Antes do concerto ja o meu primo estava em ligeiro estado de choque por causa da vinda do fenómeno moçambicano Azagaia a Luanda. Devido a minha ignorância acerca do mesmo, não tinha ouvido as músicas dele. Mas o meu primo dizia em alto e bom som que “o Azagaia é mais forte que o Valete.” Sendo o Valete o meu rapper preferido, de sempre, ri-lhe na cara, em alto e bom som. La o meu primo e o meu irmão puseram o Azagaia a tocar para eu poder me ambientar antes do concerto, e fiquei boqueaberto. Com certeza que o Azagaia inspirou-se no Valete, ja que os seus flows têm algumas semelhanças. E continuo a achar que não é melhor que Valete, mas isto são os meus gostos particulares, e em abono da verdade o Azagaia anda mesmo perto de ser tão bom como o Mr. Lima (Valete).
Mas mesmo tendo lhe ouvido antes do concerto, não foi o suficiente para sentir por dentro a sua poesia, de a absorver por completo. Por isso não estava preparado para a entrada fulminate dele em palco. Entrou a la Che Guevara, todo ele fardado em estilo guerrilla para o delírio do público presente. A sua presença em palco era íncrivel. Com punhos no ar e letras revolucionárias, o concerto mais pareceu um comício da esquerda do que um outra coisa. Foi halucinante. Mas nem mesmo isso teria me preparado para o que veio depois. Em 20 minutos o Azagaia fez o que a oposição política angolana não faz ha vários anos.
Da boca do Azagaia nunca saiu o nome do Zé Du. Ele simplesmente se limitou a fazer algumas perguntas picantes. “Quem vendeu a minha pátria...quem vendeu a tua pátria...quem vendeu a nossa pátria,” cantou ele. Em princípio o povo não respondeu em unissono, mas aqui e ali ouviam-se murmúrios do tipo “Zé Du!” O Azagaia não parou aí. Um pouco depois perguntou, “será que ha alguém que vos deve um pedido de desculpas?” E começou a repetir a frase “corruptos fora! Assassinos fora!” E é assim que, depois dele cantar Combatentes da Fortuna, estava toda a plateia a gritar em voz alta, em unissono, de boca cheia, com punhos no ar, “Ze Du foraaaa! Ze Du foraaaa!” Cenas não vistas em Luanda a muito, mas muito tempo. O homem estava em fogo, e mesmo quando saiu do palco, mesmo com o palco vazio, só se ouvia o grito do povo, um grito de revolta.
Azagaia for president ou quê?
Incluída aqui esta o som “As Mentiras da Verdade”, para aguçar o vosso apetite até um post a sério acerca do Azagaia em princípios de Janeiro do próximo ano, porque Babalaze é um album a sério (se bem que a maioria que esta a ler este post ja deve ter o album rsrs)!
As Mentiras da Verdade
Fotos do evento aqui, aqui, e aqui tambem.
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