Saturday, January 2, 2010

Editor’s Pick: The Top 10 Lusophone Albums of 2009

Read this first!
Leia isto primeiro!

10. Best of Bonga, by Bonga (Angola)
Best of BongaSo I cheated the system. Since I couldn’t include Bairro, Bonga’s greatest CD of recent times, since it was released late last year, I can however talk about Best of Bogna. This little talked about record released by the label Lusáfrica contains songs from Bairro and other epic Bonga albums as well as a rare remix of his song Kapakaio only available on the Comfusões compilation, and a rare version of Mulemba Xangola featuring Lura. Zukada is a song that shows that even at 66, the man can still create those hip-swinging tunes, and even dance to them.

Como não posso incluir nesta lista o disco Bairro, que foi votado pelo jornal inglês The Times como sendo entre os 100 melhores de 2009, posso falar do Best of Bonga, que inclui várias canções de Bairro. Pouco se falou deste disco lançado pela editor Lusáfrica, mas é realmente interessante. Além de músicas ja tornadas imortais pelo kota Bonga, o CD também tem algumas surpresas, tal como uma versão da música Mulemba Xangola com a participação de Lura, e a remix do som Kapakaio que só está disponível neste CD e na compilação Comfusões. A música Zukada é para provar que mesmo aos 66 anos, o kota ainda sabe fazer música de jeito e dar umas passadas ao som dela.

Zukada

9. Kuma Kwa Kié, by Yuri da Cunha (Angola)
2009 was a marvelous year for Yuri da Cunha, and Kuma Kwa Kié is why. It was mainly on the back of this CD’s amazing critical success that our “Showman” was able to sing Kuma throughout Europe on tour as Eros Ramazzotti’s opening act. And not only did he sing Kuma, but he danced it as well, in that particular way that only he knows how.

O ano de 2009 foi maravilhoso para Yuri da Cunha, e a razão foi Kuma Kwa Kié. Foi por causa do grande sucesso deste album que o Yuri foi para a Europa cantar Kuma em alto e bom som em diversos palcos do velho continente, como convidado especial do Eros Ramazzotti. E não sou o nosso showman cantou Kuma, como também a dançou, daquele jeito que só ele sabe.


Kuma

8. Eclipse, by Lura (Cape Verde)
Lura EclipseFor those who have followed Lura since her Na Ri Na days, Lura’s fourth album Eclipse shows the graceful maturity of one of Cape Verde’s greatest voices, a woman who is now establishing herself as a major force in Cape Verde’s music scene. Quebrod Nem Djosa is a daring example of how she is modernizing the island’s sound by creating her very own.

Para quem tem estado a acompanhar a carreira da Lura desde os seus dias do Na Ri Na, o seu quarto album, Eclipse demonstra a maturidade com a qual a Lura enfrenta e sente a música. Hoje em dia é uma das grandes vozes do arquipelago, e ja se torna difícil falar de música cabo-verdiana sem falar dela. Quebrod Nem Djosa é um verdadeiro exemplo de como ela está a modernizar a música cabo-verdiana criando o seu próprio som único.

Quebrod Nem Djosa

7. Stória, Stória, by Mayra Andrade (Cape Verde)
Storia StoriaNavega was always going to be a hard act to follow. Mana and Lapidu na Bo were tracks that I would listen to almost daily. But with Stória, Stória Mayra was able to satisfy my thirst for something new. I was always intrigued with how she was going to respond to the widespread success of Navega, and this was a delicious answer. Listen to Turbulensa – her voice, slightly raspy, calm, confident, in control. The way the flamenco influences in the song still work wonderfully with its Cape Verdean soul. A song like this doesn’t exist in Navega – this is contemporary Cape Verdean sound at its finest.

O disco Navega foi uma obra de arte cujo sucesso seria sempre díficil de duplicar. Mana e Lapidu na Bo eram canções que ouvia quase que diáriamente. Mas com Stória, Stória, Mayra conseguiu saciar a minha sede por algo de novo vindo dela. Sempre estive curioso em ver qual a resposta que ela daria ao esplendor de Navega, e Stória foi a minha resposta. Oiça só a música Turbulensa – a sua voz um pouco rouca, calma, confiante, em control. Aprecie a maneira que o flamenco se une à alma caboverdiana desta canção. Não existe uma música assim no Navega – isto é musica contemporânea caboverdiana no seu melhor.

