Showing posts with label kuduro. Show all posts
Showing posts with label kuduro. Show all posts

Sunday, February 3, 2013

Editor's Pick: The Top 10 Lusophone Albums of 2011

This isn't a typo. I really do mean 2011.

I used to make fun of the guys at Wakuti Musica and Luaty at Musica Uhuru for going months without updating their blogs. Now I can finally relate. This post was due a little over 1 year ago. As other projects, events, and dreams have gotten in the way, my Lusophone music consumption greatly suffered, and with it the pace of writing at the Lounge. I didn't even finish listening to most albums below until well into 2012.

But what great albums they are. From Komba (Buraka Som Sistema) to Proíbido Ouvir Isso (MCK) to Cherry on My Cake (Luísa Sobral), 2011 was (another) stellar year for Lusophone music. There were more collaborations among luso-artists and there were many high-profile concerts and musical events in the main Lusophone capitals in the world and several cities beyond those. Music in Portuguese is becoming ever more popular. I was lucky to see several Brazilian musicians here in New York and even got to see Buraka in action, and in a testament to all great albums, many of the ones profiled below are still in heavy rotation on my iPod, over a year after they came out.

Below were my favorite Lusophone albums of 2011.

Não, não é um erro. Quis mesmo dizer 2011.

Antes ria-me dos manos do Wakuti Música e o Luaty do blog Música Uhuru por ficarem meses sem um novo post nos seus respectivos blogs. Finalmente posso perceber o que causa este “silêncio”. Blogar todos os dias é obra, e este post que escrevo neste momento era pra sair há mais de um ano atrás. Um ano! Mas o tempo foi passando e a vida foi acontecendo. Projectos, eventos e sonhos foram surgindo e o meu consumo de música lusófona sofreu com isso, bem como a frequência dos posts neste espaço. Só acabei de ouvir os álbuns aqui perfilados já bem no meio de 2012.

E que grandes álbuns temos aqui. Desde o Komba (Buraka Som Sistema) ao Proibído Ouvir Isso (MCK) ao Cherry on My Cake (Luísa Sobral), 2011 tem sido (mais) um ano excelente para a música lusófona. Houve mais colaborações entre artistas lusófonos, grandes eventos culturais nas principais capitais da lusofonia e não só, e nota-se o crescimento da popularidade da música lusófona à volta do mundo. Tive a oportunidade de ver vários músicos brasileiros aqui em New York, incluindo os Buraka. E como todos grandes álbuns, os aqui perfilados continuam em constante rotação no meu iPod, mais de um ano depois de terem saído.

A seguir, os meus álbuns preferidos de 2011.

10. Komba, by Buraka Som Sistema (Portugal/Angola)


Buraka’s rise has been meteoric. They’ve basically carried the kuduro sound all over the world and made it cool outside of Luanda’s streets. It’s the first, if not the only, Luso-Angolan group that has truly become a globally-known band, selling out concerts from Rome to Tokyo to Paris to Mexico City (which is, incidentally, one of Conductor’s favorite cities for a Buraka concert). This year marked the first time they performed in India, where they gave their local New Delhi fans a taste of their infections electro-kuduro sound. And I finally had the opportunity to see them right here in New York City, in an unforgettable concert. Their music is still pure energy: festive and frenetic with a highly contagious rhythm that denotes a certain evolution in their sound, evidenced by some of the artists that they invited for this album. Sara Tavares on a kuduro? Yeah. Why not?

Voodoo Love

Buraka, by brooklynvegan.com
A ascenção meteórica dos Buraka tem sido vertiginosa. É o primeiro, se não o único, grupo luso-angolano que conseguiu realmente se impôr no mundo como uma banda global, esgotando concertos de Roma à Tóquio a Paris a Cidade do México (que por acaso é um dos lugares preferidos do Conductor). Este ano levaram pela primeira vez a sua mistura contagiosa de kuduro e electro à India, num concerto inédito em Nova Delhi. E eu finalmente tive a oportunidade de os ver actuar aqui em Nova Iorque, num concerto inesquecível. A música, esta continua energética, festiva, frenética, num ritmo alucinante em que se nota alguma evolução sonora da banda, mesmo vendo pelos artistas que eles decidiram convidar desta vez. Sara Taveres num kuduro? Ya. Porque não?

9. Chapa '97, by Cacique '97 (Portugal/Mozambique)


Afro-beat in Portuguese. I still can’t get over that. For people who love this genre, Luso-Mozambican collective Cacique ‘97’s new EP is tasty. It has all the ingredients with which these musicians have made us love them and also features another artist that we’ve grown to love, Nástio Mosquito. Cacique’s live performances, which make up 4 of the 6 songs in this EP, are full of life. Chapa ’97 is the standout here – it’s such a great tune. It was inspired by the unrest in Maputo towards the end of 2010, triggered by yet another price increase of basic goods. True, this only an EP and not a true album, but the energy in Cacique’s live performances and the quality of the work here merited its inclusion. Chapa ’97 live is something else.

American Cop

Cacique '97, by flun
Afro-beat em português. Para amantes do género, o novo EP da malta luso-moçambicana dos Cacique ’97 está saboroso. Tem todos os ingredientes com os quais estes músicos já nos habituaram e conta também com a participação de artistas que muito apreciamos, entre eles o Nástio Mosquito. São dois temas inéditos e 4 sons gravados ao vivo. Chapa ’97 é muito som, e o meu preferido. Foi inspirado nos confrontos que surgiram em Maputo em 2010 depois de mais uma súbida dos preços de produtos básicos. Sim, isto é só um EP e não um álbum própriamente dito, mas a qualidade do trabalho motivou a sua inclusão nesta lista. Chapa ’97 ao vivo é outra coisa.

8. Pitanga, by Mallu Magalhães (Brazil)


I was very impressed by the musical quality of Mallu's third studio album and how, at just 20 years old, she has truly found her voice. Pitanga contains confidence and assurance not usually seen in artists this young. The sound of her album is a unique mix of MPB, bossa nova, and folk rock, combining genres seldom seen in a Brazilian production. She binds it all together with that sweet, delicious voice of hers that she uses to great effect. It's almost like a caress, the way she whispers. Pitanga is the album I'd play on quiet nights while sipping a drink or lazy Sunday afternoons; it has a soothing effect. Sambinha Bom was one of my favorite tracks that year and one I still listen to regularly.

Highly Sensitive
Mallu, by Eneias Barros
Fiquei positivamente impressionado pelo terceiro álbum da Mallu e como ela, aos 20 anos, já foi capaz de encontrar a sua voz e o seu estilo próprio de interpretar a música. O álbum chama-se Pitanga e nele a Mallu liberta-se, mostrando confiança e certeza em si própria, no seu talento, e na sua música, confiança esta que nem sempre é comum em artistas tão jovens. O som dela é uma mistura incomum de MPB, bossa nova, e folk rock, géneros que normalmente não coabitam numa produção brasileira. A voz deliciosa, sussurrante dela actua como um instrumento sobre as diversas melodia. É quase como uma carícia, a voz doce dela. Pitanga é o álbum que toco em noites calmas enquanto aprecio um vinho ou então em tardes preguiçosas de domingo; tem um efeito acalmante. Sambinha Bom é uma das melhores músicas que ouvi em 2011 e uma que ainda toco regularmente.

7. World Massala, by Terrakota (Portugal)


I have a lot of love for Terrakota. Their musical versatility is simply incredible. World Massala, their most recent album, is a previously unheard of mix of Lusophone music and Indian music, and they actually traveled to the Indian subcontinent to drink the music from the source. I’m also a fan of Terrakota for reasons beyond their music. They’re environmentally-friendly stance, their simple and altruistic lifestyle, their complete disregard for imaginary land borders, and even their political choices are qualities I greatly appreciate. When Angolan youth were getting beat up in the streets of Luanda for legally protesting against the regime, Terrakota showed their indignation is social media platforms and even in concert, when they, alongside the regime’s favorite protestor Ikonoklasta, showed their solidarity with the Angolan youth that had been farcically incarcerated. Despite its Indian flavor, World Massala also has some more afro-centric and Brazilian-sounding jams. Ilegal below is one of them.

