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Tuesday, November 5, 2013

Vida



Sim, o Lounge continua vivo.

Foram cerca de 170 dias desde o último post aqui no Lounge. Nunca na pequena história deste blogue houve uma paragem assim tão longa. Foram muitas as pessoas que perguntaram se o Lounge morreu.

"E então, o que se passa com o Lounge?! Nunca mais postaste nada meu!"

Desde o último post, houveram mudanças profundas na vida conjunta do autor e do blogue, que afinal são a mesma coisa, inseparáveis um do outro. O Yahoo Media Player parou de funcionar - foi extinto pelos donos. Alguns links foram se desactualizando. Nunca mais houve Editor's Picks e listas dos melhores álbuns do ano. O meu consumo de música lusófona diminuiu drasticamente.

A paragem foi motivado pelos mais variados motivos, entre eles pessoais e profissionais. Envolvi-me full-time em outros projectos. Sou mau em gestão de tempo e parei de ter tempo para tudo.

Mas talvez a maior mudança de lá pra cá é que o último post foi escrito em Brooklyn, enquanto que este é escrito à partir de Luanda, de onde o Lounge passará emitir de agora em diante.

É verdade: Luanda agora será a minha casa "permanente".

Os últimos meses foram também marcados pelo passamento físico de dois familiares, um depois do outro. Em momentos destes avaliámos por completo as nossas vidas, as nossas relações, as nossas escolhas.

Invariavelmente, acabamos sempre por voltar às coisas que mais gostávamos, que mais nos davam (dão) alegria. E por isso o regresso ao Lounge foi inevitável: estava na hora de voltar a escrever aqui.

O regresso ao Lounge foi motivado pelo aumento recente do meu consumo de música, próprio da vivência cá em Luanda e pela passagem recente por Lisboa, cidade que me apaixona cada vez mais. Foi lá onde vi vários concertos e onde finalmente readquiri aquele 'bichinho' da música, aquela sede de ouvir mais, muito mais. A sede de consumo e partilha que originou o Lounge.

Foi lá onde tive a oportunidade de ver os Batida e o Seu Jorge a actuarem ao vivo pela primeira vez. De ver jam sessions a nascer de madrugada em Alfama.

Em Luanda, o meu consumo musical também cresceu - são constantes as noites com música ao vivo. O Espaço Bahia, especialmente, continua a ser palco de artistas fora do comum. Descobri o King's Club, o Bakama, as noites de jazz no Doo.Bahr. Mas mais importante ainda, descobri as actividades da malta que respira música e que procura, nos lugares mais variados da cidade, um pouco de ar para 'respirar'. Fiz novos amigos.

Esta nova incarnação do Lounge será menos regrada que a anterior. Alguns posts, como este, serão só em português, outros serão em inglês. Dependendo da minha pancada naquele determinado momento. Às vezes o trabalho constante da tradução de textos contribuía para a falta de vontade de escrever.

Em forma de homenagem para a cidade que agora me acolhe, partilho aqui dois vídeos que retratam um pouco da vivência singular desta cidade de amor e ódio. O primeiro tema chama-se É Luanda e é uma homenagem do cantor Diclas One ao falecido André Mingas. Não conhecia o Diclas One antes de ver este vídeo e desconheço os seus outros trabalhos mas gostei muito do conceito do vídeo e da forma como ele interpreta o trabalho de um dos melhores músicas angolanos.

O segundo tema, da Sandra Cordeiro, também está muito bem conseguido. Os leitores perceberão que os vídeos são parecidos e retratam a vida da cidade. Há bastante tempo que oiço a Sandra é fico feliz por ver o seu amadurecimento. Está fantástica nesta música.

Foram estas duas músicas que me acolheram quando cá cheguei e que ajudam a explicar um pouco o porquê do regresso...

Porque sim, o Lounge continua vivo.

 

Foto: Estrada Benguela-Luanda

Tuesday, April 24, 2012

Flashback 2010: O grito político do hip-hop lusófono

Em Janeiro de 2010 escrevi as seguintes linhas:

Sou angolano, meus pais são angolanos, nasci em Angola, tenho passaporte angolano, sou portador de um BI angolano, visito o meu país pelo menos uma vez por ano, mas vivo na diáspora e por isso foi me retirado o direito de votar em eleições angolanas. Portanto, só me resta falar à toa aqui neste blog; a minha forma de luta, protesto e revolta é a música, como nos tempos prévios a independência angolana (em que nem sequer estava vivo). Naqueles tempos, eram as músicas de Teta Lando, Ngola Ritmos, e outros que exaltavam o povo para a independência. Hoje em dia temos as líricas do MCK, Azagaia, Ikonoklasta, Phay Grande (o poeta) e muitos outros que fazem do rap e hip-hop o seu grito de revolta. Como disse outrora, a música lusofona sempre foi bastante política, o Bonga que o diga. Aqui vão alguns sons que nesta semana são mais relevantes que nunca.

Intro pertinente para o artigo que se segue, artigo este que saiu na Lusa há mais de duas semanas atrás. O hip-hop angolano de qualidade sempre foi uma forma de intervenção social; acho a coisa mais natural que agora é a ‘banda sonora das manifestações contra o regime’, e que muitas das mais mediáticas personangens relacionadas com as manifestações em Luanda são eles próprios músicos. É impossível não ver os paralelos com os músicos que impulsionaram a luta da independência nos anos antecedentes ao 1975. Hoje, as entidades diplomáticas que visitam Angola já fazem questão de procurar o MCK  - que o diga a Angela Merkel e Durão Barroso. Quem já vibrou aos sons do Katro, do Ikono, do Azagaia, percebe perfeitamente esta ‘banda sonora’...e mais do que isso, dança ao som dela.

