Tuesday, January 18, 2011

Editor's Pick: The Top 10 Lusophone Albums of 2010

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10. Angolan Sound Experience, by Various Artists (Angola)
I loved the idea and the concept behind this album, but more than that, Totó's version of the Angolan classic 'Muxima' by itself would have guaranteed this two-disc album a place on this list. All jokes aside, at at time when popular pre-independence Angolan music is on a global resurgence, it's nice to see the in-house musicians releasing a work of their own. Angolan Sound Experience is a true showcase of Angola's new wave of musicians, singing the songs of their embattled parents, songs that defined a generation and a nascent country, and the talent here is palpable. I like some songs more than others, but as a whole the album is top class. And this version of Muxima...

Muxima

Mais do que a ideia e o conceito deste álbum, que é mesmo de louvar, a versão de Muxima cantada pelo Totó e incluída aqui por si só ja reservou o lugar deste álbum nesta lista. Mas falando à sério, numa altura em que a música popular angolana está a beneficiar de uma resurgência a nível mundial, é muito gratificante ver trabalhaos como este, feitos pela prata de casa. É uma verdadeira montra das melhores vozes angolanas da actualidade, cantando as músicas que definem a nossa angolanidade, as músicas que nos tocam no fundo. Gosto de umas músicas muito mais que outras, mas como um todo, o CD está muito bem feito. E esta Muxima...


9. Lero-Lero, by Luísa Maita (Brazil)
 
I still remember listening to this album for the first time - my first contact with it was Lero-Lero. I still remember how the lightness and the rhythm for the song grabbed me almost instantly, how the cavaquinho and the guitar played with each other in the opening riffs of the song before Luísa's breathy, distinct vocals enveloped you. The rest of the album doesn't disappoint either, with Fulaninha being another standout track that I particularly enjoyed. The addictive Da Lata remix of the song is available below for your aural pleasure. Seeing Luísa live in DC was one of the musical highlights of my 2010. MPB is alive and well.

Fulaninha (Da Lata Remix)

Ainda me lembro da primeira vez que ouvi este disco. O meu primeiro contacto com ele foi a música Lero-Lero, uma das melhores músicas que ouvi durante ano. Ainda me lembro da leveza da melodia, do ritmo contagiante, do cavaquinho a brincar com a guitarra no ínicio da música antes de entrar a voz distinta, ofegante e despreocupada da Luísa. O resto do album não deixa créditos em mãos alheias, e Fulaninha é outro dos destaques. Acima têm a remix viciante da mesma, feita por Da Lata. E para terminar, o concerto dela em Washington foi um dos melhores concertos que vi em 2010, pela entrega da artista e a intimidade do concerto. A MPB está viva e forte.

8. Nós os do Conjunto, by Conjunto Ngonguenha (Angola) 
There are no artists with whom I identify myself with more than the ones that make up Conjunto Ngonguenha. I've felt that since I first heard their first album, probably because of the subject matter of their music, their lyricism, their jokes, their way of being and their way of rapping, and the fact that they are part of my generation. This new album impacted me a bit more than their first because of the way it evolved along with its subject matter, which is primarily the reality of the Angolan day-to-day. Nós os do Conjunto chronicles our daily struggles in a humorous manner, and no other album in this list makes me laugh as much as this one. Tia however is one of the most serious ones.

Tia

Não há artistas com os quais me identifico mais que os do Conjunto. Desde o primeiro album deles que sinto isto, talvez por causa do seu liricismo, a sua forma de ser e cantar, as suas anedotas, e o facto que somos más ou menos da mesma geração. Este novo álbum marcou-me ainda mais que o primeiro, porque senti que evoluiu com a realidade do quotidiano angolano, com as mudanças que o país tem efectuado, e com a nossa forma de ver e viver Angola. É também o único álbum desta lista que me faz desatar a rir; músicas como Kem Manda Mais Fuma e Namorada do Conjunto são das mais humorosas do disco. Fiquem com Tia, uma das mais sérias.


7. Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias, by Vanessa da Mata (Brazil)
In terms of MBP, Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias was the best album of that genre to come out of Brazil this year. And my favorite one. What I most like about it is the sheer musical diversity it packs, while still maintaining its soul as an MPB album. I like its reggaes, its ballads, its rock jams - each song is stuffed with a resounding, unique quality. This album showcases a Vanessa da Mata on top of her game, her voice is clear as ever. Just listen to Fiu Fiu, one of my favorites in this album.

Fiu Fiu

Em termos de MPB, Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias foi o melhor álbum deste género a sair do Brasil este ano e o meu preferido. O que mais gosto nele é a grande diversidade musical das suas músicas, diversidade esta que assenta sempre no MPB. Gosto dos seus reggaes, dos seus rocks, enfim, cada música está recheada de uma sonoridade única e ímpar. Este disco demonstra uma Vanessa da Mata em grande forma, dona de si mesmo. Fiquem com Fiu Fiu, uma das minhas músicas preferidas.

6. Minha Alma, by Yola Semedo (Angola)
My friend said it best: all the songs on this album are good, and each song is better than the last. Minha Alma cements Yola Semedo's place in contemporary Angolan music: for me, she is the best female singer on the market and the country's best female voice. She won the hugely popular Top dos Mais Queridos (Angola's local top music chart) with her song 'Injusta', and then entrepreneurial vein she demonstrated in selling her album in numerous provincial towns in a country where piracy is the norm helped her album go Platinum. Not to mention its immense appeal, of course. It showcases a Yola in top form, a Yola that with each new album reaches higher ground. Meu Amor is one of Minha  Alma's catchier tunes.

Meu Amor

A minha amiga disse melhor: neste álbum, todas as músicas são boas, e cada música é melhor que a outra. Este trabalho veio a confirmar que a Yola Semedo é, para mim, a melhor cantora a actuar em Angola neste momento e a que tem a melhor voz. Não foi por acaso que venceu o Top dos Mais Queridos em Angola com a canção Injusta, e a sua ousadia em vender o seu álbum em muitas das capitais provinciais num país onde a pirataria reina é uma das razões que levaram com que o seu album fosse Disco de Platina. E, claro, a outra razão foi a sua inegável qualidade. Demonstra uma Yola em grande forma, uma Yola que com cada novo album que lança, atinge patamares cada vez mais altos. Meu Amor é um dos temas mais cativantes de Minha Alma. 

5. Protegid, by Carmen Souza (Cape Verde)
Carmen Souza's Protegid was by far the finest, most critically acclaimed afro-jazz album released this year. And her audiences must have agreed - Carmen toured all around the world to rave reviews, from critics and fans alike. She took Cape Verdean musicality to the most diverse corners of the world and the people adored her for it. What I like most about Protegid, besides its distinct jazz style, is the range of Ms. Souza's voice, the way she uses it as an instrument. It's exciting to see how far she's come and I cannot wait for more. For now, stay with Song for my Father, a Horace Silver cover and one of the standout tracks of the album.

Song for my Father

O disco Protegid da Carmen Souza foi o melhor album de afro-jazz lançado este ano e o mais aclamado pela crítica. E o seu público concorda: onde quer que a Carmen tocasse no mundo, a reação era sempre a mesma, efusiva e calorosa, tanto de críticos como de fãs. Ela levou a sua musicalidade peculiar, uma mistura de Cabo Verde com jazz, aos quatro cantos do mundo, e os amantes de música adoraram. O que gosto mais acerca de Protegid, para além do seu estilo de jazz, é o calibre e a variação da voz da Carmen, ela a usa como se fosse um instrumento. Tem sido muito interessante acompanhar a sua carreira e espero ansiosamente por mais. Por agora, fiquem com Song for my Father, a sua versão de uma música do Horace Silver, também ele descendente de caboverdeanos.