Ilegal


Tenho muito amor pelos Terrakota. A sua versatilidade musical é simplesmente incrível. O World Massala é uma mistura previamente inexistente de música lusófona com ritmos indianos, e eles viajaram até ao subcontinente asiático para sentirem de perto a música. Mas também aprecio muito a postura deles enquanto artistas e seres humanos. Gosto da atitude ambientalista deles,a forma simples e altruísta como encaram a vida e até mesmo das suas opções mais políticas: quando os jovens angolanos estavam a apanhar porrada nas ruas de Luanda por se manifestarem, os manos da Terrakota mostraram a sua indignação nas redes sociais e na mesma altura realizaram um concerto com o “arruaceiro-em-chefe” em que o mesmo, e a banda, se mostraram solidários com os jovens injustamente incarcerados. Apesar do seu sabor indiano, o World Massala também contém ritmos do continente berço e outros com sabor mais brasileiro. Ilegal acima é um deles.

6. Dor de Mar, by Tcheka (Cape Verde)



It’s one of my favorite albums to listen to in the morning as I’m getting ready to work and also during my commute. It has the power to clear my mind, to relax me, to prepare me for the day ahead. It is definitely the best album to come out of Cape Verde in 2011. Dor de Mar is another strong effort from Tcheka, full of beautiful melodies and haunting tunes that only a Cape Verdean can create and only those islands can inspire. And once again, the songs are enhanced by Tcheka’s voice – the man can sing. This album is Tcheka’s fourth and I hope for the sake of Lusophone music that he continues to give us these sonic treasures.

Pexera Porto

Tcheka, by Jono Terry
É dos meus álbuns preferidos para ouvir logo de manhã enquanto me preparo para o trabalho, e também adoro ouvi-lo no subway. O álbum relaxa-me, clarifica-me a mente e prepara-me para enfrentar o dia. É definitivamente o meu álbum preferido a sair de Cabo Verde em 2011. Mais uma vez o Tcheka conseguiu compôr um álbum musicalmente forte, repleto de lindas melodias e canções que só um caboverdeano pode sonhar e só aquelas ilhas podem inspirar. E mais uma vez cada melodia, cada canção é reforçada pela voz do Tcheka...realmente o homem sabe cantar. Este já é o quarto álbum do Tcheka e pelo bem da música lusófona, espero que continue a nos oferecer estes tesouros sonoros.

5. The Cherry on My Cake, by Luísa Sobral (Portugal)



Several publications considered Luísa Sobral's debut album The Cherry on My Cake as the best Portuguese album of 2011 and I'd have to agree. What an assured and accomplished debut by the young woman. She has a wealth of talent at her disposal and if her breakthrough success on both sides of the Atlantic (US and Portugal) is anything to go by, she'll be singing for awhile. I love that Luísa made the choice to sing in both Portuguese and English; it gives her jazzy, lighthearted album a distinct sound and feel. Hearing her croon in Portuguese is particularly satisfying, and her English still retains a bit of a Portuguese accent. I'm a huge fan of accents, especially when sung to music like this. Not There Yet was amongst my favorite songs of 2011, while O Engraxador below is another standout track.

O Engraxador

Luisa Sobral, by EU Neighbourhood Info Centre
Várias publicações consideraram o álbum de estreia de Luísa Sobral,  The Cherry on My Cake, como o melhor álbum português de 2011. Terei de concordar. Que grande estreia por parte de uma cantora tão nova e talentosa. O facto que a Luísa encontrou sucesso não só em Portugal como também aqui nos States logo na primeira tentativa é prova que ela veio para ficar. Adoro o facto dela ter escolhido cantar tanto em inglês como em português; a presença dos dois idiomas, a maneira como as duas línguas funcionam igualmente bem nas músicas jazzy e alegres, torna o álbum distinto. Sou um apreciador de jazz em português e não é todos os dias que o oiço. E também sou um apreciador de sotaques - gosto de ouvir o sotaque aportuguesado do inglês da Luísa. Not There Yet, single do álbum, foi dos meus sons preferidos de 2011, enquanto que O Engraxador é outro tema que aprecio.

4. Clave Bantu, Aline Frazão (Angola)



After I found out about Aline and her music, I dreamt of seeing her play at the Luanda Jazz Festival. I also hoped that one day she would edit an album, even though she said she had no plans to do so at the time. In 2011 she released her studio debut Clave Bantu and in 2012 she played in the Luanda Jazz Festival. Some dreams do come true, apparently...

There are not many albums like this one in the Angolan market. There aren't many albums with this sublime simplicity, this beauty, this lightness. Guitar, voice, percussion. It's an album that's easy to listen to and contains influences from other Lusophone areas, including Brazil, Cape Verde, Portugal, and...Galicia. It was independently produced and released by Aline herself. Of the 11 tracks, two were written by very well known Angolan authors: Ondjaki wrote Amanheceu while José Eduardo Agualusa wrote O Céu da Tua Boca. The other nine songs are Aline's. I'll leave you with Na Boca do Mundo, one of the standouts.

Na Boca do Mundo

Aline, by Obra Social Caja Madrid
Pouco após conhecer a Aline sonhava em ver-lhe cantar no Luanda Jazz Festival. Sonhava também em escutar um disco dela, porque na altura em que comecei a ouvir as suas músicas ela nem sequer tencionava lançar um álbum. Em 2011 ela lançou Clave Bantu e em 2012 cantou no Luanda Jazz Festival. Alguns sonhos tornam-se realidade...

Não existem muitos álbuns como este no mercado angolano. Não existem muitos álbuns com esta liberdade, esta beleza, esta simplicidade. Guitarra, voz e percurssão. É um álbum de audição fácil, suave, com influências de vários pontos da lusofonia, incluindo Brasil, Cabo Verde, Portugal e...a Galicia. Foi produzido de forma independente. Das onze faixas, duas foram escritas por conhecidos cantores angolanos: o Ondjaki escreveu Amanheceu e o José Eduardo Agualusa é o autor de O Céu da Tua Boca. As outras nove músicas foram lindamente escritas pela Aline. Fique com Na Boca do Mundo.

3. Proibído Ouvir Isso, by MCK (Angola)


His songs usually don't play on the radio - only his tamer songs get airtime. His videos aren’t shown on TV. He’s anti-regime. Still, his album release event in Luanda's Praça da Independência attracted more crowds than any other release event in the capital that year. Thousands of people turned up to try to get a copy of one of the most anticipated album of the year. Once again, with his characteristic humility, MC Katrogipolongopongo calmly sold out his album and continued to spread his unique brand of social critique. He then went to the provinces and did the same thing. The effect was immediate. The phrase 'país do Pai Banana' (father banana's country) entered into the national lexicon. Even Rafael Marques took a break from his usual articles and wrote an extensive piece on this album, becoming a music blogger for a day. Proibído Ouvir Isso features some heavy-hitters of the Lusophone music scene, including Angola's Paulo Flores and kuduro artist Bruno M, and Portuguese producing maestro Sam the Kid. This was simply the best Angolan rap album of 2011 and the one that was able to create serious discussion about the social ills that plague us as Angolans.

