Friday, January 29, 2010

Caipirinha Lounge on Twitter


Now you can follow my ramblings in yet another place!

https://twitter.com/CaipLounge

Agora podem seguir as minhas babuseiras directamente do Twitter!

-Photo by Respres

Thursday, January 28, 2010

Amanhã...

Recently I’ve found myself listening to this song a lot. Before I go to bed, or just after I wake up. I like its vibe, its message, and especially Dino’s production skills. I find myself humming it during odd hours of the day...it's the type of song that plays in your head long after you've stopped listening to it. In Portuguese, Amanhã means tomorrow. Bring me tomorrow, he sings. Tomorrow, that day that’s always full of promise, that day where we deposit all our dreams, our hopes. That day where the grass is always greener. What a great track to end a great album. Até amanhã…

Amanhã

Nos últimos dias tenho dado por mim a ouvir esta música mais do que o normal. Antes de deitar-me, ou logo que acordo. Dou por mim a cantar-lhe baixinho em qualquer hora do dia...é daquelas músicas que não sai fácilmente da cabeça. Gosto da sua vibe, da sua mensagem, e principalmente da produção do Dino. Trás-me o amanhã, canta ele. Amanhã, aquele dia onde depositamos as nossas esperanças, os nossos sonhos...aquele dia sempre cheio de promessa. Grande som para finalizar um grande album. Trás-me o amanhã...

-Photo: Sunrise over Bahia de San Rafael, by Bill Gracey

Luca Mundaca

Day by Day Luca Mundaca
You step into your home and its cozy inside, it seems like you’re worlds away from the inhuman freeze outside. You take off your bag and with it all the day's problems, and as you slip off your parka the warmth slowly takes hold of you as it wins the battle against the frigid cold. You pour yourself something to drink – the commute home took its toll. The music lover that you are, you immeadiately head to your stereo and put in Luca Mundaca, more specifically her song Day by Day. A friend told you about it, you remember.

The striking combination of swaying Brazilian acoustic guitar strings, softly strummed, and that violin that caresses you right at the beginning of the song, is divine. It warms you up more than any fire ever could. You feel at peace. The crystalline voice that sings to you, sweetly and lovingly, takes over the room – you hear nothing else. You don’t want it to stop. Your mind wanders to warm sands and a suave sea breeze with hints of salt, but it’s just the subtle bossa rhythms playing tricks on you. Day, by day by day by day by day, eu quero mais te ver. You might not know what that means but you don’t care. The song finishes and you don’t even notice – that voice still goes on in your head. It haunts you long after it croons out the final note.

Simple music is beautiful music.

Luca Mundaca has been making beautiful music since she first started picking her guitar strings in Brazil at the age of 15. She finally found the life and following she deserved when she moved to New York City and awed its residents with her heartfelt interpretation of bossa nova, and her music found its ways into Brazilian compilation CDs that meant something. Among them was Putumayo’s Brazilian Lounge CD, the greatest CD I have ever bought and an inspiration for this site. It is there that I first heard Há Dias (There Are Days). And since the best things in life come in threes, the jazzy, bluesy Não Se Apavore completes the trio of striking melodies created by Miss Luca Mundaca.

Day by Day
Ha Dias (There Are Days)
Não Se Apavore

Chegas a casa depois de mais um dia irreal. O tránsito está cada vez pior, os motoristas cada vez mais loucos. Entras pela porta e tiras a pasta, e com elas os problemas do dia. Estás em casa. Que bom. Fechas a porta e a poeira fica lá fora, e o calor ofegante também. Ar condicionado, grande invenção. Diriges-te a cozinha e fazes uma bebida, porque a boca esta seca demais. Parece que o caminho de regresso a casa é sempre mais longo. És um amante da música e por isso vais logo ter com a tua velha amiga, a sábia, a tua aparelhagem. Lembras-te que um amigo teu (ou será que viste na net?) falou te de uma música, Day by Day devia ser o título, cantada por uma tal Luca Mundaca.

A música começa e tu paras, imóbil. So funcionam duas coisas. Os teus ouvidos, a ouvir a linda melodia, a guitarra acústica suave e relaxante, aquele violino que te faz caricias, devagar, com ternura. E o teu coração, que ama esta música intensamente, toda ela. Não queres que ela acabe mas percebes que a emoção forte que sentes a ouvir uma música como esta é mesmo só para durar uns poucos minutos, senão perderia a graça. E a voz...essa voz. É linda, cristalina, perfeita para acompanhar uma melodia destas. Invade o quarto e toma conta de ti, por completo. És levado a uma praia escura, iluminada só pela lua cheia, e a briza do mar e o vai-vem das suas ondas são os únicos sinais de vida. Ah, mas não, continuas em casa...são só os poderes da bossa nova. Day, by day by day by day day, eu quero mais te ever. Nem sabes bem o significado disto, mas não queres saber. A música acaba e nem dás por isso – na tua mente, a música continua. No teu coração ela ainda toca. E continua tocando muito depois do último sussurro.

Ainda existe música boa.

A Luca Mundaca faz música assim desde que descobriu que tinha dom para a guitarra, lá pelos seus 15 anos de idade. Arriscou na vida, vendeu tudo e mudou-se para a Nova Iorque, onde encantou os novaiorquinos com os pedaços de Brazil que ela trazia na alma e espalhava com a sua guitarra. Era bossa nova como nos velhos tempos. Não tardou para que as suas músicas aparececem nas grandes compilações de música brasileira, tal como na compilação Putumayo Brazilian Lounge, talvez o melhor CD que alguma vez comprei e uma fonte de inspiração ímpar para este blogue. Foi lá onde ouvi pela primeira vez Há Dias, de Luca Mundaca. E como não há duas coisas boas na vida sem a terceira, incluo aqui três músicas, sendo a última a Não Se Apavore, com uma personalidade bastante jazzy, porque a Luca não vive só do bossa nova...


-Music featured on Luca’s debut CD, Day by Day/Musica do seu primeiro album, Day by Day

-Photo: Cover art of Luca's Day by Day album

Luca Mundaca online
Luca Mundaca on Myspace
Available on iTunes and Amazon

Wednesday, January 27, 2010

Caipirinha Lounge Cinema: Pergunta Sem Fim, by Carmen Souza (New album out in March!)

Protegid, Carmen Souza's new album, will be coming out in March. But until then, we can feast our souls on this jazzy diamond of a song:

Pergunta Sem Fim



Protegid, o novo álbum de Carmen Souza, só sai em Março. Mas até lá, podemos render-nos por completo a este jazz tenro e ofegante...

Weekly Events at Elinga Bar

Because I love Elinga Bar and its management team, Movimento X, of which our well known Afrologic Brothers are a part of, their nightlife invitations will become a weekly feature on this site. The good feelings in life are to be shared…It’s with pleasure that I share with you the best nightlife/cultural spot in Luanda.

Click here for this week's invitation.

Devido a amizade e respeito que o Caipirinha Lounge nutre para com o pessoal do Movimento X do Elinga Bar, do qual fazem parte os nosso já conhecidos Afrologic Brothers, é com muito agrado que passarei a postar aqui os seus convites semanais. Afinal de contas, as coisas boas na vida são para ser partilhadas! Principalmente quando se trata da melhor casa nocturna e cultural de Luanda...

Clica aqui para o convite desta semana.

Aline Frazão

“They say that ‘saudade’ is something difficult to explain...saudade has a face, and it’s yours…saudade has a taste, and it’s yours.”

