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Sunday, May 12, 2013

Música de Intervenção Rápida (MIR), by Azagaia


It's frequently said that Angola and Mozambique have similar political and social realities. We both had socialist regimes, we both suffered a debilitating civil war, and we both have issues when dealing with the basic tenants of a democratic state, such as freedom of expression, freedom of assembly and human rights. This is precisely the topic of Azagaia's first single since signing for Kongoloti Records:
“MIR - Música de Intervenção Rápida” (Rapid Intervention Music) is the song Azagaia wrote after the last demonstration of the veterans of war that was brutally ended by the mozambican police. The Minister of Justice responded saying that sometimes the Human Rights can be violated to protect “higher interests”.​
As always, Azagaia's delivery is energetic and blistering - the man always seems to be on form. Check out the video below:


Música de Intervenção Rápida

Que Angola e Moçambique têm realidades políticas e sociais paralelas já foi dito muitas vezes. Ambos tivemos regimes socialistas, ambos sofremos uma guerra civil debilitante e ambos temos problemas graves no que toca aos valores básicos de uma democracia, como liberdade de expressão, o direito a manifestação e os direitos humanos. Este é precisamente o tópico deste single do Azagaia, o primeiro desde que ele assinou pela Kongoloti Records. Como sempre, o mano Azagaia está em grande forma. Contunde, irreverente e sempre relevante. Nas palavras da Kongoloti:
Música de Intervenção Rápida” é o novo single do Azagaia, escrito logo após a última manifestação dos ex-combatentes de guerra que foi brutalmente interrompida pela polícia moçambicana. A Ministra da Justiça respondeu dizendo que em algumas situações os Direitos Humanos podem ser soprepostos por “interesses mais altos”.

Thursday, May 9, 2013

Introducing: Kongoloti Records



The Lounge's long time readers will know how much I appreciate Milton Gulli's music. The Portuguese-Mozambican musician has done some brilliant work over the years and participated in some fantastic projects and bands, including afro-beat collective Cacique '97, Dub Inna Week and Lovers Rock Inna Week, all of which are favorites of mine and have a special place here at the Lounge.

Milton Gulli's latest project is nothing more, nothing less than a full scale label. It's called Kongoloti Records and it's already starting to flex its muscles. Earlier this year one of my favorite Angolan musicians and lyricists, the talented Mr. Helder Faradai, signed for Kongoloti. Weeks later came the huge announcement: Mozambican rap's finest, mano Azagaia, had signed as well, releasing a new single to commemorate. The fact that two heavy hitters in the Lusophone music world signed for Kongoloti makes me excited of what's to come. It's like all my favorite worlds are colliding.

Milton, great job brotha. Here at the Lounge we've got our eyes on Kongoloti Records. It looks very promising...

Kongoloti in their own words:
We were intrigued by how much music from Lusophone Africa people really knew, so we started this journey to release new and established acts from this part of the world. Lusophone Africa is house to a lot of music that people rarely hear because is mostly consumed "indoors". From the traditional sounds of the north of Mozambique to the new urban tendencies sprawling on the streets of Luanda, from the slums in São Tome & Principe to the african ghettos in Lisbon, from urban to traditional, from electronic to acoustic, Kongoloti Records will always be a symbol of good and fresh music for yours ears!! Stay tuned for our first releases coming this 2013!!!


Os leitores de longa data do Lounge sabem o especial apreço que tenho pelo músico luso-moçambicano Milton Gulli. É ele a mente brilhante por trás de projectos como Cacique '97Dub Inna Week e Lovers Rock Inna week, entre outros - projectos estes que têm um espaço especial aqui no Lounge.

O mais recente projecto de Milton Gulli é nada mais nada menos que uma Editora. Chama-se Kongoloti Records e já começa a dar os seus primeiros passos. No príncípio deste ano, um dos meus músicos angolanos preferidos, o mui talentoso Helder Faradai, assinou pela editora. Semanas depois, o estrondoso anúncio: Azagaia, que está entre os meus rappers preferidos, também assinou pela Kongoloti e lançou um novo single. Dois nomes de peso da música lusófona para esta editora recém-nascida, o que nos faz adivinhar que mais surpresas estão para vir. 

Milton, estás de parabéns! Cá no Lounge, estamos de olhos postos na Kongoloti Records. A coisa promete...