Lusa: Manifestações Contra Regime Têm Banda Sonora*

Os “rappers” MCK, Ikonoklasta e Carbono vivem em Luanda e têm feito a crítica musical ao regime de José Eduardo dos Santos As manifestações que se têm realizado em Angola no último ano têm como banda sonora as músicas de uma nova geração de “rappers”, que, apesar de mais limitados na liberdade de criação, prometem não baixar a voz.
MCK, Ikonoklasta e Carbono vivem em Luanda e têm feito a crítica musical ao regime de José Eduardo dos Santos. Pedro Coquenão é luso-angolano, mora em Lisboa e é o autor do projecto Batida, que reúne trabalhos de alguns destes músicos num disco com o mesmo nome, recentemente lançado.
Em comum, os quatro artistas têm a juventude, o gosto pela música, o protesto, a urgência da democracia e o amor que dizem ter por Angola. Muitos dos protestos que aconteceram no país no último ano foram influenciados por estes “rappers”, que também os têm apoiado publicamente e até participado neles. “Corremos todos o risco, se pensarmos de forma diferente, a sermos mortos como galinhas de rua”, alerta o “rapper” MCK, em declarações à Lusa.
Regime aperta o cerco aos artistas
O regime angolano foi perdendo a tolerância e, no último ano, as coisas tornaram-se mais difíceis para os artistas angolanos. O decreto presidencial 111/11, de 31 de Maio de 2011, que regula espectáculos públicos, passou a impor um sistema de “registos”, “vistos” e “licenças” para atividades artísticas. “A repressão, agora, é mais actuante. O ano passado já foi um ano muito pesado, porque foi um ano pré-eleitoral. Este ano, como é eleitoral, a repressão aumentou”, compara MCK.
Os concertos deixaram de ser autorizados. No final do ano passado, o “rapper” Carbono tentou organizar espectáculos no Teatro Elinga, sala “histórica” para a música de intervenção, mas não conseguiu. “Querem controlar a cultura, principalmente os artistas independentes”, denuncia. Isso não tem impedido que estes “rappers” vendam milhares de discos, mais ou menos à socapa, nas ruas angolanas.
O país vive entre duas realidades distintas, destaca Pedro Coquenão, autor do projecto Batida e criador da Rádio Fazuma. Por um lado, há a realidade política, financeira e mediática, que “é um sítio onde parece que está tudo bem”, com uma “conversa cheia de advérbios de modo”, e, por outro, há o dia-a-dia, onde as pessoas “têm uma esperança média de vida que é uma pouca-vergonha”.
Não é por acaso que a música de intervenção nasce nos bairros mais pobres de Angola. É nos musseques onde “não há sequer a hipótese de decidir o que se quer fazer da vida”, lembra Coquenão. “Sempre foi assim. Só que hoje tens uma grande maioria de pessoas muito pobres e uma minoria cada vez mais reduzida de pessoas muito ricas”, realça MCK.
Depois da guerra e da morte, “Angola tem tudo para dar certo”, acredita MCK. Mas “o país está completamente anestesiado”, descreve o “rapper” Ikonoklasta.
É disso que fala a música “Cuka”, incluída no disco “Batida”. “A cerveja [Cuca é a marca nacional] aqui custa menos 70 cêntimos do que a água. É mais fácil as pessoas matarem a sede com cerveja. O país está completamente anestesiado e o álcool é uma das maneiras de o manter assim. Quando o MPLA faz manifestações, comícios, o que for, um dos chamarizes é a distribuição, quando não gratuita, a preços mais reduzidos de cerveja”, descreve à Lusa.
A maioria dos manifestantes anti-governo é composta por estudantes e artistas, mas também há “mães e senhoras do bairro”. A burguesia é que “ainda não se envolveu”, porque “está muito bem habituada à vida que tem”, lamenta Pedro Coquenão. Estes artistas não têm uma causa nova. “Estamos a cobrar o que essas pessoas fundaram, mas não está a acontecer na vida real”, resume Pedro Coquenão.
“As coisas vão demorar muito tempo”, mas, se ninguém fizer “asneiras”, a democracia estará lá, no fim do caminho, acredita.
“Olho Angola como a nossa parceira. Devemos ser os primeiros a elogiar a nossa parceira e também os primeiros a criticá-la. Com justiça e verdade. Não porque a odiamos, mas porque a amamos muito”, salienta MCK.

*Texto original saiu na Lusa no dia 8 de Abril de 2012
Este texto foi recuperado do site Maka Angola
Os links são do Caipirinha Lounge

Thursday, September 1, 2011

Chove Chuva, by Sergio Mendes and Brasil '66

Here in the Northern Hemisphere, September invariably brings with it a feeling that it's the end of a glorious summer. For most of my  life it meant 'back to school lists', waking up early, and a return to the classroom; now it just means...work as normal. However, it's next to impossible to listen to Sérgio Mendes and Brasil '66 and not think about summer...this little tune came on in my iPod today and I wanted to share it with you. Notwithstanding it lyrics but instead glorifying its vibe, summer lives on!

Chove Chuva

Aqui no hemisfério norte, o primeiro dia de setembro trás sempre consigo um sentimento de que é o fim de um verão glorioso. Por grande parte da minha vida o começo de setembro significava aulas, escola, acordar cedo, e tudo mais. Agora significa...ir ao trabalho, como todos outros dias. Mesmo assim, é impossível não sentirmos o verão quando ouvimos Sérgio Mendes and Brasil '66...esta pequena canção fez uma aparição inesperada no meu iPod hoje de manhã e queria partilha-la com vocês. Esquecendo convenientemente a letra da música mas sim invocando a sua vibe de verão, viva o verão!

Saturday, December 18, 2010

A caminho da cidade que me viu nascer...

On my way to Luanda...

Not everything is at it seems, by Hindhyra Mateta

Friday, September 24, 2010

The Power of Music / O Poder da Música

A couple of days ago I stumbled upon the video below. No intro is necessary - I'll let it speak for itself.



