Monday, January 31, 2011

Anané Vega

Photo by Marianna Carolina Sale
Mention Capeverdean music to someone (a cultured friend, perhaps) and they'll most likely conjure up images of mornas and musicians such as Cesária Évora and Tito Paris, or maybe Bana. The more current and refined among them might know of a Mayra Andrade coladera or two, or perhaps a Sara Tavares 'world music' hit . None of them, however, is likely to mention house music, much less house music made by a Capeverdean artist. But that is exactly what Anané Vega does, and to aplomb. She's the wife of legendary house music DJ and producer Louie Vega, and if anything is to be said of Mr. Vega, is that he has taste.

Anané Vega, singer, songwriter, producer and DJ from Praia, has been taking the world by storm slowly but surely with her unique, infectious, pulsating brand or deep house. Besides being a musician she is also a philanthropist and an entrepreneur, having co-founded the label behind AM Roots, Nulu Records. But what brought Anané to my attention was her blockbuster hit, Let's Get High (Life, Love, Music), the anthem of my recent times in Luanda. It's impossible for me not to think of my cousins and brothers when this song comes on, such is its nostalgic effect on me. When I think of many of my greatest memories from this past summer in Luanda, invariably the lyrics of this song pop up in my psyche. What a jam.

Included here for your listening pleasure are two versions of this song. The first is the Louie Vega Radio Edit, the version most heard in Luanda's night scene, while the second is Yves Larock's take on the song.

Let's Get High (Life Love Music)(Louie Vega Radio Edit)
Let's Get High (Life Love Music)(Yves Larock Radio Edit)

Mencione músia caboverdeana a algum amigo seu e verá que a mente dele invariávelmente vai buscar imagens e memórias dos lindos sons da Cesária Évora e do Tito Paris, ou talvez até do Bana. Os mais jovens talvez pensem nas coladeras da Mayra Andrade ou de um dos muitos hits da linda Sara Tavares. Mas nenhum deles pensará em house music, muito menos house music feita por uma filha da terra. Mas é exactamente isso que faz a caboverdeana Anané Vega, e o faz extremamente bem. É a mulher do lendário DJ e productor de house music Louie Vega, e se alguma coisa pode ser dita acerca do Louie Vega, é que o homem tem bom gosto. 

Anané Vega, cantora, compositora, productora e DJ, é natural da cidade da Praia, mas os seus horizontes são mundiais. Tem conseguido captivar meio mundo com o seu tipo de deep house music, um house music com raízes africanas, infeccioso e pulsante. Mas para além de ser música, é também filantropa e empresária: é co-fundadora da label Nulu Records, que lançou os primeiros singles dos AM Roots. Mas o que realmente me chamou a atenção nesta cantora é o seu grande hit, Let's Get High (Life Love Music), que foi uma espécie de trilha sonora deste último verão em Luanda. É impossível para mim pensar nos meus irmãos e primos em Luanda sem ouvir esta música a tocar no fundo do meu subconsciente, tal é o efeito e poder nostálgico que esta música tem sobre mim. Que 'ganda som'.

Incluido aqui para o vosso deleite estão duas versões da mesma música. A primeira é o Radio Edit do Louie Vega, a versão mais ouvida em Luanda. A segunda é o remix do Yves Larock. Que desfrutem... 

Anané on Facebook

Nulu Music

Sunday, January 30, 2011

Sunday Showers, by Kentphonik

DJ Kent of Kentphonik
This is another one of those songs that isn't Lusophone but that I cannot resist sharing with you. It's a sublime jam from South Africa, a country whose house music scene is vibrant and exploding, there's no other way to describe it. Sunday Showers is at least two years old but it continues to play vigorously in Luanda's nightclub circuit; I did not go out a single night without hearing this song being played at some venue around the city's better clubs. Kentphonik, the duo behind this massive heat, have been to Luanda themselves, playing in front of a sizeable crowd at Elinga Teatro. Sunday Showers is one of their biggest hits not just in South Africa or Angola but beyond the African continent, a hit that says African house music has arrived on the worldwide stage.

Sunday Showers

Esta é mais uma daquelas músicas que mesmo não sendo lusófona, me é impossível não partilhá-la com vocês. É um brinde sublime vindo da África do Sul, país aonde o house music está em franca expansão. Já são vários os DJ internacionais que vão para a 'South' para ouvirem com os seus próprios ouvidos a qualidade de house music que se ouve naquele país irmão. Sunday Showers já tem pelo menos dois anos de existência mas continua a ser de audição obrigatória nas diversas casas nocturnas na cidade; não me lembro sair uma única vez sem me deliciar com esta música. Kentphonik, os autores deste sucesso, já estiveram em Luanda, e foi no Elinga Teatro, com casa abarrotada, que brindaram o público luandense com esta música ao vivo. Sunday Showers é o seu maior hit na 'South', em Angola e mesmo além do continente africano, é um hit que infroma ao mundo que a house music feita em África já chegou ao circuito mundial.