So sings Aline Frazão in Babel, a beautiful bossa - inspired, carefree composition by an equally beautiful singer so in love with Lusophone music in all its forms. She started performing fado, bossa nova and morna at the age of 9 and by 15 was learning the guitar, playing along with the unforgettable jazz classics of our times. Aline’s never recorded an album and doesn’t plan to (she’s adverse to the music industry) but wow, do I wish she would change her mind.

There aren’t many Angolan musicians performing the styles that Aline does so well. She’s like our very own Sara Tavares, traveling the world with her voice and her guitar. She’s played in venues from Madrid to Luanda, Barcelona to Lisbon, Paris to Formentera, performing with other renowned Lusophone artists like Ikonoklasta and Bob Da Rage Sense, as well as with underground artists like Nu Bai, LaDupla and Marco Pombinho (coming soon to the Lounge!). Included here are three songs of hers: two original, sparsely arranged acoustic compositions highlighting her clear, ringing voice (Babel and Rascunho) and an interesting, unique interpretation of three great Angolan classics fused together - Birin Birin, Mupiozo a Me and Muxima. It’s not hard to guess my favorite one: Babel.

Babel
Rascunhos
Birin Birin/Mupiozo a me/Muxima

Aline Frazão, em suas palavras
Aline Frazão“Dizem que a saudade é algo difícil de explicar, traduzir não dá...saudade tem um rosto, e é o teu...a saudade tem um gosto, e é o teu...”

Assim canta Aline Frazão na sua composição original, Babel, uma música linda escrita e cantada por alguém tão linda quanto a música. Conta assim Aline a sua história musical:

“Comecei a pisar o palco aos 9 anos a cantar fado, mornas e bossa-nova (também a dançar ballet e coisas assim!). Aprendi a tocar a guitarra entre amigos, aos 15 anos, quando comecei a compor e a ouvir os standards de jazz.”

Ao longo dos anos foi ganhando experiência até chegar ao ponto de dividir o palco com outros ilustres artistas da música lusofona:

“Já estive/estou em vários projectos (cantei com o Bob da Rage e com os LaDupla, fiz Teatro ("Doce Pássaro da Juventude" em 2008), spoken word (Makumba Jazz), e os Nu Bai (é um grupo de fusão de rumba com musica afro-brasileira; andamos de mochila e instrumentos às costas a cantar numa ilha linda do mediterrâneo, a Formentera - inesquecível), e também Madera de Cayuco (um grupo fantástico...).

Nos meus últimos concertos por aí contei com a presença de grandes músicos-amigos, principalmente o Ikonoklasta, Marco Pombinho e César Herranz. Eles preenchem a minha música e dão mais brilho aos concertos... Luanda, Barcelona, Madrid, Lisboa, Paris, Galiza... Não me posso queixar. Tenho a sorte de ter muitos e bons amigos por ai...!”

Como não podia deixar de ser, tem uma paixão imensa por Angola. “Aonde quer que vá tocar, seja para que público for, levo sempre Angola na voz, pendurada como uma bandeira. Faço questão de explicar as canções nacionais, com orgulho, com saudade, com carinho, canto André Mingas, Mukenga, Liceu Vieria Dias e Teta Lando com tudo o que levo dentro.”

E os seus planos para este ano?

“Este ano quero dedicar mais tempo à composição e à escrita, ao estudo de novos instrumentos e continuar essa viagem, de guitarra às costas, bebendo a água de cada sítio, fazendo parcerias e projectos e concertos por aí a fora, contando as minhas estórias.

Infelizmente e para minha consternação, a Aline não tenciona gravar um CD (mas epa, eu aqui estou a rezar para que isso aconteça...dizem que a esperança é a última a morrer!). Explica ela, “Não tenho planos de gravar CDs, até porque a industria musical não me atrai mesmo nada.”

O que ela quer fazer, é cantar, cantar por amor
. “Cantar sim,” diz ela, “cantar e olhar nos olhos das pessoas nos concertos, isso sim e sempre. A música não é um passatempo. A música é grande parte de tudo o que eu sou, mesmo que esteja a estudar ou a trabalhar noutras coisas. A música é uma (a única?) constante.”

Acho ela uma das mais interessantes novidades da música contemporânea angolana. Destacadas aqui estão três músicas dela, duas da sua autoria e uma, a sua reintrepretação, bastante única e emotiva, dos grandes clássicos angolanos: Birin Birin, Mupiazo a me e Muxima. Das suas canções originias, um namoro intenso entre a sua voz e a sua guitarra, estão aqui para o vosso deleite aural, Rascunho, uma composição simples e tenra, e a jóia deste set, a música Babel, poética e deslumbrante.

Aline on Myspace

Tuesday, January 26, 2010

A Nova Aurora, by Madredeus & A Banda Cósmica

A Nova Aurora, Madredeus & A Banda CosmicaIn August 2009, Madredeus & A Banda Cósmica released their follow up to Metafonia in a somewhat secretive atmosphere, as no one was expecting a new album from them and they had done minimal marketing to promote their new baby. It’s a conceptual album titled A Nova Aurora that explores the idea of human history and our place in the universe. And if you still pictured Madredeus as that Portuguese folkloric band with sparse instrument arrangements and an intense focus on string arguments and Teresa Salgueiro’s vocals, you can part ways with that notion. The new look Madredeus continues to fully incorporate the Banda Cósmica into their music, meaning that percussion, drums, and an electric guitar, so absent from the band’s earlier work, is now a mainstay of their new sound. Whilst the previous incarnation of Madredeus was an all-Portuguese ensemble, this one counts with a couple of Brazilians and one Angolan, a Mr. Ruca Rebordão on percussion.

The last time I wrote about Madredeus & A Banda Cósmica on this space was to fawn over one of my favorite tracks of all time, O Eclipse, whose video you can watch here. While there is not a song in A Nova Aurora that so grabbed me, there are nonetheless some very interesting tracks. Among them are Não Estamos Sós (We are not alone), featuring Rita Damásio’s voice as strong as ever and some intricate acoustic guitar sequences; my favorite, Suspenso no Universo, perhaps the song that best defines Madrededeus’ new sound; and the slightly jazzy Vai Sem Medo, which with its extensive use of electric guitars and assertive percussion, is the closest thing that exists to Madredeus rock.

Não Estamos Sós
Suspenso no Universo
Vai Sem Medo

Em princípios de Agosto de 2009, os Madredeus & A Banda Cósmica lançaram o seu segundo album no Mercado para a surpresa de muito dos seus fãs, já que não se viu o marketing habitual tão comum no lançamento de álbuns novos. Chama-se A Nova Aurora e é um disco conceitual que explora o papel do ser humano no universo. Se por alguma razão ainda viam os Madredeus como aquela banda fólclorica e fiel ao seu próprio estilo único, baseado na guitarra acústica, na voz de Teresa Salgueiro e numa forte essência portuguesa, então podem definitiva-mente esquecer esta noção, porque os Madredeus de hoje não têm nada a ver. Não quero com isso dizer que não são bons, mas sim que são bastante diferentes. Os Madredeus de hoje fundiram-se com a Banda Cósmica, que usa livremente instrumentos impensáveis para os Madredeus de outrora, incluindo a percurssão, batuques, e a guitarra eléctrica. E se a versão antiga desta banda era so composta por portugueses, esta versão incorpora brasileiros e até um angolano, o Ruca Rebordão, que se encarrega da percurssão.