Há uns dias atrás deparei-me com o vídeo acima. Para os que percebem inglês, o vídeo fala por si. Para os que não, o mesmo retrata a experiência de um soldado americano em plena guerra mundial que, numa noite fria e chuvosa, com um único atirador alemão algures na penumbra, decide pegar na sua trompeta e tocar uma canção. Na manhã seguinte, após ser capturado pelas forças americanas, o atirador alemão só conseguia perguntar "quem foi a personagem que tocou a trompeta ontém à noite?" Quando encontrou o Coronel Jack, o homem no vídeo acima, começou a chorar. Disse-lhe, "Quando ouvi a música que tocaste, pensei na minha noiva...na minha mãe, no meu pai, nos meus irmãos...e não consegui atirar." Diz o Jack, "E depois ele estendeu a sua mão, e eu estendi a minha e apertei a mão do inimigo. Mas ele não era nenhum inimigo...era só outro homem assustado e sozinho, como eu. O poder da música..."

Sunday, August 22, 2010

Até Quando? por Gabriel o Pensador

Gabriel o PensadorOnce in awhile (or more often than not, depending on your patience, your optimism), Luanda can become a difficult, bureaucratic beast. Or worse, a repressive concrete slum jungle full of contrast and contradiction. Once in awhile you'll cease to see the beauty of the Marginal, the serene view of Luanda as seen from Miramar, the way the São Miguel Fort lights up against the backdrop of the night sky. Once in awhile it gets to you: the injustice, the inequality, the crime, the police brutality. The corruption, the obscene display of ill-gotten wealth, the rampant unemployment, the kids that aren't in school, the omnipresent dust. The slums, the potholes, the increasingly paranoid, oppressive regime. But what gets me the most is the attitude. The mentality. And above all, the impassiveness of the people in the face of such avoidable adversity. Até Quando? (Until When?)

In the lusophone world we seem to share the same problems. Até Quando is a politically charged, socially conscious, call-to-arms anthem by Gabriel o Pensador, one of Brazil's brightest rappers. Though he's a rap artist in the traditional sense - Gabriel's raps are a lot more influenced by rock and popular Brazilian music genres than by anything else. Até Quando, from Gabriel's 5th studio album Seja Você Mesmo (Mas Não Seja Sempre o Mesmo) is a great example. For those who understand Portuguese, or can spot true talent when they hear it regardless of the language, and/or who live in Luanda and want to hear a song that vents for them, that expresses their frustration, give Até Quando a listen.

Até Quando?

De vez em quando (ou, dependendo do seu grau de paciência e optimismo, regularmente), viver em Luanda pode-se tornar um exercício difícil, um bicho burocrático de sete cabeças. Ou pior, pode significar vive numa repressiva selva de betão, cimento e poeira, repleta de contastes e contradições. De vez em quando, paras de ver a beleza da Marginal. A vista de Luanda à partir do Miramar deixa de te seduzir, e a maneira que a Fortaleza de São Miguel acende à noite já não te diz nada. De vez em quando, é difícil escapar a realidade por baixo da beleza. A outra Luanda. A da injustiça gritante, da desigualdade social, do crime, da brutalidade da polícia. A Luanda da corrupção, das obcenas amostras de riqueza conseguida de maneiras menos honestas, do desemprego avassalador, dos putos que não estão a estudar mas sim a vender cigarros, da poeira omnipresente. A Luanda dos musseques sem as mínimas condições de vida, das estradas cómicamente esburacadas, do regime cada vez mais paranóico e opressivo. Mas o que mais me espanta é a atitude das pessoas. Da sua mentalidade. E acima de tudo, do seu pensamento de "deixa-estar", de impotência, de preguica, perante tamanha desgovernação ou mesmo perante si mesmas. Até Quando?

No mundo da lusofonia, às vezes partilhamos das mesmas "mazelas", dos mesmos problemas. Até Quando é uma música politicamente carregada e socialmente consciente, um apelo ao nosso espírito de justiça, um hino à nossa dignidade como cidadãos e seres humanos. É da autoria do rapper brasileiro Gabriel o Pensador, um dos rappers mais inteligentes daquele país irmão. Se bem que ele não é um rapper do estilo ao que estão habituados, porque musicalmente as suas influências partem muito mais do rock e de estilos sonoros brasileiros do que o rap chamado tradicional. Até Quando, do seu quinto álbum de estúdio, Seja Você Mesmo (Mas Não Seja Sempre o Mesmo), é um exemplo da sua sonoridade. Para todos aqueles que vivem em Luanda e de vez em quando mergulham em tais frustrações, Até Quando é uma música que grita, que clama, que descarrega pro ti.

-Photo by Festivaldeinverno

Wednesday, June 9, 2010

...Ainda sobre os 340ml em Luanda


Yesterday those good men over at Wakuti Música provided a link to an insightful article that Tiago, 340ml's guitarist, wrote about his experience in the Angolan capital. An interesting read, as is the rest of Tiago's blog. Take a look.

Ontém os bradas do Wakuti Música puseram um link na sua página para um artigo interessante escrito pelo Tiago, guitarrista dos 340ml, acerca da sua curta estadia na nossa capital. É uma boa leitura, tal como o resto do seu blog. Visite-o.

-Photos by Massalo (sempre!)

Thursday, June 3, 2010

Olá Luanda!

Que bom estar em casa, nem que for por só duas semaninhas...!

What a pleasure it is to be home, even if it's just for a couple of weeks...!


-Photo by Kodilu

Tuesday, May 25, 2010

The Future / O Futuro - Part II


Since the last time I wrote a personal post about my future, much has changed. The questions remain, and the future continues to be uncertain, but at least now I have a diploma in my hands. The sublime experience of having my mother and other family members visit me from Angola was exceptional. My time in Boston was an epic journey, and some of the relationships I made there will last a lifetime. And to top it all off, it was during that time that I started Caipirinha Lounge.

But now, the future awaits. The next few months will see me travel to Luanda, where I will stay for two weeks starting next Monday, and then onwards to Cape Town and the rest of South Africa to hopefully watch some quality football. Not having to do any homework or have any worthwhile commitments will do wonders to this site...it will be like a new life was breathed unto it. I plan on coming into contact with not only quality Lusophone music but also with the people who so skillfully compose it. So without further ado, and without anymore delays, enjoy beautiful music in Portuguese, served icy cold with cachaça and lime.