Kentphonik on Myspace.com

Saturday, January 29, 2011

Tulipa Ruíz

Tulipa Ruíz, by Gerardo Lazzari
You press play on the song Efêmera and a softly strummed guitar greets your expectant eardrums, followed by a somewhat laid back percussionist doing his thing, and then that voice. That beautiful, exquisite voice. The voice comes from a body that belongs to a woman that goes by the name of Tulipa Ruíz, and she's Brazil's newest MBP sensation, shooting to prominence following well-received and critically acclaimed live performances. Her album was an instant success, as her fans were left captivated with her witty lyrics, simple and subtle rhythms, and experimental musicality, akin to Cibelle.The talented composer and cartoonist calls her music "pop florestal', but I don't know how to classify her style of music. It's a very unique sound, a sound that's truly hers and makes pigeonholing it near impossible. Press play on Do Amor and embark on the musical journey that it is to see what I mean. Thanks Aline for sharing this artist with me...

Efêmera
Do Amor

Carregas no play no som Efêmera e es logo saudado por uma guitarra leve, suave, que depois dá lugar á batucadas e percurssão também ela leve como quem não quer compromisso. E depois vem a voz. Aquela voz linda, deliciosamente esquisita. A voz vem de um corpo que pertence a uma mulher que é chamada de Tulipa Ruíz, uma verdadeira sensação no Brasil, um país que se rendeu a cantora após vê-la cantar ao vivo. O seu album Efêmera foi um sucesso muito bem recebido pelo mídia, pelos críticos e pelo público em geral, que se deixaram levar pela sua prosa poética, o seu ritmos simples e subtil, a maneira como ela é experimental que nem a Cibelle. A também compositora e desenhista animada chama a sua música de 'pop florestal', mas eu não conseguiria dar um nome ao seu estilo de música. É um estilo sonoro bastante dela, que torna classificações e aplicações difíceis. Ouve ainda 'Do Amor'...embarcarás numa viagem musical de difícil explicação mais sublime apreciação. Obrigado Aline pela dica...

Tulipa on Amazon.com

Tuesday, January 18, 2011

Editor's Pick: The Top 10 Lusophone Albums of 2010

Read this first / Leia isto primeiro

10. Angolan Sound Experience, by Various Artists (Angola)
I loved the idea and the concept behind this album, but more than that, Totó's version of the Angolan classic 'Muxima' by itself would have guaranteed this two-disc album a place on this list. All jokes aside, at at time when popular pre-independence Angolan music is on a global resurgence, it's nice to see the in-house musicians releasing a work of their own. Angolan Sound Experience is a true showcase of Angola's new wave of musicians, singing the songs of their embattled parents, songs that defined a generation and a nascent country, and the talent here is palpable. I like some songs more than others, but as a whole the album is top class. And this version of Muxima...

Muxima

Mais do que a ideia e o conceito deste álbum, que é mesmo de louvar, a versão de Muxima cantada pelo Totó e incluída aqui por si só ja reservou o lugar deste álbum nesta lista. Mas falando à sério, numa altura em que a música popular angolana está a beneficiar de uma resurgência a nível mundial, é muito gratificante ver trabalhaos como este, feitos pela prata de casa. É uma verdadeira montra das melhores vozes angolanas da actualidade, cantando as músicas que definem a nossa angolanidade, as músicas que nos tocam no fundo. Gosto de umas músicas muito mais que outras, mas como um todo, o CD está muito bem feito. E esta Muxima...


9. Lero-Lero, by Luísa Maita (Brazil)
 
I still remember listening to this album for the first time - my first contact with it was Lero-Lero. I still remember how the lightness and the rhythm for the song grabbed me almost instantly, how the cavaquinho and the guitar played with each other in the opening riffs of the song before Luísa's breathy, distinct vocals enveloped you. The rest of the album doesn't disappoint either, with Fulaninha being another standout track that I particularly enjoyed. The addictive Da Lata remix of the song is available below for your aural pleasure. Seeing Luísa live in DC was one of the musical highlights of my 2010. MPB is alive and well.

Fulaninha (Da Lata Remix)

Ainda me lembro da primeira vez que ouvi este disco. O meu primeiro contacto com ele foi a música Lero-Lero, uma das melhores músicas que ouvi durante ano. Ainda me lembro da leveza da melodia, do ritmo contagiante, do cavaquinho a brincar com a guitarra no ínicio da música antes de entrar a voz distinta, ofegante e despreocupada da Luísa. O resto do album não deixa créditos em mãos alheias, e Fulaninha é outro dos destaques. Acima têm a remix viciante da mesma, feita por Da Lata. E para terminar, o concerto dela em Washington foi um dos melhores concertos que vi em 2010, pela entrega da artista e a intimidade do concerto. A MPB está viva e forte.