4. Dub Inna Week, by The Grasspoppers (Portugal)
This was one of the albums I most listened to in 2010. I found out about it quite randomly from Helder Faradai, frontman of the Angolan band Jazzmática, and who also participated in the celebratino of dub that is this album. For Dub Inna Week isn't a regular album: it was recorded in just one week, in a home studio deep in Lisbon, during the World Cup, by people who in love with the genre. And what's more, they made the entire album available on their website. As a self-confessed lover of all things dub and reggae, listening to this album was a pleasure, and it became a bit of a soundtrack for the previous months. Songs like Folhas de Feijão Makonde made their way to several Caipirinha Lounge mixtapes and playlists. Dub Inna Week is a fun, energetic album with a rich sound; Dub Safari captures its overall vibe.

Dub Safari

Foi um dos álbuns que eu mais ouvi este ano. Soube dele através do Helder Faradai, integrante do grupo angolano Jazzmática, que também participou no festival de dub que é este álbum. Dub Inna Week não é um álbum normal: foi feito em apenas, gravado num estúdio caseiro em Lisboa durante o Mundial, e está disponível para download no próprio website dos seus autores. Como amante confesso de reggae, este álbum, e em especial músicas como Folhas de Feijão Makonde, foram a trilha sonora dos últimos meses e aparecem em vários mixtapes e playlist deste blog. É um álbum energético, saudável, de uma vitalidade calorosa e de um ritmo contagiante. Dub Safari captura bem a vibe deste trabalho.
3. Guia, by António Zambujo (Portugal)
'Guia' was the first contact I had with António Zambujo's sublime musicality. My appreciation for it was instant, and neither I nor my ears could resist listening to the entire album, again and again. His fados, his cante, demonstrate a certain versatility, talent and courage of a man who dared love fado enough to sing it in his terms, with whichever influences and rhythms he deemed necessary in order to truly enrich it. For the purists in Portugal don't like it when their beloved fado is tampered with, even though fado, and in particular António's brand of fado, the cante from the Alentejo region of his native country, evolved from the melodies of the Moors (Arabs) who inhabited the Iberian peninsula for centuries. And that's the beauty of music, and thus, of this gift of an album. Barroco Tropical is a sweet example of the external influences on the genre that Amália Rodrigues popularized.

Barroco Tropical

O tema 'Guia' foi o primeiro contacto que tive com a musicalidade sublime de António Zambujo. Foi instantânea a minha apreciação por esta música, e rápidamente obtive o álbum. Os seus fados, o seu cante, denotam a versatilidade e talento de um filho de Portugal que ousou amar o fado e cantá-lo a sua maneira, tornando-o mais suculente com alguns tons e ritmos com os quais os puristas do fado de vez em quando torcem o nariz. Porque afinal de contas o cante alentejano que tanto marca Portugal originou na forma de cantar dos antigos Mouros (Árabes). E esta é a beleza da música, e, quiça, deste grandeoso album. Barroco Tropical é um belo exemplo de influências externas neste gênero de música  que a Amália Rodrigues popularizou.

2. Angola Soundtrack, by Various Artists (Angola)
This album spoke to my soul. I had heard several of the songs on this compilation somewhere in my past, and my recollection of them is hazy, but hearing them again brought forth a warm rush of memories, sounds, and smells of a not so distant path. The great majority of the songs on Angola Soundtrack however I had never heard before, and as an Angolan I can tell you that the man behind this record, Samy Redjeb, did an incredible job in digging them out of the dark basements and cellars that hid these tracks from yearning eardrums. It's amazing to see vintage Angolan music so highly rated around the world and more importantly, finally available again. Among my favorite songs is Uma Amiga by the legendary David Zé.