Desde a última vez que escrevi um post sobre o meu futuro, muito tem mudado. As perguntas permanecem, porque sendo como são, difícilmente permanecerão caladas. Mas pelo menos, agora ja tenho um diploma em minhas mãos. Graduei-me! A experiência de ter cá em Boston a minha mãe e outros membros da minha família foi ímpar. O meu tempo em Boston, não esquecerei tão cedo. As amizades que fiz por aqui, espero que durem uma vida. E para acumular os sentimentos, foi durante os meus quatro anos em Boston que eu iniciei o Caipirinha Lounge.

Mas acabou-se a lua-de-mel, e o futuro espera por mim, impaciente. Durante os próximos meses estarei em Luanda tentando comprar vários CDs de artistas que aprecio, e disfrutando das noites deliciosas no templo que é o Elinga. Depois, irei para Cape Town para ver futebol a sério. É ano do Mundial! Como acabaram as tarefas e os trabalhos de casa, dedicarei todo meu tempo às viagens e ao Lounge. Espero, durante os próximos meses, entrar em contacto com a mais variada música lusófona e com os artistas que a compõem. Por isso, espero que vocês continuem a disfrutar de 'beautiful music in portuguese', ao sabor da inevitável caipirinha gelada. Kandandus!

-Photo: Author unknown, but I got it from AngolaBela

Saturday, April 24, 2010

The Future / O Futuro

Giraffe in AngolaI couldn’t decide what to title this post…I was torn between ‘The Future’ and ‘Change’. I wanted to condense into one word all the thoughts and emotions and feelings that I’m experiencing these days, as my graduation date gets closer and closer. Last week there was a “25 Days Until Graduation” party (I didn’t go…if I didn’t go it means there aren’t really just 25 days left, right?) and it finally hit me that my time in Boston is close to an end.

What next? The future is a huge question mark. The immediate future, conversely, is a huge exclamation point. I’ve just bought my tickets back to Luanda and then Cape Town (to watch the World Cup!), and last Thursday went to the Angolan Consulate in New York City to start Chris’ visa process. That’s right, my roommate and good friend Chris is coming along with me to Angola and South Africa and we are beside ourselves with excitement. It's his first time in Africa. This might be even better than the several months spent in Argentina…

The Lounge has suffered with all that’s been going on. What’s it been, over a week since the last update? Unacceptable. There’s been so much to do: job applications, cover letters, possible interviews, updated resumes, hopes and dreams. Many questions, a lot less answers. Not to mention all the projects and final presentations. But its been exciting planning my family's trip to Boston...my mother, sister, and a couple of aunts and uncles are making the voyage from Luanda to partake in the coming festivities.

Over the next few days I will attempt to bring things back to normal. I will bombard you all with posts and my random thoughts on the beautiful music that Lusophone artists create. Beautiful music in Portuguese is back, to be played to your heart’s content, for your aural pleasure and for your soul’s nourishment.


Não conseguia decidir que nome dar a este post. Estava entre ‘O Futuro’ e ‘Mudanças’. Queria expremir tudo o que me vai à cabeça numa só palavra, uma palavra que pudesse ombrear os meus sentimentos, as minhas emoções e os meus pensamentos. É que, daqui a muito poucos dias, irei graduar-me. Na semana passada houve uma festa para celebrar os 25 dias que faltam até o fim do nosso calvário. Nem fui, não queria acreditar que só faltavam 25 dias! Mas fez-me pensar, e de repente, senti: o meu tempo em Boston está no seu fim.

E a seguir, o que fazer? Aonde viver? O futuro continua uma incognita, um gigante ponto de interrogação. Mas o future imediato, nem tanto. O future imediato é mais parecido com um gigante ponto de exclamação. Acabo de comprar bilhetes de passagem para Luanda e Cape Town, aonde irei assistir o Mundial. A quinta-feira passada fui ao consulado angolano em Nova Iorque para começar o processo do visto do meu kamba e companheiro de batalha, o Chris, que virá comigo nesta viagem. Será a sua primeira vez no continente berço. Esta viagem promote ser ainda melhor que a nossa epopeia pela Argentina…

Com tanta algazarra na minha vida, o Lounge tem sofrido. Penso que ja passou mais que uma semana desde a última vez que escrevi aqui. Nunca pode! Mas realmente tem sido uma algazarra: procura de emprego, cartas à empresas, possíveis entrevistas, actualizações de CVs, esperanças e sonhos. Muitas perguntas, bem poucas respostas. Isso pra nem falar em projectos e apresentações. Não obstante estes contratempos, tem sido muito ‘fixe’ planear a viagem do meu pessoal em Luanda para Boston. Vêm aí a minha mãe, a minha mana, e alguns tios e tias pra me verem graduar. Estou ansioso.

Durante os próximos dias, vou tentar trazer o Lounge de volta para a normalidade. Se tudo correr bem, voltarei a vos bombardear com posts e os meus pensamentos acerca da música linda que os artistas lusófonos criam. Beautiful music in Portuguese está de volta, para ser tocada para o vosso prazer sonoro e para a alimentação da nossa alma comum.


-Photo: Author unknown, but I got it from AngolaBela

Tuesday, March 16, 2010

Back from a break / De regresso!

I'm back in Boston after one of the most grueling trips I've ever taken. Cancun was nice, sure, but the trip back, dios mio. Delayed flights, canceled flights, broken down buses, arcane security lines, you name it.

It's been difficult not writing here for so long. What's it been, 13 days? Cancun of course was a great time, notwithstanding the complete lack of any sort of Mexican identity, but once in awhile the thought of a song would pop in my head...the thought of a verse, a singer, a jam I'd like to share. It also doesn't help that at the moment I have no working laptop and am carting my music around on my portable hard drive. So yes, it feels great to be back. Especially at this time of the year, as the sun is starting to peek through the clouds (so you've been there all along, old friend) and the trees are showing signs of being alive, after all. Not to mention the surprises I have in store for you in the upcoming days and weeks...guaranteed to increase the mood you're in, as 340ml says.