8. Nós os do Conjunto, by Conjunto Ngonguenha (Angola) 
There are no artists with whom I identify myself with more than the ones that make up Conjunto Ngonguenha. I've felt that since I first heard their first album, probably because of the subject matter of their music, their lyricism, their jokes, their way of being and their way of rapping, and the fact that they are part of my generation. This new album impacted me a bit more than their first because of the way it evolved along with its subject matter, which is primarily the reality of the Angolan day-to-day. Nós os do Conjunto chronicles our daily struggles in a humorous manner, and no other album in this list makes me laugh as much as this one. Tia however is one of the most serious ones.

Tia

Não há artistas com os quais me identifico mais que os do Conjunto. Desde o primeiro album deles que sinto isto, talvez por causa do seu liricismo, a sua forma de ser e cantar, as suas anedotas, e o facto que somos más ou menos da mesma geração. Este novo álbum marcou-me ainda mais que o primeiro, porque senti que evoluiu com a realidade do quotidiano angolano, com as mudanças que o país tem efectuado, e com a nossa forma de ver e viver Angola. É também o único álbum desta lista que me faz desatar a rir; músicas como Kem Manda Mais Fuma e Namorada do Conjunto são das mais humorosas do disco. Fiquem com Tia, uma das mais sérias.


7. Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias, by Vanessa da Mata (Brazil)
In terms of MBP, Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias was the best album of that genre to come out of Brazil this year. And my favorite one. What I most like about it is the sheer musical diversity it packs, while still maintaining its soul as an MPB album. I like its reggaes, its ballads, its rock jams - each song is stuffed with a resounding, unique quality. This album showcases a Vanessa da Mata on top of her game, her voice is clear as ever. Just listen to Fiu Fiu, one of my favorites in this album.

Fiu Fiu

Em termos de MPB, Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias foi o melhor álbum deste género a sair do Brasil este ano e o meu preferido. O que mais gosto nele é a grande diversidade musical das suas músicas, diversidade esta que assenta sempre no MPB. Gosto dos seus reggaes, dos seus rocks, enfim, cada música está recheada de uma sonoridade única e ímpar. Este disco demonstra uma Vanessa da Mata em grande forma, dona de si mesmo. Fiquem com Fiu Fiu, uma das minhas músicas preferidas.

6. Minha Alma, by Yola Semedo (Angola)
My friend said it best: all the songs on this album are good, and each song is better than the last. Minha Alma cements Yola Semedo's place in contemporary Angolan music: for me, she is the best female singer on the market and the country's best female voice. She won the hugely popular Top dos Mais Queridos (Angola's local top music chart) with her song 'Injusta', and then entrepreneurial vein she demonstrated in selling her album in numerous provincial towns in a country where piracy is the norm helped her album go Platinum. Not to mention its immense appeal, of course. It showcases a Yola in top form, a Yola that with each new album reaches higher ground. Meu Amor is one of Minha  Alma's catchier tunes.

Meu Amor

A minha amiga disse melhor: neste álbum, todas as músicas são boas, e cada música é melhor que a outra. Este trabalho veio a confirmar que a Yola Semedo é, para mim, a melhor cantora a actuar em Angola neste momento e a que tem a melhor voz. Não foi por acaso que venceu o Top dos Mais Queridos em Angola com a canção Injusta, e a sua ousadia em vender o seu álbum em muitas das capitais provinciais num país onde a pirataria reina é uma das razões que levaram com que o seu album fosse Disco de Platina. E, claro, a outra razão foi a sua inegável qualidade. Demonstra uma Yola em grande forma, uma Yola que com cada novo album que lança, atinge patamares cada vez mais altos. Meu Amor é um dos temas mais cativantes de Minha Alma. 

5. Protegid, by Carmen Souza (Cape Verde)
Carmen Souza's Protegid was by far the finest, most critically acclaimed afro-jazz album released this year. And her audiences must have agreed - Carmen toured all around the world to rave reviews, from critics and fans alike. She took Cape Verdean musicality to the most diverse corners of the world and the people adored her for it. What I like most about Protegid, besides its distinct jazz style, is the range of Ms. Souza's voice, the way she uses it as an instrument. It's exciting to see how far she's come and I cannot wait for more. For now, stay with Song for my Father, a Horace Silver cover and one of the standout tracks of the album.

Song for my Father

O disco Protegid da Carmen Souza foi o melhor album de afro-jazz lançado este ano e o mais aclamado pela crítica. E o seu público concorda: onde quer que a Carmen tocasse no mundo, a reação era sempre a mesma, efusiva e calorosa, tanto de críticos como de fãs. Ela levou a sua musicalidade peculiar, uma mistura de Cabo Verde com jazz, aos quatro cantos do mundo, e os amantes de música adoraram. O que gosto mais acerca de Protegid, para além do seu estilo de jazz, é o calibre e a variação da voz da Carmen, ela a usa como se fosse um instrumento. Tem sido muito interessante acompanhar a sua carreira e espero ansiosamente por mais. Por agora, fiquem com Song for my Father, a sua versão de uma música do Horace Silver, também ele descendente de caboverdeanos.

