from start to finish on the way across the river to Brooklyn, and by the time I get home to hook it up to my speakers the album is still going strong. My elixir of choice lately has been the song Seasons - the ultimate sundowner, perfect for these summer nights, whether you're surrendering to your bed or letting the night take you somewhere else. It doesn't get much better than this for soft house/electronica.

Seasons

divaguei sobre os Plej previamente neste espaço, onde escrevi sobre a contagiante música que se faz na Suécia estes dias. Mas cá estou novamente a falar-vos sobre este duo sueco e o seu álbum Electronic Music from the Swedish Left Coast, álbum este que saboreio vez após vez. Os dias no salo (trabalho, para vocês que não falam calão angolano) têm sido longos e brutais, mas este é o antídoto perfeito para desanuviar a mente. Toco-o do princípio ao fim no caminho do salo para casa, atravessando o rio entre Manhattan e Brooklyn, e quando chego a casa para conectar o iPod aos speakers, ainda resta muito álbum por tocar. Nestas últimas semanas o meu elixir sueco tem sido o som Seasons - uma música perfeita para o fim do dia e para estas noites de verão, adequada para aqueles dias em que a rendição à cama é inegociável mas também para as noites em que uma saída é indispensável. Em termos de soft house e electronica, músicas como esta estão no topo das minhas preferências.

Luanda International Jazz Festival 2012


It's back and truly better than ever. The calibre of the artists performing in the fourth edition of Luanda's most acclaimed musical festival is of an astounding level and reads like a who's who of the Lounge's favorite artists. I'm particularly happy and proud for Aline, whose career growth I and this site's oldest readers have accompanied since the earliest days of Caipirinha Lounge; I'm happy for Carmen Souza, whose career has flourished as well since we were first introduced to her; I'm happy for all the Angolans who will have the pleasure of seeing artists like Asa, Concha Buika, and Sara Tavares in downtown Luanda. Although one name in particular jumps out amongst all the others for its relative anonymity among musicians of this skill and prestige (Coreón Du's inclusion has caught many people by surprise - we hope to be proved wrong), it's made up for by the sheer class of the other participants. Let's have a look:

Está de volta e melhor do que nunca. O calibre dos artistas que irão actuar na quarta edição do mais aclamado festival de música em solo angolano é de um nível estonteante e inclui vários dos cantores preferidos do Lounge. Estou particularmente feliz pela Aline, cuja carreira tanto eu como os leitores mais antigos do Lounge tivemos o prazer de acompanhar desde os primeiros meses deste site; estou feliz pela Carmen Souza, cuja carreira também acompanhamos com vários posts neste espaço; e estou feliz por todos os angolanos e não só que terão o prazer de escutar ao vivo vozes como a da Asa, da Concha Buika, da Sara Tavares e outros em plena cidade de Luanda. Há um nome, porém, que não sei bem o que faz nesta lista de grandes ilustres da 'world music' e do jazz internacional (falo específicamente do Coreón Du - só me resta esperar por engolir as minhas palavras, se for caso disso), mas a qualidade dos outros músicos na lista abaixo compensa. Veremos:

Abdullah Ibrahim
Aline Frazão
Asa
Boyz II Men
Carmen Souza
Cassandra Wilson
Concha Buika
Conjunto Angola 70
Coreón Du
DJ Darcy
DJ Djeff
Etienne Mbappé
Hubert Laws
Ivan Lins
Maceo Parker
Manu Dibango
Marcus Miller
Ricardo Lemvo
Sara Tavares
Stewart Sukuma
Tóto

The event's organizers have stepped up as well. They have an all-new website, sleek, interactive and inviting; their Twitter account is active and up to date, and they're constantly on their Facebook promoting events at Miami Beach Restaurant and giving out tickets for free. As always, if you're in Luanda, you simply can't miss this.