A última vez que escrevi sobre Madredeus & A Banda Cósmica neste espaço, foi para declarar o meu amor por uma das minhas canções preferidas de todos os tempos, O Eclipse (Habitas no Meu Pensamento), cujo video podem ver aqui. Neste novo disco não existem canções que tanto me marcaram, mas mesmo assim ha músicas bastante interessantes. Entre elas está Não Estamos Sós, onde a voz de Rita Damásio continua rica como sempre; a melhor música do álbum, Suspenso no Universo, que melhor exemplifica o novo estilo dos Madredeus; e por último, Vai Sem Medo, que faz uso extensivo da guitarra eléctrica e da percurssão, viajando muito próximo de rock ao estilo Madredeus.

Monday, January 25, 2010

Late Nite Lounge Vol. 10: Sultry soul tracks for the after-hours

Leela JamesAfter an arduous three week absence the Late Nite Lounge Series returns in earnest, and this week’s edition focuses on soul. There’s nothing like a slow-paced soul jam on a quiet winter night. The way it slowly seeps into your conscience and warms you up from the inside…

All Right, by Soulstice – This one embodies everything I love in downtempo neo-soul music, and has been playing on my iPod extensively ever since I first heard it months ago at my place of work. Soulstice define their work as futuristic electronic soul, but their music transcends that classification. All Right, my favorite song of theirs, ever, has clear hip-hop influences that mix surprisingly well with their electronica sound. And Gina Rene’s vocals are simply sublime. Her brother Gabriel Rene, DJ Mei Lwun Yee, and Andy Caldwell make up the rest of this underground soulful electronica quartet from San Francisco.

Music, by Leela James – The lyrics of this sumptuous slow jam are one of the reasons for the existence of this website. Leela James sings these lyrics with love and respect, because she subscribes wholeheartedly with their message. For all of those who grew up listening to Aretha Franklin, James Brown, Marvin Gaye, Chaka Khan, and other heavyweights of classic soul music, Leela James is the contemporary 21st century version, for us ‘youngins’ that are only now learning of the power of soul music. Her voice is nearly as emotive as Aretha’s as is her raw sensuality. The song featured here is featured on her debut album, A Change is Gonna Come.

All Right
Music

Depois de uma longa pausa de mais de três semanas, a série Late Nite Lounge volta em grande, com a edição desta semana destacando o melhor do soul americano contemporâneo. Nada como um soul jam daqueles numa noite fria do verão. Aquece-nos a alma lentamente e toma poder de nós...

All Right, by Soulstice
– Este som tem de tudo que eu amo da música neo-soul e downtempo. O que esta canção me faz...deixa só. Tem tocado assíduamente no meu iPod desde o momento que a ouvi no meu local de trabalho, no ano passado. Foi a banda Soulstice que compós esta música, e eles definem o seu estilo como “futuristic electronic soul”, se bem que na minha opinião a seu som vai além desta classificação. A música All Right, a minha preferida deles, de longe, tem influências claras de hip-hop, com scratches de DJ e tudo, que misturam-se muito bem com a sua vertente electrônica. E a voz de Gina Rene é fenómenal. Ela, mais o seu irmão Gabriel Rene, o DJ Mei Lwun Yee, e o Andy Caldwell completam este quarteto não muito conhecido de música electronica/soul, proveniente de San Francisco, California.

Music, by Leela James – A letra deste delicioso ‘slow-jam’ são uma das inspirações deste blog. Nesta canção a Leela James lamenta o estado lastimável das músicas mais ouvidas das massas, aquelas músicas sem conteúdo que denigrem a imagem da mulher e não dizem coisa com coisa. Para todos aqueles que cresceram a ouvir a Aretha Franklin, o James Brown, o Marvin Gaye, Chaka Khan, e outros clássicos da música soul, a Leela James é a versão contemporânea destes ilustres artistas, para nós os kandengues que não somos daqueles tempos. A sua voz é quase tão emotiva como a de Aretha, e tem quase tanta sensualidade crua. Music, o som destacado aqui, é do seu primeiro album, A Change is Gonna Come.


-Photo: Leela James, by Rehes

Leela James on Myspace
Gina Rene on Myspace

O Grito Político do Hip-Hop Lusófono

Sou angolano, meus pais são angolanos, nasci em Angola, tenho passaporte angolano, sou portador de um BI angolano, visito o meu país pelo menos uma vez por ano, mas vivo na diáspora e por isso foi me retirado o direito de votar em eleições angolanas. Portanto, só me resta falar à toa aqui neste blog; a minha forma de luta, protesto e revolta é a música, como nos tempos prévios a independência angolana (em que nem sequer estava vivo). Naqueles tempos, eram as músicas de Teta Lando, Ngola Ritmos, e outros que exaltavam o povo para a independência. Hoje em dia temos as líricas do MCK, Azagaia, Ikonoklasta, Phay Grande (o poeta) e muitos outros que fazem do rap e hip-hop o seu grito de revolta. Como disse outrora, a música lusofona sempre foi bastante política, o Bonga que o diga. Aqui vão alguns sons que nesta semana são mais relevantes que nunca.

A Téknica, as Kausas, e as Konsekuencias, por MCK

A Teknika, as Kausas, e as Konsekuencias

Este é Um dos temas mais icónicos do grande MCK, proveniente do seu primeiro album, Trincheira de Ideias. Causou a morte de Cherokee, um jovem que foi brutalmente morto por um guarda do regime pelo simples facto de estar a cantar a música.


O Silêncio Também Fala, por MCK

O Silencio Tambem Fala

“O país não tem dono, Angola é de todos nós.” Nada mais precisa ser dito.


As Mentiras, por Azagaia

As Mentiras

Com músicas incisivas como esta, o mano Azagaia está a incomodar muita gente no Moçambique e não só. As Mentiras pinta um quadro triste das similaridades entre a nossa sociedade e a de Moçambique


Combatentes da Fortuna, por Azagaia

Combatentes da Fortuna

O Azagaia cantou esta música no Cine Karl Marx durante o seu concerto em Luanda e levou a casa abaixo. O público percebeu o conteúdo da mensagem. Aqueles que um dia lutaram contra o colonialismo hoje fazem pior. O povo que sempre juraram defender, hoje ja nem olham para eles.


Povo Burro, por Phay Grande

Povo Burro

Há quem diz que ás vezes o povo tem os governadores que merece. Será..? O Phay Grande tem algo a dizer sobre isto.

-Photo: Azagaia, by Cotonete Records

Friday, January 22, 2010

Essa Dama Não É Pra Ti, Kota

mulher angolanaEven though I’ve only just come back from Angola, I’m already starting to miss it. It’s been a week highlighted by shocking political events, but there’s no better respite than some brilliant Angolan sembas, to remind us that not all in that country is rotten. Among the many songs that made it impossible for me to sit still, Escolhe Outra by DJ Jesus featuring Yuri da Cunha and Na Gajaxeira by DJ Dias Rodrigues were standouts. As soon as either of these songs came on, the dance floor became packed. Good times, great times. Listening to them now here in Boston is nostalgic, but it brings me closer to home.

Escolhe Outra
Na Gajaxeira

Não obstante o meu regresso a menos de três dias, as saudades já apertam. Numa semana de tristes acontecimentos políticos, é bom lembrar o bom da nossa terra, que reside na sua inegualável música. Entre muitos sons que me fizeram vibrar e dançar à toa nestas férias com os meus primos e amigos, especial realce para o Escolhe Outra do DJ Jesus e com a participação do Yuri da Cunha, e Na Gajaxeira do DJ Dias Rodrigues. Músicas que me vão no sangue e aquecem-me o espírito nestas terras longíquas do Tio Sam. E me fazem dançar sózinho, enquanto penso nas noites em que berravamos “Vai Lolita vai, deixa me em paz!” Ou então quando viamos um brada a dançar com uma angolana a sério e nos riamos a cantar, “essa dama não é pra ti, kota!” Isso sim são músicas. A saudade vai aumentando a cada dia que passa mas como disse o outro, havemos de voltar.