Uma Amiga

Este álbum tocou-me no fundo. Já tinha ouvido vários temas desta compilação ao longo dos anos, em tempos outrora, e por isso a minha memória deles é algo fusca. Mas, ao ouvi-los de novo num só disco, deparei-me com memórias antigas que traziam consigo imagens, sons, e cheiros de um passado não muito distante. Afinal de contas quem que já viveu em Luanda não ouviu pelo menos algumas destas músicas na rádio, numa madrugada qualquer de um cacimbo longíquo? A grande maioria das músicas do Angola Soundtrack nunca tinha ouvido, e por isso, como angolano, posso dizer-vos que o Samy Redjeb, autor desta compilação, fez o seu trabalho de casa. Não foi fácil para ele ter que encontrar tanto 'ouro sonoro' perdido ou a apodrecer por aí, e por isso o felicito. É mesmo gratificante ver a música popular angolana na boca (e nos ouvidos) do mundo. Acho que o grande David Zé, autor de uma das minhas músicas preferidas do álbum, Uma Amiga, concordaria comigo.

1. Seu Jorge and Almaz, by Seu Jorge and Almaz (Brazil)
Are there any doubts? No album put Lusophone music on the world map this year more than Seu Jorge and Almaz' eponymous debut. They took the globe by storm, playing at regularly packed venues to a thrilled audience with their unique, 'Brazilified' rock sound mixed with psychedelic soul samba, jazz funk and tropicalia. Seu Jorge was brilliant on this album, as were the Nação Zumbi boys and António Pinto on bass, and its rhythm, besides being addictive, was simply contagious. The overall mood of this piece of work is relaxed and carefree, slightly chilled but sizzling throughout. Mario Caldato, the album producer, created a true masterclass, and I hope that all the people involved on this behemoth of Lusophone music carry on working together. Who knows, maybe one day they might create something as great as this. Unfortunately the label only allows me to Everybody Loves the Sunshine, so I'll leave you with that in the hopes that you get your hands on the best Lusophone album of 2010.

Everybody Loves the Sunshine

Há dúvidas? Em 2010 nenhum outro álbum levou para patamares tão altos a música lusófona do que a estreia do Seu Jorge & Almaz. Era vê-los em concertos completamente lotados de gente a vibar a sério com as suas músicas, com o seu ritmo halucinante e ao mesmo tempo contagiante, com o seu som único de psychedelic rock brasileiro misturado com soul samba, jazz funk e tropicália. O Seu Jorge foi brilhante neste álbum, tal como o duo da Nação Zumbi e o baixista António Pinto, seus acompanhantes nesta empreitada. A vibe que provoca estas músicas é uma de descontração. É a trilha sonora perfeita para um verão a maneiras. Mario Caldato, o productor do álbum, ajudou a criar uma verdadeira obra de arte, e pela saúde dos meus ouvidos e coração, só posso esperar que esta mesma equipa volte a trabalhar juntos e lance mais discos no mercado. Quem sabe, talvez um dia vão conseguir criar algo melhor que este álbum. Infelizmente a label deles não me deixa postar outras músicas do disco a não ser Everybody Loves the Sunshine, e por isso é com ela que vos deixarei, na esperança que comprem este que foi o melhor álbum lusófono de 2010.


 

3 comments:

Sbongile Mbiko said...

I think it more than fitting that you chose "Song for my father" for the Carmen Souza feature. As you know the '60s original was by Horace Silver, born to a Capeverdian father.

Laura said...

Great list! There's lots here that I want to add to my shopping list. To that end, I was wondering -- do you have any suggestions on how United States listeners can purchase Yola Semedo's album? I'm very intrigued, but it seems to be unavailable on Amazon, iTunes, etc. Can you recommend any online music stores that carry her work and that might ship to the United States?

Claudio Silva said...

Indeed Sbongile...Horace Silver was a legend, and Carmen Souza's cover is a fitting tribute.

Laura, to everyone's great chagrin, Yola Semedo doesn't sell outside of Angola and, I think, Portugal. Unfortunately her label has not yet realized her potential, for if it was up to me she would be available worldwide. Send me an email and Ill see what I can do for you.

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