Eu Sou Angola

Lançamento do Proibído Ouvir Isso
Foto do blog Kano Kortado
Não tocava na rádio. Não passa na televisão. É anti-regime. Mas mesmo assim, o lançamento do mais novo disco do MC do Bairro de Lata foi talvez o lançamento mais concorrido do ano em Luanda. Eram milhares de pessoas ávidas em conseguir uma cópia do CD. Mais uma vez, com a humildade que lhe é característica, o MC Katrogipolongopongo encheu a Praça da Independência em Luanda e vendeu milhares de exemplares. Depois viajou pelas províncias e fez o mesmo. O efeito foi imediato. A frase “país do Pai Banana” entrou no léxico nacional. O álbum foi motivo de um artigo extenso no site do Rafael Marques e fez com que o homem se tornasse music blogger por instantes. Contou também com a participação de grandes talentos do panorama musical angolano e não só, entre eles o Bruno M, Paulo Flores e Sam the Kid. É simplesmente o melhor álbum de rap angolano de 2011, e mais do que isso, foi álbum que mais despertou a nossa consciência crítica como cidadãos angolanos. Ponto final.

2. Lovers Rock Inna Week, by Grasspoppers (Portugal)


It's an ambitious, heavy-hitting album, filled with musicians at the top of their game. Selma Uamusse. Milton Gulli. Helder Faradai. Just to name a few. Cape-Verdeans, Mozambicans, Angolans. English, Creole, and Portuguese. This album has it all. Grasspoppers released the album for free on their website, which means that you (still) have the possibility of listening to quality Lusophone reggae without spending a single cent. When the album first came out I was unable to listen to much of anything else for days. On the subway on the way to work, at home as I made dinner, in the city streets as I walked to friend's houses, it was Lovers Rock that was playing. I still listen to it regularly over a year after its release. Carta a Uma Cidade Anoitecida was among my absolute favorite songs of 2011. At night, in the quiet dark, alone or with company, or on that night drive when it seems the road is all yours, there are few better songs to play than that one. This was, without a doubt, one of the albums that most influenced me in 2011.

Black Brothers Riddim


É um álbum estonteante, com personagens em grande forma. Selma Uamusse. Milton Gulli. Helder Faradai. Só para citar estes. Cabo-verdianos, moçambicanos, portugueses, angolanos. Português, crioulo, inglês. O álbum tem de tudo. Os manos dos Grasspoppers ofereceram o Lovers Rock de graça no seu website. Ou seja, tem a possibilidade de escutar reggae lusófono de qualidade sem gastar um único centavo. Quando o álbum saiu, ouvia-o durante dias seguidos. No subway a caminho do trabalho, em casa enquanto preparava o jantar. Ainda o oiço com frequência, mais de 1 ano depois de ter saído. Carta a Uma Cidade Anoitecida foi talvez a música que mais gostei de ouvir em 2011. À noite, no escuro, na solidão ou com uma companhia, no carro de madrugada com a estrada vazia, não conheço melhores músicas para se escutar. Este foi, definitivamente, um dos álbuns que mais me marcou em 2011.

1. Nó na Orelha, by Criolo (Brazil)



Quite simply the best Lusophone album of 2011, and definitely the best Lusophone rap album to come out in some time. It was considered by national and international publications as the best Brazilian album of 2011. Nó na Orellha broke down several barriers and introduced Criolo to a worldwide audience. On the success of this album, Kléber Gomes, his real name, finally left São Paulo and held live concerts in Paris, London, and right here in New York City, introducing rapt audiences to the distinctive rhythm of his Paulista rap. There's a lot to love about this album. It is the complete package: lyrically profound, excellently produced, and so much more than just rapping. Criolo infused his brand of hip hop with soul, intelligence, and a distinctly Brazilian identity - he sings in some tracks, croons in others and then lays down rhymes with the same skill as the best. From the afro-beat opener to the samba closer, Criolo's second album contains several sonic landscapes, among them funk, MPB, blues, and brega. It is a trascendental album and further establishes São Paulo as the source of all that's brilliant about modern Brazilian, and Lusophone, music.

Lion Man

Criolo, por Tinho Sousa
Simplesmente o melhor álbum lusófono de 2011, e definitivamente o melhor álbum de rap lusófono que eu ouvi nos últimos tempos. Foi considerado como o melhor álbum brasileiro de 2011 por várias publicações brasileiras e internacionais. Nó na Orelha quebrou vários preconceitos e apresentou o Criolo à uma audiência mundial. Por causa do sucesso deste álbum o Kléber Gomes, como também é conhecido, teve a oportunidade de actuar ao vivo em várias capitais mundiais, incluindo Paris, Londres, e Nova Iorque. Introduziu o seu rap paulista ao mundo. Há muito que respeitar e apreciar neste álbum - é um trabalho completo. Liricamente profundo, excelentemente produzido, e muito mais que rap. Este MC conseguiu criar o seu próprio estilo de rimar e encarar o hip-hop. O hip-hop do Criolo tem soul, inteligência e uma identidade brasileira distinta. E como se não bastasse, este homem também sabe cantar. Não existe amor em SP é uma obra de arte por si só. Desde o afro-beat da primeira música ao samba da última, Nó na Orelha é uma viagem por várias paisagens sonoras, incluindo funk, MPB, blues e brega. É um disco trascendente que mais uma vez estabelece São Paulo como a fonte de tudo que é brilhante na música brasileira e lusófona moderna.

Monday, December 10, 2012

Os Kuduristas em NYC

Como escritor de um blog de música minimamente conhecido, recebo por dia vários emails das chamadas PR agencies que procuram a todo custo promover os artistas que pagam pelos seus préstimos. É tudo parte da estratégia de promoção da música numa altura em que a internet parece mesmo ser a principal plataforma pela sua disseminação. Sendo os blogs parte desta ferramenta, os seus escritores são diariamente bombardeados com este tipo de emails. Não importa se o blog só promove música lusófona.

Normalmente o destino destes emails é o lixo. Mas de vez em quando, vem um que vale mesmo a penas abrir. A vasta maioria dos emails que recebo por estas agências não tem nada haver com um músico ou  da lusofonia ou pelo menos do meu interesse. Mas uma vez ou outra aparece uma promoção do novo álbum da Carmen Souza, ou uma alerta a um concerto aqui em New York da Mallu Magalhães. Normalmente a empresa que promove artistas de jeito é a Rock Papers Scissors. E a semana passada, pela primeira vez desde o primeiro post aqui nestas andanças do Caip Lounge, recebi um email a promover um grupo angolano que vem actuar em New York City, ainda por cima perto do meu 'beco' aqui em Brooklyn.
Os Kuduristas vão estar esta noite no Bembe (o meu lugar preferido em New York). Amanhã estarão no Poisson Rouge, onde pela primeira vez vi o Black Coffee a tocar, e seguem depois para Washington DC. 

Pelo que tenho ouvido da passagem deles pela Europa, isto é a não perder. E pelos vistos, o Kuduru realmente tornou-se num fenómeno mundial e globalizado.

O email que recebi:
Os Kuduristas: A global initiative to introduce Angolan Kuduro dance and music internationally through interactive events and programs

December Dance Battles, Workshops, and Performances coming to N.Y.C. and Washington, D.C. for the first time ever
Angolan Kuduro music and dance is coming to the U.S. for the first time ever, delivered by Os Kuduristas (oskuduristas.com), featuring Kuduro dance heavyweights. This December some of the best Kuduro dancers from Angola (southwestern Africa) will arrive in New York City and Washington DC, showcasing the highly energetic dance and electronic music style that has captured the hearts of M.IA., Björk, and Diplo.

Following up on strong response to this Fall’s European dance battles and events, the East Coast presentations of Os Kuduristas will bring Kuduro’s energy to club sets, in collaboration with global bass icons like Chief Boima, DJ KS*360, and DC’s Sol Power All Star DJ’s. With quicksilver, on-the-spot choreography and a feel for beat and movement uniquely their own, Os Kuduristas performers embody the spirit of the new Angolan scene, showing Americans what Kuduro is.

Os Kuduristas is also engaged in an interactive cultural exchange educational component at New York City high schools and youth centers involving aspiring young beat-makers, filmmakers, and dancers. The Os Kuduristas performers will participate in a cultural exchange with students at Achievement First High School in Brooklyn and conduct lecture-demonstrations for the student body, while being filmed by filmmaking students from Frank Sinatra High School of the Arts in Queens and presenting tracks made by music production students participating in a special, Kuduro-inspired workshop. In addition to the school-based activities, the Angolan crew will present Kuduro’s history and moves to youth at two dance-centered programs: The Door and KR3TS, in a moving exchange between N.Y.C.’s street styles and Kuduro’s unique expressiveness.