Tuesday, December 20, 2011

Caipirinha Lounge Cinema: Good Guy, by SupaSound

For a long time I'd listen to this song in the early morning to help me wake up. It reminds me of the good times I spent in Cape Town and the friendships I made there, including this one with Amarildo, also known as SupaSound, and his brother, who also raps. They're among the very few Mozambicans I can call friends. I'm glad to be finally able to share this video with you now that it's complete, since I've been itching to post it for quite awhile but unfortunately had an incomplete version. I'll leave you with Good Guy by SupaSound...maybe you'll even relate to the lyrics.

Durante muito tempo ouvia essa música para me acordar, logo pela manhã. Faz me lembrar dos bons tempos que passei em Cape Town e das amizades que fiz por lá, incluindo esta com o Amarildo, também conhecido como SupaSound, e o seu irmão, que também é rapper. São dos poucos amigos moçambicanos que tenho. Fico feliz por finalmente poder partilhar este vídeo com vocês, porque já o tenho a bastante tempo e estava só à espera que os manos fizessem os arranjos finais! Fiquem então com Good Guy, by SupaSound. Talvez até concordam com a letra... 

Thursday, August 4, 2011

Aza-Leaks esta quinta-feira no Gil Vicente Café Bar

Tuesday, August 2, 2011

Caipirinha Lounge Cinema: A Minha Geração, by Azagaia ft. Ras Haitrm

Enjoy this lyrically intense new release by Mozambican rapper Azagaia, who was jailed over the weekend by Maputo police officers but has since been released. As always, the lyrics are politically incorrect and inconvenient for politicians. Azagaia at his best.

Eis o novo vídeo do rapper moçambicano Azagaia, feito à sua maneira, com as líricas e atitude com que ele nos habituou. Foi preso em Maputo no fim de semana mas felizmente já foi posto em liberdade. Como sempre, a letra desta música fala sobre verdades inconvenientes. Afinal de contas, o mano Azagaia nunca teve papas na língua.




Friday, September 3, 2010

"Shots Heard in Maputo": Povo no Poder, by Azagaia

Shots Heard in Mozambique Capital. That's the headline today on BBC's Africa website. The substancial price increase of basic goods have spurred Maputo's residents into action, and the riots are now on their second day. The official count is 7 dead and 288 injured, but non-governmental sources have said the death-toll is at 10 and the injured, more than 500.

About two years ago Mozambican rapper and social activist Azagaia wrote and released the 'anthem' Povo no Poder, a song that landed him in the attorney general's office. It's eerie how his lyrics, decrying deplorable living conditions, rising prices in the face of rising unemployment, rampant corruption, and other preventable social ills still hold true today, of all times. And it's the first song that came to mind as the news of the riots in Maputo came through. Regardless of whether or not you understand Portuguese, press play and listen to the indignation.

Povo no Poder

Preços Altos Geram Violência em Mozambique. Esta é a notícia de hoje no website da BBC em português. No mesmo dia em que o governo angolano subiu o preço do combustível em Angola, os residentes de Maputo saíram à rua para protestar, com veemência, a subida substancial de preços de artigos básicos, como o pão, o combustível e a água. Os protestos já vão no seu segundo dia, e oficialmente o número de mortos é 8 e de feridos, 288. Mas outras fontes dizem que já morreram 10 pessoas e que a lista dos feridos já passa dos 500.

Aqueles que seguem o quotidiano de Moçambique sabem que há sensivelmente dois anos, o rapper e activista social Azagaia, na minha opinião o melhor rapper em Moçambique, foi chamado pelo Procurador da República para dar uma explicação acerca da letra do 'hino' Povo no Poder.

"Ladrões, fora! Corruptos, fora!"

É incrível como a letra desta música continua a ser tão relevante. Podia ter sido escrita hoje, em que as ruas de Maputo tremem de frustração e violência.

Isto é Maputo, ninguém sabe bem como
O povo que ontem dormia hoje...perdeu o sono
Tudo por causa desse vosso salário mísero
O povo sai de casa e atira pra o primeiro vidro
Sobe o preço do transporte sobe o,
Preço do pão
Deixam o meu povo sem Norte deixam o,
Povo sem chão
Revolução verde, só vemos na nossa refeição
Agora pedem o que?...Ponderação
Pondera tu, antes de fazeres a merda
De subires o custo de vida
E manteres baixa a nossa renda
Esse governo não se emenda mesmo...NÃo
Vai haver uma tragédia mesmo...SIM
Mesmo...
Que venham com gás lacrimogéneo
A greve tá cheia de oxigénio
Não param o nosso desempenho
Eu vou lutar, não me abstenho

Foi a primeira música que me veio a mente quando começaram a surgir as notícias dos protestos em Maputo. Carrega no play e sente a indignação de quem está no terreno.