-Photo by the (amazing) Massalo. Here is his website.

Kianda Luanda, by Konde

KondeBesides Marcus Wyatt’s CD, another album that I found waiting for me in my room in Luanda was Konde’s (autographed) Kianda Luanda, his latest effort. I’ve been a big fan of Konde since his debut CD which included hits like Katia, one of my favorite tracks that I ever posted on this website. Kianda Luanda doesn’t have any hits like that one, but it comes tantalizingly close with Mirela, a track that I became addicted to, especially after leaving Luanda. Playing it here in Boston makes me remember the tarrachinhas I had with it blaring in the background…

Não Vale Nada is my second favorite track of Kianda Luanda, and I love the way Konde’s voice works so well with the rhythm he creates. Not many artists have such a trademark flow; it’s as if his voice hugs the beat. Konde was feeling adventurous when he created Kianda Luanda as the CD has songs in rhythms that Konde doesn’t usually sing to, such as bolero and semba. Artists like Manecas Costa, Filipe Zau, and the Cape Verdean band Os Splash participated in the album.

Mirela
Não Vale Nada

Para além de Marcus Wyatt, outro CD que encontrei à minha espera no meu quarto foi o CD (autografado) de Konde, Kianda Luanda. É o seu mais recente album. Sou um fã assumido deste artista do Cassenda desde os tempos do seu primeiro CD, o Sina, de onde saiu uma das minhas canções preferidas jamais postadas neste site, a Kátia. O Kianda Luanda não tem canções como Kátia, mas anda muito perto disto com a música Mirela, um som pelo qual me apaixonei intensamente, principalmente depois de deixar Luanda. Tira-me a saudade e faz me lembrar as vezes que tarrachei ao som dele...

Não Vale Nada é a segunda música que mais oiço neste album, e aprecio a maneira que a voz do Konde se agarra ao ritmo da música. É mesmo o seu jeito peculiar de cantar...verifica-se o mesmo em canções como Engano e Também me Amavas. O homem devia estar a sentir-se inspirado quando fez o Kianda Luanda, ja que o CD contém ritmos que não estamos habituados a ver Konde cantar, tal como bolero e semba. Artistas como Manecas Costa, Filipe Zau, e os caboverdeanos dos Splash trabalharam com Konde nesta obra.

-Photo by Opais

Konde Online

Angola Abolishes Presidential Elections

Frase bem dita pela BBC.

Um dia a história os julgará, se as suas consciências não o fizerem antes.

Well said by the BBC.

One day history will judge these people. If their conscience doesn't do it first.


Para reflexão:

http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/8472127.stm


http://angonoticias.com/full_headlines_.php?id=26330

http://angonoticias.com/full_headlines_.php?id=26338

E aqui vai a transcrição de uma pequena parte do artigo de Emanuel Lopes sobre o assunto. Espelha muito bem o que me vai na alma:

"Para haver Democracia é preciso que o poder não seja exercido por uma só pessoa. A isso chama-se ditadura. Para haver Democracia é preciso que o poder legislativo seja eleito. Para haver Democracia é preciso que o poder executivo seja eleito, ou que emane do poder legislativo eleito. Para haver Democracia é preciso que o poder judicial seja independente. Para haver Democracia é preciso que o Povo saiba quem elege ou quem não elege. A partir de hoje nada disso é possível em Angola. Pela nova “Constituição” de Angola, o Presidente da República é o “cabeça de lista” (ou seja o deputado colocado no primeiro lugar da lista), eleito pelo do circulo nacional nas eleições para a Assembleia Nacional. Não é uma eleição indirecta, feita pelo parlamento (como acontece por exemplo na República da África do Sul). Não. É o primeiro deputado da lista do partido mais votado. Mesmo que esse partido só tenho, por exemplo, 25% dos votos expressos. Por outras palavras o sr. engº José Eduardo dos Santos, com medo de perder as eleições presidenciais, acaba com elas. E por via das dúvidas, na hipótese de o partido a que preside não conseguir mais do que uma maioria relativa (por exemplo se não conseguirem fazer uma nova fraude eleitoral), ele será sempre o Presidente do País. Pela nova “Constituição” o Presidente de Angola nomeia o Vice-Presidente, todos os juízes do Tribunal Constitucional, todos os juízes do Supremo Tribunal, todos os juízes do Tribunal de Contas, o Procurador-Geral da Republica, o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, os Chefes do Estado Maior dos diversos ramos destas. Sem indicações da Assembleia Nacional ou sem qualquer proporcionalidade em relação aos votos dos eleitores. Portanto, entre familiares, amigalhaços e clientes ele arranjará gente para todos os cargos. Nem Salazar nomeava todos os poderes. Na verdade o sr. engº dos Santos já fazia tudo isto, ilegalmente é verdade, como Bokassa, Idi Amin ou Mobutu, mas agora colocou-o na lei fundamental do País e vai poder fazê-lo “legalmente”. Assim os amigos como Sócrates, Cavaco ou Obama vão felicitá-lo por esta nova “Democracia”. Assim os velhos lutadores pela liberdade do seu próprio partido, poderão continuar a receber as prebendas e as gasosas e disfarçar a sua cobardia. É por isto que hoje é um dia triste para Angola. Morreu a esperança na Democracia ou morreu a Democracia."

Wednesday, January 20, 2010

Suba

SubaHistory is replete with musicians who died way before they were due. Musicians whose death stripped us of infinite possibilities, different musical realities, and whose absence we only became acutely aware of once they passed away. Suba is one of those musicians. Born Mitar Subotic, Suba was a Serbian producer who went to study musical production in Brazil and fell completely in love with the country and its music. As we are well aware, it’s hard not to. Before long Suba moved to São Paulo, the hotbed of Brazilian music, and dedicated himself to reinventing bossa nova and other Brazilian genres with his deft electronic touch. It was Suba that discovered artists such as Katia B and exquisite Cibelle; their honeyed vocals grace several songs on his debut album, São Paulo Confessions. He is also responsible for the ascension of Bebel Gilberto, having produced her album Tanto Tempo.

São Paulo Confessions is hell of a CD for Brazilian electronica fans. It was the trailblazer of its genre. Suba’s productions are layered and complex, and he mastered the fusion of Brazilian rhythms with electronic quirks. The result was a new identity for contemporary Brazilian music. His choice of vocalists was equally inspired – Katia B and Cibelle have both went on to have successful careers, and many consider Bebel Gilberto’s Tanto Tempo CD her greatest ever thanks to Suba’s production skills.

Three tracks from São Paulo Confessions are exceptionally well made – Neblina with its trippy ambiance and meandering piano loop, the energetic Antropófagos featuring Mestre Ambrósio, and Sereia featuring Cibelle, a track which I grew to love only after repeated listening.