Born of Angola’s burgeoning cultural revival in the Information Age, Kuduro is the cultural expression of a new international and post-war generation. It is a highly energized, innovative movement that incorporates dance, music, fashion, lifestyle, and attitude. Kuduro is filled with palpable optimism, opportunity, and excitement. Culturally savvy, cheeky, colorful, and bold, Kuduro is a unique and provocative genre that bridges the gap between Angolan and global cosmopolitan identity.

“There is definitely a sense of re-birth and renewal happening in Angola right now,” reflects CoréonDú, Os Kuduristas executive producer and respected Angolan musician. “It’s also a time of discovery and of people trying to find their own medium of expressing the moment of history we are living. The time is ripe with opportunity and openness to the world that allows for new creative perspectives and horizons.”

Kuduro moves burst with this vibrant discovery process and desire to capture life’s intensity. While Kuduro dance shares some common ground with other international street forms like breaking, popping, locking, dancehall and voguing, it is authentically Angolan, marked by references to recent events and moments in everyday life, as well as bold breeches of gender barriers.

“Dance is, quite obviously, one of Kuduro's most paradigmatic features and, although similar in structure to the North American breakdance, it was mostly inspired in a choreographic plasticity that is typically Angolan,” explains Angolan cultural critic Jomo Fortunato. “Melody and harmony are professedly demoted and rhythm and improvisation are key elements.”

“It’s not like you develop a tolerance for watching people move their bodies like that. It’s going to brighten your life every time.” –MTV Iggy

N.Y.C. Os Kuduristas Events Open to the Public
December 10, 2012: Bembe Lounge. iBomba with DJ Chief Boima and featuring the Os Kuduristas dancers and Fogo de Deus as guest MC. (81 S 6th St in Williamsburg, BK,). Midnight
December 11, 2012: Le Poisson Rouge. “Behind the Groove” special Kuduro Afro House set by DJ KS*360. (158 Bleeker Street). Midnight
December 16, 2012: Gonzalez y Gonzalez. "Hangtime" Special performance (192 Mercer Street). 9:30 PM
Exclusive Washington, D.C. Os Kuduristas Events Open to the Public
December 21, 2012: Tropicalia Club “Shrine" party with special guest performances by MC Fogo de Deus and the Kuduro dancers and featuring DC’s Sol Power All Stars (http://solpowerdc.tumblr.com/)(2001 14th Street NW; enter on U Street down stairs). 9:00 pm + 11:00 pm sets

Find out more on RockPaperScissors site here.

Saturday, August 25, 2012

Batida 'ta sair bem...!

O Público disse isso acerca da actuação do grupo Batida no festival Bons Sons, na aldeia portuguesa de Cem Soldos:
Um concerto dos autores de Dance Mwangolé não é simplesmente um concerto. É uma vibrante celebração musical, uma performance activista, um festim de ritmo e de dança. Os sons da Angola da década de 1960 e 1970 transformados matéria do presente: o ritmo electrónico dos musseques, o kuduro agora globalizado, entra na dança, as imagens de arquivo projectadas ganham cor de pinturas tribais e, enquanto a dikanza (conhecemo-la como reco-reco) e as congas se lançam à base rítmica popular da música, a batida electrónica e as vozes (ora hip hop apontado ao coração do poder angolano, ora chamamento para repetir por quem ouve – “Yumbalá!”) transformam esta música numa síntese de tempos e estéticas irresistível.

Frente ao Palco Lopes Graça, ancas meneavam o melhor que podiam, crianças mexiam-se, homens feitos em tronco nu entregavam-se a toda aquela luxúria rítmica. Houve “combate” entre dançarinos e dança de máscaras tribais, houve homenagem a Luaty Beirão, o Ikonoclasta, membro de Batida que é actor importante na mobilização da sociedade civil angolana e nome deveras incómodo para o poder de Eduardo dos Santos, houve uma celebração imensa da vibrante cultura musical angolana que contagiou a multidão que assistia. No final, Pedro Coquenão, Birú, Catarina Limão e restantes comparsas reduziram tudo ao essencial: só as vozes, a dikanza e as percussões. “Batida!”, gritaram, primeiro. “Cem Soldos”, gritaram por fim.
Podem ler o resto do artigo aqui. Já agora, fica aqui o som Yumbalá para agitar um pouco o vosso sábado.

Yumbala (Nova Dança)

Wednesday, June 6, 2012

"O álbum começa no domingo e termina no sábado": Parte III



As we begin the third stage of our journey, we'll skip over Nomes, Rimas e Palavras, which has been featured here before, and we arrive at two of the most solid tracks on the album. They feature two of heavyweights of the moden Angolan music scene: Paulo Flores and Bruno M. Featuring an artist of Paulo Flores’ stature is a major coup for someone like MCK, who, not too long ago, considered it too unsafe to even show his face in public and is still the subject of covert regime persecution. Perhaps Paulo Flores participation will help certain people get rid of some of their “misconceptions” regarding freedom of speech in music. From Paulo and Kapa’s collaboration spawned the beautiful song Nzala, a composition that highlights the precarious, shameful living conditions of an embarrassingly large part of Angola’s urban and rural population.

Kamama ou Kuzu is another standout in this album. Camama is the name of a famous prison in the outskirts of Luanda, while kuzu is slang for being imprisoned. In the song, Katro and Bruno M rap that “there are only two options: Kamama or Kuzu”. Much is said about Angolan kuduro but very little is said, internationally at least, about Bruno M, perhaps Angola’s most lyrically evolved and most socially-conscious kuduro artist. He’s in fine form on this one, equally adept spilling verses over a hip-hop beat as he is on a kuduro track; after all, there are many bridges between these two disparate but urban-born musical genres. Even if you don’t understand Portuguese, you can appreciate the delivery…

Bonus Track:

If you heard Bruno M and liked what you hear, there’s more. I mentioned above that he’s one of the most innovative kuduro artists working in Angola, and one that has positively surprised me; the lyrics of his kuduros read like social manifests, and his deft wordplay betray an uncommon intelligence rarely seen in this genre, which relies mostly on exhibitionism and materialism. A friend of mine called Bruno M’s music “conscious kuduro”, comparing to the conscious hip-hop movement. Take a listen to Por Cada Lágrima; when has kuduro been done like this before?


Nzala
Kamama ou Kuzu

Bonus Track:
Por Cada Lágrima


Ao começarmos a terceira etapa deste nosso perípelo pelo novo álbum do Katro, saltamos o Nomes, Rimas e Palavras, que já foi antes aqui postado, e chegamos então a dois dos mais fortes brindes do disco. As duas músicas contam com dois convidados de peso: Paulo Flores e Bruno M, dois artistas em grande forma musical. Ter um Paulo Flores no seu disco de certeza foi um grande momento para o Kapa; afinal de contas, não era há muito tempo que o Katro era persona non grata no panorama musical angolano. Aliás, ainda o é, mas a participação do Paulo talvez ajude algumas pessoas a despirem certos preconceitos. Da sua colaboração saiu uma canção linda, a Nzala, que relata o sofrimento e a dura realidade de um pedaço vergonhosamente largo da nossa sociedade.

Kamama ou Kuzu é outra que me faz carregar no repeat..."caminhos são dois, Kamama ou Kuzu." Está música mostra-nos um Bruno M em grande forma, eloquente, inteligente, com um rap deslumbrante e incisivo. Que prazer ouvir-lhe. Demonstra mais uma vez as pontes entre o kuduro e o rap...o mano até parece um natural. O Kapa, como é hábito, dispensa comentários. A letra, os versos dos dois, são para ser ouvidos várias vezes e com atenção.