Turbulensa

6. Diários de Marcos Robert, by Bob Da Rage Sense (Portugal/Angola)
Decent, quality Lusophone music comes in many forms, be it gumbe, marrabenta, semba, bossa nova, or…hip-hop. Bob Da Rage Sense proves just that with Diários de Marcos Robert, one of the finest Lusophone hip-hop records to be released this year. Conheço-te De Algum Lado has been one of my favorite tracks this year. It’s long been known that Roberto Montargil is not a rapper like all the others. Unlike hip-hop “artists” with over-sized egos who think that what they’ve created is the best music around, “Bob” still uses influences and samples from musicians whose work he values and respects, and the track Rap Real where he samples Jay-Z is a case in point.

A música lusofona dança muitos ritmos , entre eles o gumbe, a marrabenta, o semba, a bossa nova e…o hip-hop. O Bob Da Rage Sense dá me razão com o album Diários de Marcos Robert, um dos melhores albums de hip-hop lusofono de 2009. Só pra ver, Conheço-te De Algum Ladofoi uma das minhas canções preferidas este ano.Sempre foi sabido que o Roberto Montargil não é rapper de meia tigela e não há muitos como ele. Ao contrário de muitos rappers por aí, ele é sempre fiel a si mesmo e mais ninguém. Também não pensa que a música dele é ja a melhor que foi feita ate hoje, e prova disso é a forma como ele usa sampels e influências de músicos que ele admira. O som Rap Real onde ele sampla o Jay-Z é um exemplo disso.

Rap Real

5. Tasca Beat, by OqueStrada (Portugal)
What these guys (and marvelous gal) have created in Tasca Beat has never been done before in Portuguese music. Tasca Beat is the result of 7 years spent on the road soaking up the soul of Portugal, and it shows. Anyone who has ever been to Portugal and eaten its food, drunken its wine, reveled with its people and experienced its beauty will find that this album epitomizes Portugal, its exuberance, its irreverence, and its rhythm . What I like best about it however is that it goes deeper than that and incorporates the music of other countries Portugal has touched and vice-versa; Organito, inspired by the Angolan Bonga, and Tourné en Rond, inspired by Cape Verdean funaná, are examples. Kekfoi, one of my favorite tracks of the album, is a song that captures my feelings for OqueStrada, perfectly.

O que estes homens (e maravilhosa mulher) criaram com o Tasca Beat jamais foi feito na música portuguesa. Tasca Beat é o resultado de 7 anos passados nas ruas, ruelas, e estradas de Portugal absorvendo a alma deste país. Vê-se. Quem ja esteve em Portugal e disfrutou da sua comida, bebeu do seu vinho, conviveu com as suas gentes, e apreciou a sua beleza, sentirá que este disco captura a essência, a exuberânia, a irreverência e o ritmo unico de Portugal. Mas o que gosto mais do album é a maneira como incorporou músicas de outros países que Portugal ja influenciou e que agora influenciam Portugal, tal como a canção Organito inspirada pelo Bonga, ou ainda Tourné en Rond inspirada pelo funaná de Cabo Verde. A música Kekfoi, uma das minhas preferidas deste disco, resume perfeitamente os meus sentimentos pelos OqueStrada.

Kekfoi

4. Babalaze, by Azagaia (Mozambique)
There are two types of people in the world: those that let themselves be trampled by oppressive governments, and those that fight back, somehow, in some way. Azagaia is the latter. I love political science and debating the role of government, and books like 1984 and Brave New World have a strong impact in the way I feel and think politics and governance. So when Azagaia (real name: Edson da Luz) drops Babalaze in Mozambique and throughout the Lusophone world, and when he gets summoned by Mozambican authorities to “explain” the anti-corruption lyrics in many of his songs, it strikes a deep chord with me and probably with any self-respecting Angolan. Azagaia isn’t afraid of the truth or of telling it like it is, and Babalaze is a collection of rousing rap songs that will make you ponder and ask questions, stand still deep in thought with your head bobbing to the beat, thinking about corruption, the state of the African man, the Mozambican, the Angolan, the downtrodden. Although the production isn’t as slick Bob’s Diários, it is nonetheless the hottest hip-hop album out of the Lusophone world this year.