Estou de volta à Boston. A viagem de regresso foi uma das mais estranhas e dolorosas da minha vida. Voos atrasados, voos cancelados, autocarros avariados no meio da estrada, screenings de segurança fora de série, e por aí em diante.

Tem sido dífil ficar tanto tempo sem passar por aqui. Foram quantos dias, uns 13? Claro que Cancun foi divertido, se bem que é uma cidade desalmada, sem qualquer carácter Mexicano, onde inglês é a língua franca. Valeu pela companhia, pelos amigos. E mesmo lá, de vez em quando vinha ter comigo uma música, um verso, um semba que queria partilhar convosco, e não tinha como. Ainda por cima estou sem laptop, e estou a transportar a minha carga musical numa simples hard drive externa. Por isso, sim senhora, que bom estar de volta, de regresso. Principalmente nesta altura do ano, a primavera, época da renascença, onde as àrvores finalmente mostram sinal de vida, afinal estavam só a brincar connosco. E o sol começa a espreitar pelas nuvens, afinal estavas lá, velho amigo. Tenho várias surpresas para vocês nos próximos tempos...iram certamente ‘improve the mood you’re in’, como dizem os 340ml.


-Photo: Boston Winter Nights, by cgc0202

Thursday, February 11, 2010

Blogs by Musicians

One of the big phenomenons of the times we live in is that everyone has access to a pulpit. Everyone has a soap box in which to stand on and engage the world. Twitter, Facebook, and especially Blogger platforms have made this possible. Of course, this is a double-edge sword, as it means any idiot with an internet connection can spew forth their illiterate musings to the world, like that guy who writes Caipirinha Lounge, but it also means that the fantastic musicians among us can offer them another window into their minds. Below are four great blogs by four musicians who’ve graced the pages of this website. Some are dedicated to talking about music, like this site (Musica Uhuru), while others write poetry while they talk about the political issues of their country, like Azagaia (Gesto das Palavras). Enjoy them. I definitely have.

Wakuti Musica
- Leonardo Wawuti, Keita Mayanda

Kukiela - Aline Frazão

Gestos das Palavras - Azagaia

Musica, Alimento Pr'alma - Ikonoklasta

Um dos grandes fenómenos dos tempos em que vivemos é que todos mundo tem acesso à uma tribuna. Todo mundo que queira pode criar uma página e intergair com o mundo. O Twitter, Facebook, e principalmente as diversas plataformas do Blogger tornaram isto possível. Sebem que isto é uma faca de dois gumes: qualquer frustrado que tenha uma conécção à internet pode livremente abrir a boca e falar à toa ao mundo inteiro. Um pouco como o autor deste blog, hehe. Mas também significa que temos acesso aos pensamentos e opiniões de músicos fantásticos. Acima estão os links para quatro grandes blogs de músicos que têm andado pelo Caipirinha Lounge. Uns são virados para a partilha de música, tal como o Musica Uhuru, e outos são autênticas amostras da poesia e relexões políticas, tal como o blog do Azagaia (Gesto das Palavras). Espero que desfrutem destes blogs, tal como eu.

Tuesday, February 9, 2010

Havemos de Voltar!

Os leitores mais assíduos deste blog sabem que às vezes luto para não vos imbutir com muita política, ja que o Caipirinha Lounge é um audioblog de música. É verdade que a música lusófona e a política têm uma relação íntima, mas tudo tem o seu espaço.

É por isso que tomo agora esta oportunidade para anunciar a criação de um novo blog, de nome Havemos de Voltar, onde os frequentadores do Lounge mais virados para política podem debater livremente e sem receios os mais diversos temas do nosso dia-a-dia político. É um blog virado primáriamente para juventude angolana na diápora, mas claro que todos são bem vindos. Podem enviar críticas, artigos, fazer comentários, enfim, exercer os vossos direitos como cidadãos angolanos.

Fico à vossa espera no Havemos de Voltar!

Friday, January 22, 2010

Angola Abolishes Presidential Elections

Frase bem dita pela BBC.

Um dia a história os julgará, se as suas consciências não o fizerem antes.

Well said by the BBC.

One day history will judge these people. If their conscience doesn't do it first.


Para reflexão:

http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/8472127.stm


http://angonoticias.com/full_headlines_.php?id=26330

http://angonoticias.com/full_headlines_.php?id=26338

E aqui vai a transcrição de uma pequena parte do artigo de Emanuel Lopes sobre o assunto. Espelha muito bem o que me vai na alma:

"Para haver Democracia é preciso que o poder não seja exercido por uma só pessoa. A isso chama-se ditadura. Para haver Democracia é preciso que o poder legislativo seja eleito. Para haver Democracia é preciso que o poder executivo seja eleito, ou que emane do poder legislativo eleito. Para haver Democracia é preciso que o poder judicial seja independente. Para haver Democracia é preciso que o Povo saiba quem elege ou quem não elege. A partir de hoje nada disso é possível em Angola. Pela nova “Constituição” de Angola, o Presidente da República é o “cabeça de lista” (ou seja o deputado colocado no primeiro lugar da lista), eleito pelo do circulo nacional nas eleições para a Assembleia Nacional. Não é uma eleição indirecta, feita pelo parlamento (como acontece por exemplo na República da África do Sul). Não. É o primeiro deputado da lista do partido mais votado. Mesmo que esse partido só tenho, por exemplo, 25% dos votos expressos. Por outras palavras o sr. engº José Eduardo dos Santos, com medo de perder as eleições presidenciais, acaba com elas. E por via das dúvidas, na hipótese de o partido a que preside não conseguir mais do que uma maioria relativa (por exemplo se não conseguirem fazer uma nova fraude eleitoral), ele será sempre o Presidente do País. Pela nova “Constituição” o Presidente de Angola nomeia o Vice-Presidente, todos os juízes do Tribunal Constitucional, todos os juízes do Supremo Tribunal, todos os juízes do Tribunal de Contas, o Procurador-Geral da Republica, o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, os Chefes do Estado Maior dos diversos ramos destas. Sem indicações da Assembleia Nacional ou sem qualquer proporcionalidade em relação aos votos dos eleitores. Portanto, entre familiares, amigalhaços e clientes ele arranjará gente para todos os cargos. Nem Salazar nomeava todos os poderes. Na verdade o sr. engº dos Santos já fazia tudo isto, ilegalmente é verdade, como Bokassa, Idi Amin ou Mobutu, mas agora colocou-o na lei fundamental do País e vai poder fazê-lo “legalmente”. Assim os amigos como Sócrates, Cavaco ou Obama vão felicitá-lo por esta nova “Democracia”. Assim os velhos lutadores pela liberdade do seu próprio partido, poderão continuar a receber as prebendas e as gasosas e disfarçar a sua cobardia. É por isto que hoje é um dia triste para Angola. Morreu a esperança na Democracia ou morreu a Democracia."