Thursday, July 1, 2010

No Trânsito... / In Traffic...

Luanda Traffic
I like to think of myself as a calm human being, but I’ve come very close to losing it sitting in that horrendous Luandan traffic, sharing the road with complete lunatics. I remember the last time I was in such a predicament. It was in May. I was with a couple of friends and cousins and we all had to the bright idea to go catch a movie at Belas Shopping at 9:45pm, only to still be sitting in traffic at 10:00pm. On a weeknight. I missed the part where driving in Luanda became a fool’s errand, even that late at night.

But whenever I am in a rotten, explosive mood due to that Luandan traffic, nothing better than to exacerbate the situation by listening to hard-core but erudite Portuguese rap. Enter Valete and Azagaia. I love listening to Valete when he’s rapping in one of his flammable moods, like in Anti-Herói for instance. Alternativos, in which he raps with the Mozambican poet Azagaia, also has vintage angy Valete. It does wonders to me listened to at high volumes, sitting in my car. My scowl gets uglier, my contempt for the clinically insane candongueiro driver deepens, and the anti-commercial, anti-establishment, anti-mainstream lyrics of Alternativos ring in my ears and sound like the absolute truth.

Alternativos

Gosto de pensar que sou um homem calmo e sensato, mas quando estou preso naquele infernal trânsito luandense, partilhando a estrada com gente que só pode ser completamente louca, com a óbvia falta de neurónios e sem qualquer gosto pela vida, quase que perco a cabeça. É demais. Lembro-me da última vez que estive nesta situação. Foi em Maio. Eu, uns primos e uns amigos tivemos a brilhante ideia de ir ver um filme no belas shopping às 21:45. Saímos de casa com antecedência, mas obviamente não com a antecedência que a situação merecia porque às 22:00 ainda estávamos em pleno engarrafamento. Em pleno dia de semana. Não sabia que conduzir em Luanda tinha se tornado missão impossível.

Quando estou em tais situações de alta tensão, com uma disposição de horrores, nada melhor que piorar a situação com um bom rap hard-core, brutal, e erudito, daqueles que só rappers como o Valete e o Azagaia conseguem fazer. Gosto de ouvir o Valete quando ele está naqueles moods explosivos dele, como em Anti-Herói. Em Alternativos, música do grande Azagaia, temos mais doses do Valete indignado. No meio do trânsito, ponho-a a tocar no carro em altos volumes, e a minha cara de quem comeu limões entorta ainda mais, as minhas opiniões pouco amigáveis sobre aquele taxista suicida ficam ainda menos amigáveis, e a letra da música em questão, em que o Valete e o Azagaia explicam todas suas atitudes anti-comerciais e anti-mainstream soam como a verdade pura.

Thursday, February 18, 2010

Coming Soon: Caipirina Lounge Interview to Azagaia, Conductor, CFK, and...Valete

É com grande prazer que anuncio uma mão cheia de grandes entrevistas em breve no Lounge, com o conteúdo substancial com que já se habituaram. Entrevistas feitas a alguns dos artistas mais influentes da música lusófona de 2009. Desde o grande Mano Azagaia que falará sobre o seu Babalaze, um dos meus álbuns preferidos do ano que findou, passando para o beatmaster Conductor e as suas opiniões acerca dos Buraka e não só, até ao CFKappa e o seu percurso como o miúdo maravilha do nosso hip-hop alternativo. E para o cúmulo, teremos os palpites do pai grande do rap lusófono, o único, o irreverente, o Valete. Fiquem atentos, que isto aqui promete...

It’s with great pleasure that I announce a handful of what promise to be insightful interviews coming soon to the Lounge. Four of the most influential lusophone artists of 2009 are coming to share with us a bit of their thoughts and their inspirations: Mano Azagaia, the great Mozambican lyricist, will talk to us about Babalaze (one of my favorite albums of 2009) and the political situation in Mozambique; Buraka Som Sistema's Conductor will tell us about how kuduro is changing dance music worldwide; and Angola’s kid phenomenon CFKappa will be sharing his breakneck jounery through Angola’s underground alternative rap scene. And to top it all off, Lusophone’s most gifted, talented, and notorious hip-hop artist, Valete, will share with us some of his musings on politics, rap, and atheism. Stay tuned!