4. Dub Inna Week, by The Grasspoppers (Portugal)
This was one of the albums I most listened to in 2010. I found out about it quite randomly from Helder Faradai, frontman of the Angolan band Jazzmática, and who also participated in the celebratino of dub that is this album. For Dub Inna Week isn't a regular album: it was recorded in just one week, in a home studio deep in Lisbon, during the World Cup, by people who in love with the genre. And what's more, they made the entire album available on their website. As a self-confessed lover of all things dub and reggae, listening to this album was a pleasure, and it became a bit of a soundtrack for the previous months. Songs like Folhas de Feijão Makonde made their way to several Caipirinha Lounge mixtapes and playlists. Dub Inna Week is a fun, energetic album with a rich sound; Dub Safari captures its overall vibe.

Dub Safari

Foi um dos álbuns que eu mais ouvi este ano. Soube dele através do Helder Faradai, integrante do grupo angolano Jazzmática, que também participou no festival de dub que é este álbum. Dub Inna Week não é um álbum normal: foi feito em apenas, gravado num estúdio caseiro em Lisboa durante o Mundial, e está disponível para download no próprio website dos seus autores. Como amante confesso de reggae, este álbum, e em especial músicas como Folhas de Feijão Makonde, foram a trilha sonora dos últimos meses e aparecem em vários mixtapes e playlist deste blog. É um álbum energético, saudável, de uma vitalidade calorosa e de um ritmo contagiante. Dub Safari captura bem a vibe deste trabalho.
3. Guia, by António Zambujo (Portugal)
'Guia' was the first contact I had with António Zambujo's sublime musicality. My appreciation for it was instant, and neither I nor my ears could resist listening to the entire album, again and again. His fados, his cante, demonstrate a certain versatility, talent and courage of a man who dared love fado enough to sing it in his terms, with whichever influences and rhythms he deemed necessary in order to truly enrich it. For the purists in Portugal don't like it when their beloved fado is tampered with, even though fado, and in particular António's brand of fado, the cante from the Alentejo region of his native country, evolved from the melodies of the Moors (Arabs) who inhabited the Iberian peninsula for centuries. And that's the beauty of music, and thus, of this gift of an album. Barroco Tropical is a sweet example of the external influences on the genre that Amália Rodrigues popularized.

Barroco Tropical

O tema 'Guia' foi o primeiro contacto que tive com a musicalidade sublime de António Zambujo. Foi instantânea a minha apreciação por esta música, e rápidamente obtive o álbum. Os seus fados, o seu cante, denotam a versatilidade e talento de um filho de Portugal que ousou amar o fado e cantá-lo a sua maneira, tornando-o mais suculente com alguns tons e ritmos com os quais os puristas do fado de vez em quando torcem o nariz. Porque afinal de contas o cante alentejano que tanto marca Portugal originou na forma de cantar dos antigos Mouros (Árabes). E esta é a beleza da música, e, quiça, deste grandeoso album. Barroco Tropical é um belo exemplo de influências externas neste gênero de música  que a Amália Rodrigues popularizou.

2. Angola Soundtrack, by Various Artists (Angola)
This album spoke to my soul. I had heard several of the songs on this compilation somewhere in my past, and my recollection of them is hazy, but hearing them again brought forth a warm rush of memories, sounds, and smells of a not so distant path. The great majority of the songs on Angola Soundtrack however I had never heard before, and as an Angolan I can tell you that the man behind this record, Samy Redjeb, did an incredible job in digging them out of the dark basements and cellars that hid these tracks from yearning eardrums. It's amazing to see vintage Angolan music so highly rated around the world and more importantly, finally available again. Among my favorite songs is Uma Amiga by the legendary David Zé.

Uma Amiga

Este álbum tocou-me no fundo. Já tinha ouvido vários temas desta compilação ao longo dos anos, em tempos outrora, e por isso a minha memória deles é algo fusca. Mas, ao ouvi-los de novo num só disco, deparei-me com memórias antigas que traziam consigo imagens, sons, e cheiros de um passado não muito distante. Afinal de contas quem que já viveu em Luanda não ouviu pelo menos algumas destas músicas na rádio, numa madrugada qualquer de um cacimbo longíquo? A grande maioria das músicas do Angola Soundtrack nunca tinha ouvido, e por isso, como angolano, posso dizer-vos que o Samy Redjeb, autor desta compilação, fez o seu trabalho de casa. Não foi fácil para ele ter que encontrar tanto 'ouro sonoro' perdido ou a apodrecer por aí, e por isso o felicito. É mesmo gratificante ver a música popular angolana na boca (e nos ouvidos) do mundo. Acho que o grande David Zé, autor de uma das minhas músicas preferidas do álbum, Uma Amiga, concordaria comigo.