Bonus Track:

O Bruno M é um dos melhores kuduristas em Angola, e com certeza o que mais me surpreende. As letras dos seus kuduros são manifestos sociais e de uma inteligência invulgar no mundo materialista e exibicionsitas do kuduro. Um amigo chamou-o, e muito bem, de kuduro consciente. Uma escuta ao Por Cada Lágrima o dirá porquê: quando é que já se fez kuduro assim?



Sunday, January 22, 2012

Komba em New York

January 6th, 2012 was the first time I saw Angolan musicians perform a concert outside of Luanda. Kalaf, Conductor,  DJ Riot and J-Wow, the latter two from Portugal, came to New York's Bowery Ballroom and I was there to see them with a huge Angolan flag and several of my closest friends. We got right up to the stage and must of been among the loudest fans - we kept calling out to Conductor and Kalaf and they kept coming over to shake our hands. I had never been to a Buraka concert before and it was one of the funnest times I've had at a live music show. The audience - a mix of Portuguese, Brazilian, African and of course American fans - was in a mood to party and dance, and the dance floor was as eclectic as it was electric. Blaya, the female member of the band, doesn't seem to have actual limbs, such was the way she moved - and she made sure the audience was on their feet as well.

As an Angolan it was an admittedly surreal experience having people grab the Angolan flag and know exactly what it was, in downtown New York City. It was surreal seeing Conductor, who I interviewed back in 2010 and who I first heard about as one of the producers of MCK's first CD, shake up a crowd in New York. From complete obscurity to being recognized and applauded worldwide. My usual experience here when people ask where I was from has been blank stares...this was the first time I rolled into a concert venue with an Angolan flag and people gave me high fives. As for the music, it's one thing listening to Komba on your stereo, and another hearing the album's song live. Here is Candonga, my favorite jam on the album.

Candonga

Dia 6 de Janeiro de 2012 foi a primeira vez que vi músicos angolanos a actuarem fora de Luanda. O Kalaf, Conductor, DJ Riot e J-Wow (os últimos dois são portugueses) vieram ao Bowery Ballroom em Nova Iorque e eu estive lá para os ver actuar. Trouxe comigo uma bandeira angolana de considerável tamanho e alguns dos meus amigos mais chegados. Conseguimos nos situar mesmo ao pé do palco e acho mesmo que fomos os fãs que mais gritavam (e talvez os mais chatos!). Chamamos incansávelmente pelo Kalaf e o Conductor e eles sempre a virem ter connosco para nos saudarem...nunca estive num show dos Buraka mas posso dizer sem papas na língua que foi um dos shows mais divertidos da minha vida. O público era maioritariamente português, brasileiro, africano, e claro, americano, e todos estavam armados em dançarinos. Foi bonito ver. O cenário estava montado: era tão ecléctico como eléctrico. Blaya, cantora que canta com os Buraka, parece não ter ossos no corpo dela, tal era a maneira que se contorcia. E fez questão de pôr todo mundo a saltar...

Como angolano, foi uma experiência surreal ouvir kuduro ao vivo em Nova Iorque, a ver gente a agarrar na minha bandeira angolana e a saltitar com ela. Foi surreal ver o Conductor, que entrevistei em 2010, e cujo nome ouvi pela primeira vez como um dos productores do primeiro CD do MCK, a fazer saltitar o público de Nova Iorque. Foi de obscuridade total a um gajo que é apreciado por onde vai no mundo. Nestas bandas, quando alguém me pergunta de onde sou e eu respondo, estou habituado a me deparar com um olhar totalmente esquisito, como se eu tivera inventado algo de outro mundo. Esta foi a primeira vez que fui a um concerto cá nos states com uma bandeira mangope e todos sabiam o que era. E para terminar, uma dica: uma coisa é ouvir o álbum Komba no teu stéreo, outra é ouvir e dançar as músicas ao vivo. Acima está Candonga, a minha música preferida do puro disco.

Monday, June 20, 2011

Caipirinha Lounge Cinema: Cuka (Isso é o que eles querem), by Batida

Estreou hoje na Antena 3 o vídeo do mais novo single do projecto Batida do DJ Mpula e Ikonoklasta (Luaty Beirão). Fartei-me de rir com este clip: não há nada como boa satíria política. O vídeo já existe há um bom tempo mas por motivos 'alheios' provocados pelo clima político em Angola e a participação activa do Luaty neste 'clima', só foi publicado hoje. O DJ Mpula explica:

"O vídeo baseia-se na narração do próprio Ikonoklasta, recorrendo a uma técnica de croma muito Afro, tendo como fundo, algumas imagens de arquivo selecionadas a dedo no arquivo da Cinemateca e RTP e fotos tiradas já em Maio deste ano, no Bengo e Kwanza Sul. Latas de Cuca "esvaziadas dê seu contêúdo" e um casaco militar comprado no extinto Mercado do Roque Santeiro, em Luanda, completam a lista de adereços. A estreia deste vídeo esteve suspensa desde 7 de Março até hoje, por temermos pela integridade do nosso companheiro Luaty, que estava no grupo de 17 jovens que foram presos por participar numa manifestação pacifista em Luanda. Toda a história no nosso facebook."



Podem sacar o puro som aqui.

Thursday, June 9, 2011

Kuduro de verdade: Sobe, by Os Lambas

Forget that Don Omar and Lucenzo crap. Meet Os Lambas. This is real kuduro. Kuduro de verdade. And this is what it looks like:
Danza Kuduro? Don Omar e Lucenzo? Esquece isso. Isto aqui é kuduro de verdade. Os Lambas não brincam em serviço!


Monday, May 16, 2011

10 Great Reasons to Listen to Music in Portuguese

Often overlooked and constantly under-appreciated, music in Portuguese is undergoing a remarkable renaissance that is redefining the many genres that it spans. Produced in countries in several different continents and showcasing an astonishing diversity of sound, lyricism, talent, rhythm, and innovation, music in Portuguese is rapidly attracting new listeners and fans across the world, many of which can't even understand the lyrics. Whether its created in Angola, Portugal, Brazil, Mozambique, Cape Verde or, increasingly, in collaborations between artists residing in these different countries, music in Portuguese is a welcome respite from the generic, mass-produced vapid fare clogging our airwaves.

Below are 10 great reasons to listen to music in Portuguese. For the long-time readers of this site, many of the songs, artists and genres are familiar, but for first time visitors, this might open up a window to a new, vibrant musical culture.

1. Bossa Nova
By Lwakuti Loyo (7 Xagas)
It's one of my favorite genres of music and perhaps one of the first genres to put music in Portuguese on the proverbial map. One of Brazil's most beautiful exports, bossa nova was created in the late 1950s and was made immortal by the collective geniuses of António Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, and Elis Regina, among several others. I wrote about my favorite bossas on this post here, and below is one of the genre's most iconic songs, Só Tinha de Ser Com Você, sung by Elis Regina and Tom Jobim.

Só Tinha de Ser Com Você

2. Madredeus
Teresa Salgueiro, by Volume 12
Madredeus is and will probably always be my favorite musical group from Portugal. I started listening to them at a young age because of my father always having several CDs of theirs in the car; it wasn't until much later in life that I began to grasp the beauty of their music. Teresa Salgueiro's exquisite voice is a pleasure to listen to, but credit must also be given to the entire band's unique musicality. Below is one my favorite songs of theirs, a song that displays all that is amazing about Madredeus. It's called Guitarra.

Guitarra

3. Buraka Som Sistema
Kalaf, Buraka Som Sistema, by NRK P3
Kuduro's explosion around the world has been nothing short of remarkable, and Buraka are a big reason why. Buraka band member Andro Carvalho 'Conductor' gave an interview to this blog in which he tells us just how exhilarating Buraka's meteoric rise has been and just how high energy their concerts have been. As for kuduro itself, I guess when the genre starts making it into big budget Hollywood films (ie Fast 5, which features Lucenzo's Danza Kuduro, although the song's "kuduroness" is debatable), we can safely say it's gone beyond viral and into the realm of the mainstream. Hangover (BaBaBa) is Buraka's latest concoction.