Na Neblina
Antropofagos
Sereia

A história está replete de músicos que morreram antes do tempo. Músicos cujo a morte privou-nos de inúmeras possibilidades, diversas realidades musicais, músicos que nos fazem sentir muito mais a sua falta só depois de eles deixarem de fazer parte de nós. Suba é um destes músicos. Seu nome verdadeiro é Militar Subotic e ele é um servio que se apaixonou eternamente pelo Brasil. Estudou produção musical na sua terra natal e quando foi aprofundar os seus conhecimentos no nosso país irmão, de lá nunca mais voltou. Rendeu-se à música brasileira. Epa, so posso dizer que não é o único. Fixou-se em São Paulo, a capital da música brasileira, e dedicou-se a reinventar a bossa nova e outros estilos de musica brasileiras adicionando a elas a vertente electrônica. Foi o Suba que descobriu artistas como a Katia B e a deslumbrante Cibelle; as suas vozes doces e sensuais abrilhantam várias canções do seu disco de estreia, o São Paulo Confessions. Também é responsável pela meteórica ascensão de Bebel Gilberto, já que foi ele o productor do primeiro disco da mesma, o muito elogiado Tanto Tempo.

São Paulo Confessions é um CD bastante respeitado pelos fãs da música electrônica brasileira. Foi um dos primeiros deste tipo. As produções dele são complexas, no sentido que ele gosta de enchê-las com diversos instrumentos e sons, electrônicos e não só. O resultado é uma fusão conseguida, uma nova identidade à música brasileira contemporânea. A sua escolha de vocalistas é igualmente inspirada – Katia B e Cibelle não são qualquer uma, e como prova estão tendo vistosos sucessos nas suas carreiras à solo. E mesmo o Tanto Tempo de Bebel Gilberto é continuamente elogiado pelo trabalho que Suba fez nele.

Três musicas do São Paulo Confessions estão incluídas aqui. Tratão-se de Neblina, como introdução ao estilo musical preferido por este productor, o energético Antropófagos com a participação especial do Meste Ambrósio, e Sereia com as vocais de Cibelle, canção esta que só comecei a gostar a sério após repetidas escutadelas.

Tuesday, January 19, 2010

Quitte le Pouvoir, by Tiken Jah Fakoly

Tiken Jah FakolyThere are some places that politics doesn’t belong, and this site tries to be one of them, even though Lusophone music tends to have strong political connotations (Azagaia, MCK, the strong musical independent movement in Angola and other Portuguese ex-colonies in the ‘60s and 70s). But sometimes it’s hard to be impervious to such an affront to democracy and good governance. During the ongoing CAN championship Angola’s state party approved a new constitution which strips us of the right to directly elect our next president in a free and fair election; rather, the president will be elected during the legislative election process where whoever is the first MP on the list of possible MPs of the winning party is automatically chosen president.

And thus Angola slides towards an increasingly totalitarian reality. A sham of democracy.

The disgust I feel at our new reality is best summed up by one of my favorite reggae artists, Tiken Jah Fakoly. This brave man hails from Cote d’Ivoire and is himself not adverse to political controversy – his sharp tongue and knack of exposing contradictions, corruption, and outright lies perpetrated by the governments of Western Africa have seen him declared persona non grata in several west African countries.

Quitte le Pouvoir is especially suited for the Angolan reality; in translates as ‘Leave Power’. “Mr. President, if you love your country, step down,” sings Tiken Jah. The song speaks for itself.

Quitte le Pouvoir

Não gosto muito de misturar cultura e musica com política (principalmente neste site) mas as vezes é dífical não o fazer, mesmo porque a música lusófona tende a ter fortes conotações políticas (MCK, Azagaia, o movimento musical independentista de Angola e outras ex-colónias portuguesas nos anos 60 e 70s). Há vezes que é extremamente dífical matermo-nos impávidos face os grosseiros ataques a ‘democracia’ angolana. A semana que findou foi mais um exemplo desses ataques: foi aprovado o Versão C da nova constituição angolana, que entre outras anormalidades acaba com o nosso direito de eleger o nosso presidente directamente atravéz de eleiçoes livres e justas. Em contrapartida, o presidente passa a a ser simplesmente o cabeça de lista dos deputados cujo partido vence as eleições legislativas. Ou seja, os cidadãos angolanos deixam de ter o direito de escolher por sua livre vontade, e em eleições separadas, quem será o seu presidente.

E assim Angola caminha para uma democracia de faz-de-conta, rumo ao calar das opiniões contrárias.

O desgosto que tenho face a este atentado ao processo democrático angolano é melhor exprimido por o único, o irreverente, o Tiken Jah Fakoly, um artista reggae da Costa do Marfim. A sua língua afiada e as suas críticas duras contra os regimes corruptos e ás vezes mentirosos de alguns países do oeste africano ja o fizeram ser considerado persona non grata nestes mesmos países.

Quitte le Pouvoir é especialmente adequado a nossa realidade. Traduzido, significa ‘Deixa o Poder’. Senhor Presidente, pelo bem do teu país, deixa o poder, canta ele. A música fala por si.

- Photo by Matthieus

Tiken Jah Fakoly's official site
Tiken Jah on Myspace

Monday, January 18, 2010

O CAN

As an example of how on top of things I am not, I wrote an article about the African Cup of Nations that was published by the Matador Network even before the competition started, but am only posting it here at the Lounge now. And while we are on the subject, here are some photos of that fairy tale opening night here in Luanda that the Palancas Negras had the misfortune of ruining with their 4-4 defeat, because draws like that aren't draws. However, they redeemed themselves with their win over Malawi and I’ve never experienced anything like watching the Palancas Negras live. Tomorrow I’m off to the stadium for the third time to watch the all important Angola-Algeria.

Como um exemplo de quão à toa as coisas têm sido por aqui, escrevi um artigo sobre o CAN que foi publicado pelo Matador Network, e só agora é que lembrei-me de o postar aqui no Lounge. E já agora, aqui vão também umas fotos daquele dia lindo que foi a abertura do CAN em Luanda, que os Palancas tiveram a gentileza de nos estragar com aquela derrota infernal dos 4-4. Porque empate aquilo não foi. Mas prontos, redimiram-se com a vitória muito bem conseguida diante do Malawi, e amanhã vou voltar ao estádio mais uma vez para ver o Angola-Argélia. Não há sentimento no mundo igual ao de gritar golo no Estádio Nacional 11 de Novembro.

Saturday, January 16, 2010

Ultimas Noites em Luanda/Last Nights in Luanda

I’m not even going to try to minimize the absence of posts with a paltry excuse. I’ve been atrocious at keeping you all updated with top quality music. There is something in the air here in Luanda that makes it impossible to sit still and write. I don’t know if it’s the roller-coaster CAN, the constant trips (I went to Cabala today!), the extremely annoying internet service, the Pepetela book I just finished reading, the reasons could be many.

My plane leaves for Boston on Tuesday and I’ll stop for a night in Lisbon where I hope to get some promising Portuguese albums and an Agualusa book or two. For my last Saturday in Luanda I’m going to go hang out with the good people at Elinga and listen to DJ Djeff and DJ Silyvi spin some tantalizing Angolan house, as well as admire football photography by Bruno Fonseca focusing on the CAN and EURO 2008 – I want my last Saturday here to be a memorable one. Upon my return to Boston I can assure you that Caipirinha Lounge will come back in full force, as I will deluge you with all I’ve seen, heard, and felt during my stay in Angola.

Estamos Juntos!

*Elinga Detais for Tonight* *Detalhes dos acontecimentos no Elinga hoje a noite*


Sábado, Saturday 16.1.10

CAN we dance…?