Monday, January 25, 2010

O Grito Político do Hip-Hop Lusófono

Sou angolano, meus pais são angolanos, nasci em Angola, tenho passaporte angolano, sou portador de um BI angolano, visito o meu país pelo menos uma vez por ano, mas vivo na diáspora e por isso foi me retirado o direito de votar em eleições angolanas. Portanto, só me resta falar à toa aqui neste blog; a minha forma de luta, protesto e revolta é a música, como nos tempos prévios a independência angolana (em que nem sequer estava vivo). Naqueles tempos, eram as músicas de Teta Lando, Ngola Ritmos, e outros que exaltavam o povo para a independência. Hoje em dia temos as líricas do MCK, Azagaia, Ikonoklasta, Phay Grande (o poeta) e muitos outros que fazem do rap e hip-hop o seu grito de revolta. Como disse outrora, a música lusofona sempre foi bastante política, o Bonga que o diga. Aqui vão alguns sons que nesta semana são mais relevantes que nunca.

A Téknica, as Kausas, e as Konsekuencias, por MCK

A Teknika, as Kausas, e as Konsekuencias

Este é Um dos temas mais icónicos do grande MCK, proveniente do seu primeiro album, Trincheira de Ideias. Causou a morte de Cherokee, um jovem que foi brutalmente morto por um guarda do regime pelo simples facto de estar a cantar a música.


O Silêncio Também Fala, por MCK

O Silencio Tambem Fala

“O país não tem dono, Angola é de todos nós.” Nada mais precisa ser dito.


As Mentiras, por Azagaia

As Mentiras

Com músicas incisivas como esta, o mano Azagaia está a incomodar muita gente no Moçambique e não só. As Mentiras pinta um quadro triste das similaridades entre a nossa sociedade e a de Moçambique


Combatentes da Fortuna, por Azagaia

Combatentes da Fortuna

O Azagaia cantou esta música no Cine Karl Marx durante o seu concerto em Luanda e levou a casa abaixo. O público percebeu o conteúdo da mensagem. Aqueles que um dia lutaram contra o colonialismo hoje fazem pior. O povo que sempre juraram defender, hoje ja nem olham para eles.


Povo Burro, por Phay Grande

Povo Burro

Há quem diz que ás vezes o povo tem os governadores que merece. Será..? O Phay Grande tem algo a dizer sobre isto.

-Photo: Azagaia, by Cotonete Records

Saturday, January 2, 2010

Editor’s Pick: The Top 10 Lusophone Albums of 2009

Read this first!
Leia isto primeiro!

10. Best of Bonga, by Bonga (Angola)
Best of BongaSo I cheated the system. Since I couldn’t include Bairro, Bonga’s greatest CD of recent times, since it was released late last year, I can however talk about Best of Bogna. This little talked about record released by the label Lusáfrica contains songs from Bairro and other epic Bonga albums as well as a rare remix of his song Kapakaio only available on the Comfusões compilation, and a rare version of Mulemba Xangola featuring Lura. Zukada is a song that shows that even at 66, the man can still create those hip-swinging tunes, and even dance to them.

Como não posso incluir nesta lista o disco Bairro, que foi votado pelo jornal inglês The Times como sendo entre os 100 melhores de 2009, posso falar do Best of Bonga, que inclui várias canções de Bairro. Pouco se falou deste disco lançado pela editor Lusáfrica, mas é realmente interessante. Além de músicas ja tornadas imortais pelo kota Bonga, o CD também tem algumas surpresas, tal como uma versão da música Mulemba Xangola com a participação de Lura, e a remix do som Kapakaio que só está disponível neste CD e na compilação Comfusões. A música Zukada é para provar que mesmo aos 66 anos, o kota ainda sabe fazer música de jeito e dar umas passadas ao som dela.

Zukada

9. Kuma Kwa Kié, by Yuri da Cunha (Angola)
2009 was a marvelous year for Yuri da Cunha, and Kuma Kwa Kié is why. It was mainly on the back of this CD’s amazing critical success that our “Showman” was able to sing Kuma throughout Europe on tour as Eros Ramazzotti’s opening act. And not only did he sing Kuma, but he danced it as well, in that particular way that only he knows how.

O ano de 2009 foi maravilhoso para Yuri da Cunha, e a razão foi Kuma Kwa Kié. Foi por causa do grande sucesso deste album que o Yuri foi para a Europa cantar Kuma em alto e bom som em diversos palcos do velho continente, como convidado especial do Eros Ramazzotti. E não sou o nosso showman cantou Kuma, como também a dançou, daquele jeito que só ele sabe.