Ha dois tipos de seres humanos no mundo: aqueles que se deixam atropelar por políticas de opressão feitas por governos corruptos e caducos, e aqueles que, de alguma maneira, dizem não e lutam contra isto. O Azagaia é do segundo tipo. Gosto muito de ciências políticas e um bom debate sobre o papel do governo na sociedade. Livros como 1984 e Brave New World foram uma grande influência no meu pensamento acerca destes tópicos. Por isso, quando Azagaia (nome real, Edson da Luz) lança um album como Babalaze,todo ele contra as políticas corruptas do seu governo e do continente em geral, e quando este album é motivo de alarido pelas autoriades moçambicanas (quem não deve não teme), isto mexe comigo e com qualquer angolano que se respeite. O Azagaia não tem medo da verdade, e Babalaze é nada menos que uma coleccão de músicas em estilo hip-hop que te faz pensar, reflectir, , fazer perguntas sérias e inconvenientes, analisar o estado do homem moçambicano ou angolano ou africano. O disco não tem o mesmo nível de produção que Diários de Marcos Robert, mas mesmo assim chega a ser o melhor album de hip-hop lusofono do ano.

Eu Nao Paro

3. Xinti, por Sara Tavares (Cabo Verde)
One of the high points of my 2009 was seeing this beautiful woman perform songs from Xinti...I went to see Sara with a dear friend of mine whose face I don’t know when I’ll see again. Sara Tavares keeps going from strength to strength, with each album becoming more poetic, a bit more special, more alluring. Whenever I think of her music the word beauty comes to mind, and I feel at peace, at ease. Xinti stayed with me since its release and its followed me to Luanda. With each listen my appreciation for it grows. Ponto de Luz is one for those calm nights (because calm days don’t exist in Luanda), for those quiet moments of reflection, or for those still moments you share with someone special to you.

Um dos pontos altos do meu 2009 foi ver a Sara Tavares ao vivo cantando músicas do disco Xinti, na companhia de uma grande amiga minha que eu não sei a próxima vez que a volto a ver. A Sara Tavares não para, o seu talento cresce de disco em disco. Cada disco que vem é mais poético, um pouco mais especial, mais hipnótico. Sempre que penso na sua música, sinto-me em paz, relaxado. Xinti tem estado nos meus ouvidos e no meu coração ha vários meses e seguiu-me para Luanda. Com cada ouvida a minha apreciaçao por ele cresce. Ponto de Luz é um daqueles sons para noites calmas (porque dias calmos em Luanda não existem), para aqueles momentos de reflexão, para aqueles momentos em que es só tu e alguem especial, sussurando um para o outro.

Ponto de Luz

2. Vagarosa, by CéU (Brazil)
When her album first came out in 2007, it was unlike anything I had ever heard, a sort of organic Brazilian concoction with DJ scratches and African rhythms. I was new to that particular sort of music and her eponymous first album was one my first forays into it. Céu’s jazzy interpretations of contemporary Brazilian music were uncommon and exciting. And now she drops Vagarosa, an album unlike any others I have heard recently. It’s very difficult to define it and characterize it exactly, but somehow it always manages to be playing on my stereo on late nights, or romantic nights, or any night for that matter. Its sensuality is refreshing and quirky, the Brazilian samba-jazz compositions betray the musical talent of someone who has studied the art. Vagarosa is like a complex painting, one with overlapping layers and motifs which all contribute to a tantalizing whole. Céu’s cover of Jorge Ben Jor’s Rosa Menina Rosa is an attack to the senses and you won’t hear anything quite like it on any other album this year.

Quando ela saiu com o seu album de estreia em 2007, não o podia comparar com outros albums brasileiros. Era algo completamente novo para mim, música brasileira quase electrônica com scratches de DJs, influências do hip-hop e ritmos africanos. A maneira como ela incorporava o jazz nas suas canções era algo incomum e aliciante para mim. Foi a minha primeira viagem ao CéU. E agora ela lança Vagarosa, um album de tal qualidade que não me lembro ter ouvido algo assim tão bem feito em muito tempo. É díficil definir exactamente o estilo de música que soa livremente pelo disco, mas só sei que toca sempre no stereo durante noites em brancos, noites românticas, ou, pra ser sincero, qualquer tipo de noite. A sua sensualidade é refrescante e esquisita no bom sentido da palavra, e a espécie de samba-jazz brasileiro que ela faz da pra perceber que ela estudou a arte de fazer música. Vagarosa é como uma pintura complexa, uma obra de arte sem igual, com camadas e influências diferentes que contribuem para um todo unico. A sua versão do tema de Jorge Ben Jor, Rosa Menina Rosa, é um ataque aos sentidos e de certeza que não ouvirá algo parecido em nenhum outro disco este ano.