Djing - DJ Djeff & DJ Silivy – 22h30 – 1.000 kwanzas (inclui uma bebida)

Exposição Fotográfica Bruno Fonseca (CAN 2008 e EURO 2008)

ARTS, SOULFULL HOUSE, HOUSE & DEEP HOUSE

Para os aficionados do House, e para o culto da Musica de Dança Moderna, aí está um evento a não perder, pois dois dos melhores DJs de House de Angola, dois DJs de Culto e de referência estarão presentes no Bar Elinga para esta sessão, tendo como convidado especial DJ Djeff (http://www.myspace.com/djdjeff1). DJ Silyvi fará também jus à produção que tem feito na área do House. Este Sábado às mais altas temperaturas será sentida a febre do house! A exposição de Bruno Fonseca continuará em permanência na sala de exposições este Sábado para quem não tiver comparecido na Sexta... :-DD

Nem vou tentar minimizar a ausência gritante de novos posts aqui no Lounge com uma desculpa esfarrapada. Tenho sido simplesmente fraco nesta vertente. Ja nem me lembro a última vez que vos brindei com música de jeito (Max de Castro? Marcus Wyatt? Quando foi isto?). Há qualquer bichinho no ar aqui na Kianda que me impede de sentar e escrever. Não sei se são as constantes idas ao estádio pra ver o CAN (trombose!), não sei se são as constantes viagens (hoje fui à Cabala!), ou talvez o serviço da internet que está cada vez pior, ou mesmo a maneira como tenho devorado sem parar O Planalto e a Estepe do Pepetela. Desculpas são muitas...

O meu avião parte para Boston na terça-feira e ficarei uma noite em Lisboa em trânsito (sabem como tenho saudades daquela cidade), onde espero comprar uns cds portugueses e não só dos quais tenho ouvido coisas lindas. Também espero comprar um livro ou outro do Agualusa, já que há muito que quero ler O Vendedor dos Passados. Para o meu último sábado em Luanda vou me deslocar ao Elinga para ouvir house angolano como tocado pelos DJ Djeff e DJ Silivy, bem como ver uma promissora exposição fotográfica do Bruno Fonseca acerca do CAN e EURO 2008. Quero que o meu último sábado cá seja a sério. Após o meu regresso ao frio contundente de Boston posso vos assegurar que o Caipirinha Lounge voltará em força, são tantas as músicas e as inspirações colhidas aqui nesta terra.

Estamos Juntos!

Thursday, January 7, 2010

Max de Castro, Part III: Max de Castro

Max de Castro
Max de Castro’s eponymous third album is my least favorite of the two featured here so far. I didn’t find myself as engrossed with the songs…I felt some of them lacked direction or that his trademark experimental musicality that hooked me on his other two releases wasn’t as spot on. Like they say here in Angola, “os gostos não se discutem, lamentam-se.” (You don’t argue with another’s taste, you merely deplore it. It sounds so much better in Portuguese.) That is not to say, though, that there are no great tracks on this record. Sempre aos Domingos and Depois da Festa are my favorite two jams on this album and they flow seamlessly into one another. I like them because they remind me of the Max de Castro of the previous two albums. Sempre aos Domingos is a slightly silly track but it definitely chronicles my perfect type of Sunday – late wake-ups and loads of food, yes please. Depois da Festa starts off all mellow and chilled out but then midway through it snaps you out of your reverie with a rocky, energetic beat, just to make sure you were paying attention, and then it goes back to its original laid back feel. Two great tracks from an OK album, but now I’m more curious than ever to see what de Castro has in store for his fourth release. Balanço das Horas, coming soon!

Sempre aos Domingos
Depois da Festa

O terceiro album do Max de Castro não é tão bom como os outros dois, que tive o prazer de destacar aqui neste espaço. Senti que as músicas estavão um pouco a deriva do que me tinha habituado. Se nos outros CDs ouvia o disco de uma ponta a outra sem ter que avançar nada, já neste não foi a mesma coisa. Mas isto não é para dizer que este CD não seje bom. Em realidade, é interessante, só peca mesmo por ter antecedentes muito mais que interessantes. E isto são só os meus gostos...como se diz aqui na terra, os gostos não se discutem, lamentam-se. No entanto, gostei muito dos sons Sempre aos Domingos e Depois da Festa. A melhor forma de os ouvir é mesmo um depois do outro, complementam-se lindamente. Sempre aos Domingos é um som de bom humor e também uma homenagem ao meu tipo de domingo, daqueles em que só se sai da cama depois das 10. E o Depois da Festa é enganador: começa devagar, com um vibe calmo, mas de repente ao meio da canção agarra-te pelos tímpanos no ritmo frenético pra ver se estavas mesmo a prestar atenção. São duas excelentes músicas de um disco assim-assim, e agora estou muito curioso para ver o que fará o Mr. De Castro no seu quarto álbum. Balanço das Horas, em breve!

Late Nite Lounge Vol. 9: Language 12, by Marcus Wyatt

Marcus WyattDim your lights, click on Gone, let it course through you, then play Two Short Stories For The Seven Steps, followed by The Invaders Plan – Part One, while I tell you a story about a man named Marcus Wyatt and his album Language 12.

He comes from Port Elizabeth, South Africa, and this week’s very delayed Late Nite Lounge (do not fight Angolan internet – you will lose) is exclusively his. I first heard of Marcus Wyatt when he came to Luanda for the city’s first International Jazz Festival last year. But I merely limited myself to putting his name on that post and didn’t actually listen to his music. I brushed it aside at the time because it wasn’t Lusophone. Then when I came home to Luanda a couple of weeks ago I found his autographed CD lying in my room, compliments of my cousin Songay who worked at the Jazz Festival. Songay’s effusive recommendation was that I listen to the album Language 12 (at full volume), because it was that good.

African jazz is hard to come by unless you know where to look, and South Africa is an excellent starting point. Marcus Wyatt is perhaps the country’s best known trumpeter, but is also a composer and an able producer. He’s played in Jazz Festivals around the world and performed with some heavyweight artists, including Miriam Makeba, Jimmy Dludlu, Manu Dibango, and the Stockholm Jazz Orchestra. The album Language 12 is his collaboration with other South African jazz musicians and is at once dark, smoky, eclectic, experimental, adventurous, and African. Tracks like Gone meander in and out of consciousness, never rushing and never stressed, punctuated by that throaty female voice singing in our years. Two Short Stories For The Seven Steps is Wyatt’s fusion of jazz with drum & bass, with his ringing trumpet always present. The Invaders Plan is perhaps the most interesting track on the album, featuring spoken lyrics whose content is worth rewinding and playing again, and a lovely woman’s voice rapping to us in a South African language I don’t readily recognize (is it Xhosa?). One thing I do know: there aren’t many jazz albums like Language 12.

Gone
Two Short Stories For The Seven Steps - Part One
The Invader's Plan - Part One

-Photo by Christo Doherty

Marcus Wyatt's oficial website
Wyatt on Myspace

Saturday, January 2, 2010

Editor’s Pick: The Top 10 Lusophone Albums of 2009

Read this first!
Leia isto primeiro!

10. Best of Bonga, by Bonga (Angola)
Best of BongaSo I cheated the system. Since I couldn’t include Bairro, Bonga’s greatest CD of recent times, since it was released late last year, I can however talk about Best of Bogna. This little talked about record released by the label Lusáfrica contains songs from Bairro and other epic Bonga albums as well as a rare remix of his song Kapakaio only available on the Comfusões compilation, and a rare version of Mulemba Xangola featuring Lura. Zukada is a song that shows that even at 66, the man can still create those hip-swinging tunes, and even dance to them.