Hangover (BaBaBa)

4. Música Popular Angolana (MPA)
Blue Note, by Lwakuti Loyo (7Xagas)
The world has finally started to take notice of the quality, genre-transcending recordings that were made in Angola before it's independence. The critical acclaim surrounding Analog Africa's Angola Soundtrack: The Unique Sound of Luanda (1968-1976), as well as numerous compilations, remixes, and national radio appearances  is further proof that Angola's popular music of decades past is experiencing a renaissance amidst renewed interest from music lovers everywhere. Check out the short but vibrant jam Tira Sapato by Dimba Diangola to get a taste of MPA.

Tira Sapato

5. 340ml
Paulo Chibanga of 340ml, by braulio.mora
This might be cheating - 340ml don't sing in Portuguese. However all four immensely band members, who now reside in Johannesburg, hail from Maputo, Mozambique and their sound is a mixture of Mozambique's marrabenta, Brazil's bossa, afro-jazz, and a whole lot of dub. I had the pleasure of meeting them and seeing them perform live in the Luanda International Jazz Festival do the delirium of their Angolan fans, myself included. They're one of my favorite bands and are widely in demand not only in southern Africa but now increasingly in Europe as well. Make It Happen is one of my favorite songs from them.

Make it Happen

6. MPB
Tulipa Ruiz, by CGauer
While in the US the music that plays on the radio is deplorable at best and largely uninspiring, in Brazil it's the opposite. Popular Brazilian music (MPB) is as good as ever, and several young musicians are making sure it stays that way. I'm talking in particular of artists such as Maria Gadú, Tulipa Ruiz, Luísa Maita and Marcela Bellas, four women who have been reinterpreting the genre with their simple yet sublime individuality. Aqui by the very talented Tulipa Ruiz is a prime example.

Aqui

7. Contemporary Fado
António Zambujo, by Deezer.com
For you Portuguese speakers out there, this article has it spot on when it comes to describing the new generation of fado singers emerging from Portugal and the contemporary fado they sing. I'm thinking in particular of Deolinda, Mariza and, of course, António Zambujo, my favorite contemporary Portuguese singer right now. His wordplay is exquisite, as is his delivery, and his voice has a hard to find quality to it. The man is a poet with a gift for singing. Fado da Vida Bela is my current 'obsession'.

Fado da Vida Bela

8. Milton Gulli: Cacique '97 and Dub Inna Week
Milton Gulli, by Manuel Lino
Mr. Gulli is the creative power between two of the most exciting projects in alternative Portuguese music: Cacique '97 and their unique brand of Portuguese afro-beat, and Dub Inna Week with its superb dub rhythms. Both projects have proven to be hugely successful and have attracted a following around Europe and Africa, and feature collaborations with musicians from several Lusophone countries. Below is their album opener, Jorge da Capadócia.

Jorge da Capadócia

9. Cape Verde after Cesária

Mayra Andrade. Sara Tavares. Tcheka. Nancy Vieira. Lura. Maria de Barros. Cesária Évora's legacy on this Lusophone archipelago is eternal, but the beauty of it all is that she inspired all of the supremely gifted musicians named above. It's amazing that such a tiny country could have produced such a caliber of musicians, all of which have legions of fans around the world, playing to packed houses from Lisbon to Paris to Boston, where I had the pleasure of seeing Sara Tavares live. Morna is a beautiful, melancholic melody, and if you haven't heard it before, let Nancy Vieira show you what I mean:

É Morna

10. Lusophone Hip-Hop
Lusophone countries have been blessed with proficient wordsmiths. In our countries, rap is still the preferred music of social intervention and it's usually politically charged; the worship of material wealth and fat asses hasn't yet asphyxiated the creativity  of our consummate hip-hop artists. Mozambique has Azagaia, Brazil boasts Gabriel o Pensador, Angola has Ikonoklasta, Portugal has Valete, and this is just scratching the surface. Their lyrics are explosive but completely realistic, dealing with the many hardships and injustices that beset their fellow countrymen, and two artists on that list (Azagaia and Ikono) have been harassed by the law or even put in jail in their respective countries for "talking too much". Even if you don't understand the lyrics, take a listen to Subúrbios just so you can experience Valete's delivery.

Subúrbios

-Title photo by Lwakuti Loyo (7 Xagas)

Post inspired by Mr. Robertson F. Barros' list on Amazon.com

Wednesday, December 22, 2010

Cuca

Esta é a história de Arlindo Bolota
Chefe de Orquestra Alcólica do Waku-Kungo
Tocavam com tudo que tivesse relacionado com bebida
Ela é garrafa
Ela é lata...
...mas só de Cuca.

O album Dance Mwangole dos manos da Batida é mesmo assim. Ri-se à toa com ele. Este kuduro chama-se Cuca (Isso é que eles querem) e tem a participação do Ikonoklasta. É um kuduro com indirectas políticas e muito riso à mistura. Dedico este som aos meus primos e a turma do Mussulo, onde a foto acima foi tirada, por motivos óbvios. Prestem atenção a letra da música...

Cuca (Isso é o que eles querem)

Batida's kuduro album Dance Mwangolê is filled with humorous stories and episodes like the one recounted on this jam, Cuca (Isso é o que eles querem). This particular story, of a man named Arlindo Boloto who loved a can of cold Cuca beer, is dedicated to my cousins. They'll know exactly why. Featuring vocals by that man Ikonoklasta, trying his hand at politically charged, laugh-inducing kuduro. For some more Batida, check out their song Alegria.

-Photo: Cuca in paradise (Mussulo), by author

Sunday, September 19, 2010

Caipirinha Lounge Cinema: Windeck, o kuduro que mais 'bate' em Angola / Angola's Freshest Kuduro

"DJ DJ para a música, deixa expilicar!!"

A primeira vez que ouvi o Windeck do Cabo Snoop foi quando regressei a Luanda depois da minha estadia em Cape Town. Foi uma noite memorável na casa da minha mana, com 'tapas angolanas' e muito vinho a mistura (a minha mana faz umas tapas intensas). Começou como uma simples visita, inocente, mas duas horas depois estavamos a tomar shots. Quando o meu cunhado meteu o vídeo desta música a tocar, fartamo-nos de rir. Na altura, a minha mana e as minhas primas gozaram comigo, a dizer que estavam a espera do dia em que pusesse Windeck no Caipirinha Lounge.

Este post é para elas!



Windeck

The first time I heard Windeck by Cabo Snoop was when I arrived in Luanda after my stay in Cape Town. It was a memorable night in my sisters house, which started as a simple visit but ended up as a mini-party with lots of 'Angolan tapas' and wine to boot (my sister makes the most ridiculously amazing small plates). When her husband put on Windeck we all laughed profusely. Her and my cousins joked around with me saying that they were waiting for the day that Windeck was profiled on Caipirinha Lounge.

This post is for them!

Watch the video and download Angola's newest, freshest, funniest kuduro.

Monday, August 30, 2010

Caipirinha Lounge Interview: Conductor, "O Nosso Timbaland"

Foi prometida há uns meses atrás mas não é à toa que o Andro de Carvalho (aka Conductor) é o homem do momento, o productor andava mesmo busy. Segue, na íntegra, a interessante entrevista com o que considero ser o melhor productor angolano, onde o mesmo fala das suas origens pelo mundo do hip-hop, a sua viagem pela experiência do kuduro e a sua explosão mundial, e alguns dos seus futuros projectos. Disfrutem e comentem!

As Origens

Como surgiu a tua relação com a música?

Acho que tudo começou muito cedo, conta a minha mãe que sempre gostei de tocar em instrumentos, guitarra, pianos eléctricos, etc etc etc, mas em termos de compor e tocar mesmo de um modo mais sério foi em 1996 que em Cuba aprendi a dar uns toques de guitarra com um tio.