1. Seu Jorge and Almaz, by Seu Jorge and Almaz (Brazil)
Are there any doubts? No album put Lusophone music on the world map this year more than Seu Jorge and Almaz' eponymous debut. They took the globe by storm, playing at regularly packed venues to a thrilled audience with their unique, 'Brazilified' rock sound mixed with psychedelic soul samba, jazz funk and tropicalia. Seu Jorge was brilliant on this album, as were the Nação Zumbi boys and António Pinto on bass, and its rhythm, besides being addictive, was simply contagious. The overall mood of this piece of work is relaxed and carefree, slightly chilled but sizzling throughout. Mario Caldato, the album producer, created a true masterclass, and I hope that all the people involved on this behemoth of Lusophone music carry on working together. Who knows, maybe one day they might create something as great as this. Unfortunately the label only allows me to Everybody Loves the Sunshine, so I'll leave you with that in the hopes that you get your hands on the best Lusophone album of 2010.

Everybody Loves the Sunshine

Há dúvidas? Em 2010 nenhum outro álbum levou para patamares tão altos a música lusófona do que a estreia do Seu Jorge & Almaz. Era vê-los em concertos completamente lotados de gente a vibar a sério com as suas músicas, com o seu ritmo halucinante e ao mesmo tempo contagiante, com o seu som único de psychedelic rock brasileiro misturado com soul samba, jazz funk e tropicália. O Seu Jorge foi brilhante neste álbum, tal como o duo da Nação Zumbi e o baixista António Pinto, seus acompanhantes nesta empreitada. A vibe que provoca estas músicas é uma de descontração. É a trilha sonora perfeita para um verão a maneiras. Mario Caldato, o productor do álbum, ajudou a criar uma verdadeira obra de arte, e pela saúde dos meus ouvidos e coração, só posso esperar que esta mesma equipa volte a trabalhar juntos e lance mais discos no mercado. Quem sabe, talvez um dia vão conseguir criar algo melhor que este álbum. Infelizmente a label deles não me deixa postar outras músicas do disco a não ser Everybody Loves the Sunshine, e por isso é com ela que vos deixarei, na esperança que comprem este que foi o melhor álbum lusófono de 2010.


 

Friday, January 14, 2011

Studio 105, by Mayra Andrade

Sparse, jazzy and acoustic, Studio 105 is Mayra Andrade's first live album and her third album overall. It's like an intimate, Best of Mayra Andrade recording featuring the Cape Verdean singer in fine form, her voice as tantalizing as ever, and even more evident without the studio arrangements. Most of the songs featured at Studio 105 are known to Mayra's fans, but there are a couple of mesmerizing surprises tucked in there, one of which is included in this post. Released late last year, Studio 105 was recorded live in Paris and features Munir Hossn on guitars, Rafel Paseiro on bass, and Zé Luís do Nascimento on drums. Among the standout tracks on this album were two new covers by Mayra Andrade, namely a Gainsbourg cover featured on the blog Filles Sourires (thanks Guuz for letting me know about the song) and the Beatles cover of Michelle; another standout track was the well-known Dimonkransa, for its amazing arrangements. Michelle and Dimokransa are featured below.

Michelle
Dimokransa

Cru, mas subtilmente recheado de uma musicalidade deliciosa, jazzy e acústica, Studio 105 é o primeiro album ao vivo da Mayra Andrade e o seu terceiro no total. Toca como se fosse uma colectânea íntima de um fictício Best of Mayra Andrade: 7 das 11 canções podem ser encontrados nos seus dois primeiros álbuns. Neste, totalmente acústico, a sua voz brilha mais que nunca, talvez por causa da ausência dos sempre presentes arranjos do estúdio. Lançado perto do final do ano passado, o disco foi gravado ao vivo em Paris e tem as participações de Munir Hossn (guitarra), Rafael Paseiro (contrabaixo) e Zé Luís do Nascimento (percurssão) Como mencionei acima, 7 das canções já são conhecidos pelos fãs da Mayra, mas têm roupagens diferentes. Duas das restantes músicas são versões de composições já existentes, tais como La Javanaise de Gainsbourg, que foi destacada no blog Filles Sourires (obrigado Guuz pela dica) e Michelle dos Beatles. Entre as canções que já conhecemos, gostei mais desta versão de Dimokransa, que está aqui incluída com Michelle.

Studio 105 on Amazon

Wednesday, January 12, 2011

Nights Out in Cape Town: 5 Sexy Capetonian Haunts

About 7 months ago I went to Cape Town for the first time, for the World Cup, then returned again for a couple of days long after the World Cup had finished. I fell in love with the city, hard. I did several tours of it, official and unofficial, wandered its streets, visited its museums, drank from its waters, basked in its sun, ate its food, ogled at its beauty, danced in their clubs and visited its townships, which are still miles ahead of our local 'musseques'. Several months after that I wrote an article for my favorite independent travel website, Matador Network, and it was finally published last week. You can read it in its entirety here.

