Angola: Passado e Presente da Música de Resistência
Por Sara Moreira
No final de Maio de 2012, a Amnistia Internacional reportou
Duas semanas mais tarde, a 11 de Junho, outro rapper que não esconde a sua oposição aberta ao governo, Luaty Beirão, também conhecido por Ikonoklasta ou Brigadeiro Mata Frakuxz [3], foi preso [4] no aeroporto de Lisboa, por alegadamente transportar cocaína na sua bagagem.
Nas redes sociais são muitos que acreditam que a verdadeira motivação da prisão de #Ikonoklasta [5] é política, já que a sua voz dissidente é uma das que tem ganho mais visibilidade desde que o descontentamento com o governo do PresidenteJosé Eduardo dos Santos [6], há 33 anos no poder, passou a tomar mais frequentemente a forma de protestos nas ruas, e nos palcos de Luanda. Em Março de 2011, Luaty foi preso numa manobra de antecipação do governo que acabou por anular a manifestação agendada para 7 de Março [7], e um ano depois foi espancado [4] por milícias pró-regime em Cazenga.
Viagem no tempo dos Ritmos de resistência
Ao mesmo tempo, a música da resistência angolana das décadas de 50 e 60 foi homenageada num encontro organizado pela associação sem fins lucrativos Centro Interculturacidade [8] em Lisboa, no início de Junho. Celebrando a presença de Amadeu Amorim, que integrou os históricos N'Gola Ritmos [9] [en], e numa viagem ao passado da música de intervenção, o blog Interculturacidade apresenta [10] o conjunto musical da seguinte forma:
motor da ideia de independência de Angola, e por isso perseguido. desmantelado e com vários dos seus elementos presos. Amadeu esteve longo tempo no Tarrafal e mais tempo esteve o líder do conjunto, Carlos Liceu Vieira Dias.Numa entrevista publicada [12] no blog Nós Por Cá, de Silvia Milonga, em 2002, Amadeu Amorim explica “o que era o N’gola Ritmos no contexto social e político” de então:
No fundo, era uma rebelião pacífica, tentando despertar consciências adormecidas, que não acreditavam em mais nada, eram 500 anos de colonização. Não havia televisão, nem rádio para toda gente, os jornais não chegavam aos musseques nem ao interior do país e nós sabíamos que uma canção ficava presa no assobio, no cantar. Na LNA quando cantávamos em kimbundu, as pessoas viravam a cara meias envergonhadas, chamavam-nos os mussequeiros. Algumas pessoas no meio daquela malta que estavam acordadas, entediam porque cantávamos em kimbundu, mais tarde outros apareceram a dizer que falavam ou cantavam em kimbundu. Chegamos a rádio Esperança, uma rádio que transmitia de Brazaville, ouvida às escondidas. A nossa canção era a única que existia, as pessoas ouviam a rádio e o N’gola Ritmos, passando a mensagem de que não chegamos ao fim, vamos começar agora.Continue a ler aqui.
No comments:
Post a Comment