Como surgiu a sua paixão pelo hip-hop?

Lembro-me por volta de 1993-1994 em Luanda ouve um boom do "eu queria um Ferrari amarelo" do Gabriel o Pensador e a partir dai que fui me sentindo intrigado com essa forma de "falar por cima das melodias". Já havia algum contacto prévio mas mais mesclado no explosão internacional com o "I've got the power" e outras coisas do género mas só prestei mais atenção quando ouvi em português.

Quais foram as suas primeiras grandes influências no hip-hop mundial?

Basicamente não havia muito por onde escolher, naquela altura a praça do Kinaxixi e alguns amigos tinham algumas coisas engraçadas como Snoop, Tupac, Fu-Shnikens e pouco mais do género. Acho que so em 1996 prai é que tive contacto com discos de rap americano, o Luaty (Ikonoklasta) tinha um stock grande e gravava-me algumas cassetes.

E no hip-hop lusófono?

Gabriel o Pensador e SSP acho que foram o primeiro "choque com o rap em português". Depois ouvi Black Company e fui ouvindo pouco a pouco o que se fazia no universo do rap angolano. Não acompanhei muito o desenvolvimento nessa altura do rap angolano porque estava focado noutras coisas mas arrependo-me profundamente.

O Hip Hop

Descreve-nos o teu trajecto dento do mundo do hip-hop angolano?

Bem, depois de vir para Lisboa viver e ja estar mais dentro do movimento e dos "canones" da cultura, acabei por re-encontrar o Luaty (que tinha sido meu colega de escola) e ele me apresentou uma nova face do rap angolano, Mc Kapa, Filhos da Ala Este, Hemoglobina, etc etc etc... Acabei por entrar em contacto com alguns deles e pouco a pouco fui produzindo para alguns destes artistas, eu tinha pouco mais de 1 ano de produção quando fiz metade do disco do Mc Kapa (Trincheira de Ideias) e bem... dai para a frente fui sempre dando o meu contributo quando me fosse pedido, Kid MC, Mc Kapa, Leonardo Wawuti, Keita Mayanda, Phay Grande, Ikonoklasta, etc etc etc

Quando e como surgiu o Conductor como productor e não só MC?

Eu comecei a produzir em 2000-2001, um grande amigo, o Loxe, mostrou-me o Fruity Loops e fui mexendo mais e mais na altura já tocava um pouco de guitarra e fui só misturando o que bem me apetecia com o "como deve soar". Lembro-me de samplar uns desenhos animados manga e me sentir o Madlib português... Hahahhahahaha.. o tempo passa não haja dúvida disso...

Como Mc comecei em 1998, assim que cheguei a Portugal conheci alguns rappers do circuito tuga e comecei a fazer algumas coisas com eles, freestyle, algumas rimas escritas, etc etc.. mais tarde fiz parte de um grupo chamado Nova Trova com uns amigos mas acabamos por nos separar.. A dada altura comecei a prestar mais e mais atenção ao rap que se fazia em Angola, acho que sempre senti mais "espaço para crescer", havia menos "barreiras psicológicas" e o pessoal sempre foi mais dado a experimentação sem usar bases de referencia.

Pensas ser melhor a cantar ou a produzir?

A produzir sem sombra de dúvidas, não acho que seja um mc exímio nem nada do género, acho que me preocupo demais com o quanto a mensagem que quero transmitir vai ser recebida.. e isso acaba por me dificultar o processo de espontaneidade que faz falta para embelezar o flow. No entanto, tenho alguma facilidade a fazer freestyle e acho que talvez ai me sinta um bocado melhor..

Como avalias a tua evolução como productor?

Eu acho que devem ser os ouvintes a decidir isso...

A meu ver, compor ou mesmo produzir é um processo que passa por fazes, no principio queres soar como alguma coisa, depois começas a criar a tua "imagem de marca" e só mais tarde é que percebes o porque não és "ouvido" como querias. Acho que a limitação é só parte da mente, tudo é possível e fazível e acho que nunca me deixei gerir pelas regras que limitam os géneros, hoje em dia estou muito mais concentrado na qualidade de som, mistura e gráficos do que a uns anos atrás mas ao mesmo tempo acho que é mais simples ser ouvido quando soas bem...

Quais são as producções tuas no hip-hop de que mais te orgulhas?

Eu vou te Queixar - Conjunto Ngonguenha
Eu Vou Te Queixar

After Hours - Tekilla
Faz parte do Hustle - Força Suprema

E o rapper com que mais gostas de trabalhar, seja por motivos criativos ou outros quaisqueres?

Há vários tipos de artistas...

o Ikonoklasta tem sempre aquele desafio e aquela ideia complicada que vai demorar a criar mas cujo resultado final vai ser extraordinário. O NGA é sempre aquele mc que me surpreende sempre, é eficiente, tem uma escrita muito fluída e de rápido impacto e tem um tempo de entrega surpreendente.. 15 minutos por som, dobras, adlibs, coro.. é incrível.

Como avalias a qualidade productora do hip-hop lusófono em geral?

Acho que há produtores muito bons e acho honestamente que é o pilar que mais tem desenvolvido nos últimos anos, os beats soam cada vez mais a beats e a mistura vem evoluindo a longos passos. Kilú, Bambino, Sandokan, Aires, Eliei, Sam The Kid, Nave, Marechal têm sem dúvida nível para representar a lusofonia num evento de produção mundial.

Que planos e/ou projectos tens para o futuro como productor?

Projectos ha sempre milhares e milhões.. de momento estou a finalizar um projecto com os Força Suprema, vai se chamar "Faz Parte do Hustle", outra brincadeira com Edu-ZP que é um dos melhores rappers angolanos a meu ver e também um disco com Supremo G que vai se chamar "Regresso ao Futuro"... estes são os que tem andado, porque na gaveta há sempre mais uns tantos..

Conjunto Ngonguenha
Nos os do Conjunto
Como surgiu a ideia do Conjunto?

A ideia do Conjunto apareceu em 2002 entre conversas de internet e ideias idiotas e estúpidas que todos tínhamos em comum. Chamar de Conjunto foi apenas uma forma de não sermos outra crew e ao mesmo tempo de darmos aquele props a geração passada.

Como definiarias o seu propósito e a sua fonte de inspiração?

Acho que de uma forma muito natural nós somos bastante idiotas, passamos a vida a rir e a reparar e reclamar ironicamente da vida que vivemos e das coisas que acontecem a nossa volta. Somos uns realistas estupidamente rappers. Basta passar umas horas connosco para perceber de onde aparecem os temas e de que forma as coisas são escritas, acho que há mais demora na parte da produção, corte-e-costura e montagem do que na hora de encontrar uma fonte de inspiração.

Qual foi a reacção do público ao vosso primeiro CD? Estavas à espera desta reacção?

O público teve uma reacção muito lenta, os meios de promoção na altura eram quase inexistentes e lembro-me de termos vendido 200 copias no dia do lançamento oficial do disco em Luanda. Mesmo em Portugal as coisas não foram muito diferentes, o disco só esgotou efectivamente uns 2 anos depois do seu lançamento e foi quase só ai que nos apercebemos da reacção das pessoas a música, acho que foi um produto difícil de digerir.

A nossa grande admiração foram artistas de meios bastante fora do nosso terem escolhido o disco como disco predilecto do ano e sermos bem recebidos por grupos como os Cool Hipnoise, Prince Wadada, Terrakota, Sara Tavares ou mesmo 1-Uik Project, que dizem ser uma grande inspiração para o trabalho que fazem.

O vosso som ‘É Dreda Ser Angolano’ inspirou um documentário do mesmo nome bastante bem recebido. Será que o seu sucesso surpreendeu-te, ou perspectivavas algo assim?