A cerca de 7 meses fui para Cape Town pela primeira vez, para assistir ao Mundial, e voltei pra lá por uns dias umas semanas depois de terminar o Mundial. Apaixonei-me fortemente pela cidade. Fiz vários tours por ela, oficiais e não oficiais, andei pelas suas ruas, visitei os seus museus, bebi das suas águas, aqueci-me com o seu sol em pleno inverno, deleitei-me ao sabor da sua culinária, rendi-me aos pés da sua beleza natural, dancei nos seus clubes, e visitei os seus 'townships', que ao lado dos nossos musseques parecem primeiro mundo. Alguns meses atrás escrevi um artigo para o meu website preferido de viagens e turismo, o Matador Network, e este foi finalmente publicado a semana passada. Pode o ler aqui.

-Photo: o meu puto, à esquerda, e eu, no Fork Restaurant / My lil' bro on the left, and yours truly at Fork Restaurant

Putumayo Releases Bossa Nova Around the World

A minha label preferida acaba de lançar um álbum de carácter lusófono, o Bossa Nova Around the World. É uma colecção de 12 faixas inspiradas pelo bossa nova, de lugares incomuns como França, Canada, Alemanhã, Sérvia, e Coreia do Sul. A segunda faixa do disco é o nosso conhecido duet da Nancy Vieira com o Tito Paris, Esperança de Mar Azul. Vai ao site do Putumayo, escute as músicas e vê se compras o álbum...se não, sempre podes voltar aqui e ouvir as 11 melhores bossas do passado e do presente.

My favorite label has just released their latest Lusophone themed album, Bossa Nova Around the World. It's a collection of 12 bossa-influenced tracks from places like France, Canada, Germany, South Korea, and Serbia, and even features Nancy Vieira's stellar duet with Tito Paris, Esperança de Mar Azul. Go over to Putumayo's site and sample the songs...maybe you'll even buy the album. Then come back here and check out the top 11 Bossa Nova Songs of Past and Present.

Tuesday, January 11, 2011

Angolan Sound Experience

Popular Angolan music from before and right after the country's independence has been enjoying a bit of a resurgence around the world, as stunned audiophiles from countries like the US and Germany finally start to savor the rich musicality that Angola produced during the golden years of its music. 2010 already saw the release of Angola Soundtrack as well as Angolan music being profiled prominently on NPR. But Angolan Sound Experience marks the first time that Angolans themselves have decided to research and breathe the music of that particular generation and come out with a modern reinterpretation of the classics that put Angolan music on the international map.

The two-disc set is thus a showcase of the most talented Angolan musicians of today singing the classics of yesterday in a variety of different rhythms, including jazz, bossa nova, semba, kizomba, and even hip-hop. You hear Yola Semedo, Matias Damásio, Sandra Cordeiro, Kanda, Totó; you hear Muxima sung as a slow jazz, Chofer de Praça as a smooth rap, and so on. Although some of the song selections were a bit perplexing (Olhos Café?) and some of the renditions a bit lacking or just plain poor, on the whole I have to applaud Semba Comunicações for the initiative and the drive to create such an album. It's laudable to listen to Angola's up and coming musicians all singing in one album on the ultimate tribute to Angolan popular music. Among my favorite tracks of this album are Minha Terra, by Ruy Mingas/Filipe Zau and reinterpreted by Jack Kanga (which is getting considerable airplay on the radio waves here in Luanda) and Kanda's rendition of Bartolomeu, an original from Prado Paim. I can sense that this is an album that won't be forgotten so soon, neither by the music fans or the musicians who participated in it.

Minha Terra
Bartolomeu

A música popular angolana produzida nos anos antes e imediatamente depois da nossa independência está a ser alvo de uma pequena mas orgulhosa resurgência um pouco por todo mundo. Os amantes da música em lugares como os Estados Unidos e Alemanha finalmente começam a provar da doce fruta que é o folclore angolano, saboreando a rica musicalidade que este país produziu durante a era dourada da sua música. O ano de 2010 já viu o lançamento, em Alemanha, do álbum Angola Soundtrack, e nos Estados Unidos músicas como Ki Sua Ngui Fuá do Artur Nunes e Inimigo do kota David Zé tocaram na sua rádio de maior expressão, a NPR. Mas o duplo-álbum Angolan Sound Experience marca uma das primeiras vezes que nós mesmo como angolanos decidimos pesquisar, sentir e reinterpretar, modernamente, as músicas dos nossos pais, as músicas que puseram a arte angolana no mapa internacional.