Kuma

8. Eclipse, by Lura (Cape Verde)
Lura EclipseFor those who have followed Lura since her Na Ri Na days, Lura’s fourth album Eclipse shows the graceful maturity of one of Cape Verde’s greatest voices, a woman who is now establishing herself as a major force in Cape Verde’s music scene. Quebrod Nem Djosa is a daring example of how she is modernizing the island’s sound by creating her very own.

Para quem tem estado a acompanhar a carreira da Lura desde os seus dias do Na Ri Na, o seu quarto album, Eclipse demonstra a maturidade com a qual a Lura enfrenta e sente a música. Hoje em dia é uma das grandes vozes do arquipelago, e ja se torna difícil falar de música cabo-verdiana sem falar dela. Quebrod Nem Djosa é um verdadeiro exemplo de como ela está a modernizar a música cabo-verdiana criando o seu próprio som único.

Quebrod Nem Djosa

7. Stória, Stória, by Mayra Andrade (Cape Verde)
Storia StoriaNavega was always going to be a hard act to follow. Mana and Lapidu na Bo were tracks that I would listen to almost daily. But with Stória, Stória Mayra was able to satisfy my thirst for something new. I was always intrigued with how she was going to respond to the widespread success of Navega, and this was a delicious answer. Listen to Turbulensa – her voice, slightly raspy, calm, confident, in control. The way the flamenco influences in the song still work wonderfully with its Cape Verdean soul. A song like this doesn’t exist in Navega – this is contemporary Cape Verdean sound at its finest.

O disco Navega foi uma obra de arte cujo sucesso seria sempre díficil de duplicar. Mana e Lapidu na Bo eram canções que ouvia quase que diáriamente. Mas com Stória, Stória, Mayra conseguiu saciar a minha sede por algo de novo vindo dela. Sempre estive curioso em ver qual a resposta que ela daria ao esplendor de Navega, e Stória foi a minha resposta. Oiça só a música Turbulensa – a sua voz um pouco rouca, calma, confiante, em control. Aprecie a maneira que o flamenco se une à alma caboverdiana desta canção. Não existe uma música assim no Navega – isto é musica contemporânea caboverdiana no seu melhor.

Turbulensa

6. Diários de Marcos Robert, by Bob Da Rage Sense (Portugal/Angola)
Decent, quality Lusophone music comes in many forms, be it gumbe, marrabenta, semba, bossa nova, or…hip-hop. Bob Da Rage Sense proves just that with Diários de Marcos Robert, one of the finest Lusophone hip-hop records to be released this year. Conheço-te De Algum Lado has been one of my favorite tracks this year. It’s long been known that Roberto Montargil is not a rapper like all the others. Unlike hip-hop “artists” with over-sized egos who think that what they’ve created is the best music around, “Bob” still uses influences and samples from musicians whose work he values and respects, and the track Rap Real where he samples Jay-Z is a case in point.

A música lusofona dança muitos ritmos , entre eles o gumbe, a marrabenta, o semba, a bossa nova e…o hip-hop. O Bob Da Rage Sense dá me razão com o album Diários de Marcos Robert, um dos melhores albums de hip-hop lusofono de 2009. Só pra ver, Conheço-te De Algum Ladofoi uma das minhas canções preferidas este ano.Sempre foi sabido que o Roberto Montargil não é rapper de meia tigela e não há muitos como ele. Ao contrário de muitos rappers por aí, ele é sempre fiel a si mesmo e mais ninguém. Também não pensa que a música dele é ja a melhor que foi feita ate hoje, e prova disso é a forma como ele usa sampels e influências de músicos que ele admira. O som Rap Real onde ele sampla o Jay-Z é um exemplo disso.

Rap Real

5. Tasca Beat, by OqueStrada (Portugal)
What these guys (and marvelous gal) have created in Tasca Beat has never been done before in Portuguese music. Tasca Beat is the result of 7 years spent on the road soaking up the soul of Portugal, and it shows. Anyone who has ever been to Portugal and eaten its food, drunken its wine, reveled with its people and experienced its beauty will find that this album epitomizes Portugal, its exuberance, its irreverence, and its rhythm . What I like best about it however is that it goes deeper than that and incorporates the music of other countries Portugal has touched and vice-versa; Organito, inspired by the Angolan Bonga, and Tourné en Rond, inspired by Cape Verdean funaná, are examples. Kekfoi, one of my favorite tracks of the album, is a song that captures my feelings for OqueStrada, perfectly.