O projecto foi filmado por nós e acabou por ser editado e lançado pela Fazuma, editora independente do mercado português. Acho que era de esperar uma boa recepção, as filmagens foram feitas de forma a captar o quotidiano angolano e para muitas pessoas ainda é um mito perceber como o pais sobrevive e como muitas pessoas vivem e como os prédios escondem, pisam e soterram os musseques e o modo de vida de muitos cidadãos angolanos. Claro que receber prémios etc etc nunca nos passou pela cabeça, mas é como dizemos, a realidade de uns é o teatro da vida de outros..

Definirias o Conjunto Ngonguenha como um trabalho discógrafico com conotações sócio-políticas?

De certo modo sim mas não me parece que façamos um trabalho direccionado para esse campo. Nós apenas falamos do nosso dia a dia, dos nossos problemas, das nossas cicatrizes de infância etc etc, acabamos por ser críticos e satíricos porque é assim que somos naturalmente, o angolano de forma natural é um "aceitador" e nós somos um pouco mais críticos mas é tudo feito sem esse link directo..

Que planos tens para o futuro do Conjunto? Pensam fazer mais documentários?

Já pensamos, mas como tudo o que acontece com o Conjunto, o tempo e a forma de fazer as coisas é muito nossa... O Conjunto vai começar a se concentrar em fazer um evento em Luanda no fim do ano e em espalhar mais e mais a semente que atiramos na Ngonguenhação.. Ainda temos 2 temas por fazer por isso ainda poderão esperar alguma coisa a passar ai pelo ar..

Buraka Som Sistema
Como tem sido a tua aventura pelo mundo do kuduro? Encontras semelhanças às tuas origens no hip-hop?

O mundo é do kuduro dentro de Angola, para nós da Buraka é o mundo da música electrónica (ou música urbana como chamamos), estamos no mesmo palco que os Daft Punk, Major Lazer, Crookers, MIA, Sinden, Benga.. é apenas diferente, é um mundo de espectáculo altamente direccionado a música de impacto e de dança. Desde o momento que tens mc's com microfones a fazer o público se mexer e vibrar seja que tipo de som seja para mim há uma ligação directa com o hip-hop, afinal a base é a mesma.

Acho que o kuduro hoje em dia representa melhor o quotidiano angolano do que o hip-hop que temos feito. Há mais originalidade e criatividade pelo menos sem sombra de dúvidas e é claro que é a maior expressão cultural que o país tem a décadas.

Como surgiu a idea para o Buraka Som Sistema?

A ideia surgiu no sentido de apresentar as noites Lisboetas a batida que se ouve nos clubes africanos, tudo começou com festas onde Dj Riot e J-Wow faziam de dj e o Kalaf e eu fazíamos de mc's a criar um hippe a volta do som em si. Depois de alguns eventos esgotadíssimos e a pedido do público acabamos por nos concentrar em fazer músicas para ilustrar o que estava a acontecer. E dai foram aparecendo pouco a pouco o Yah, Wawaba, Sound of Kuduro e o Kalemba (Wegue)...

Como defines o som dos Buraka?

Buraka Som Sistema faz música urbana, eu não consigo ver as coisas de outra forma, não vejo muita diferença entre o que nós fazemos (em termos conceptuais) e o que acontece no Baile Funk, o Kwaito, o Sakousse, Reggaetón, Nueva Cúmbia, Baltimore, Grime, Dubstep, Drum'n'Bass, Funky-House... são todos géneros suburbanos começados por miúdos em frente a um computador a tentar misturar o som que ouvem todos os dias com o som que não lhes sai da cabeça...

Qual a avaliação que fazes acerca do sucesso que o Buraka tem estado a granjear pelo mundo?

Há muito trabalho duro por traz do nome Buraka Som Sistema, há muitas noites sem dormir e muitos sacrifícios por parte de todos, há equipas e mais equipas a trabalhar e a bater com a cabeça na parede para fazer com que o plano funcione. Para além disso há a força de vontade dos músicos e da própria banda para que as coisas aconteçam sempre da melhor forma possível, a organização e pensar grande são sempre a base de tudo, é só o que tenho a dizer.

Espanta-te a forma como o kuduro está sendo tão bem aceite mundialmente pelas mais diversas pessoas?

Acho que África é o centro de atenções do que está a acontecer musicalmente dentro da música electrónica a uns 2, 3 anos. Nós simplesmente viemos trazer uma outra face dentro de tudo o que as pessoas tem vindo a ouvir.

A forma como apresentamos o nosso espectáculo é também um grande trunfo dentro do que fazemos, poder ir ao Japão, Russia, México, Estados Unidos etc etc e dar a conhecer as cosias da mesma forma como damos em Portugal demonstra que temos um show forte e isso acaba por se reflectir também no sucesso que temos tido.

Descreve-nos a energia dum concerto dos Buraka? Qual foi a cidade do mundo que mais se rendeu ao vosso espectáculo? E qual foi a cidade em que mais gostaste de actuar?

Cidade do México, Paris e Bélgica são sempre lugares onde um show de Buraka é 300%. O set do concerto é quase non-stop e tem muita coisa a acontecer, acho que é difícil ficar parado (pelo menos é como muitas pessoas o descrevem), o clash entre a bateria e o computador acaba por criar uma vibração sonora muito dinâmica e isso se reflecte na reacção das pessoas aos comandos dos mc's.

Há quem acha que o Black Diamond tem uma mensagem um pouco política. Concordas?

Acho que de um modo indirecto o disco acaba por ser reflexo dos mc's que cantaram nele e tendo um leque tão diverso e tão completo de convidados acaba por ser um pouco mais social que político. O nome parece um pouco tendencioso mas apareceu sem querer sobre a ideia da rocha que pode ser um diamante mas pelo seu aspecto rude não é valorizada por ninguém (um bocado o que acontece com o género kuduro e com outros ao redor do mundo).

Como foi feita a aproximação à MIA? O que ela achou do kuduro dos musseques luandenses, que é diferente do kuduro dos Buraka?

A MIA ligou para o estúdio porque queria ter um kuduro no disco que estava a gravar na altura (Kala) e nós começamos a trabalhar com ela mas devido a um desentendimento de timings o som acabou por não sair, aí nos adaptamos a coisa para o nosso disco e assim fizemos o "Sound of Kuduro". Ela não chegou a ir para Luanda, foi lhe recusado o visto umas 3 ou 4 vezes, no fim de contas usamos umas imagens dela no estúdio e duma viagem que ela fez pela Índia.

Qual o teu som preferido dos Buraka Som Sistema?

Há vários, eu gosto da participação do Bruno M, o "Tiroza", gosto do "Luanda/Lisboa"e o Remix que fizemos do "Make it, Take it" de Amanda Blank

Luanda-Lisboa

Como perspectivas o futuro dos Buraka?

Estamos na fase mais criativa do próximo disco da Buraka e acho que vamos entrar numa onda mais melódica do que de impacto, não gostamos de nos repetir e acho que isso vai se notar um bocado no produto final. Esperamos continuar com os shows no próximo ano e continuar a fazer as pistas tremer com a nossa música.

Conductor the Man

5 MCs que respeitas, em Angola e no estrangeiro?
Angola - Leonardo Wawuti, NGA, Mc Kapa, Phay Grande & Bruno M
Estrangeiro - Drake, Mos Def, Elzhi, Ludacris, The Game

5 artistas que ouves quase que diariamente?
Marcia, The Game, Drake, Irmãos Almeida & Matias Damásio

Album de hip-hop preferido?
The Game - Doctor's Advocate

Album preferido, excluindo o hip-hop?
Márcia – Márcia

Cidade preferida?
Tokyo

Livro preferido?
7 Minutos, de Irving Wallace

Líder mundial preferido, e porquê?
Presidente Gasolina e Príncipe Ouro Negro, porque nem tudo tem que ser político...

Pensamento do dia:
"Morrer é burrice, no caixão faz calor"
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...