Tuesday, January 19, 2010

Quitte le Pouvoir, by Tiken Jah Fakoly

Tiken Jah FakolyThere are some places that politics doesn’t belong, and this site tries to be one of them, even though Lusophone music tends to have strong political connotations (Azagaia, MCK, the strong musical independent movement in Angola and other Portuguese ex-colonies in the ‘60s and 70s). But sometimes it’s hard to be impervious to such an affront to democracy and good governance. During the ongoing CAN championship Angola’s state party approved a new constitution which strips us of the right to directly elect our next president in a free and fair election; rather, the president will be elected during the legislative election process where whoever is the first MP on the list of possible MPs of the winning party is automatically chosen president.

And thus Angola slides towards an increasingly totalitarian reality. A sham of democracy.

The disgust I feel at our new reality is best summed up by one of my favorite reggae artists, Tiken Jah Fakoly. This brave man hails from Cote d’Ivoire and is himself not adverse to political controversy – his sharp tongue and knack of exposing contradictions, corruption, and outright lies perpetrated by the governments of Western Africa have seen him declared persona non grata in several west African countries.

Quitte le Pouvoir is especially suited for the Angolan reality; in translates as ‘Leave Power’. “Mr. President, if you love your country, step down,” sings Tiken Jah. The song speaks for itself.

Quitte le Pouvoir

Não gosto muito de misturar cultura e musica com política (principalmente neste site) mas as vezes é dífical não o fazer, mesmo porque a música lusófona tende a ter fortes conotações políticas (MCK, Azagaia, o movimento musical independentista de Angola e outras ex-colónias portuguesas nos anos 60 e 70s). Há vezes que é extremamente dífical matermo-nos impávidos face os grosseiros ataques a ‘democracia’ angolana. A semana que findou foi mais um exemplo desses ataques: foi aprovado o Versão C da nova constituição angolana, que entre outras anormalidades acaba com o nosso direito de eleger o nosso presidente directamente atravéz de eleiçoes livres e justas. Em contrapartida, o presidente passa a a ser simplesmente o cabeça de lista dos deputados cujo partido vence as eleições legislativas. Ou seja, os cidadãos angolanos deixam de ter o direito de escolher por sua livre vontade, e em eleições separadas, quem será o seu presidente.

E assim Angola caminha para uma democracia de faz-de-conta, rumo ao calar das opiniões contrárias.

O desgosto que tenho face a este atentado ao processo democrático angolano é melhor exprimido por o único, o irreverente, o Tiken Jah Fakoly, um artista reggae da Costa do Marfim. A sua língua afiada e as suas críticas duras contra os regimes corruptos e ás vezes mentirosos de alguns países do oeste africano ja o fizeram ser considerado persona non grata nestes mesmos países.

Quitte le Pouvoir é especialmente adequado a nossa realidade. Traduzido, significa ‘Deixa o Poder’. Senhor Presidente, pelo bem do teu país, deixa o poder, canta ele. A música fala por si.

- Photo by Matthieus

Tiken Jah Fakoly's official site
Tiken Jah on Myspace

Monday, January 18, 2010

O CAN

As an example of how on top of things I am not, I wrote an article about the African Cup of Nations that was published by the Matador Network even before the competition started, but am only posting it here at the Lounge now. And while we are on the subject, here are some photos of that fairy tale opening night here in Luanda that the Palancas Negras had the misfortune of ruining with their 4-4 defeat, because draws like that aren't draws. However, they redeemed themselves with their win over Malawi and I’ve never experienced anything like watching the Palancas Negras live. Tomorrow I’m off to the stadium for the third time to watch the all important Angola-Algeria.

Como um exemplo de quão à toa as coisas têm sido por aqui, escrevi um artigo sobre o CAN que foi publicado pelo Matador Network, e só agora é que lembrei-me de o postar aqui no Lounge. E já agora, aqui vão também umas fotos daquele dia lindo que foi a abertura do CAN em Luanda, que os Palancas tiveram a gentileza de nos estragar com aquela derrota infernal dos 4-4. Porque empate aquilo não foi. Mas prontos, redimiram-se com a vitória muito bem conseguida diante do Malawi, e amanhã vou voltar ao estádio mais uma vez para ver o Angola-Argélia. Não há sentimento no mundo igual ao de gritar golo no Estádio Nacional 11 de Novembro.

Saturday, January 16, 2010

Ultimas Noites em Luanda/Last Nights in Luanda

I’m not even going to try to minimize the absence of posts with a paltry excuse. I’ve been atrocious at keeping you all updated with top quality music. There is something in the air here in Luanda that makes it impossible to sit still and write. I don’t know if it’s the roller-coaster CAN, the constant trips (I went to Cabala today!), the extremely annoying internet service, the Pepetela book I just finished reading, the reasons could be many.