O que estes homens (e maravilhosa mulher) criaram com o Tasca Beat jamais foi feito na música portuguesa. Tasca Beat é o resultado de 7 anos passados nas ruas, ruelas, e estradas de Portugal absorvendo a alma deste país. Vê-se. Quem ja esteve em Portugal e disfrutou da sua comida, bebeu do seu vinho, conviveu com as suas gentes, e apreciou a sua beleza, sentirá que este disco captura a essência, a exuberânia, a irreverência e o ritmo unico de Portugal. Mas o que gosto mais do album é a maneira como incorporou músicas de outros países que Portugal ja influenciou e que agora influenciam Portugal, tal como a canção Organito inspirada pelo Bonga, ou ainda Tourné en Rond inspirada pelo funaná de Cabo Verde. A música Kekfoi, uma das minhas preferidas deste disco, resume perfeitamente os meus sentimentos pelos OqueStrada.

Kekfoi

4. Babalaze, by Azagaia (Mozambique)
There are two types of people in the world: those that let themselves be trampled by oppressive governments, and those that fight back, somehow, in some way. Azagaia is the latter. I love political science and debating the role of government, and books like 1984 and Brave New World have a strong impact in the way I feel and think politics and governance. So when Azagaia (real name: Edson da Luz) drops Babalaze in Mozambique and throughout the Lusophone world, and when he gets summoned by Mozambican authorities to “explain” the anti-corruption lyrics in many of his songs, it strikes a deep chord with me and probably with any self-respecting Angolan. Azagaia isn’t afraid of the truth or of telling it like it is, and Babalaze is a collection of rousing rap songs that will make you ponder and ask questions, stand still deep in thought with your head bobbing to the beat, thinking about corruption, the state of the African man, the Mozambican, the Angolan, the downtrodden. Although the production isn’t as slick Bob’s Diários, it is nonetheless the hottest hip-hop album out of the Lusophone world this year.

Ha dois tipos de seres humanos no mundo: aqueles que se deixam atropelar por políticas de opressão feitas por governos corruptos e caducos, e aqueles que, de alguma maneira, dizem não e lutam contra isto. O Azagaia é do segundo tipo. Gosto muito de ciências políticas e um bom debate sobre o papel do governo na sociedade. Livros como 1984 e Brave New World foram uma grande influência no meu pensamento acerca destes tópicos. Por isso, quando Azagaia (nome real, Edson da Luz) lança um album como Babalaze,todo ele contra as políticas corruptas do seu governo e do continente em geral, e quando este album é motivo de alarido pelas autoriades moçambicanas (quem não deve não teme), isto mexe comigo e com qualquer angolano que se respeite. O Azagaia não tem medo da verdade, e Babalaze é nada menos que uma coleccão de músicas em estilo hip-hop que te faz pensar, reflectir, , fazer perguntas sérias e inconvenientes, analisar o estado do homem moçambicano ou angolano ou africano. O disco não tem o mesmo nível de produção que Diários de Marcos Robert, mas mesmo assim chega a ser o melhor album de hip-hop lusofono do ano.

Eu Nao Paro

3. Xinti, por Sara Tavares (Cabo Verde)
One of the high points of my 2009 was seeing this beautiful woman perform songs from Xinti...I went to see Sara with a dear friend of mine whose face I don’t know when I’ll see again. Sara Tavares keeps going from strength to strength, with each album becoming more poetic, a bit more special, more alluring. Whenever I think of her music the word beauty comes to mind, and I feel at peace, at ease. Xinti stayed with me since its release and its followed me to Luanda. With each listen my appreciation for it grows. Ponto de Luz is one for those calm nights (because calm days don’t exist in Luanda), for those quiet moments of reflection, or for those still moments you share with someone special to you.

Um dos pontos altos do meu 2009 foi ver a Sara Tavares ao vivo cantando músicas do disco Xinti, na companhia de uma grande amiga minha que eu não sei a próxima vez que a volto a ver. A Sara Tavares não para, o seu talento cresce de disco em disco. Cada disco que vem é mais poético, um pouco mais especial, mais hipnótico. Sempre que penso na sua música, sinto-me em paz, relaxado. Xinti tem estado nos meus ouvidos e no meu coração ha vários meses e seguiu-me para Luanda. Com cada ouvida a minha apreciaçao por ele cresce. Ponto de Luz é um daqueles sons para noites calmas (porque dias calmos em Luanda não existem), para aqueles momentos de reflexão, para aqueles momentos em que es só tu e alguem especial, sussurando um para o outro.