Rosa Menina Rosa

1. Comfusões, by Mauricio Pacheco (Brazil/Angola)
I was pretty sure I’ve said everything that needed to be said about this album on my rambling post about it a couple of months ago when I was agog with excitement at having found it, or when I interviewed Mauricio Pacheco about it last month. But I was wrong; I can still keep talking about it. I sincerely think this album represents a turning point in Angolan music, a way for people of today to get back in touch with the goldmine that Angolan musicians left with us in the late 60s and 70s. I was having a talk with my cousin about Angolan music the other day, and we just sat there listening to contemporary Angolan music and realized, wow, Angolan music is too good to be as undervalued as it is (biased much?). What Mauricio Pacheco and his team have done here is resurrect and reinterpret the classics that shaped a generation, guided a movement, and became the identity of a new nation. Angola’s history and identity doesn’t have to just be about war and bloodshed at the expense of its culture, and this album is a reminder of that. There is so much cultural and musical treasure here waiting to be unearthed. Merengue Rebita is a song that characterizes the energy and optimism of this land, as it heads head held high into the second decade of the 21st century.

Estava convicto que não teria mais nada a dizer sobre este album, depois de ter deitado tinta a falar sobre ele no meu post acerca do mesmo a uns meses atrás, e de certeza não depois de ter entrevistado o seu compositor principal, o Mauricio Pacheco. Mas estava errado. Ainda posso continuar a falar desta obra de arte. Sinceramente, acho que este album representa uma viragem na maneira como a música angolana é encarada e pensada. É uma maneira das pessoas reencontrarem-se com os grandes temas cantados pelos nossos grandes músicos dos anos 60 e 70s. Ha uns dias estava simplesmente a ouvir musica da terra com um primo meu e surgiu a inevitável conversa sobre a música angolana, e chegamos a realização que nossa música é bastante boa para continuar no anonimato que se encontre. Projectos como este levam-na ao mundo, ressucitando-a e reinterpretando os clássicos que moldaram uma geração, inspiraram o movimento da independência, e se tornaram na identidade de uma nova nação. A história e a identidade de Angola não tem que ser só sobre guerra e sangue derramado enquanto a sua rica cultura é ignorada, e este álbum subscreve a esta linha de pensamento. Neste país ha muitos tesouros musicais a ser encontrados, e este é só o começo. Merengue Rebita é uma musica que caracteriza a energia e o optimismo reinantes neste país enquanto ele caminha de cabeça erguida para a segunda década do século 21.

Merengue Rebita

7 comments:

Matt UK said...

Thanks for sharing this, just what I was looking for! I particularly like the Ceu song. Her album has fantastic reviews and I look forward to listening to it all.

Elis said...

Ola!!
Depois de muito tempo em off, reapareco!
Andei ouvindo CEU e, particularmente, nao faz meu estilo. Ela e linda, sim, mas o jeito com que canta e/ou o estilo dela nao fazem parte do meu gosto. Talvez eu precise mergulhar mais fundo no trabalho dela, mas nao vejo mais nem mar pra mergulhar.
Ah, e estou em terras lusitanas agora...so podia lembrar do seu amor por essa terra!

Elis said...

Ja a Sara...wow! que arraso!!

Claudio Silva said...

Glad to see you enjoyed Ceu Matt, her CD is brilliant.

Elis que bom voce adorou a Sara!

Claudio Silva said...

...e espero que tenhas gostado de Portugal! Tambem estive la por muito pouco tempo agora mesmo em Janeiro.

Anonymous said...

adorei o teu blog!
boa musica, artigos bem escritos, diversidade, open-mindness...etc, wow!
ah, e gostei mesmo de ver o Bonga na lista, eu que pensava que so os estrangeiros é que gostavam do kota... :)
boa continuação!!

Claudio Silva said...

Angolano que nao goeste do bonga so pode ser estrangeiro...! Brinco, claro, mas obrigado pelas belas e sinceras palavras anonimo, onde quer que estejes!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...