My plane leaves for Boston on Tuesday and I’ll stop for a night in Lisbon where I hope to get some promising Portuguese albums and an Agualusa book or two. For my last Saturday in Luanda I’m going to go hang out with the good people at Elinga and listen to DJ Djeff and DJ Silyvi spin some tantalizing Angolan house, as well as admire football photography by Bruno Fonseca focusing on the CAN and EURO 2008 – I want my last Saturday here to be a memorable one. Upon my return to Boston I can assure you that Caipirinha Lounge will come back in full force, as I will deluge you with all I’ve seen, heard, and felt during my stay in Angola.

Estamos Juntos!

*Elinga Detais for Tonight* *Detalhes dos acontecimentos no Elinga hoje a noite*


Sábado, Saturday 16.1.10

CAN we dance…?

Djing - DJ Djeff & DJ Silivy – 22h30 – 1.000 kwanzas (inclui uma bebida)

Exposição Fotográfica Bruno Fonseca (CAN 2008 e EURO 2008)

ARTS, SOULFULL HOUSE, HOUSE & DEEP HOUSE

Para os aficionados do House, e para o culto da Musica de Dança Moderna, aí está um evento a não perder, pois dois dos melhores DJs de House de Angola, dois DJs de Culto e de referência estarão presentes no Bar Elinga para esta sessão, tendo como convidado especial DJ Djeff (http://www.myspace.com/djdjeff1). DJ Silyvi fará também jus à produção que tem feito na área do House. Este Sábado às mais altas temperaturas será sentida a febre do house! A exposição de Bruno Fonseca continuará em permanência na sala de exposições este Sábado para quem não tiver comparecido na Sexta... :-DD

Nem vou tentar minimizar a ausência gritante de novos posts aqui no Lounge com uma desculpa esfarrapada. Tenho sido simplesmente fraco nesta vertente. Ja nem me lembro a última vez que vos brindei com música de jeito (Max de Castro? Marcus Wyatt? Quando foi isto?). Há qualquer bichinho no ar aqui na Kianda que me impede de sentar e escrever. Não sei se são as constantes idas ao estádio pra ver o CAN (trombose!), não sei se são as constantes viagens (hoje fui à Cabala!), ou talvez o serviço da internet que está cada vez pior, ou mesmo a maneira como tenho devorado sem parar O Planalto e a Estepe do Pepetela. Desculpas são muitas...

O meu avião parte para Boston na terça-feira e ficarei uma noite em Lisboa em trânsito (sabem como tenho saudades daquela cidade), onde espero comprar uns cds portugueses e não só dos quais tenho ouvido coisas lindas. Também espero comprar um livro ou outro do Agualusa, já que há muito que quero ler O Vendedor dos Passados. Para o meu último sábado em Luanda vou me deslocar ao Elinga para ouvir house angolano como tocado pelos DJ Djeff e DJ Silivy, bem como ver uma promissora exposição fotográfica do Bruno Fonseca acerca do CAN e EURO 2008. Quero que o meu último sábado cá seja a sério. Após o meu regresso ao frio contundente de Boston posso vos assegurar que o Caipirinha Lounge voltará em força, são tantas as músicas e as inspirações colhidas aqui nesta terra.

Estamos Juntos!

Tuesday, December 22, 2009

Charles de Gaulle, my Tower of Babel

Charles de Gaulle Terminal FAs luck would have it, I am stuck in Charles De Gaulle’s Terminal F awaiting my flight to Luanda, which leaves in…11 hours. I have been here for 5 hours already and am surprising myself by my ability to wait. I think it should be considered an art form. The art of waiting. I don’t mind it much (as of now) and besides, I love Charles de Gaulle, despite its sometimes questionable reputation. I love the amalgams of languages being spoken around me, the incredible diversity of my fellow travelers, some of them stranded just like me, and even the lovely French of the loudspeaker announcers. Bizarre, I know. Right now I am sitting next to a boarding flight to Ouagadougou, and I don’t think I have ever before seen or met Burkinabes. Lovely.

I have fond memories of this particular airport – back in the day when my mother lived in Lisbon my little brother and I would always fly through CDG from Washinton, D.C., on our way to Portugal. Good times, Joel. It does however, help that I just obtained Dino & The Soulmotion’s CD Eu e os Meus, a truly fine piece of R&B and soul that will be featured here at the Lounge upon my arrival in Luanda, if the Kianda’s internet Gods permit me to do so. Expect some Paula Lima and BossaCucaNova as well. As for books, I just finished Ryszard Kapusinski’s Another Day of Life, a brilliant account of the days leading up to Angola’s independence. I’m going to tackle Dambisa Moyo’s Dead Aid or Malcolm Gladwell’s Outliers next – I haven’t decided which one yet.

For now, I’m just glad to be going home. I’ll leave you with Soulbreakxtra’s Angola em Dezembro, as promised, because the song epitomizes how I feel.

Á demain.

Angola em Dezembro

Por força do destino e de atrasos de voos, vou ter que passar as próximas 11 horas da minha vida no aeroporto Charles de Gaulle em Paris, mais concretamente no Terminal F, bela obra arquitectónica. Ja estou cá à 5 horas e estou surpreso com a minha capacidade de espera. Deve ser por nascer angolano. Ter que esperar por água, luz, dá nisso! Penso também que ja sou perito nestas andanças, na arte de esperar. Por enquanto ainda não tem sido assim tão aborrecido, por diversas razões. Em primeiro lugar adoro estar a ouvir tantos idiomas a minha volta. E como adoro francês, até os simples anúncios nos altifalantes fazem com que me esforça para ouvir pra ver se capto alguma coisa. E em segundo lugar, gosto de estar ao lado de gente de todo mundo. Neste momento o gate ao meu lado é de um voo com destino a Ouagadougou. Nunca tinha visto ou conhecido um Burkinabe.