Ponto de Luz

2. Vagarosa, by CéU (Brazil)
When her album first came out in 2007, it was unlike anything I had ever heard, a sort of organic Brazilian concoction with DJ scratches and African rhythms. I was new to that particular sort of music and her eponymous first album was one my first forays into it. Céu’s jazzy interpretations of contemporary Brazilian music were uncommon and exciting. And now she drops Vagarosa, an album unlike any others I have heard recently. It’s very difficult to define it and characterize it exactly, but somehow it always manages to be playing on my stereo on late nights, or romantic nights, or any night for that matter. Its sensuality is refreshing and quirky, the Brazilian samba-jazz compositions betray the musical talent of someone who has studied the art. Vagarosa is like a complex painting, one with overlapping layers and motifs which all contribute to a tantalizing whole. Céu’s cover of Jorge Ben Jor’s Rosa Menina Rosa is an attack to the senses and you won’t hear anything quite like it on any other album this year.

Quando ela saiu com o seu album de estreia em 2007, não o podia comparar com outros albums brasileiros. Era algo completamente novo para mim, música brasileira quase electrônica com scratches de DJs, influências do hip-hop e ritmos africanos. A maneira como ela incorporava o jazz nas suas canções era algo incomum e aliciante para mim. Foi a minha primeira viagem ao CéU. E agora ela lança Vagarosa, um album de tal qualidade que não me lembro ter ouvido algo assim tão bem feito em muito tempo. É díficil definir exactamente o estilo de música que soa livremente pelo disco, mas só sei que toca sempre no stereo durante noites em brancos, noites românticas, ou, pra ser sincero, qualquer tipo de noite. A sua sensualidade é refrescante e esquisita no bom sentido da palavra, e a espécie de samba-jazz brasileiro que ela faz da pra perceber que ela estudou a arte de fazer música. Vagarosa é como uma pintura complexa, uma obra de arte sem igual, com camadas e influências diferentes que contribuem para um todo unico. A sua versão do tema de Jorge Ben Jor, Rosa Menina Rosa, é um ataque aos sentidos e de certeza que não ouvirá algo parecido em nenhum outro disco este ano.

Rosa Menina Rosa

1. Comfusões, by Mauricio Pacheco (Brazil/Angola)
I was pretty sure I’ve said everything that needed to be said about this album on my rambling post about it a couple of months ago when I was agog with excitement at having found it, or when I interviewed Mauricio Pacheco about it last month. But I was wrong; I can still keep talking about it. I sincerely think this album represents a turning point in Angolan music, a way for people of today to get back in touch with the goldmine that Angolan musicians left with us in the late 60s and 70s. I was having a talk with my cousin about Angolan music the other day, and we just sat there listening to contemporary Angolan music and realized, wow, Angolan music is too good to be as undervalued as it is (biased much?). What Mauricio Pacheco and his team have done here is resurrect and reinterpret the classics that shaped a generation, guided a movement, and became the identity of a new nation. Angola’s history and identity doesn’t have to just be about war and bloodshed at the expense of its culture, and this album is a reminder of that. There is so much cultural and musical treasure here waiting to be unearthed. Merengue Rebita is a song that characterizes the energy and optimism of this land, as it heads head held high into the second decade of the 21st century.

Estava convicto que não teria mais nada a dizer sobre este album, depois de ter deitado tinta a falar sobre ele no meu post acerca do mesmo a uns meses atrás, e de certeza não depois de ter entrevistado o seu compositor principal, o Mauricio Pacheco. Mas estava errado. Ainda posso continuar a falar desta obra de arte. Sinceramente, acho que este album representa uma viragem na maneira como a música angolana é encarada e pensada. É uma maneira das pessoas reencontrarem-se com os grandes temas cantados pelos nossos grandes músicos dos anos 60 e 70s. Ha uns dias estava simplesmente a ouvir musica da terra com um primo meu e surgiu a inevitável conversa sobre a música angolana, e chegamos a realização que nossa música é bastante boa para continuar no anonimato que se encontre. Projectos como este levam-na ao mundo, ressucitando-a e reinterpretando os clássicos que moldaram uma geração, inspiraram o movimento da independência, e se tornaram na identidade de uma nova nação. A história e a identidade de Angola não tem que ser só sobre guerra e sangue derramado enquanto a sua rica cultura é ignorada, e este álbum subscreve a esta linha de pensamento. Neste país ha muitos tesouros musicais a ser encontrados, e este é só o começo. Merengue Rebita é uma musica que caracteriza a energia e o optimismo reinantes neste país enquanto ele caminha de cabeça erguida para a segunda década do século 21.