Este disco duplo é uma amostra dos mais talentosos músicos angolanos da actualidade reinterpretando as musicas dos mais-velhos numa variedade contagiante de ritmos, entre eles o jazz, a bossa nova, o semba, a kizomba, e até mesmo o hip-hop. Ouves vozes de artistas como a Yola Semedo, o Matias Damásio, a Sandra Cordeiro, o Kanda e o Totó; ouves Muxima em forma de jazz, Chofer de Praça em forma de rap, e por aí em diante. Fiquei sem perceber algumas das selecções musicais (Olhos Café já é grande música?) nem algumas das reinterpretações, que ficaram um pouco aquém das expectativas, mas, sendo o trabalho como um todo de louvar, tenho que parabenizar a Semba Comunicações não só pela iniciativa mas também pela execução desta ambiciosa obra de arte. É saudável ouvir a nova vaga de músicos angolanos cantando todos no mesmo álbum numa grande homenagem à música popular desta terra. Entre as minhas faixas preferidas estão Minha Terra, música de Ruy Mingas/Filipe Zau e reinterpretada por Jack Kanga, e Bartolomeu, música de Prado Paím e dado nova roupagem pelo Kanda. Sinto que este album não vai ser esquecido tão cedo, nem pelos fãs, nem pelos músicos que participaram nele.

Monday, January 10, 2011

Caipirinha Lounge Jazz Sessions: John Coltrane vs. The Jazz Renegades

Welcome to Jazz Sessions, a new series here at the Lounge where I get to share with you my growing fondness for jazz music. I've been listening to a lot of it here in Luanda recently thanks to my cousin Leo's burgeoning collection, as well as my uncle Antonio's equally burgeoning vaults replete with the finest jazz around. I guess it's not an accident that he's known as Mr. Jazz around these parts. Last night I managed to snag four jazz albums from him, the songs of which I'll share with you over the coming weeks. But what I want to share with you today comes from my cousin Leo's collection, along with another song from my own archives. Leo is a big fan of John Coltrane and it's hard not to be: he is only the greatest jazz musician to ever live. Read about him when you get the chance.

A couple of nights ago as we were driving out of Luanda in the direction of Luanda Sul along an empty Rocha Pinto road in the dead of night, he put on John Coltrane's album Traneing In, on Prestige Records, and to date it's been the best 40 minutes of jazz I've heard in my life. I'm a beginner in this but nonetheless I was transfixed. There were three of us in the car, including my brother, and I don't think any of us said a complete sentence while the album played. If this doesn't make you appreciate the quality of jazz music, I doubt anything will. My favorite track on Traneing In is the one featured here, Slow Dance.

The other jazz number I want to share with you comes from a more familiar source if you've been listening to this site for awhile: Thievery Corporation's compilation album Sounds From the Verve Hi-Fi release. It's titled Do It the Hard Way and is performed by the Jazz Renegades. I first heard it back in September 2010 in DC and had been waiting for the right opportunity to share it with you...this is it.

Slow Dance
Do it the Hard Way

Bem-vindos ao Jazz Sessions, uma nova série do Lounge onde eu posso dar asas à minha crescente fascinação por este género de música. Tenho ouvido muito jazz aqui em Luanda nos últimos tempos porque o tenho perto de mim em grandes quantidades: tanto o meu primo Leo como o meu tio António (aka Mr. Jazz, como foi chamado na revista Vida) têm colecções extensas daquele jazz do bom mesmo. Ontém à noite fui à casa dele e consegui sair de lá com quatro CDs de jazz, cujas músicas partilharei com vocês nas próximas semanas. As que quero partilhar com vocês hoje vêm dos cofres do primo Leo e também dos meus. O primo é um grande fã do John Coltrane, e é mesmo díficil não ser: pra mim ele é o melhor músico de jazz que alguma vez pisou o nosso planeta. Leiam sobre ele quando tiverem tempo.

Umas noites átras estavamos a regressar de Luanda para o Nova Vida, de madrugada, num Rocha Pinto isento de carros que até parecia uma pista. Estavamos três, eu, o Leo e o meu puto Joel. O Leo põe John Coltrane no stéreo, mas concretamente o seu album Traneing In, do Prestige Records, e para mim foram os melhores 40 minutos de jazz que já ouvi na minha vida. Acho que durante este período nem 10 palavras foram ditas pelos passageiros do carro. Sou iniciante nestas andanças mas acho que já dá para determinar, para sentir, jazz do bom. A minha faixa preferida em Traneing In é Slow Dance, e se ela não te faz gostar de jazz, então nada vai.

O outro jazz que queria partilhar com vocês é de uma fonte que já foi postada aqui diversas vezes. Falo dos Thievery Corporation: encontrei Do It The Hard Way numa compilação feita por eles chamada Sounds From the Verve Hi-Fi, e foi composta pelos Jazz Renegades. A primeira vez que a ouvi foi em Setembro 2010, em Washington, e estava à espera do momento certo para a partilhar. Eis o momento. 

*saxophone artwork: Jazz del Mar

Friday, January 7, 2011

Caipirinha Lounge Presents: Lusofonia Acústica, Vol. 2

Demorou, mas finalmente aí está. Depois de uma batalha intensa contra a internet angolana, que vai abaixo quase que cada 20 minutos, fazendo-me ter que recomeçar o upload deste ficheiro de 172MB e vê-lo avançar em velocidade de minhoca, finalmente troquei do meu fiel Filedropper para o Sendspace, que permite continuar o upload de ficheiros mesmo depois da internet 'pifar'. O que finalmente permitiu o upload do ficheiro. E não só isso, acho que hoje foi mesmo o meu dia de sorte, porque encontrei uma Net One muito bem disposta. Mas a vida é assim, coisas que noutros mundos levam meia hora aqui levam semanas. O que interessa é que pelo menos agora já é possível fazer um upload deste tamanho com internet wireless e de banda larga, porque ainda me lembro do tempo em que isto era impossível...