Como não posso incluir nesta lista o disco Bairro, que foi votado pelo jornal inglês The Times como sendo entre os 100 melhores de 2009, posso falar do Best of Bonga, que inclui várias canções de Bairro. Pouco se falou deste disco lançado pela editor Lusáfrica, mas é realmente interessante. Além de músicas ja tornadas imortais pelo kota Bonga, o CD também tem algumas surpresas, tal como uma versão da música Mulemba Xangola com a participação de Lura, e a remix do som Kapakaio que só está disponível neste CD e na compilação Comfusões. A música Zukada é para provar que mesmo aos 66 anos, o kota ainda sabe fazer música de jeito e dar umas passadas ao som dela.

Zukada

9. Kuma Kwa Kié, by Yuri da Cunha (Angola)
2009 was a marvelous year for Yuri da Cunha, and Kuma Kwa Kié is why. It was mainly on the back of this CD’s amazing critical success that our “Showman” was able to sing Kuma throughout Europe on tour as Eros Ramazzotti’s opening act. And not only did he sing Kuma, but he danced it as well, in that particular way that only he knows how.

O ano de 2009 foi maravilhoso para Yuri da Cunha, e a razão foi Kuma Kwa Kié. Foi por causa do grande sucesso deste album que o Yuri foi para a Europa cantar Kuma em alto e bom som em diversos palcos do velho continente, como convidado especial do Eros Ramazzotti. E não sou o nosso showman cantou Kuma, como também a dançou, daquele jeito que só ele sabe.


Kuma

8. Eclipse, by Lura (Cape Verde)
Lura EclipseFor those who have followed Lura since her Na Ri Na days, Lura’s fourth album Eclipse shows the graceful maturity of one of Cape Verde’s greatest voices, a woman who is now establishing herself as a major force in Cape Verde’s music scene. Quebrod Nem Djosa is a daring example of how she is modernizing the island’s sound by creating her very own.

Para quem tem estado a acompanhar a carreira da Lura desde os seus dias do Na Ri Na, o seu quarto album, Eclipse demonstra a maturidade com a qual a Lura enfrenta e sente a música. Hoje em dia é uma das grandes vozes do arquipelago, e ja se torna difícil falar de música cabo-verdiana sem falar dela. Quebrod Nem Djosa é um verdadeiro exemplo de como ela está a modernizar a música cabo-verdiana criando o seu próprio som único.

Quebrod Nem Djosa

7. Stória, Stória, by Mayra Andrade (Cape Verde)
Storia StoriaNavega was always going to be a hard act to follow. Mana and Lapidu na Bo were tracks that I would listen to almost daily. But with Stória, Stória Mayra was able to satisfy my thirst for something new. I was always intrigued with how she was going to respond to the widespread success of Navega, and this was a delicious answer. Listen to Turbulensa – her voice, slightly raspy, calm, confident, in control. The way the flamenco influences in the song still work wonderfully with its Cape Verdean soul. A song like this doesn’t exist in Navega – this is contemporary Cape Verdean sound at its finest.

O disco Navega foi uma obra de arte cujo sucesso seria sempre díficil de duplicar. Mana e Lapidu na Bo eram canções que ouvia quase que diáriamente. Mas com Stória, Stória, Mayra conseguiu saciar a minha sede por algo de novo vindo dela. Sempre estive curioso em ver qual a resposta que ela daria ao esplendor de Navega, e Stória foi a minha resposta. Oiça só a música Turbulensa – a sua voz um pouco rouca, calma, confiante, em control. Aprecie a maneira que o flamenco se une à alma caboverdiana desta canção. Não existe uma música assim no Navega – isto é musica contemporânea caboverdiana no seu melhor.

Turbulensa

6. Diários de Marcos Robert, by Bob Da Rage Sense (Portugal/Angola)
Decent, quality Lusophone music comes in many forms, be it gumbe, marrabenta, semba, bossa nova, or…hip-hop. Bob Da Rage Sense proves just that with Diários de Marcos Robert, one of the finest Lusophone hip-hop records to be released this year. Conheço-te De Algum Lado has been one of my favorite tracks this year. It’s long been known that Roberto Montargil is not a rapper like all the others. Unlike hip-hop “artists” with over-sized egos who think that what they’ve created is the best music around, “Bob” still uses influences and samples from musicians whose work he values and respects, and the track Rap Real where he samples Jay-Z is a case in point.

A música lusofona dança muitos ritmos , entre eles o gumbe, a marrabenta, o semba, a bossa nova e…o hip-hop. O Bob Da Rage Sense dá me razão com o album Diários de Marcos Robert, um dos melhores albums de hip-hop lusofono de 2009. Só pra ver, Conheço-te De Algum Ladofoi uma das minhas canções preferidas este ano.Sempre foi sabido que o Roberto Montargil não é rapper de meia tigela e não há muitos como ele. Ao contrário de muitos rappers por aí, ele é sempre fiel a si mesmo e mais ninguém. Também não pensa que a música dele é ja a melhor que foi feita ate hoje, e prova disso é a forma como ele usa sampels e influências de músicos que ele admira. O som Rap Real onde ele sampla o Jay-Z é um exemplo disso.

Rap Real

5. Tasca Beat, by OqueStrada (Portugal)
What these guys (and marvelous gal) have created in Tasca Beat has never been done before in Portuguese music. Tasca Beat is the result of 7 years spent on the road soaking up the soul of Portugal, and it shows. Anyone who has ever been to Portugal and eaten its food, drunken its wine, reveled with its people and experienced its beauty will find that this album epitomizes Portugal, its exuberance, its irreverence, and its rhythm . What I like best about it however is that it goes deeper than that and incorporates the music of other countries Portugal has touched and vice-versa; Organito, inspired by the Angolan Bonga, and Tourné en Rond, inspired by Cape Verdean funaná, are examples. Kekfoi, one of my favorite tracks of the album, is a song that captures my feelings for OqueStrada, perfectly.

O que estes homens (e maravilhosa mulher) criaram com o Tasca Beat jamais foi feito na música portuguesa. Tasca Beat é o resultado de 7 anos passados nas ruas, ruelas, e estradas de Portugal absorvendo a alma deste país. Vê-se. Quem ja esteve em Portugal e disfrutou da sua comida, bebeu do seu vinho, conviveu com as suas gentes, e apreciou a sua beleza, sentirá que este disco captura a essência, a exuberânia, a irreverência e o ritmo unico de Portugal. Mas o que gosto mais do album é a maneira como incorporou músicas de outros países que Portugal ja influenciou e que agora influenciam Portugal, tal como a canção Organito inspirada pelo Bonga, ou ainda Tourné en Rond inspirada pelo funaná de Cabo Verde. A música Kekfoi, uma das minhas preferidas deste disco, resume perfeitamente os meus sentimentos pelos OqueStrada.

Kekfoi

4. Babalaze, by Azagaia (Mozambique)
There are two types of people in the world: those that let themselves be trampled by oppressive governments, and those that fight back, somehow, in some way. Azagaia is the latter. I love political science and debating the role of government, and books like 1984 and Brave New World have a strong impact in the way I feel and think politics and governance. So when Azagaia (real name: Edson da Luz) drops Babalaze in Mozambique and throughout the Lusophone world, and when he gets summoned by Mozambican authorities to “explain” the anti-corruption lyrics in many of his songs, it strikes a deep chord with me and probably with any self-respecting Angolan. Azagaia isn’t afraid of the truth or of telling it like it is, and Babalaze is a collection of rousing rap songs that will make you ponder and ask questions, stand still deep in thought with your head bobbing to the beat, thinking about corruption, the state of the African man, the Mozambican, the Angolan, the downtrodden. Although the production isn’t as slick Bob’s Diários, it is nonetheless the hottest hip-hop album out of the Lusophone world this year.