Merengue Rebita

Wednesday, December 30, 2009

O rescaldo do show do Kid MC: Azagaia for President

AzagaiaO show do Kid MC foi o primeiro espectáculo de hip-hop que vejo em Luanda desde, salvo erro, 2006 ou 2007. E para mim foi o mais marcante. Finalmente pude ver em palco rappers que admiro muito, nomeadamente o MCK e o Ikonoklasta. O Kid MC também não deixou os seus créditos em mãos alheias. O homem é mesmo agressivo e não tem papas na língua – quando entra em acção, o palco é só dele e de mais ninguem. E quando pisou a foto do Dji Tafinha, uaué! Mas a pessoa mesmo que “stole the show”, como se diz em inglês, foi o Azagaia.

Antes do concerto ja o meu primo estava em ligeiro estado de choque por causa da vinda do fenómeno moçambicano Azagaia a Luanda. Devido a minha ignorância acerca do mesmo, não tinha ouvido as músicas dele. Mas o meu primo dizia em alto e bom som que “o Azagaia é mais forte que o Valete.” Sendo o Valete o meu rapper preferido, de sempre, ri-lhe na cara, em alto e bom som. La o meu primo e o meu irmão puseram o Azagaia a tocar para eu poder me ambientar antes do concerto, e fiquei boqueaberto. Com certeza que o Azagaia inspirou-se no Valete, ja que os seus flows têm algumas semelhanças. E continuo a achar que não é melhor que Valete, mas isto são os meus gostos particulares, e em abono da verdade o Azagaia anda mesmo perto de ser tão bom como o Mr. Lima (Valete).

Mas mesmo tendo lhe ouvido antes do concerto, não foi o suficiente para sentir por dentro a sua poesia, de a absorver por completo. Por isso não estava preparado para a entrada fulminate dele em palco. Entrou a la Che Guevara, todo ele fardado em estilo guerrilla para o delírio do público presente. A sua presença em palco era íncrivel. Com punhos no ar e letras revolucionárias, o concerto mais pareceu um comício da esquerda do que um outra coisa. Foi halucinante. Mas nem mesmo isso teria me preparado para o que veio depois. Em 20 minutos o Azagaia fez o que a oposição política angolana não faz ha vários anos.

Da boca do Azagaia nunca saiu o nome do Zé Du. Ele simplesmente se limitou a fazer algumas perguntas picantes. “Quem vendeu a minha pátria...quem vendeu a tua pátria...quem vendeu a nossa pátria,” cantou ele. Em princípio o povo não respondeu em unissono, mas aqui e ali ouviam-se murmúrios do tipo “Zé Du!” O Azagaia não parou aí. Um pouco depois perguntou, “será que ha alguém que vos deve um pedido de desculpas?” E começou a repetir a frase “corruptos fora! Assassinos fora!” E é assim que, depois dele cantar Combatentes da Fortuna, estava toda a plateia a gritar em voz alta, em unissono, de boca cheia, com punhos no ar, “Ze Du foraaaa! Ze Du foraaaa!” Cenas não vistas em Luanda a muito, mas muito tempo. O homem estava em fogo, e mesmo quando saiu do palco, mesmo com o palco vazio, só se ouvia o grito do povo, um grito de revolta.

Azagaia for president ou quê?

Incluída aqui esta o som “As Mentiras da Verdade”, para aguçar o vosso apetite até um post a sério acerca do Azagaia em princípios de Janeiro do próximo ano, porque Babalaze é um album a sério (se bem que a maioria que esta a ler este post ja deve ter o album rsrs)!

As Mentiras da Verdade

Fotos do evento aqui, aqui, e aqui tambem.

Saturday, December 26, 2009

Sam the Kid e Azagaia em Luanda para o show do Kid MC

Show Kid MC Luanda, Angola
Dois nomes sonantes do movimento hip-hop lusofono irão actuar hoje (Domingo) no Cine Karl Marx, em Luanda, como convidados de honra do Kid MC, rapper angolano de considerável sucesso nos últimos tempos aqui em Angola. São eles Sam the Kid, que nunca tive o prazer de ouvir atentamente a não ser uma música ou outra, e o moçambicano Azagaia, cujo álbum comecei a ouvir a sério a umas semanas atrás. Também vou poder ver ao vivo pela primeira vez o primeiro rapper a sério que eu ouvi em Angola, o MCK. Isto promete!
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