Mas continuando! Compor esta mixtape deu-me imenso prazer, porque nela incluo muitas das minhas músicas preferidas dos tempos mais recentes. Ouviram músicas acústicas de Gabriel Tchiema, Sandra Cordeiro, Frei Fado d'el Rei, Projecto Tsikaya, Maria Gadú, Ruy Mingas, OqueStrada, Grasspoppers, e de vozes mais conhecidas neste espaço, como a Uxía, a Aline Frazão e o Manecas Costa. É mais uma (robusta) compilação de artistas dos mais variados cantos do mundo lusófono, e contém 25 lindas canções no total. Umas antigas e quase que esquecidas, outras rurais e cruas, e outras moderníssimas. Umas em Galego, outra em Tchokwê, umas em crioulo e claro, as restantes em português. Espero que gostem. Segue a ordem das músicas. E enquanto baixa o ficheiro, fiquem com Quando Amanhecer da Vanessa da Mata e o Gilberto Gil, faixa número 11.

It took awhile, but it's finally here. I fought the Angolan internet and won. The internet here is such that it cuts off at least 5 times per hour. Every time it does, I have to restart this 172MB upload and watch it crawl along at snail's pace. I finally ditched Filedropper in favor of Sendspace, where my mixtape upload resumes from the same spot even if the internet decides to take a walk. It's the only way I was able to finally complete this upload. And I also think today was my lucky day, because my internet provider, NetOne, was happier than usual and rarely went down. But such is life, tasks that elsewhere take me half an hour take me weeks here in the motherland. What's important is that at least now making such an upload, wirelessly, is possible, because I remember the times when we were happy to just have electricity...


But nonetheless! Composing this mixtape was a truly pleasurable experience. I included in it many of my favorite songs over the past few months, so you will be hearing music from Gabriel Tchiema, Sandra Cordeiro, Frei Fado d'El Rei, Projecto Tsikaya, Maria Gadú, Ruy Mingas, OqueStrada, Grasspoppers, and several others including Uxía, Aline Frazão, and Manecas Costa. If you don't recognize any of the names above, then you are in for a real treat. This is another (robust) compilation featuring musicians from all corners of the Lusophone world, and it contains 25 songs in total. Some older, others newer, some rural and raw, others sleek and contemporary. Some in Galician, one in Tchokwê, some in Portuguese creole, and the rest, of course, in Portugal. I really do hope you enjoy them. Below is the order of the playlist, and while it's downloading, listen to Quando Amanhecer by Vanessa da Mata featuring Gilberto Gil, the eleventh track on the mixtape.

Quando Amanhecer

1. Shimbalaiê, by Maria Gadú (Brazil)
2. Yssaka, by Gabriel Tchiema (Angola)
3. Lero-Lero, by Luísa Maita (Brazil)
4. Berenguela, by Uxía (Galicia)
5. Rosinha, by Maria de Barros (Cape Verde)
6. Líderes da Difusão Romântica Rural, Projecto Tsikaya (Angola)
7. Um Luxo Só, by Rosa Passos (Brazil)
8. Nha Mame, by Narf & Manecas Costa (Galicia/Guinea Bissau)
9. Se Esta Rua Fosse, by OqueStrada (Portugal)
10. Viagem do Verso, by Frei Fado d’El Rei (Portugal)
11. Quando Amanhecer, by Vanessa da Mata feat. Gilberto Gil (Brazil)
12. Kod, by Kimi Djabaté (Guinea Bissau)
13. Mama Divua Diame, by Avozinho (Angola)
14. Monangambé, by Ruy Mingas (Angola)
15. Guia, by António Zambujo (Portugal)
16. Pé na Lama, by Paulo Flores (Angola)
17. Folha de Feijão Makonde, by The Grasspoppers (Portugal/Mozambique)
18. Dam Bu Mon, by Tcheka (Cape Verde)
19. Cantei, by Konde (Angola)
20. Oxi Não, by Simentera feat. Touré Kunda (Cape Verde/Senegal)
21. Lus, by Nancy Vieira (Cape Verde)
22. Hoje, by Sandra Cordeiro (Angola)
23. Palavra, by Mayra Andrade (Cape Verde)
24. Maria Silêncio, by A minha embala (Aline Frazão e César Herranz) (Angola/Spain)
25. Menina Flor, by Stan Getz & Luis Bonfa, from Thievery Corporation CD ‘Sounds from the Verve Hi-Fi’ (Brazil/USA)

Download Mixtape here


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