Os organizadores do evento também não se fizeram rogados. Têm um website novo, lindo, interactivo e convidativo; uma conta do Twitter que desta vez fazem questão de usar; e uma página do Facebook cada vez mais activa e participada onde se promovem concursos. Isto para não falar dos eventos no Miami Beach, onde é possível ganharem-se bilhetes de graça. Como sempre, se estiver em Luanda, este é um evento a não perder. Simplesmente isso. 


luandajazzfest.co.ao/

Tuesday, July 3, 2012

"O álbum começa no domingo e termina no sábado": Parte IV

Créditos da Foto: MadTapes
We come back this Monday to continue our journey through Katro's Proibido Ouvir Isto,  with two fresh tracks off the burner. And what tracks we have here. I consider Na Fila do Banco as the strongest track on this album. The concept and the rhythmic flow are original very well done - Katro plays three different characters all waiting in line at the bank, each with a story to tell. Like many of MCK's songs, it's a social commentary that touches on rampant corruption, racism, discrimination, and white-collar crime. The characters are varied - there's Katro himself, noticing how the bank employees are all light-skinned and the only dark-skinned workers are the guard and the cleaning lady; there's the bank manager, who slept her way to the top and uses sex as barter; and there's a rich bank client who in cohorts with the government and got his money thru drug trafficking.

Circuíto Fechado is more of the standard self-aggrandizing rap song, in which MCK extols the strengths of his rap and his movement, with the usual disses and bravado - like I said, standard rap fare. Nonetheless it's one of my favorite songs on the album. The disses are welcome and on point. The delivery is stellar as always. And the featured artists are able to hold their own.

Na Fila do Banco
Circuito Fechado

Bonus Track


You know I wouldn't let you off easily with just two tracks. This third one is an independent single that Katro just put out earlier this month, called Eu Queria Morar Em Talatona. "I want to live in Talatona", he says on the track's chorus. Talatona is the chic, walled condominium neighborhood where Luanda's elite live. It's a humorous take on the enormous income disparity strikingly visible in Luanda. The song is a homage to Brazilian rapper Gabriel O Pensador's iconic rap, Resto do Mundo. You can hear it here.

Eu Queria Morar em Talatona

Voltamos esta segunda feira para continuar a nossa viagem proibida pelo novo álbum do Katro, que de tanto o ouvir já não tem lá muito de novo. Desta vez temos duas excelentes músicas para os vossos ouvidos ávidos de música de qualidade. Comecemos por Na Fila do Banco, a minha música preferida do disco. Mais uma vez o Kapa nos dá um ar da sua originalidade com este rap, onde o flow e as rimas são estonteantes, como o mano bem nos habituou. Neste som, o Kapa veste-se com três personagens distintas encontradas nas filas dos nossos bancos, e em 4 minutos e 23 segundos consegue fazer uma abordagem crítica de alguns temas tabús na nossa sociedade: o racismo, a discriminação, o dinheiro fácil, a prostituição, e o crime de colarinho branco. A primeira personagem é o próprio Kapa, que comenta sobre o racismo e a discriminação no banco: "Ta tipo Dom Q, até parece praga.."; a segunda personagem é a gerente do banco, que usa a prostituição como forma de subir na vida e ter o lifestyle que ela acha que merece: "Sustento a minha família, mesmo prostituta!"; a terceira personagem é um empresário de sucesso, sucesso este que vem de ser traficante de droga com ligações ao poder: "Sou traficante há dois anos com conta no BAI."

Circuíto Fechado é outra música que aprecio bastante neste álbum. É uma espécie de hino ao rap underground, ao rap que sustenta o movimento do Katro. Ao rap de verdade, de intervenção social, ao rap que toca na ferida. Gostei das inúmeras indirectas que o Kapa manda ("Batemos mais que Black Fofas e Coreon Dús") e sorrio sempre que toca o refrão:

Eu sou!
Circuito Fechado
Não dou!
No vosso mercado
Bajulador vai lá dar recado
Eu sou o underground por isso não fui comprado.


Também apreciei as participações do Da Bullz e o Agente Supremo - oferecem outra dinâmica ao som e mostram a diversidade e força do movimento.

Bonus Track

Os leitores mais assíduos deste site já sabem que nesta série há sempre uma surpresa. Sendo assim, e como fica mal deixar-vos só com duas músicas, deixo-vos também com o novo single do Katro, uma homenagem que o mesmo fez ao rapper brasileiro Gabriel o Pensador chamada Eu Queria Morar em Talatona. Foi inspirada na música Resto do Mundo do Gabriel, música esta que o leitor pode ouvir aqui. Provoca sorrisos para os manos que estão em Luanda e podem apreciar perfeitamente a letra do som!
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