Ha dois tipos de seres humanos no mundo: aqueles que se deixam atropelar por políticas de opressão feitas por governos corruptos e caducos, e aqueles que, de alguma maneira, dizem não e lutam contra isto. O Azagaia é do segundo tipo. Gosto muito de ciências políticas e um bom debate sobre o papel do governo na sociedade. Livros como 1984 e Brave New World foram uma grande influência no meu pensamento acerca destes tópicos. Por isso, quando Azagaia (nome real, Edson da Luz) lança um album como Babalaze,todo ele contra as políticas corruptas do seu governo e do continente em geral, e quando este album é motivo de alarido pelas autoriades moçambicanas (quem não deve não teme), isto mexe comigo e com qualquer angolano que se respeite. O Azagaia não tem medo da verdade, e Babalaze é nada menos que uma coleccão de músicas em estilo hip-hop que te faz pensar, reflectir, , fazer perguntas sérias e inconvenientes, analisar o estado do homem moçambicano ou angolano ou africano. O disco não tem o mesmo nível de produção que Diários de Marcos Robert, mas mesmo assim chega a ser o melhor album de hip-hop lusofono do ano.

Eu Nao Paro

3. Xinti, por Sara Tavares (Cabo Verde)
One of the high points of my 2009 was seeing this beautiful woman perform songs from Xinti...I went to see Sara with a dear friend of mine whose face I don’t know when I’ll see again. Sara Tavares keeps going from strength to strength, with each album becoming more poetic, a bit more special, more alluring. Whenever I think of her music the word beauty comes to mind, and I feel at peace, at ease. Xinti stayed with me since its release and its followed me to Luanda. With each listen my appreciation for it grows. Ponto de Luz is one for those calm nights (because calm days don’t exist in Luanda), for those quiet moments of reflection, or for those still moments you share with someone special to you.

Um dos pontos altos do meu 2009 foi ver a Sara Tavares ao vivo cantando músicas do disco Xinti, na companhia de uma grande amiga minha que eu não sei a próxima vez que a volto a ver. A Sara Tavares não para, o seu talento cresce de disco em disco. Cada disco que vem é mais poético, um pouco mais especial, mais hipnótico. Sempre que penso na sua música, sinto-me em paz, relaxado. Xinti tem estado nos meus ouvidos e no meu coração ha vários meses e seguiu-me para Luanda. Com cada ouvida a minha apreciaçao por ele cresce. Ponto de Luz é um daqueles sons para noites calmas (porque dias calmos em Luanda não existem), para aqueles momentos de reflexão, para aqueles momentos em que es só tu e alguem especial, sussurando um para o outro.

Ponto de Luz

2. Vagarosa, by CéU (Brazil)
When her album first came out in 2007, it was unlike anything I had ever heard, a sort of organic Brazilian concoction with DJ scratches and African rhythms. I was new to that particular sort of music and her eponymous first album was one my first forays into it. Céu’s jazzy interpretations of contemporary Brazilian music were uncommon and exciting. And now she drops Vagarosa, an album unlike any others I have heard recently. It’s very difficult to define it and characterize it exactly, but somehow it always manages to be playing on my stereo on late nights, or romantic nights, or any night for that matter. Its sensuality is refreshing and quirky, the Brazilian samba-jazz compositions betray the musical talent of someone who has studied the art. Vagarosa is like a complex painting, one with overlapping layers and motifs which all contribute to a tantalizing whole. Céu’s cover of Jorge Ben Jor’s Rosa Menina Rosa is an attack to the senses and you won’t hear anything quite like it on any other album this year.

Quando ela saiu com o seu album de estreia em 2007, não o podia comparar com outros albums brasileiros. Era algo completamente novo para mim, música brasileira quase electrônica com scratches de DJs, influências do hip-hop e ritmos africanos. A maneira como ela incorporava o jazz nas suas canções era algo incomum e aliciante para mim. Foi a minha primeira viagem ao CéU. E agora ela lança Vagarosa, um album de tal qualidade que não me lembro ter ouvido algo assim tão bem feito em muito tempo. É díficil definir exactamente o estilo de música que soa livremente pelo disco, mas só sei que toca sempre no stereo durante noites em brancos, noites românticas, ou, pra ser sincero, qualquer tipo de noite. A sua sensualidade é refrescante e esquisita no bom sentido da palavra, e a espécie de samba-jazz brasileiro que ela faz da pra perceber que ela estudou a arte de fazer música. Vagarosa é como uma pintura complexa, uma obra de arte sem igual, com camadas e influências diferentes que contribuem para um todo unico. A sua versão do tema de Jorge Ben Jor, Rosa Menina Rosa, é um ataque aos sentidos e de certeza que não ouvirá algo parecido em nenhum outro disco este ano.

Rosa Menina Rosa

1. Comfusões, by Mauricio Pacheco (Brazil/Angola)
I was pretty sure I’ve said everything that needed to be said about this album on my rambling post about it a couple of months ago when I was agog with excitement at having found it, or when I interviewed Mauricio Pacheco about it last month. But I was wrong; I can still keep talking about it. I sincerely think this album represents a turning point in Angolan music, a way for people of today to get back in touch with the goldmine that Angolan musicians left with us in the late 60s and 70s. I was having a talk with my cousin about Angolan music the other day, and we just sat there listening to contemporary Angolan music and realized, wow, Angolan music is too good to be as undervalued as it is (biased much?). What Mauricio Pacheco and his team have done here is resurrect and reinterpret the classics that shaped a generation, guided a movement, and became the identity of a new nation. Angola’s history and identity doesn’t have to just be about war and bloodshed at the expense of its culture, and this album is a reminder of that. There is so much cultural and musical treasure here waiting to be unearthed. Merengue Rebita is a song that characterizes the energy and optimism of this land, as it heads head held high into the second decade of the 21st century.

Estava convicto que não teria mais nada a dizer sobre este album, depois de ter deitado tinta a falar sobre ele no meu post acerca do mesmo a uns meses atrás, e de certeza não depois de ter entrevistado o seu compositor principal, o Mauricio Pacheco. Mas estava errado. Ainda posso continuar a falar desta obra de arte. Sinceramente, acho que este album representa uma viragem na maneira como a música angolana é encarada e pensada. É uma maneira das pessoas reencontrarem-se com os grandes temas cantados pelos nossos grandes músicos dos anos 60 e 70s. Ha uns dias estava simplesmente a ouvir musica da terra com um primo meu e surgiu a inevitável conversa sobre a música angolana, e chegamos a realização que nossa música é bastante boa para continuar no anonimato que se encontre. Projectos como este levam-na ao mundo, ressucitando-a e reinterpretando os clássicos que moldaram uma geração, inspiraram o movimento da independência, e se tornaram na identidade de uma nova nação. A história e a identidade de Angola não tem que ser só sobre guerra e sangue derramado enquanto a sua rica cultura é ignorada, e este álbum subscreve a esta linha de pensamento. Neste país ha muitos tesouros musicais a ser encontrados, e este é só o começo. Merengue Rebita é uma musica que caracteriza a energia e o optimismo reinantes neste país enquanto ele caminha de cabeça erguida para a segunda década do século 21.

Merengue Rebita
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