Tenho boas memórias deste aerporto. Nos velhos tempos a minha mãe vivia em Lisboa, e o Charles de Gaulle era ponto de passagem obrigatório quando eu e o meu puto Jujas estivessemos a vir de Washington, ja que não há voos directos entre as duas localidades. Ainda outra circunstância que esta a fazer com que as horas passem é a minha recente aquisição do CD Eu e os Meus do Dino Soulmotion, uma obra de arte pintada por R&B e soul. Em breve o homem aparecerá aqui no Lounge num post como deve ser, se os deuses da internet em Luanda assim o permitirem. A caminho estão também posts acerca da Paula Lima e dos BossaCucaNova. A não perder. Em termos de leitura, acabo agora mesmo de ler Another Day of Life por Ryszard Kapusinski, um livro fascinate que detalha em cores vivas os meses intensos que Angola viveu logo antes da sua independência.. A seguir vou começar Dead Aid por Dambisa Moyo ou Outliers do Malcolm Gladwell...ainda não decidi qual.

Por agora, só me resta estar feliz pelo regresso a casa mas o menos iminente. Vos deixarei com o tema “Angola em Dezembro” do Soulbreakxtra, como prometido, porque caputra muito bem o que me espera no reencontro com a banda.

Á demain.

-Photo: Terminal F, by Yuen Long

Thursday, December 17, 2009

Elinga Bar celebrates its second anniversary

Elinga TeatroI have never set foot in Elinga Bar. When I left Luanda about a year and a half ago, legend has it that the bar had just narrowly avoided demolition by the ever present construction vultures that pray on Luanda’s architectural and cultural heritage, erasing the city of its roots and identity in favor of concrete behemoths that sometimes have very little to do with their surroundings. In reality, the Elinga Bar is much more than that – before it was a bar the Elinga was one of the premiere cultural centers of Luanda and has been there since 1975 (?), serving concurrently as a theater venue and an art gallery, and hosting a myriad of other cultural activities over the years. These days the Elinga Bar has been taken over by an enterprising and optimistic group of artists and Djs calling themselves the Movimento X, and they have succeeded in creating alternative sort of atmosphere for “alternative” Angolans, those that like good vibes, little fuss, and great music. My kind of night.

Nunca pisei no Elinga Bar. A última vez que estive em Luanda, a cerca de um ano e meio atrás, só ouvia boatos que este mítico espaço cultural da capital angolana estava em vias de ser demolido por um camartelo qualquer que, não tendo destino nem sentido de história, partia tudo que fosse património arquitectónico e/ou cultural, apagando sem piedade as raízes e identidade da cidade de Luanda para no seu lugar erguer uma torre alta e sem carácter e que nada tem haver com o ambiente a volta (quem ainda se lembra do mercado do Kinaxixe?). Tendo existido desde 1975 (salvo erro?), o Elinga sempre foi um ponto de encontro para as almas artísticas da cidade, sítio onde são exibidas peças teatrais, peças de arte, e muitas outras actividades culturais. Hoje em dia, o espaço foi resgatado por um grupo de jovens artistas e empreendedores que se dão o nome de Movimento X, que transformaram o Elinga em ponto de encontro para gente ‘alternativa’, que gosta de noites de boas vibes, pouca confusão, e musica excelente. O meu tipo de noite.
Elinga LuandaLook at their music selection: they usually play soul, jazz, soul-funk, nu-jazz, deep house, broken beat, alternative, and other sounds not regularly heard in Luanda. It has been decided that it’s going to be the first nightlife spot I set foot on upon my return to the Kianda. And if you are there right now, be sure not to miss their second anniversary party. Below are the deets (Click on the picture for a much better view). Be sure to check out their hip-hop fair on the 20th, featuring such gems as MCKs first CD, as well as other paraphernalia. Yet another event that I’ll get to miss. But perhaps the last one!
Click on the pic for a better view and to be able to actually read what it says.

O que mais me chama a atenção é o seu estilo de música. Não é todos os dias em Luanda que encontramos um sítio que toque soul, jazz, soul-funk, nu-jazz, deep house, broken beat, e alternative. Está decidido que esta será primeira casa nocturna onde ponho os pés após o meu regresso a cidade da Kianda. E para quem está lá agora e ainda não ouviu, tenham cuidado para não perder a festa do seu segundo aniversário, que, como sempre, promete. E no dia 20 é a feira do hip-hop e o movimento urbando, onde será possível comprar relíquias tais como o primeiro CD do MCK, Trincheira de Ideias. CD que ainda tenho até hoje, capa improvisada e tudo. É mais outro evento que infelizmente vou perder, mas creio que será o último.
Cliquem na imagem para lerem melhor.

Movimento X LuandaThe good people over at Luanda Nightlife also have good things to say about this place...

-Photo 1 by Blog da Ju, photo 2 by CasadeLuanda, photo 3 by subscribing to their newsletter at x.movimento(at)gmail(dot)com

Monday, December 14, 2009

O Governo Tem Que Dar: Um artigo para profunda reflexão

Este post nada tem haver com a música, mas uma rápida vista de olhos aos links deste site dá para perceber que música não é a única coisa que enche os meus pensamentos. Há dois blogs em particular que eu leio assíduamente: o Morro da Maianga do Wilson Dadá e o Aerograma de um português a viver em Angola, o Afonso Loureiro. São dois blogs excelentes que me permitem estar a par das politiquices e do dia-a-dia da minha kianda e do meu país. Ontem deparei-me com o seguinte artigo no site do Aerograma:

http://afonsoloureiro.net/blog/?p=3812

Apelo a todos os angolanos (e não só) que frequentam este site a dar uma vista de olhos a este artigo, e reflectir acerca dele. São pensamentos que partilho a longa data e que dedico horas e horas de reflexão, porque choca frontalmente com o espírito empreendedor dos Estados Unidos, África do Sul, e outros países por aí além onde o próprio povo decide fazer algo por si próprio e não esperar tudo do governo. Como diz um velho ditado que também pode ser aplicado aqui, duas mãos a trabalhar fazem mil vezes mais do que duas mãos a rezer.

Este artigo de certeza que vai gerar respostas interessantes, a julgar pelo primeiro comentário ao post.
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